Making Angels escrita por Caddie


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Véi, na boa eu sempre coloco o cap aqui antes de ler. SEMPRE! Tem algo muito errado comigo, só pode. Ô Arnaldo, vê isso aí, viu. Sério isso, Arnaldo?



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Ela ignorou a ligação por tempo o suficiente para esquecê-la. Claro que a perspectiva de entrar em um tribunal e ser ponto chave contra William Jacobs – porque o assassino não interessava ali, Jacobs  tinha uma reputação quase impecável.  Se vencesse aquele não seria o primeiro ou último bandido a tirar das grades, o que não significava que Sara pretendia perder.

Aquilo era quase como um jogo pessoal, já haviam se batido quatro vezes no tribunal. Todas elas de lados diferentes, era um empate ele levara dois dos casos e ela os restantes. Ninguém se importava com o promotor quando Sara podia apresentar provas e fatos irrefutáveis para a condenação e tudo que restava ao acusador era sorrir e finalizar, e tão pouco se importavam com o promotor se a perita era contrariada e aplacada em toda teoria. 

Eles já haviam deixado de ver o tribunal como devia, era antes de tudo, um palco particular. Um concurso. Os dois competidores não eram fãs de empates, e tão pouco de derrotas.

- Sara, eu sei que não é bem da minha conta. Mas essa é a sétima xícara de café que você toma em duas horas. – Catherine sentou ao lado da morena, tomando as precauções necessárias para não entrar na zona ‘ Sara de relatórios’,  não quando o raciocínio da colega estava a mil por hora e aumentando.

- Hum. – a resposta automática que a outra deixou escapar, passando as mãos pelos documentos como se os mesmos fossem cartas de um baralho. Como se aquilo fosse um bom jogo de pôquer e ela pudesse saber a mão dos adversários contando todas as cartas.

Catherine temia o dia em que Warrick e Sara resolvessem entrar em uma partida de pôquer.

- Você me escutou? – perguntou a loira.

- Hum.

- E pretende parar de beber isso um pouco e descansar, fazem dezoito horas que você está aqui. E pelo que eu sei este julgamento é em duas semanas.- interpelou.

- Hum.

- Sara que horas são?

- ...Hum? – Sara relanceou os olhos em Catherine por uma fração de segundos e voltou aos papéis, a mão direita indo e vindo pela mesa, escrevendo cálculos invisíveis como que para provar os fatos descritos.

- Você vai MORRER, se continuar assim. Mulher!- Catherine esticou os braços, fazendo drama.

Sara pareceu tentada a prestar atenção na loira, e até mesmo pensou em desviar dos papéis por dois ou três minutos, isso até Hodges entrar na sala com duas folhas e o nariz empinado.

- Catherine,  saíram os resultados dos resíduos que você me entregou. Aproveitei e peguei o resultado das digitais também.

A loira levantou num pulo e antes que Sara pudesse realmente fingir não estar aliviada, ela já havia indo embora. E a morena soltou um sonoro suspiro, para em seguida tatear a mesinha de centro em busca da amada xícara de café – que era em verdade uma larga caneca roxa, não a encontrou.

- Merda, Willows.

...

Catherine girou os dedos pela caneca agora vazia, não que fosse amiga da morena. Não se lembrava de ter tido com ela uma conversa maior que a necessária para discutir gotas de sangue e impressões digitais, mesmo as pouquíssimas e raras saídas somente as duas eram cheias de silêncios. E por isso evitadas.

A loira não achava que tivesse qualquer coisa em comum com a colega, de toda maneira.

Ela era loira, Sara morena, ela era mãe, a outra sequer tolerava crianças, a vida da loira era um livro aberto, muito do que as pessoas sabiam sobre Sara se resumia a personalidade forte e o nome.

E ainda assim, algumas poucas vezes Catherine dava-se ao luxo de fazer pequenas coisas que contrariavam a colega e a faziam afinal, ser um pouco normal por dois segundos. Sara era uma versão maior e mais problemática de Lindsay, por alguns segundos.

- Hey Nick.- ela chamou o colega, parceiro no caso. – Tenho o resultado das digitais aqui.

...

Sara ainda tentou revisar as pilhas de relatórios por um bom tempo, mas aquela obrigação havia se revelado impossível sem a amada cafeína.  A presença de Warrick e Greg na sala também não havia melhorado muita coisa.

- Greg... Seu turno terminou quinze horas atrás. O que você está fazendo aqui?- “ no meu sofá”, completou mentalmente.

Greg riu.

- Sara, deixe de ser Workaholic por dois segundos e ouça o que você disse. Meu. Turno.Terminou. A. Quinze. Horas. – fez uma pausa dramática e alisou o cabelo arrepiado. – Quer dizer que quinze horas se passaram desde que minha ilustre presença abandonou o departamento e recebeu suas devidas catorze horas de descanso. O que também significa que meu turno começou faz uma hora, e, que você não toma banho faz trinta e seis horas.

Sara franziu o cenho e olhou desconcertada para Warrick e Greg. 

- Não, Sara , é história do Greg. Você não está fedendo. – Warrick respondeu a pergunta não feita e, Greg um pouco mais na frente fingiu estar se desculpando por alguém doido.

