A luz baixa não permitia que minha visão se aprofundasse em sua beleza, escondia-me algumas feições, aquelas que eu mais amava. O vento forte soprava, provocando um barulho amedrontador. Enquanto isso a chuva caia forte do lado de fora.

Forte demais para Sungmin aguentar sozinho.

Meus olhos somente conseguiam focar no cobertor que cobria seu lindo corpo. Ele tremia. Não sei se de frio ou de medo, pois ao cair de um raio um salto foi dado. Assim como meu coração ao ouvir aquela doce voz me chamar.

– Kyu-ah! - Soava tão frágil e tão ao longe que quase parecia um sonho em meio àquela tempestade. Não movi um músculo se quer, não queria mostrar que estava acordado. - E-estou com medo. - confessou baixinho. Mais um raio tocou o chão, dessa vez clareando parte do nosso quarto. - Kyunnie~!! - Segurei o riso, não queria deixar meu pequeno sofrer, mas ouvi-lo tão amedrontado é uma das coisas mais fofas que eu já presenciei.

– Me chamou, Min? - disse como se não soubesse de nada, aumentando um tom na minha voz por conta da chuva que começou a cair mais forte. Não aguentando mais se esconder, Sungmin virou-se de frente para mim, encarando-me com aqueles doces olhos estalados de medo. Sorri docemente. Era mesmo uma criança.

– Eu não tenho culpa s-se o vento m-me acordou e... Eu não consigo dormir, Kyu-ah! - o cobertor estava bem apertado contra seu peito, deixando só seu rosto assustado a mostra.

– E o que você quer que eu faça? Não tenho o poder de parar a chuva, Min. - mesmo sem intenções, soei rude. O que imediatamente levou um enorme bico aos lábios vermelhos de Sungmin. Forcei-me a segurar mais um sorriso e uma vontade enorme de pular para a cama ao lado e morder tais lábios.
Porém, meu orgulho era maior do que essa vontade, e eu não cederia. Não após a briga que nós tivemos minutos antes de dormir.

Ele seria o primeiro a ceder. E a forte chuva que caia seria minha maior aliada.

– Não precisa falar as- Ahhhhh. - encolheu-se embaixo da coberta ao ouvir mais um trovão rugir. E desta vez, desatei a rir. - Yah! Não ria de mim! - sua voz soou abafada, por ainda estar escondido nas cobertas. Realmente, não sei o que é melhor, vê-lo com medo ou irritado.

Levantou-se da cama, indo diretamente ao interruptor acender a luz. Mas...

– Sem energia. - eu disse sem me importar muito. Seus olhos enchiam-se de lágrimas por medo e raiva. - Acho que só tem uma saida, Minnie.

– Não, eu não vou me deitar com você. - cruzou os braços e fechou a cara. Sentei-me na cama, arrumando o meu corbertor em minhas pernas. Queria poder ver onde aquilo ia dar. Um sorriso irônico brincava em meus lábios. - Tudo bem, você que sabe.

O vento forte voltou a soprar, fazendo os olhos dele sair de mim e correr para a janela. E o medo estava o tomando por completo. Ele não ia durar muito.

Foi em um piscar de olhos que duas coisas aconteceram simultaneamente: Um clarão invadindo o quarto, e um corpo invadindo meus braços. Ele tremia de medo, abraçando-me tão forte que os nós de seus dedos estavam brancos.

– Calma, Minnie! A chuva já vai passar! - disse acarinhando suas costas levemente. Seu rosto se perdia na curva de meu pescoço, fazendo-me sentir as goticulas salgadas que caiam sem parar de seus olhos. - Não precisa ficar assim, Minimin! - dei um beijinho estalado em sua têmpora, aliviando um pouco a angustia que sentia.

– E-eu não gosto de ch-chuva, Kyu-ah. - respirava pesadamente por conta do choro, e estando colado ao meu pescoço, não pude evitar um arrepio percorer toda minha espinha.

– Eu já disse. - levantei seu rosto. - Já vai passar. - juntei nossos narizes, roçando-os levemente. Finalmente um sorriso foi estampado em seus lábios, logo perdendo-se nos meus em um beijo calmo e confortante. Nós ficamos ali nos beijando por meros minutos, que com ele pareciam horas.

– Obrigado, Kyu. - disse Minnie ao nos separarmos em busca de ar. - Obrigado por sempre estar comigo quando eu mais preciso. - suas mãos brincavam com meus cabelos em minha nuca, tão gostoso.

– E eu sempre estarei, Minnie-ah! - rodeei sua cintura com minhas mãos, o posicionando sentado sobre minhas pernas, juntando ainda mais nossos corpos. Nossos sorrisos se mesclavam, assim como nossas respirações e sentimentos.

– Kuy-ah! Canta pra mim? - sua voz soava doce ao pé do meu ouvido. Suas mãos ainda brincavam com o meu cabelo, aumentando a intensidade de seu toque. Um leve beijo fora depositado em meu lóbulo e logo em seguida Sungmin voltou a me encarar, tão profundo como nunca.

– Claro, hyung. - o ajeitei em meu colo, preparando-me pra cantar.

Os carinhos eram contínuos de ambos os lados, sendo embalados pela minha voz calma e profunda, que fora como uma canção de ninar para Sungmin, que se encostou em meu peito e caiu em um gostoso sono.

O medo ja não existia mais, apenas dois corações apaixonados e uma chuva caindo ao lado de fora.