Ele a via de longe, era tão estranho pensar que viviam a séculos juntos em Hogwarts e nunca mais haviam trocado palavras.

Ele a tinha matado, certo, mas isso já fazia tanto tempo e desde então ele carregava as correntes como forma de penitência.

— Boa tarde Barão – o frei da Lufa-Lufa o cumprimentou.

Nem se deu ao trabalho de responder, aquele frei estúpido não o entenderia, nunca conseguiria entender. Na verdade ninguém naquele castelo seria capaz de entendê-lo, talvez ela.... tudo o que queria é que ela fosse capaz de entendê-lo...

Ela foi embora o ignorando de novo como fazia a séculos. Continuava linda, tão linda quanto no dia que ele se apaixonou por ela. Ela tinha passado de uma menina acanhada e meio estranha para a mulher mais bonita que ele já pusera os olhos.

Rowena era uma mulher brilhante e ele tinha muita sorte de poder ser considerado seu amigo. Hogwarts era uma escola promissora, por que ninguém tinha pensado em criar uma escola de magia no Reino Unido antes? Era tão eficiente, tão prático. Muitos bruxos não tinham tempo nem conheciam todas as magias para ensinar aos filhos, então ter um lugar que ensinaria isso seria um grande avanço. 

Ele e Rowena se conheceram por amigos em comuns, ela era uma bruxa extremamente inteligente, ele era um jovem barão com muito dinheiro para gastar com as ciências, o mais natural era eles acabarem se aproximando mesmo.

— Barão, que prazer encontrá-lo aqui - Rowena o cumprimentou ao vê-lo no baile.

— Milady, é um prazer revê-la também. Como está a família?

— Muito bem, trouxe minha filha hoje mas ela não gosta muito de festas, iria preferir ficar em casa lendo. Bem, tal mãe tal filha, certo? - Rowena comentou risonha.

— Puxou a mãe, nada mais certo. 

— Venha, deixe-me te apresentar. Helena, venha até aqui um instante por favor.

O barão viu a menina se aproximar e já se esconder nas saias da mãe envergonhada.

— É a idade, fica acanhada com estranhos, não leve a mal.

— Certamente não, prazer em conhecê-la senhorita Helena.

A menina o encarou com os dois grandes olhos negros e assentiu. O barão ainda trocou futilidades com Rowena e depois cada um foi para seu caminho. Para o barão de recentes 20 anos não tinha sentido prestar atenção aquela menina, mal ele saberia que aquela garota se transformaria na mulher que ele viria a amar. 

— Helena – murmurou ao relembrar do primeiro encontro entre os dois, fazia anos que não dizia aquele nome em voz alta.

Agora a menina tinha virado mulher, Helena tinha os cabelos presos em duas longas tranças que lhe caiam sobre os ombros. Os olhos negros escondidos atrás de grandes cílios.

Ele trazia flores para ela todos os dias sem exceção a cortejando, há anos ele e Rowena Ravenclaw era amigos, ele tinha dinheiro, posses, e além de tudo era um barão, era impossível que seu pedido de casamento não fosse aceito pela família Ravenclaw. 

Como todo sábado se aproximou da casa dos Ravenclaw com um ramalhete de rosas nas mãos e bateu na porta. Entretanto, dessa vez não foi a Rowena alegre de sempre que atendeu a porta, mas sim uma Rowena descabelada e com os olhos inchados de tanto chorar.

— Helena fugiu – a mulher murmurou assim que viu quem estava a porta - se a ama, me ajude a encontrá-la.

— Minha Helena... – o fantasma repetiu, ele e Helena estavam tão próximos do feliz para sempre, do casamento que iria parar a cidade, mas ela tinha que achar uma maneira de estragar tudo roubando aquela maldita diadema.

Nem Rowena Ravenclaw, com toda sua sabedoria, tinha conhecimento que ele também sabia o motivo de Helena ter fugido. A diadema era um objeto precioso que Rowena não queria compartilhar com o mundo e mesmo em sua dor ela só passou para ele a informação de que Helena tinha fugido mas não quis dar mais detalhes.

 Bobagens e desvaneios da mulher, afinal eles seriam da mesma família, não é como se ele fosse de compartilhar segredos. E também, para quem ele contaria? 

Foi interrompido de seus pensamentos quando um aluno parou em sua frente o cumprimentando.

— Olá senhor Barão.

Era um sonserino esquisito esse, para começar era um nascido trouxa e nunca antes na história um não bruxo tinha estado na Sonserina. Tudo bem que ele fizera por merecer estar ali, era um aluno brilhante com notas excepcionais, mas que era estranho ele estar na Sonserina era. Não ficaria impressionado se esse garoto se tornasse o próximo Ministro da Magia.

Deu um aceno com a cabeça para o garoto e continuou a andar pelos corredores.

— Helena... – o Barão murmurou novamente.

Ele esperaria até ela estar pronta. Até o dia que o perdoasse.

Pelo menos ele ainda a podia ver, mesmo de longe ainda a podia ver. Sim, ao menos ainda estava perto de sua doce Helena...