A Ordem de Drugstrein (Versão antiga) escrita por Kamui Black


Capítulo 43
Capítulo 43 - Gynoloock, A Fortaleza dos Anões


Notas iniciais do capítulo

Agradecimentos especiais para a Beta Reader Lubea, que revisou este capítulo.



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Arco VII - Povos Bárbaros

 

 

Capítulo 43 – Gynoloock, a fortaleza dos anões

 

– Spaak... Morto...

Ah! Nem vem Kamui, você acha mesmo que o Spaak que conhecemos ia morrer assim, pra um simples tourinho?

O mago forçou um sorriso. O grande problema era que Turenhead não poderia ser chamado de tourinho; ele era o mais poderoso dentre todos os taurens. Porém, o mestre também era muito experiente e não seria derrotado assim tão facilmente.

E agora, o que vamos fazer? – Perguntou para a garota.

Vamos para Gynoloock. Os civis e soldados se separaram e se dirigiram para outras cidades ou vilarejos. A cidade de Firenzzer está sob a proteção direta de Kaz Barrak, então vamos reforçar os anões ao invés deles.

Certo. Só mais uma dúvida: eu já sei que você me curou, mas quem foi que deu banho em mim?

A garota corou com a pergunta.

Todos estavam muito ocupados cuidando dos feridos da própria equipe que... Que eu fiz isso.

Kamui continuou a encará-la, sério e incrédulo.

Ma... Mas eu não tirei suas roupas debaixo, então não vi nada que não devia – corou ainda mais.

Certo, então estamos quites com aquela vez dos centauros.

O quê?! Já disse pra você apagar isso da sua memória.

E eu já disse que é impossível. Foi uma visão muito bonita – respondeu com um sorriso malicioso.

Você não presta mesmo – Sarah respondeu cruzando os braços em sinal de irritação.

De qualquer forma, obrigado de novo, te devo mais essa.

Novamente o comentário fez com que a garota se sentisse constrangida.

Eu quero ver como está todo mundo. Vamos lá pra fora?

Espere, está meio frio fora da barraca, então é melhor você vestir o seu uniforme. Tome cuidado com ele porque só restam mais dois.

Sarah moveu-se no interior do pequeno acampamento e alcançou uma das duas mochilas que estavam no canto do mesmo. Remexeu algumas coisas e, por fim, retirou de lá um conjunto completo do uniforme de Kamui, entregando-lhe em seguida.

Sem pudor algum, o rapaz retirou a calça que vestia, ficando apenas com sua roupa debaixo, e começou a vestir-se.

Hei! Tem uma garota aqui com você, sabia?

Eu sei, mas depois do que você já viu, acho que não tem problema nenhum, não é?

Humph.

Novamente constrangida, a garota cruzou os braços, virando-se de costas para o rapaz, e esperou, pacientemente, que ele terminasse de se trocar. Tinha ficado óbvio demais que o último comentário seria apenas para provocá-la.

Pronto, agora me espera lá fora que eu vou me trocar.

Não posso ficar? – Perguntou com uma expressão esperançosa.

Não! – Respondeu rispidamente enquanto o empurrava para fora da barraca.

Assim que saiu do abrigo, o jovem mago observou tudo o seu redor. O acampamento era constituído de cinco barracas, incluindo a que ele havia acabado de sair. Todas estavam posicionadas de forma estratégica formando um círculo em toda a volta da clareira onde eles estavam. Vestígios de uma fogueira podiam ser vistos no centro. Nas árvores ao redor, algumas runas foram transcritas, provavelmente para alertar a todos se algo ou alguém se aproximasse.

Sarah saiu da barraca no exato momento em que ele começou a observar como todos estavam. Antes de voltar a olhar ao seu redor, ele a ajudou a se levantar, oferecendo-lhe a mão – a barraca era baixa, sendo necessário sair e entrar abaixando-se. A garota vestia-se com uma calça branca bem justa em suas pernas. Seus pés estavam protegidos por botas. Uma blusa branca, com o brasão de Drugstrein ao lado esquerdo do peito, e uma parca na mesma cor cobriam-lhe a parte de cima do corpo.

Depois de distrair-se com a beleza da maga, Kamui pôde ver que os gêmeos Wigg eram os mais afastados do acampamento. Aghata, Jonathan, Anita e Nicolas estavam agrupados próximos ao centro. Não havia sinais de Carlos, Natália, Gorgar ou Márcio, mas o rapaz deduziu que eles deveriam estar em suas barracas.

