O Menino Que Tinha Medo Das Nuvens escrita por shikai


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Em uma de minhas viagens por este mundo a se descobrir, conheci um garoto de medo peculiar. Medo das nuvens. O pequeno se revoltava ao ver que as pessoas caminhavam calmamente pelas ruas e praças, sem perceber que aquelas pedras enormes no céu, poderiam cair a qualquer momento sobre suas cabeças desvairadas! Mas ele não podia alertá-las, já que afinal, não saia de seu quarto, da janela, onde passava as tardes debruçado e atento a qualquer som ou movimento estranho.

Os pais, preocupados, e cansados de explicar ao menino, que ao invés de pedras colossais penduradas dos dedos de Deus, que as jogaria impiedosamente sobre as pessoas más no dia do juízo final; que as nuvens eram na verdade, algodões flutuantes que gostavam de formar desenhos entre si, e ficar dando voltas pelo mundo.

- Mas e os trovões?! - O garoto perguntava.

- O que tem os trovões, filho?

- É o barulho de aviões batendo nelas, pai!

- Não, filho! É apenas o som dos relâmpagos, ora!

- Relâmpagos é? Sei! Que por vez, são quando os aviões explodem! E quando chove, é combustível vazando!

- Não é combustível, filho! É água!

- É o que elas querem que vocês pensem! - Ele afirmava, apontando pela janela, para o céu.

Não adiantava discutir, então, um amigo da família, aviador, se ofereceu para levar o garoto até as nuvens, e assim provar que não eram pedras, mas sim, algodões. Com muita relutância, o garoto aceitou. Claro, que ficou profundamente comovido ao ver a aeronave cortando as nuvens, voando sobre elas, sem nenhum barbante que as pendurasse aos dedos de Deus; este, que provavelmente havia saído para almoçar, pois não se encontrava ali por cima, sentado em seu trono de gelo brilhante.

Conheci este garoto em uma cidade no interior. Sempre que passava próximo à uma praça das redondezas; o via ali, deitado, fitando o céu. Curioso, fui até ele, e proseamos. Contei minhas histórias, e ele, a dele. O garoto concluiu me dizendo:

Moço, eu fico indignado com essa gente que se prende em casa, e que quando sai, só olha pra frente, nunca pra cima e nem mesmo pra trás! Fico me perguntando, por que os tetos dessas casas não são de vidro, ou mesmo sendo como são, por que não as fazem com janelas, para só fechar quando chover? Eu me revolto ao ver que as pessoas não percebem que existem algodões flutuantes sobre suas cabeças! Mas infelizmente,não posso avisá-la, moço; por que se me ocupasse em bater de porta em porta, perderia os caminhos e as figuras que elas traçam no céu.”

E ele apontava para uma das nuvens, que mais parecia com um gigante trono de gelo brilhante. 


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