Depois dessa conversa super estranha, resolvemos passear um pouco. Meu pai disse que seria bom se comprássemos roupas novas, porque a que tínhamos era muito careta. Palavras dele. Então fomos á um shopping em Miami, onde compramos um monte de coisas. Hector como sempre comprou muito mais roupas brancas, do que de outras cores. Já eu não posso falar o mesmo, como sempre comprei tudo preto. Comprei vários corselets, e várias calças de couro. Já que era para ser foda, seria que nem a minha Heroina “Selene”. Meu pai aprovava cada roupa que eu escolhia, já a minha mãe detestava, ficava toda hora dizendo que eu iria parecer um morcego. Eu ria, acho que nunca me diverti tanto, quanto estava me divertindo hoje. Meu pai era a pessoa mais sarcástica que eu já conheci, já minha mãe era totalmente delicada e carinhosa, como podiam se amar tanto? Mas a resposta estava ali na minha frente, eles se completavam. Meu pai riu como se tivesse acabado de ler minha mente, então pegou na mão da minha mãe e a beijou, ela se limitou a sorrir mas eu sabia que ela estava muito contente, afinal éramos enfim uma família. Enquanto não fossemos embora, seriamos uma família. Foi ai que eu me
lembrei da historia sobre os Demons, por que minha mãe não pediu para vir embora. Talvez eles pudessem ser felizes e ficarem juntos para sempre. Então, decidi que iria perguntar. Cheguei próximo a eles, e fui direta e reta.

-Mãe, porque você não abandonou o paraíso também? Digo por
que você não desceu com o meu pai, para vocês poderem ficar juntos?

        - Não podemos Louise. Seriamos amaldiçoados para toda a
eternidade, seriamos perseguidos. E sabíamos disso, Miguel foi quem me deu uma missão e por isso eu consegui ficar um tempo com seu pai. Ele sabia, e como era amigo de seu pai, meio que permitiu. Isso lhe custou algumas coisas, mas ele fez de coração. – Minha mãe respondeu, com um sorriso no rosto.

          - Mas não havia um jeito de burlar os olhos do Criador. Sei
lá, qualquer jeito. – Eu perguntei indignada.

          -Lou, nada passa despercebido aos olhos do Criador. Na verdade ele não é o problema, porque por ele tudo o que temos quefazer é amar. O problema são os anciões. São Eles quem ditam as regras, são eles que fiscalizam os deveres dos anjos.

- Por quê? Não entendo, como é que o grande Criador
deixa que isso aconteça? – eu não acreditava no que ela estava falando.

- Com o tempo, você vai entender. Mas as coisas não são do
jeito que você imagina. Mas sabe de uma coisa, você realmente fica mais bonita de preto, realça seus olhos verdes e seu cabelo loiro dá o toque final, seu pai vai ter um infarto na hora que ver você nessas roupas.

           -Obrigada mãe, mas sou parecida com você. E você fica linda
de branco, eu vou ter que usar branco no paraiso? – Perguntei, receosa. Odeio me vestir de branco.

           - Não, você poderá usar qualquer roupa. Menos no treinamento, nesse você será obrigada a usar uma roupa escura. Mas isso não será um problema, não é mesmo? – Ela disse rindo, provavelmente se divertindo com a minha pergunta.

Depois das compras, alem das roupas. Comprei algumas botas sem salto, e algumas com salto. Fomos almoçar em um restaurante muito lindo, ele era no meio de um lago. Era todo branco, com pilastras ornamentadas. Sentamos bem no meio do restaurante, onde pudemos ver casais passeando de barco. Foi ai que eu vi uma placa dizendo “ A casa dos Barcos”, era esse o nome do restaurante. http://1.bp.blogspot.com/_C3JZ6PI8Nv0/TI2LGyq6uKI/AAAAAAAAAs0/rS5wjYrLjZ4/s1600/DSC05653.JPG)

          Nos divertimos bastante durante o dia, e assim que chegamos na rua do hotel. Meu pai ficou tenso, eu vi isso claramente. Sem que ele
falasse nada, segurei nas mãos de Thor. No mesmo instante vi dois pares de olhos vermelhos, meu pai nos puxou para ficar em suas costas. O vampiro se mostrou e disse:

       - Olá Athus, quanto tempo? Vejo que você levou a família para passear. Você deve ser Ariel? – Ele disse para a minha mãe.

