E lá vou eu de novo. Olhando seus olhos. A luz que irradiava desaparecera e eu sei o que isso significa. Eu falhei. Eu prometi mantê-los brilhando eternamente e agora a escuridão os domina.

A luz de meu caminho, a estrela guia que me levava a lugares que jamais imaginei, sumiu. Desapareceu com a decepção, com a dor... Com a morte.

Seus olhos vidrados num ponto que não pode se definir. Sem vida, sem brilho, sem cor.

Não sei mais se eles eram verdes, ou azuis, ou castanhos. Só tento me lembrar do brilho deles e como eles me faziam bem. Só tento pensar que a luz ainda está neles.

Os olhos mais belos que já vi, e não consigo lembrar deles. Não há cor, forma, tamanho. Não há nada a não ser riscos que em vão tentam formar algo. Riscos.

A ultima vez que vi seus olhos brilhando foi por conta das lágrimas que se formaram. Lágrimas de tristeza que eu nem percebi que você estava sentindo. Talvez isso tenha apagado a luz de teus olhos. Talvez eu seja culpado.

Fotos e desenhos nunca iriam mostrar um terço da beleza de seus olhos. Nunca farão juz a cor intensa e o brilho eterno que tinham. Ninguém jamais saberá como eles eram realmente. Nem mesmo eu.

Meu coração dói ao pensar que nunca mais verei o brilho. Dói tanto que me pergunto porque ainda estou vivo. Só quero morrer e ter uma chance de ver o brilho de novo. Talvez no céu, talvez no inferno. Talvez agora a luz venha das chamas ardentes, ou da graça infinita. Não sei.

O reflexo que vejo no espelho é de alguém acabado, morte internamente. Digo que sua luz se esvaiu. Agora olhando fixamente aquela imagem distorcida de quem um dia fui, me pergunto algo: Foi a sua ou a minha luz que se foi com sua morte?

Fim