O casal colocou-se em movimento, juntando-se ao maior grupo.

 

 

Pouco afastado do local, em meio à floresta, uma garota de cabelos negros e cacheados, de olhos verdes e dona de um belo corpo esperava, impacientemente por algo, ou, nesse caso, alguém.

De meio a algumas árvores entrecruzadas, um rapaz alto e de cabelos longos e castanhos, com uma singular marca embaixo dos dois olhos surgiu. Sem dizer uma única palavra, ele tomou a maga em seus braços e a beijou, de maneira intensa e desejosa.

Carlos! Não devia ter me deixado tanto tempo esperando!

Culpa de meus irmãos, Natália, eles ficaram me questionando.

Deve ter deixado eles bem furiosos... De novo.

Humph.

Natália apenas suspirou antes de receber outro beijo, ainda mais intenso que o primeiro. Devagar, o rapaz começou a explorar seu corpo com as mãos, subindo da cintura para a barriga e, por fim, aos seios, que apertou de maneira suave e carinhosa.

Em um impulso, ela se desvencilhou de seus braços, quebrando, desta maneira, o clima que havia se estabelecido.

O que foi?

Decidi que não vou mais me entregar a você enquanto não assumir nosso relacionamento.

Ele bufou em desaprovação.

De novo esse assunto.

Sim, de novo. Já faz dois meses que estamos juntos. Não entendo por que não quer assumir nosso namoro.

Talvez porque não seja um namoro.

Mas é.

Se é, então por que beijou o Atreius?

Natália deixou um sorriso escapar entre seus lábios. Tinha sido um beijo bom e, se sentisse pelo rapaz o mesmo que sentia por Carlos, não hesitaria em mudar de namorado – pressupondo-se que ele a quisesse.

Pra te forçar a assumir.

Não vai adiantar, apenas vai me aborrecer.

Por eu ter beijado outro ou por esse outro ser justamente aquele que te deixou uma cicatriz em no formato da letra “K”?

O sangue do Wigg ferveu com aquele comentário. Ela era uma das três únicas pessoas que sabiam desse fato. E isso apenas por causa de um descuido quando se deitou com ela pela primeira vez.

Sabe que esse assunto é proibido!

Disse em um tom de voz calmo, porém que irradiava muito ódio. Enquanto proferia as palavras, golpeou uma árvore com o punho direito fechado e envolto em aura, provocando um grande buraco em seu tronco. O golpe passou a apenas 10 centímetros da cabeça da morena.

Ce... Certo – concordou em um tom de voz muito baixo.

Passaram-se alguns segundos até que o rapaz voltasse a se acalmar. Após isso, Natália arriscou-se a falar mais alguma coisa.

Se... Se você assumisse nosso namoro, prometo que eu serei apenas sua. Mas você vai ter que fazer o mesmo por mim.

Se for nessas condições, então melhor não nos vermos mais. Já disse que não posso assumir nenhum compromisso no momento.

Mistérios... Sempre com seus mistérios.

É pegar ou largar, Natália.

Então eu largo. Não sou esse tipo de garota que fica disponível pra quando o cara quer e não liga em ser deixada de lado quando ele não quer.

Você quem sabe. Mas tenho certeza de que ainda vai voltar pra mim – disse em um tom de voz confiante enquanto sorria de maneira maliciosa.

Idiota! Prepotente! Imbecil!

Natália gritou as ofensas contra o rapaz, mas ele pareceu nem se importar. Após isso, ela voltou para o acampamento, irritada e mal humorada. Minutos mais tarde, Carlos fez o mesmo, mas manteve seu semblante frio de costume.

 

 

Enquanto o casal mais jovem aproximava-se do grupo de quatro pessoas, puderam ouvir a discussão que estava instaurada.

Não podemos esperar mais, Aghata. Também não gostaria de ter de aceitar isso, mas ele não vai voltar.

Vai sim, eu sei que vai – insistiu a baixinha.

Vamos ser racionais, Spaak era realmente muito bom em tudo o que fazia, mulheres, jogos, magia, combates, mas era contra o General Turenhead que ele lutava – retrucou o outro mestre.