       - Thierry, o que faz aqui? Você não deveria estar cuidando do funeral da sua irmã?- Meu pai respondeu sorrindo.

       - Ah sim, Taila. Ela me faz tanta falta infelizmente ela não esta mais conosco por sua causa. Mas isso não vai ficar assim, por muito tempo. – Ele respondeu.

Depois tudo foi um borrão, ele partiu para cima do meu pai. A única coisa que eu conseguia ver era os olhos dele, então senti uma mão apertar meus ombros, eu me encolhi de dor e vi que Thor também. Mas antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, eu puxei Hector para o meu lado, e desferi um belo soco no olho do vampiro que me segurou. Ele estava surpreso, e com isso tive dois segundos para pensar, vi que
tinha um pedaço de madeira solto no chão, corri até ele e segurei. Acho que o vampiro não percebeu, mas mesmo assim ele preferiu ir para cima do meu irmão. Hector que lutava boxe comigo, conseguiu desviar a tempo e puxou minha mão, que na hora conseguir lhe desferir um chute no estomago. Foi o que eu precisei para enfiar o pedaço de madeira em seu peito, claro que Hector me ajudou. Eu nunca conseguiria fazer isso sozinha, assim que acabamos com o vampiro, percebi que meus pais nos olhavam com admiração. Eles também já tinham acabado como os vampiros deles. Antes de falarmos qualquer coisa, entramos para o hotel e
seguimos para o quarto. Mas foi entrarmos no quarto, meu pai já começou a falar.

       - Como vocês conseguiram eliminar aquele vampiro? Ele era velho, muito difícil para muitos de nós, e vocês acabaram com ele em pouco tempo. – Ele perguntou tão curioso quanto admirado.

- Pai, nós fazemos boxe juntos a anos, conhecemos um ao
outro. Sentimos o que o outro sente, foi por isso que eu não pensei duas vezes antes de partir para cima dele. Era a nossa vida, ou a vida dele. Thor sempre virá na frente de qualquer um, então vi a madeira no chão,e fiz o que era preciso. – Eu respondi, como se não fosse nada.

- Que bom, você usou o coração. Independente do que aprender, tanto com os anjos quanto com os demons, sempre escute seu coração.
Agora vão descansar, vocês devem estar cansados.

Assentimos, e fomos para o quarto. Hector me abraçou, e depois deitamos juntos. Eu estava com medo, apesar de fingir que não era nada, eu tinha acabado de matar alguém e Thor sabia como eu me sentia. Consegui dormir com Thor alisando meus cabelos, eu adorava ficar assim com ele, me sentia em paz. Acordei por volta das dez horas da noite, e vi que ele não estava no quarto. Levantei e fui tomar um banho, depois me troquei e fui procurar ele e meus pais. Encontrei os na sala, com cara de preocupados. Minha mãe se levantou e veio ao meu encontro, ela me
abraçou e eu senti aquela calma estranha novamente, ela sorriu e me fez sentar ao lado de Thor, então meu pai falou:

-Lou, a ida de vocês foi antecipada. Vocês estarão indo para o paraíso em vinte minutos. – meu pai disse com toda a sua pose de fodão, mas que por dentro estava se corroendo.

-Mas por quê? – Eu não queria largá-lo, eu tinha acabado de conhecê-lo, e já teria que ir e ficar sem ele, por quanto eu nem sabia.

          - Porque recebemos uma ameaça, e eu não posso arriscar a vida de vocês. Não posso perder vocês agora que nos reencontramos. Aqui eu não tenho força o suficiente para cuidar dos três, por isso eu e sua mãe decidimos que vocês três irão hoje. – Meu paifalou um pouco sentimental demais, mas eu sabia como ele deveria estar se sentindo.

     Eu não agüentei e o abracei, ele ficou um pouco surpreso. Mas se deixou levar pelo abraço, depois que me largou minha mãe também o abraçou, e eu fui me vestir. Já que eu iria ir para o paraíso essa noite, entraria lá totalmente poderosa, Afinal meu pai era Athus Rhayder. Então prendi meus cabelos num rabo de cavalo bem alto, coloquei minha roupa de couro e meu corselet, e as botas de salto alto. Depois me maquiei,
deixei meus olhos se destacarem com delineador preto e lápis, a boca apenas passei um gloss. E agora sim, eu estava pronta para chegar ao paraíso.

