- Um café, por favor, médio. – Como todo dia, meu dia começa na cafeteria da minha melhor amiga: Sabi Fields, a cafeteria SoWhat é onde todos os estudantes da minha faculdade vão nos intervalos das aulas e fazem tudo aqui, conversam, estudam, namoram, entra outras coisas.

- Você está bem? – Sabi tirou o avental enquanto se sentava ao meu lado, a cafeteria estava vazia porque estava em horário de aula.

- Sim, eu acho, só estou meio, hum, pensativo!

- Porque? – Dei goles em meu café enquanto a explicava.

- Lembro de ter acordado com uma musica na rádio, era normal mas meu irmão tinha começado a gritar quando ela começou, tentei voltar a dormir mas aquela musica grudou na minha cabeça.

- Tá, mas isso é normal. As vezes músicas da rua grudam na minha cabeça mesmo. – Sabi disse enquanto ria.

- Sim, mas essa música me trouxe uma sensação estranha.

- Eu hein, credo.

- Sabi, cafê para mesa 5! – O pai dela gritou da cozinha enquanto ela rápidamente colocou seu avental de volta.

- Já vai, já vai! Wiz, já volto.

- Acho que já vou, tenho muita coisa pra estudar ainda. Até mais.

Estudei todas as matérias que tinha atrasada porque realmente não tinha nada a fazer, não tinha vontade de sair, nem de assistir filmes repetidos. Após dormir encima de livros e apostilas de Publicidade, o celular apitando uma nova mensagem me acordou, apenas levantei e abri as janelas, não havia sol nem alegria no céu, estava simplismente... morto, só o mesmo céu morto do inverno. Desci ainda de pijamas com meus fones de ouvido, escutando Lily Allen – Him. Procurei algo pra comer.

- Você tem noção de tempo? – Meu irmão, Hitam, disse, mas eu não escutei por causa dos fones.

- VOCÊ TEM NOÇÃO DE TEMPO? Perdeu aula. Já perdeu aula de manhã porque estava no SoWhat e agora perdeu a da tarde também.

- Ai, menino, fica quieto! Nem faculdade faz ainda.

- Pelo menos não fico faltando aulas.

- Ai cala a boca. Está frio, e já estou de pijama, ou seja, dormirei o dia inteiro. – Peguei um pacote de batatas, dei um tapa na cabeça do meu irmão e subi para o quarto.

     Após umas horas na cama tomando chá e assistindo dvd’s, alguém pensou em mim por um tempo.

- Nossa, que depressão – Sabi abriu a porta, viu minha situação riu de tudo.

- Ai eu acho que..- Me próprio-interrompi e cai na cama enquando ela ria.

- Vem, sai disso e vamos sair, eu você e o Hitam.

- Pra onde? – Falei quase impossível de entender com muitas almofadas na boca.

- Ah, vai ter uma festa na escola hoje a noite..

- Que escola, to tentando fugir daquela merda de faculdade. E ainda está de tarde!

     Sentia falta de sair assim, sem motivos, sem comemoração, comemorando apenas o existir, apenas o respirar. Também sentia falta de observar todo o luxo da cidade a noite, as luzes refletindo na janela e as super produções das pessoas para ir para festas e lugares caros.

- Eu vou me casaaaaaar, com a noiteeeeeeeee, eu não vou mais chorar, eu vou me casaaaaaar com a noiteeeeee, não vou deixar nada nas ruas para explodir – Hitam gritava com a cabeça para fora da janela do carro, excêntrico.

- Pare com isso! - Falei, batendo no ombro dele.

- Deixa o menino ser feliz – Sabi disse rindo, porém olhando por onde dirigia.

- Sabi, a gente vai chegar cedo? Preciso estudar cedo. – Sabi logo parou com as risadas.

- Me poupe! Hoje é festa, bebê, nada de estudos amanhã.

- Ai tá, você sabe que eu sou certinho demais né.

- Todo mundo sabe. – Sabi disse rindo.

- Verdade. – Hitam concordou, enquanto tirava a cabeça da janela.

     Viramos algumas esquinas até chegar a tal festa, estava fazendo bastante frio, mas na entrada já se via meninas com shorts pequenos e vestidos muito curtos, me senti entimado a deixar meu casado no carro da Sabi e morrer de frio. Entramos, observamos as pessoas e o local por uns 5 minutos e Hitam já se jogou na pista de dança, e já dançou com outros dois meninos.

- Eai, vai ficar aqui observando? Vai pra falar com... ela – Sabi apontou pra uma menina sentada no bar, que olhava pra mim, mas logo disfarçou.

- Devo falar?

- Sim né, vai lá. Primeiro pede uma bebida pra você e pra ela. Depois senta do lado dela e puxa assunto, vou estar de olho, não decepcione, por favor. – Sabi disse enquanto eu executei todas as instruções, ela era linda, percebia que seus olhos brilhavam quando ela olhava pra mim. Dei o copo de bebida pra ela e segurei o meu.

