- Posso entrar, Miguel?

- Claro que sim. Aconteceu algo?

- Mais ou menos, eu precisava conversar com alguém. Mas minha mãe, Ariel e Athus estão conversando sobre esse negócio de profecia, Hector está com Louise, parece que essa história está afetando ela mais do que imaginávamos. Aí pensei se eu poderia conversar com você, eu sei que não somos amigos e nem nada do tipo, mas se eu não conversar com alguém acho que vou ficar doido.

- Ah... Senta ai! Como você está? – eu sabia que deveria ser muito difícil para ele.

- Indo, eu ainda não sei o que pensar e nem como agir. Nunca pensei em minha vida, que não era filho de Klaus, muito menos que era filho de Lúcifer. Fui criado para odiá-lo e agora parece que tudo o que eu vivi era uma mentira. Estou bastante confuso, eu nem ao menos sei como Lúcifer era. (http://static.wetpaint.me/vampire/ROOT/photos/460_340/spl405167005--1544620788477940460.jpg)

Eu me levantei, procurei em minha bolsa uma foto, e entreguei ai Daniel. Ele pareceu não entender de começo, mas assim que pegou a fotografia em suas mãos. Lu estava tão sereno naquela fotografia, Daniel sorriu e disse:

- Como você tem essa fotografia?

- Eu tirei pouco antes dele “cair”, estávamos em uma missão aqui na terra e consegui fazer com que ele tirasse uma foto, para entregar a sua mãe. Mas logo depois tudo foi muito rápido e ele se voltou contra o Grande Criador, e eu não pude entregar a Katherina.

- Entendo, ele parecia estar em paz.

- Sim, ele tinha conhecido sua mãe, e foi quando matamos o Conde Venscesllau. Ele tinha começado a ter esperanças que poderia viver para sempre com a sua mãe, ele pretendia abdicar o seu posto de Arcanjo, mas assim que voltou para o Paraiso descobriu que ela havia casado. E foi quando a escuridão se aprofundou em seu coração, foi ai que ele se tornou o Lúcifer, temido por todos. E senhor da escuridão. – Quando eu falei essa ultima frase, meu coração se apertou e minha voz falhou.

- Você gostava muito dele, não é?

- Daniel, Lu sempre foi meu irmão. De todos os arcanjos, ele sempre foi o preferido. Mas isso não fazia com que o invejássemos, pelo contrario, era merecido essa adoração toda. Lú era generoso, companheiro e além disso tudo era o mais protetor dos quatro. Ele realmente era o amor personificado, sem duvidas nunca existirá alguém como ele. Mesmo depois que ele “caiu”, ele continuou assim. Mesmo com aquela pose de ruim, se não fosse assim não teria se deixado morrer para salvar Ariel e os bebês.

- É estranho, o que fazemos por amor. Não concorda?

- Na verdade, não é estranho. O amor nos incentiva a fazer o que for preciso para que a pessoa que amamos seja feliz, Lú fez isso pelas pessoas que mais amava. Ele fez isso com você, mesmo que hoje você o odeia por ter te tornado um vampiro. Mas assim que ele descobriu que você estava quase morrendo, ele não pensou em outro jeito de fazer você curar.

- Eu não o odeio, eu odiava Klaus, por não ter me dado escolha. Mas pensando no lado de minha mãe, imagino que ela estava desesperada, eu faria a mesma coisa.

- Sinceramente, eu também.

- Parece que concordamos por fim em alguma coisa. Eu vi você saindo do quarto de Louise hoje a tarde, ela está bem? Digo com essa história toda.

- Ela é forte, está passando por muita coisa junto. Mas ela vai melhorar basta estarmos ao seu lado.

- É eu sei. E estarei ao seu lado sempre. Ainda me é estranho conversar com você sobre isso, mas o que acontecerá com a gente, eu sei que ela te ama e você também a ama. Mas ao mesmo tempo eu amo Louise e ela também me ama. Isso é um pouco confuso, o que vamos fazer?

- Ela está confusa com isso também. Mas como eu falei com ela hoje, ainda não é hora de tomar qualquer tipo de decisão. Temos que nos preparar contra Klaus, e ainda temos que tentar trazer Lúcifer a vida. Depois disso, eu tenho certeza que ela terá uma decisão.

- Miguel, o que você fará se ela resolver ficar comigo?

- Daniel, não posso tomar as decisões por ela. Mas se ela quiser assim, deixarei que você a faça feliz. Não importa o quanto irá me doer, pra mim bastará poder estar ao seu lado e vê-la feliz.

- Você realmente é digno do seu amor, Miguel. Eu realmente te admiro, Obrigada por me escutar, realmente esta conversa me fez muito bem.

- Daniel, não estamos mais em posição de inimigo. Mesmo ainda não o considerando um amigo, sempre que quiser estarei aqui. Também admiro você!

Ele se levantou me deu uma tapinha no ombro e saiu de meu quarto ainda olhando para a fotografia de seu verdadeiro pai, ele tinha muito de seu pai, fisicamente não, mas tinha todas as qualidades de Lúcifer. Me sentei novamente na varanda e fiz uma prece silenciosamente, pedi que Deus me abençoasse a fazer a coisa certa e que fizesse Lúcifer se redimir de todos os seus erros.