       Voltei para a sala, meu pai até se engasgou quando viu, minha mãe riu de sua expressão. Então ele falou:

- Onde você pensa que vai assim?

- Eu penso não paizinho, eu vou. Tenho um treinamento para
começar. – Eu disse e pisquei para ele, acho que se ele pudesse teria feito eu tirar aquela roupa, mas minha mãe o acalmou.

        E também nem deu tempo, pois uma luz branca surgiu no meio da sala. Eu tive que estreitar os olhos para poder ver o que era, e percebi que era um anjo. Mas quando a luz apagou, foi que eu percebi que não era qualquer anjo. Ele era o homem mais lindo e gostoso que eu já vi em toda a minha vida, ele estava de branco. Tinha os cabelos lisos e bem cortados castanho claro, era branco, forte e bem alto. Acho que por volta do seus 1,90. Pela camiseta branca grudada em seu corpo pude perceber que ele era bem malhado, mas não era excesso de músculo, era excesso de gostosura. E quando ele olhou pra mim, eu quase morri. Os olhos dele era um tom de azul que eu nunca vi igual. Ele deu uma risadinha de lado, e percebi que não era para mim que ele estava sorrindo para os meus pais.

- Ora Miguel, você não perde a mania de aparecer com essa
luz estranha, não é? – Meu pai disse sorrindo.

- Se eu não fizer isso, não serei eu Athus. – Ele respondeu, chegando mais perto do meu pai. Eles se abraçaram, e então ele olhou para mim.

       - Essa é Louise? Terei trabalho com ela, pelo que estou vendo ela é tão rebelde quanto o pai!!! – Ele falou com desdém.

         - Sim, eu sou Louise. Pode ter certeza que lhe darei trabalho, sou mil vezes pior do que meu pai! – Eu disse rindo sarcasticamente.

Meu pai mudou de assunto, e eles ficaram conversando mais alguns segundos. Até que Thor trouxe nossas coisas e chegou a hora em que tivemos que nos despedir, meu pai ficou sem falas, então eu lhe disse:

 - Velho, não é uma despedida. É um até daqui a pouco, farei o que tenho que fazer e logo voltarei para o seu lado.

- ok, eu ficarei te esperando! Alias, esperando vocês dois. 

Eu lhe dei um abraço e logo em seguida voltei para onde estava, então foi a vez de Thor, ele fez a mesma coisa.  Mas a hora em que a
minha mãe foi se despedir, eu vi seus olhos lacrimejarem, imagino o quanto era difícil para eles se afastarem. Então, eles o fizeram. Miguel, segurou em minha cintura e disse:

- Você está pronta para ir?

- Acho que sim, eu terei que ir com você?

           -Sim, Hector vai com sua mãe.

- ok, então não me solte, tio. – Eu vi seus olhos brilharem de
raiva, quando eu o chamei de tio.

          - Vontade não me faltará, mas se eu fizer isso. Acho que perderei minhas asas, então prefiro agüentar você um pouco, do que perde-las. – Ele disse sorrindo.

Ele me abraçou, e ficamos frente a frente. Meu coração disparou, mas eu fingi que era pelo medo de ir. Acho que ele acreditou, então com aquela luz voltou novamente, e eu senti lagrimas rolarem por deixar meu pai. Senti a mão de Miguel secar as lagrimas que teimavam cair, ele se aproximou mais, e disse:

     - Será por pouco tempo, pelo menos ele sabe que vocês poderão voltar, mas a sua mãe não é tão fácil assim.

- Pois nem que seja a ultima coisa que eu faça, eu acharei um jeito de eles ficarem juntos para sempre!

Ele não falou mais nada, pelo jeito Miguel era bem do tipo reservado, e eu gostei disso. Não tanto quanto estava gostando de estar em seus braços. E tão rápido quanto saímos do hotel, chegamos a um lugar totalmente branco. Mas foi então que eu percebi que estávamos de frente a um portão que dava aos Jardins do Éden.