Eu concordo com a Aghata – Kamui se pronunciou ao se aproximar. – Spaak não deixaria se abater tão facilmente.

Mas você mesmo viu o poder que aquele tauren possui. Acho que até mesmo os GranMestres Radamanthys e Sakuro teriam dificuldade em combatê-lo – Jonathan voltou a argumentar.

Mas o Spaak é um dos melhores em nossa Ordem, se alguém pode sair vivo de uma situação dessas, esse alguém é ele – Anita expôs sua opinião.

Está bem, então. Apesar dos fatos, também tenho um pouco de fé que ele ainda vai reaparecer. Spaak era... É meu amigo e gostaria tanto quanto vocês que ele estivesse aqui conosco, mas não podemos esperar mais um dia, seria perigoso demais – o meste disse, por fim.

Também acho perigoso, lembrem-se que eu e o Márcio avistamos alguns goblins em patrulha na noite passada – Natália aproximou-se do grupo vindo de meio a floresta densa.

Onde você estava, hein, garota?

Anita lhe questionou, mas ela simplesmente deu de ombros e não respondeu.

Além disso, o Spaak disse que nos encontraria em Gynoolock. Acho que devíamos nos apressar em ir pra lá, principalmente agora que o Kamui já acordou – Sarah comentou, sem conseguir esconder a felicidade pelo último fato mencionado.

Está certo, está certo, vamos ver o que o Gorgar e o Carlos acham, então partiremos – Aghata concordou, de má vontade.

O mestre em magia negra realmente encontrava-se em sua barraca, assim como Kamui havia previsto. Porém, estranhamente, Carlos reapareceu de meio as árvores próximas alguns minutos depois.

Depois de tudo arranjado, o grupo de magos – agora reduzido à apenas 12 pessoas – reuniu suas coisas e rumou direto para a direção leste, a fim de chegar as montanhas baixas e a residência dos anões.

 

 

Mais um dia inteiro de viagem foi necessário para que alcançassem seu destino. Ao longo do caminho, a floresta foi dando espaço para uma ampla campina enquanto o terreno tornava-se cada vez mais elevado. Em pouco tempo, eles puderam avistar as imponentes montanhas cinzentas, onde era dito estar uma das maiores moradas dos anões.

Gynoloock era uma verdadeira fortaleza dividida em cinco partes. Enormes casas comunais se erguiam em meio às montanhas com centenas de janelas e quase uma dezena de andares cada. Em cada uma delas um clã com seu patriarca reinava. A cidade então era regida pelo chamado Conselho dos cinco Anciões.

No cair da noite, os doze viajantes chegaram aos portões do clã Turulhin, o segundo maior de Gynoloock. Cerca de dez anões entre cento e trinta a cento e cinquenta centímetros de altura recebeu-lhes em suas armaduras reluzentes feitas com placas de metal finamente polidas. Enormes machados de guerra, aljavas de flechas e arcos, além de espadas pendiam em suas costas ou cintos.

Salve grandes magos de Drugstrein. Não esperávamos mais visitas tão cedo.

Um anão portando um elmo com dois grandes chifres simetricamente colocados na estrutura metálica dirigiu-se a eles enquanto sua longa barba ruiva e trançada se balançava de um lado a outro.

Salve guerreiro do poderoso clã Turulhin. Como vai o patriarca Thrull Turulhin, Esmagador de Orcs? Ainda com saúde, espero – Jonathan parecia saber exatamente como conversar com um anão.

Oh, sim. Em seus mais de 250 anos ele ainda irá esmagar muitas cabeças de orcs, e de gigantes também. Mas diga-me seu nome, mestre da Ordem de Drugstrein. Eu sou Grinllin Turulhin, Escudo de Prata.

Sou Jonathan Winggly, conhecido entre seu povo como Artesão do Golem de Fogo.

Lembro-me muito bem de suas proezas de dez anos atrás. Gostaria muito de ver seus golens em chamas esmagando os gigantes novamente – outro anão se pronunciou.

Apesar de não entenderem exatamente o que estava acontecendo, os demais magos deixaram que Jonathan cuidasse da situação e lhes apresentassem uma a um.

Após esse breve diálogo, todos foram levados para dentro da enorme fortaleza. De fato, por dentro ela não se parecia tanto com uma instalação militar. O salão de entrada era enorme e luxuoso. Decorado com estatuetas e armas feitas de ouro ou prata, possuía dezenas de escadas e corredores que conduziam para os outros aposentos.