Logo em seguida meus pensamentos voltaram a Louise, algo estava acontecendo com ela naquele momento e eu não sabia o que era. Corri para o seu quarto, ela não estava ali. Ouvi um choro em seu banheiro, bati na porta e ela não respondeu.

- Louise, você está ai? – esperei que ela respondesse, mas só conseguia distinguir seu choro.

- Louise, amor o que está acontecendo? Abre a porta. – esperei alguns minutos e nada dela abrir a porta, respirei fundo e abri a porta do banheiro e a vi sentada no chão do banheiro em frente ao vaso sanitário.

Ela olhou para mim e momentos depois ela desmaiou, eu a peguei no colo antes que ela pudesse bater a cabeça na parede que estava atrás dela. Assim que a levantei, pude perceber que tinha um pouco de sangue no chão, onde ela estava sentada. Assim que olhei para seu corpo pude ver uma mancha de sangue em sua calça, eu não pensei em mais nada. Corri para o andar de baixo e a primeira pessoa que vi foi Daniel, ele apenas olhou para o corpo de Louise, olhou para mim e disse:

- Vou pegar o carro.

Eu apenas assenti e fui saindo com ela para a porta de entrada, não podia perder tempo em ir atrás de Athus ou Ariel, então mentalizei Ariel, que agora era uma arcanjo eu podia mentalizá-la e logo ela estaria sabendo.

Entrei no carro que Daniel tinha pegado, e me sentei no banco de trás com ela, enquanto Daniel corria até o hospital mais próximo. Assim que chegamos, uma enfermeira a colocou em uma maca e a levou enquanto eu e Daniel esperávamos na sala de espera, Athus e Ariel chegaram alguns minutos depois e foram fazer a ficha de entrada dela, depois de duas horas o médico disse que ela tinha tido uma hemorragia, mas que eles estavam bem. Todos entraram e eu fui o ultimo a entrar eu ficaria ali com ela. Todos foram embora prometendo que voltariam amanhã e Daniel ficaria com ela no dia seguinte. Eu entrei em seu quarto, ela estava dormindo. Eu me aproximei dela, e baixinho comecei a cantar uma musica que eu amava. E que sinceramente, parecia com o que estávamos passando.

(N/A: Eu recomendo que ouça essa musica a partir daqui http://www.youtube.com/watch?v=RMfV46OJIVc)

I'll be your cloud up in the Sky

(Eu serei sua nuvem acima do céu)

I'll be your shoulder when you cry
(Eu serei seu ombro quando você chorar)

I'll hear your voices when you call me

(Eu ouvirei sua voz quando me chamar)

I am your angel
(Eu sou seu anjo)

And when all hope is gone, I'm here
(E quando toda a esperança se acabar, estarei aqui)

No matter how far you are, I'm near

(Não importa o quão longe, estarei próximo)

It makes no difference who you are
(Não importa quem você seja)

I am your angel
(Eu sou seu anjo)

I'm your angel
(Eu sou seu anjo)

Ela abriu os olhos sorriu, ainda fraca e disse:

- Quer dizer que você é meu anjo?

- Para sempre. – eu disse sorrindo e continuei – como você está se sentindo?

- Bem fraca, onde eu estou?

- No quarto do hospital, você teve uma hemorragia, quer que eu chame o médico?

- Por favor.

Eu me levantei e fui chamar o medico, ele veio até o quarto, e fez alguns exames em Louise. Perguntou como ela estava se sentindo, ela disse que estava bem. Ele perguntou o que aconteceu antes dela desmaiar, ela disse que estava indo tomar banho e que se sentiu zonza e enjôo, ela tinha vomitado, pouco antes de eu entrar ai ela desmaiou. O médico deu um sorriso para mim e disse:

- Ainda bem que você veio rápido, eles podiam ter morrido.

Era a segunda vez que ele usava eles em uma frase, mas só agora eu percebi. Olhei para ele em duvida e ele disse:

- Ah você não sabe... Você vai ser papai!

Eu olhei para Louise sem entender nada, mas foi ai que a ficha caiu. Louise estava grávida de Daniel. O medico saiu antes que eu pudesse falar qualquer coisa. Eu olhei para Louise, ela ainda me olhava com duvida.

- Eu não posso estar... Gravida! – ela disse surpresa.

- Na verdade, você pode. Quando vocês estavam na caverna, vocês não tinham nenhuma proteção. Tinha?

- Não, mas Daniel é um vampiro! Como eu posso ficar grávida de um vampiro?

- Louise, Daniel é um vampiro Real, ele não é igual aos outros. Você já deveria saber.

- Miguel, o que eu vou fazer? Estamos praticamente em guerra com os vampiros, eu tenho que ajudar a trazer meu tio de volta, e para completar eu estou grávida.

Eu me aproximei dela, a abracei e mesmo com meu peito doendo por ela estar grávida de Daniel. Eu havia prometido a ela que ficaria ao seu lado, independente da situação. E era isso o que eu faria.

- Lou, tudo vai ficar bem, confia em mim. Agora vai descansar agora você tem um bebê para cuidar!

Ela tentou sorrir, olhou fundo em meus olhos e disse:

- Eu te amo Miguel.

Deitou em sua cama e logo ela estava dormindo.