- Shhhh... Você sabe como ser político, mas a verdade. Sara, baby. É que você está cheirando a morte e trabalho. – em seguida fez um gesto expansivo abrindo os braços. – Mas eu ainda te amo, e um homem de verdade não se deixa abater por uma coisa besta destas.

Sara juntou os documentos na pasta e levantou suspirando.

- Eu vou pra casa agora... – concluiu.

- É uma boa ideia. – Warrick concordou.

Greg riu e cantarolou em um tom debochado : “eu vou, eu vou, pra casa agora eu vou...”. E então a morena já havia sumido pelo corredor.

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Aiden encarou o espelho por alguns segundos e suspirou, tanto por tão pouco.

A pele mais pálida do que jamais devia ter sido, o cabelo castanho que já não existia mais,  o olhos pareciam ter afundado no rosto antes simpático e, por vezes  podia jurar que a boca se escondia  naquela bagunça adoentada.

- Hey, pai. Olha o que eu trouxe! – e em compensação havia ele. O filho já órfão de mãe , que por alguma sorte divina não saíra muito a ele. O cabelo era negro – e descia em largos cachos até os ombros, os olhos verdes acinzentados imitavam o tom de uma azeitona, o rosto era meio quadrado, ainda assim dono de bochechas adoráveis. Os traços de bebê que aos poucos iam embora. O garoto, quatro ou cinco anos, era leve e ainda assim alto para a idade.

Doía a Aiden, deixar desamparada uma criança que sequer sabia como cabia na própria pele.

Pegou a lancheira da mão do menino, sorriu.

- Nossa! Te deixaram trazer isso para mim?- acenou para  o menino se aproximar. – Meu Deus, que cheiro bom. – abaixou a voz num tom conspirador. – Que bom este lanche Wade.

O garoto riu, e fez um desajeitado ‘ok’ com as mãos, para em seguida se apoiar na cama de hospital e levar as mãos a boca. Como se fosse contar um segredo.

- Olha.- sussurrou. – Tem chocolate, salgadinho e tem até bolinho de ‘fiango. Assim ‘cê não come esse ‘gau com gosto de nada, tá? Pai, tá?

- Claro, agora vai lá molecote. Que o pai precisa resolver uns problemas...- Wade sacudiu a cabeça e debandou quarto a fora. Pouco antes da mulher entrar.

Era uma senhora sisuda, de seus cinquenta e poucos anos. Negra, de sorriso contagiante e por dois segundos Aiden se permitiu entrar no clima da assistente social.

- Fala Dona Ana! – sorriu fracamente. – E como vão as coisas com o hóspede provisório?

- Bem... – e assumiu um tom mais sério. – E então, Aiden, sabe que somos amigos. Mas Wade vai precisar de um tutor quando ... você...sabe.

Aiden riu num tom seco. E tossiu em seguida.

- Quando eu morrer? – ela ficou em silêncio. – Eu tenho câncer Ana, câncer pulmonar de quarto grau. Eu tenho uma data de validade. Eu sou médico, eu sei. Sabe quanto eu me daria neste ponto? – a mulher negou. – Um mês, três no máximo. E acredite, eu quero achar um tutor para o meu filho, alguém para tomar conta dele como meus avós fizeram por mim.

- E...? – a mulher incentivou.

- E, a única pessoa que poderia fazer isso, a única em que eu talvez pudesse confiar me odeia. Eu estraguei a vida dela, eu neguei uma família para ela e, é apenas justo que ela esteja fazendo o mesmo agora.

A mulher suspirou.

- Você tem dezoito dias Aiden, eu já segurei tanto quanto pude. Você é inapto. Wade já devia ter ido para um lar ou um pai temporário.

- E rodar no sistema? Para virar um bandido ou coisa pior? – ele tossiu. – Eu fiz isso acontecer com a minha irmã, e me seguiu durante a vida inteira. Seguiu-a durante a vida inteira. Meu filho nunca viu uma briga, ele tem quatro, pokémons ainda são reais. Eu não posso fazer isso.

- Você não tem escolha. – a mulher concluiu, piedosamente.

Quando Ana se retirou, apenas dando alguns minutos para um choroso Wade se despedir, Aiden fez o que tinha de fazer: puxando os papéis da fingida cômoda ao lado do leito, tomando cuidado para não embaraçar os fios, puxou para si uma pasta, alguns documentos  um papel em branco. Uma caneta preta. Um endereço.

Tudo que ele sabia.

E ainda assim ele rabiscou uma nota e anexou aos papéis, ele passou os olhos pelos documentos e os assinou. Tão perfeitamente quanto ele podia lembrar.

Sara  Jordan  Sidle


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Notas finais do capítulo

Ah, é. Eu dei um nome do meio para a Sara.
Tem nada a ver e nem combina com o nome Sara, antes ia ser Lynn/Jane/Vivian... MAAAASSSS, aí eu pensei de que eu chamaria a Sara se ela não se chamasse Sara? ( sim, pasmem, eu sou doida.)
E me veio Jordan na cabeça, nome forte, cheio de personalidade. Serve em mulher e homem e isso muito me vem a calhar...Ah se vem...
Quero reviews, digam quem vocês querem que eu bote de par para a Sara ( só pra eu fazer o contrário no fim das contas e colocar a pessoa mais improvável possível...mentira, vou seguir as sugestões... não vou não, vou dar a louca e fazer o que der na telha.)!