O que Te Incomoda Tanto? escrita por Nara Shikamaru


Capítulo 1
Capítulo 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/20861/chapter/1


Não entendo o teu desespero em ser aprovada e apreciada pelas pessoas estranhas à tua casa, a ponto de negligenciares os que te amam de verdade e desrespeitares o direito que eles têm de opinar. Queres sempre fazer tudo à tua maneira, e às vezes, fazes tanta questão disso, que, mesmo sabendo estar errada, preferes ir adiante com teus planos mal-traçados  (que eventualmente, sempre causam desastres) a ceder e admitir que estás errada.
Sempre pedes opiniões, para fazer, exatamente, o contrário do que te foi sugerido. Por que?
Apesar de já não ser nenhuma menina, insistes em atitudes que te deixam, por vezes, a meio passo do ridículo, apenas para provar que ainda tens o coração jovem. Por isso, insistes em cercar-te de jovens súditos (que ainda não têm a cabeça amadurecida o suficiente para perceber tua tentativa de domínio sobre eles) e fingir que aprecias as músicas que eles dançam, tentando usar o vocabulário que eles usam, e tendo as mesmas atitudes imaturas. Não percebes que, a medida que eles crescem, afastam-se de ti.
Insistes em não amadurecer. Não digo envelhecer. Amadurecer, pois as duas coisas são totalmente diversas uma da outra.
Teus filhos agora cresceram. estão saindo de casa para cuidar de suas vidas, estudar, encontrar seus próprios caminhos. Acho que talvez o teu desespero esteja aí: sem eles e seus amigos por perto, terás que encarar a crua verdade: não és mais uma menina. Cometestes muitos erros. Não estás feliz com o rumo que destes para tua vida, nem com tua aparência. estás cercada pelos erros da tua teimosia. Talvez, quem sabe, sintas minha falta.
Mas eu tenho boas notícias: tudo isso é reversível. apenas aceite que o tempo passou, mas que ainda existe um longo e maravilhoso caminho à tua frente. Pare de tentar realizar-te às custas de teus filhos e procure a tua própria realização. Vá a um médico, faça uma dieta, corte o cabelo, compre roupas novas, aprenda algo novo. Saia desta casa a qual embrulhastes a tua volta como um casulo protetor, onde te escondes do mundo e tente uma jornada de autoconhecimento. Necessitas disto mais do que o ar que respiras. Só assim entenderás a tua alucinação em ter sempre a última palavra,  enrodilhar-se de pessoas que nada tem a ver contigo e, desesperadamente, tentar fazer com que elas te amem, mesmo que à tua própria revelia.
Construístes uma enorme casa em um lugar ermo, mas tens medo de ficar sozinha nela. Procuras enchê-la sempre de pessoas, quaisquer pessoas.
O espelho em que te miras está sujo. limpe-o e trate de enxergar teu verdadeiro eu. Faça amizade contigo mesma. Esse teu medo da solidão não é normal. Só em saber da possibilidade de ficar sozinha, mesmo que por poucas horas, te tornas agressiva e tens atitudes infantis.
Sei que teus erros são tentativas de acerto. Sei que também erro muito, mas a diferença entre nós é que eu tento me corrigir, aprender, mudar. E sempre ouço o que as pessoas tem a me dizer, mesmo que não acate suas opiniões todo o tempo, mas eu as ouço e uso meu discernimento para escolher o caminho certo para mim. Gostaria de saber que estás feliz. Que perdestes o medo. Que tua vida está mais leve. Mas, infelizmente, a trincheira que cavastes entre nós tornou-se cada vez mais profunda, e não sei se ainda é possível que a cruzemos.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!