Os anões realmente gostavam de forjar metais, principalmente os preciosos, e seus aposentos eram todos decorados com coisas feitas com eles. Os corredores eram largos e longos e, por mais que os magos prestassem atenção, sentiam-se como se cada vez mais se perdessem dentro da enorme construção.

Finalmente chegaram onde o anão estava os conduzindo. Apenas Jonathan não ficou surpreso ao entrar em um enorme salão. Ele tinha o chão coberto por pequenas pedras de formatos regulares. As paredes também eram feitas com rochas pequenas, e alguns diamantes brilhavam incrustadas nelas. Tochas espalhadas pelo ambiente o iluminavam, assim como todo o resto do local.

Ao final do recinto, um trono todo feito em ouro estava cercado por quatro anões em armaduras reluzentes e dois golens de quatro metros de altura feitos de granito. Sentado ao trono, estava um imponente anão vestido em uma armadura completamente dourada e adornada em prata. Sua barba, sobrancelhas e cabelo eram espessos e completamente alvos. Ao seu lado direito, uma maça prateada e com o cabo adornado em ouro estava recostada no acento. Em sua cabeça, uma coroa estava sutilmente colocada. Ele mantinha o cotovelo direito apoiado no braço do trono e a mão situada embaixo de seu queixo.

Salve patriarca Thrull Turulhin, Esmagador de Orcs – Grinllin, que havia acompanhado os magos até aquele salão fez uma breve reverência. – Estes são os magos de Drugstrein, liderados pelo Artesão do Golem de Fogo.

Salve nobres magos de Drugstrein. Não esperávamos reforços de sua Ordem assim tão cedo – o imponente anão falou com sua voz grossa, que emanava sua capacidade de liderar.

Também não esperávamos por isso, mas os últimos acontecimentos nos obrigaram – Jonathan respondeu.

Imagino que deva ser uma história interessante, além de trágica. Algumas notícias chegaram até nossos ouvidos, mas gostaria de ouvir tudo o que aconteceu com clareza.

Então ouvirá, patriarca dos Turulhin.

Certamente que sim, mas durante um jantar de recepção. Antes disso, tenho certeza que gostariam de se banharem e se refrescarem da longa e cansativa viagem. Aceitarão que eu seja seu anfitrião?

Certamente que sim, nobre patriarca da casa dos Turulhin.

Após o breve diálogo entre Jonathan e Thrull, alguns anões conduziram os magos pelos largos corredores novamente, apresentando-lhes seus aposentos temporários.

Os anões eram muito receptivos tanto para com humanos quanto para com outros clãs, por isso, sempre mantinham muitos quartos para hóspedes.

Ao contrário do que a maioria dos magos pensava, as camas eram do tamanho certo para eles, talvez até um pouco maiores. Ou os anões sabiam muito bem preparar um quarto para visitantes, ou eram realmente espaçosos.

Cada quarto era ornamentado com alguns detalhes em ouro ou prata. Apesar do ambiente ser pequeno, havia uma cama e uma pequena mesinha de cabeceira, além de um grande armário em cada um. O que fazia falta era uma janela, mas tochas traziam uma fraca luminosidade.

Algo que realmente incomodou todos os magos foi a falta de banheiros. Eles já tinham ouvido falar que os anões não se banhavam com frequência, mas não imaginavam que havia apenas dois banheiros para que todos os doze tomassem seu banho. Provavelmente haveria mais algum pela casa comunal, mas deveria ser longe demais.

Apesar disso, os dois banheiros eram extremamente confortáveis, com banheiras de pedra muito grandes e uma encanação que provia água quente direto de alguma caldeira que devia ficar em algum lugar da enorme construção. O fato de haver tanto conforto apenas contribuiu para que várias horas fossem gastas até que todos tivessem de banho tomado e prontos para o jantar.

Eles foram conduzidos ao local reservado para as grandes refeições e celebrações. Os anões tinham uma mesa exageradamente comprida e situada em um amplo salão. Era feita de carvalho e extremamente resistente. Ela possuía diversos entalhes finamente trabalhados. O ambiente era tão magnífico quanto o resto da enorme fortaleza.