- Oi! – Falei sorrindo, porém a música estava muito alta, e ela fez uma cara de quem não compreendeu. – OI!

- Ah, oi! – Ela respondeu rindo, pensei em dar um aperto de mão, mas a comprimentei com um beijo no rosto.

- Tudo bom? Te vi aqui tão sozinha – Sentei um pouco mais perto dela, morrendo de vergonha, pra ela poder escutar melhor o que eu dizia.

- Sim, eu to bem – Ela disse rindo, ainda com os olhos brilhando enquanto eu morria. – To sozinha... Mas você veio com sua namorada, né?

- Sabi? Não... não é namorada.

- Nossa, mas vocês ficam bonitinhos juntos.

- Ela é só minha melhor amiga. – Falei rindo, olhando nos olhos dela que continuavam encantadores.

- Ei! Eu amo essa música! Sempre danço quando toca ela aqui.

- Is Like That? É? Vamos lá então. – Olhei pra Sabi disfarçadamente enquanto ela fazia um gesto de aprovação. Peguei a mão dela e levei a pista de dança, Sabi estava encostada no bar, bebendo e conversando com um menino, e meu irmão dançando com duas meninas, completamente bêbado.

  Dancei alguns minutos com essa garota que nem o nome eu sabia, pela dança tive a oportunidade de saber a sensação de tocar o corpo dela, que por sinal me facinava. Após duas ou três músicas, decidimos ir pra um lugar mais quieto, onde pudessemos conversar... ou mais que isso. Eram 2:45 am, fomos para fora, mesmo sabendo que era perigoso.

- Acho que não perguntei o seu nome...

- Ah... Ayala Aubrey. E o seu?

- Halem, Halem Twipy.

- Halem Twispy? Do time de basquete da escola Hispace Rushi?

- Sim, mas como você sabe?

- Minha irmã estuda lá, já assisti vários jogos seus. Ela fala muito de você, sempre te achei muito bonito, mas ela morria de ciumes quando eu falava de você...

- Quem é sua irmã? Eu odiava os jogos, mas precisava de pontos na época.

- Nicole Aubrey.

- Nossa, aquela menina cha... A Nicole?

- Sim, ela é minha irmã, também acho ela chata. – Ela disse rindo pra mim, enquanto encostava sua mão na minha. Paramos de andar um mino, e nos olhamos, a noite estava muito bonita. – Está tão frio.. – Ela disse se esfregando, enquanto eu decidia o que fazer, porém só a abraçei.

- Está melhor?

- Sim, na verdade, quando te via nos jogos não imaginava que fosse tão doce.

- Quanto te vir no bar, não imaginei que me envolveria tão rápido.

- Não desgruda de mim... agora. – Ela disse sentindo minhas costas e me abraçado mais forte, enquanto eu me aproximava mais e mais do seu rosto, sentindo seu calor de forma mais intensa.

- Fechado – Fechei os olhos e a beijei. Levei minha mão se sua cintura até o pescoço, sentindo seu cabelo macio e seu corpo suave. Depois nos olhamos, com um ar de alegria e silêncio.

- A gente deveria ter feito isso.

- Ah, sim. Somos livres – Rimos juntos.

     De mãos dadas, fomos voltando para a festa, andando devagar, sem preocupações, apenas animado com a compania e com o luar.

- Olha, eu to de carona com minha amiga, acho que tenho que voltar, ela deve estar esperando.

- Entendo... A gente vai ser ver novamente.

- Sim, vamos sim. Daqui a um tempo, talvez... Mas vamos.

- Legal te conhecer, ou melhor, legal te encontrar.

- Sinto o mesmo. – Dei um beijo em sua testa e a observei partir, enquanto tirava o celular do bolso, para descobrir onde Sabi estava.

     Fui andando em direção ao carro dela, ela estava do lado de fora do carro, ainda conversando com o mesmo menino do bar, mas ele logo se despediu um pouco antes de eu me aproximar do carro. Lá dentro do carro estava Hitam, completamente desmaiado no banco de trás, mas quando entramos no carro, ele acordou, meio confuso, mas parecia bem.

- Eai, quem é ele?

- Wiz, nem sei o sobrenome mas gostei demais dele. E a piriguete, quem era?

- Ela é irmã da Nicole, sabia? Aquela desajeitada que sempre vai no SoWhat...

- Que pede café com suco? Nossa, parecem tão diferentes.

- Sim, totalmente, a menina é um doce.

- Gostou né? Nossa, estou tão cansada. Dirige pra mim?

- Nem rola, bebi muito.

- Ai, beleza. – Sabi foi dirigindo devagar, mantendo a cautela, já era 3:15 e estávamos morrendo de sono, Hitam estava bastante calado, poderia ser o cansaço, ou a bebedeira. Sabi estáva meio sóbria, mas ainda estava um pouco zonza.

Ela nos deixou em casa, me ajudou a levar o Hitam até a porta e depois foi para sua casa, provavelmente não irá trabalhar amanhã. Peguei a chave do bolso e abri o portão do prédio, fui ajudando Hitam a subir as escadas, até chegarmos a porta de casa.