Thrull Turulhin sentava-se na ponta da enorme mesa. Todos os magos foram convidados a se sentarem a sua esquerda. A sua direita, uma anã, provavelmente sua esposa, estava acomodada e, a direita dela, outros quatorze anões e anãs aguardavam o início do banquete. Kamui, assim como a maior parte dos humanos presentes imaginou que eles deveriam ser membros importantes do clã.

O anfitrião disse breves palavras, apresentando os convidados para todos os presentes. A seguir, para a felicidade dos que estavam famintos, uma farta refeição foi servida. Diversos jarros de vinho e cerveja, carnes assadas, pães, bolos salgados e doces, entre diversas outras coisas foram servidas.

Após todos alimentados e satisfeitos, Jonathan iniciou sua narrativa dos últimos fatos ocorridos. Ele sempre era ajudado pelos outros presentes quando esquecia alguns detalhes ou quando não havia presenciado tal fato. A noite avançou rápido e a lua já estava alta no céu quanto o patriarca da família anã começou a colocá-los a par de tudo o que andava acontecendo em Gynoloock.

Como vocês, oh, nobres magos, já devem ter ouvido falar – começou –, as ordens de Kaz Barrak e Kaz Elenak têm nos reforçado nas últimas semanas. O motivo para isso são ataques frequentes dos orcs, além dos comuns dos gigantes. Talvez fiquem surpresos, mas, na casa dos Terinäs está hospedado Anikin Garbben Grullyein, o GranMestre Milenar.

Sério? Então defender essa fortaleza dos ataques deve estar sendo algo simples – Jonathan comentou, com certa surpresa em sua voz.

Temo que não, caro Artesão do Golem de Fogo, os inimigos são numerosos e coordenados. Já perdi a conta de quantas vezes ogros, trolls e gigantes uniram-se em ataque a nossa majestosa cidade. Sem contar os numerosos goblins e gnolls.

GranMestre Milenar? – Sarah perguntou, para Aghata, em um tom de voz baixo, expressando a curiosidade de muitos dos presentes.

Um dos três GranMestres de Kaz Elenak chama-se Anikin Garbben Grullyein. Ele não é um humano, e sim um meio elfo, provavelmente o único em toda Algos. Dizem que ele é um dos magos mais poderosos do planeta. – Kamui respondeu antes que a mestra pudesse fazê-lo.

Dizem que ele perde apenas para Radamanthys – Aghata completou com clara admiração pelos dois GranMestres citados.

Após os breves comentários da conversa paralela, novamente todos voltaram a prestar atenção ao que o imponente anão em armadura dourada dizia.

Thrull fez questão de descrever os feitos mais marcantes nos últimos dois meses de guerra. Embora todos achassem que ele exagerava ao contar suas próprias proezas, sabiam que tudo tinham um grande fundo de verdade e Gynoloock havia resistido a várias duras batalhas.

Aos poucos, o cansaço dos últimos dias começou a abater os magos presentes. Pouco a pouco eles se retiravam do aposento e seguiam para seus respectivos quartos. Todos estavam felizes por poderem desfrutar de uma cama macia e quente.

 

 

Dois dias e duas noites se passaram desde que os magos chegaram a Gynoloock. Sua estadia na cidade anã estava sendo muito confortável, a ponto de todos sentirem-se renovados novamente. Aproveitavam para treinar magia e estabelecer laços de amizade entre os anões, visitando as outras quatro casas.

Apesar da preocupação por Spaak ainda não ter voltado, todos os magos mantinham a fé de que ele reapareceria a qualquer momento. Portanto, continuavam suas atividades enquanto podiam, pois logo certamente um novo ataque iria ocorrer.

Na tarde do terceiro dia, Kamui chamou Sarah para dar uma volta pelo campo aberto da cidade. A garota aceitou sorridente e ambos começaram a descer as escadarias e passar pelos amplos corredores da casa comunal dos Turilhin. Agora eles já conheciam muito bem os principais caminhos percorridos por aquele labirinto de rocha e metal.

Saíram através do amplo portão duplo da retaguarda da fortaleza. Mais uma vez os jovens contemplaram, maravilhados, a forma com que as cinco partes da cidade estavam construídas incrustadas nas montanhas, formando, assim, um amplo espaço protegido ao meio delas.

Nesse grande descampado que abrangia vários quilômetros, estavam as prósperas fazendas dos anões, além, é claro, de seus numerosos rebanhos.

Era comum que cada clã cuidasse de suas próprias coisas, mas aqueles cinco que formavam Gynoolock eram tão unidos que cooperavam entre si em quase tudo. A única coisa que ainda era mantida em individualidade eram as atividades de mineração, assim como os ferreiros e joalheiros. Nisso, cada uma das cinco casas disputava para ver qual era a melhor.

O casal caminhou durante duas ou três horas. Conversavam animadamente e, de quando em quando se sentavam em algum lugar para apreciar o ambiente. Kamui queria um momento sozinho com a garota, porém, parecia que isso seria impossível na cidade anã. Se não era um mago humano de uma das três Ordens, era um dos seus novos amigos anões que estava por perto.

Por fim, ele avistou alguém com quem queria muito falar.

Enquanto Sarah contava-lhe algumas coisas que havia aprendido sobre magia branca com um dos magos de Kaz Barrack, Kamui desviou seu olhar para uma breve colina florida a apenas alguns metros do descampado onde eles estavam. Ao topo, sentado e imóvel, estava um rapaz de cabelos castanhos e longos, tinha o corpo esguio e era muito alto. Trajava uma túnica extremamente branca e, em contraste, uma capa negra com detalhes dourados.

Apenas com esses detalhes ele pôde imaginar quem seria, mas um último aspecto confirmou suas suspeitas. As orelhas dele eram muito alvas, além de compridas e pontiagudas. Ele era o GranMestre Milenar, Anikin Garbben Grullyein.

Sarah, olha só quem está sentado ali?

Quem? Ah! É o tal meio elfo?

Sim, ele mesmo. Eu vou lá falar com ele – Kamui disse enquanto se levantava.

Por quê?

Porque ele é um dos magos mais poderosos que temos em Algos. Eu quero conversar com ele e ver o que ele sabe. Já que tem mais de mil anos, deve ser muito sábio.

Hum... Se você quiser ir, pode ir, mas eu vou ficar aqui.

Vamos lá, Sarah, larga mão de ser vergonhosa – ela ruborizou levemente com o comentário.

Ele... É estranho.

Que isso? Ele é apenas diferente porque é um meio elfo. Não vai nos fazer mal. Talvez ele possa te ensinar algo novo sobre magia branca. Os elfos são bons nisso.

Tá certo. Tá certo. Me convenceu, vamos lá.

Kamui estendeu sua mão para que a garota se levantasse. Sarah aceitou a ajuda com um sorriso e ficou em pé. Após isso, ambos caminharam lentamente colina acima.

Circularam um perímetro curto e ficaram de frente para o rapaz, observando, assim, a sua face. Ela era serena e jovial. Sua pele era extremamente clara e não apresentava qualquer marca de expressão. Era um rosto belo e calmo. Seus olhos estavam fechados e as pernas cruzadas, assim como as mãos estendidas sobre os joelhos, fazendo com que ele ficasse em posição de lótus.

Os dois magos acharam aquilo um tanto quanto estranho, parecia que ele estava imerso em um sono profundo. Eles não sabiam que os elfos tinham o hábito de meditar naquela posição, nem que Anikin também o tinha.

Apesar disso, os dois aproximaram-se um pouco mais silenciosamente. Não queriam interromper seu sono bruscamente, embora não tivessem certeza de que ele estivesse realmente dormindo. Era isso o que queriam verificar.

Assim que eles entraram a uma distância de pouco mais de dez metros, um imponente dragão elétrico surgiu das costas do GranMestre Milenar e seguiu diretamente contra o casal de magos. Ambos assustaram-se tanto com o tamanho poder que fora emanado quanto com o fato de que um de seus aliados os atacava abertamente.

 

 

 

 

 

 

N.A - E eis aqui o capítulo de número 43 (este arco está bem mais longo do que eu imaginava, já são 10 capítulos e tem muito mais antes de acabar). E as perguntas são várias.

1 - O que acharam o caso de Carlos com Natália? Alguém suspeitou que houvesse algo entre eles?

2 - E quanto aos anões? Primeira vez que escrevo sobre eles e o livro Eragon (e o Eldest) me ajudaram um pouco nisso ^^ Espero que tenham gostado deles.

3 - Por último, o que acharam de Anikin? Também introduzi o meio elfo nesse arco, quero saber o que pensam dele.

Até o próximo e no aguardo dos reviews.

 


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