- Halem? – Hitam disse sem saber onde estava, coçando o olho, e com a voz sonolenta.

- Oi – Disse sorrindo, o ajudando a entrar em casa.

- Sabia que... eu adoro quando você sorri pra mim, desse jeito envergonhado? – Hitam disse num tom mais baixo, para não soar o som de estranheza, mesmo sendo estranho, muito estranho.

- Nossa, legal. – Tentei tornar a afimação simpática.

     Sujeri a ele que tomasse um banho, ele ficou mais relaxado e cheiroso, e logo deitou na cama, mesmo assim, continuei preocupado.

- Hitam... tá tudo bem mesmo, precisa de alguma coisa? – Acendi a luz do quarto dele, enquanto ele logo despertou assustado.

- Não, tá tudo bem.

- Mesmo.

- Sim, relaxa, vai dormir, você tem faculdade amanhã. Não se preocupe comigo.

- Então tudo bem, boa noite. – Apaguei a luz do quarto e sai.

- Halem... – Ele chamou pelo meu nome e eu voltei para ver o que ele queria. – Obrigado, por se importar.

- Hm... de nada. – Mais uma vez o ar ficou estranho, mas não me importei muito, estava cansado. Fui diretamente dormir.

     A noite tinha sido bastante agitada, acordei com muita dor de cabeça, e com a luz do sol quimando meu rosto. Tinha um teste sobre Estilo Arquitetônico na faculdade hoje, nunca me saio bem quando acordo agitado, então, me arrumei calmamente, Hitam ainda estava dormindo, então deixei tudo pronto pra quando ele acordasse. 5 minutos antes de sair pra faculdade, percebi que já eram 10:30 da manhã, o teste já deveria ter terminado, não sabia pra onde ir, o que fazer, mas sai de casa correndo. Pro SoWhat, talvez.

- É... A Sabi está aqui? – Fui no balcão do SoWhat ver se a Sabi tinha ido trabalhar, talvez me ajudasse.

- Não, ela estava com muita dor de cabeça, não veio hoje. Talvez de tarde ela venha.

- Não, é, eu... Obrigado – Sai sem saber o que fazer, mas esbarrei em um menino da minha sala, Milo Kreayshawn, meu irmão conversa mais com ele, mas as vezes fazemos trabalhos juntos.

- Ei, vai com calma.

- Ah, oi Milo, desculpa. É que eu perdi... Você perdeu o teste também né?

- Sim, mas calma, descobri que tenho uma dor crônica grave hoje.

- Sério? Mas como?

- É mentira, Halem. Mas vou ter que falar isso e entregar esse falso atestado.

- Atá, também preciso de um desses.

- Vi você correndo e pedi um pra você também, seu irmão deve estar trazendo.

- Ele acordou? Você falou com ele?

- Sim, ele disse que vocês sairam ontem e que ele tinha gostado muito do jeito que você estava cuidando dele, que estava especial e tudo mais.

- Ah... tá. Ele está vindo?

- Está sim, deve estar chegando. – Sentamos na cafeteria por uns 10 minutos esperando meu irmão chegar. Ele nos entregou os atestados      e fomos correndo pra faculdade ver se conseguiamos fazer o teste, mesmo atrasado.

     Milo fez o teste, depois foi embora sem falar comigo, decidi ir na SoWhat, talvez Sabi teria algum remédio pra dor de cabeça, qualquer coisa.

- Preciso ligar pro Wiz hoje. – Sabi disse encantada, como uma virgem.

- Também queria falar com...

- Sabrina! – O pai dela gritou do balcão – Não estou mais achando os copos grandes que você comprou hoje.

- Ai, Halem, já volto. – Sabi foi em direção a cozinha, ajudar o pai. E a segui, para não ficar sozinho na mesa. Talvez a menina do Starbucks grande queria se sentar.

- Com licença. – A menina saiu apressada do caixa, deixando uma nota de US$ 50,00 cair no chão. Me abaixei para pegar e devolver, fui atrás dela, fora da loja.

- Ei! Garota! – A garota de capuz, agasalho enorme e óculos escuros mal escutou minha voz. – EI! – Sai correndo atrás dela, e a cutuquei, ela se virou, e acidentalmente derramou um pouco de seu café e minha camisa. – Você esqueceu...

- Sinto muito, e obrigada. – Ela pegou a nota da minha mão e saiu as pressas. Logo atrás dela, vinha Wiz, affair de Sabi da noite passada, com uma câmera enorme, tirando fotos da tal menina.

- Ei, você deve ser Halem ou Hitam, não é mesmo? – Wiz me comprimentou, estendendo a mão.

- Halem, prazer. É, porque você tirou fotos dela?

- Ué, você não a conhece?

- Não.

- Ah, nossa. É... até mais. – Wiz entrou no SoWhat, provavelmente para ver Sabi, enquanto eu tentava entender a situação.