A Sobrevivente Do Massacre escrita por JkUchiha


Capítulo 12
Brigando com o líder do meu clã


Notas iniciais do capítulo

Postando again! Agora vou fazer o cap e postar ok? Mas depende muito de vcs leitores.

Eu amei esse cap! Sei, sei, to parecendo leitora, mas tudo bem. Foi o mais legal que já escrevi, tem um draminha, mas eu tentei compensar com comédia. Torço pra ter dado certo! kk



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Capítulo onze: Brigando com o líder do meu clã

Usávamos Taijutsus agora. Akemi havia me emprestado sua katana (que pra falar a verdade, é bem melhor pra se mover que minha antiga).

Teve uma coisa que notei na espada. Havia um nome escrito e o símbolo, o mesmo das costas do garoto, Taiho...

–Então é esse o nome... - murmurei ferindo mais um ninja.

–Nome do que? - disse Akemi jogando uma kunai em outro.

–Do meu clã... Nosso clã - corrigi.

Já lutávamos há algum tempo... Um longo tempo... Eu nunca havia visto uma guerra antes... Tanto sangue e mortos (nem se comparava com o massacre Uchiha)... E o som da batalha, gritos, kunais batendo uma nas outras, continuariam na minha cabeça por pelo menos duas semanas depois de tudo isso.

O Hokage não estava tão bem e o aperto no meu coração crescia mais e mais... Orochimaru havia o acertado com uma espada e o Sandaime usava uma técnica de selamento.

Pelo menos os ninjas estavam acabando.

Vários minutos depois...

O estádio estava destruído, e agora tinha uma coloração vermelha...

Todos os shinobis próximos estavam ali. O corpo do Hokage no chão...

Akemi tinha a mão no meu ombro, tentando me confortar.

Eu gostaria de poder chorar, mas as lágrimas não saiam, deixando uma pressão dolorosa no meu peito, prestes a explodir.

O silêncio cortante, o ar pesado. Todos sentiam a grande perda.

A perda era bem diferente pra cada um. Um sensei, um avô, um pai, um amigo... O Hokage, um grande herói.

Mas pra mim, além de tudo isso, ele é um exemplo. Alguém que morre pelos seus, esse sim é digno de ter o nome Hokage. Um verdadeiro shinobi.

Foi por isso que eu segui esse caminho, mesmo contra a vontade do meu pai, dos Uchihas, das pessoas da vila. Desde pequena eu quero proteger todos os que amo.

–-------

Dois dias depois...

Todos estavamos no enterro do Hokage. O neto dele, Konohamaru chorava. Acho que o único que desmonstrava seus verdadeiros sentimentos.

Estava ao lado de Sasuke, e Sakura ao seu lado.

Akemi estava próxima também, mas ao lado de Kakashi (ela ainda esta tentando algo com ele).

Senti uma mão no meu ombro, mas agora era outra pessoa.

–Naomi-chan, preciso falar com você - disse Hikaru. Seu tom de voz era sério.

E em um vulto, Akemi estava ali, tirando a mão dele do meu ombro com um tapa.

–Não toque as mãos nela - disse ameaçadora, mas mal passava de um sussurro. Poucas vezes a havia visto tão brava.

–Calma, eu não quero... - comecou a dizer.

Todos olhavam a discussão.

–Vamos parar com isso agora - disse uma voz conhecida - Dois shinobis da folha brigando é uma vergonha - e lá estava a tal Sayumi, entre os dois.

–O que há com vocês? - perguntei- Estamos no enterro do Hokage.

–Preciso falar com você - disse Hikaru, claramente excluindo Akemi da conversa- Ou precisa de uma babá? - sorriu debochado, tentava me irritar.

–Ela é minha sensei... E vamos conversar... - falei sem perder a calma-...mas depois - dei um sorriso igual ao dele, vendo o dele desaparecer.

–Não escutou garota? - disse Sayumi um tanto irritada- Ele precisava conversar agora com você - por que será que essa mulher não gosta de mim hein? Eu fiz alguma coisa com ela por acaso?

Respirei fundo, querendo dar um fim nisso logo.

–Vamos logo então - começamos a caminhar pra longe dali. Akemi foi junto, pouco se importando que os dois não quisessem ela ali.

Paramos em cima do telhado de uma casa vazia do clã Uchiha.

–O que quer? - perguntei.

Hikaru encarava Akemi. Os dois não se gostavam mesmo.

–Qual o problema com vocês? - perguntei.

–Não gosto do seu interesse pela Naomi-hime - disse para Hikaru. Eles me ignoravam, que divertido.

–Não gosto do seu interesse - respondeu- Não abandonou nossa vila para não ver mais nossas caras? - mais um pouco e teríamos que separar os dois.

–Abandonar a vila? - perguntei olhando pra ela.

–Eu e sua mãe eramos amigas. Eu vi toda a injustiça que fizeram com vocês. E abandonei o clã.

O que mais minha sensei enconde de mim?

–E Naomi não é como vocês - ela disse- Ela nem deveria olhar na cara do seu maldito clã depois que souber de tudo. Jovem demais pra saber toda a maldade que seu clã já fez. Seu pai não é um santo.

–Não fale do meu pai - estavam perto de se baterem, mas eu entrei no meio dos dois, separando-os.

–Parem... Vocês... Dois -falei irritada- Isso está me deixando com dor de cabeça. Vocês não vão querer me ver de mal humor - avisei, com uma cara um tanto psicótica.

Sayumi bufou, virando as costas pra mim, mas eu ignorei. Hikaru ficou quietinho e sentou no telhado. Akemi suspirou, sentando na outra ponta do teclado.

Eu respirei fundo, soltei o ar.

–Ótimo - elogiei- Vamos agir como ninjas civilizados. O que queria dizer Hikaru?

–É um recado, na verdade - disse- O líder do nosso clã quer falar com você...

–Eu sabia! - disse Akemi.

–... amanhã - continuou - E explicar tudo.

–Explicar tudo? - falei- Depois de tantos anos? - ri sem humor nenhum - O que ele quer de mim? Não vou me vingar por vocês terem me abandonado, nem ligo pra isso. Pode dizer que não vou lá arrumar uma guerra.

–Pensei que quisesse saber mais sobre sua família... - disse, mas eu o interrompi.

–Minha família foi assassinada! Não tenho mais nenhuma, já disse a você!

–Está agindo como uma criança! - disse se levantando, irritado, ficando de frente comigo, como se fossemos nos enfrentar- Não sabe nada sobre nós e não quer saber! Vai ficar guardando rancor por um erro pra toda a vida?!

–Não guardo rancor nenhum - falei- E por que está nervoso desse jeito? Eu deveria ficar assim. Você teve seu pai e sua mãe, bastante amor. E eu? Depois que meu pai morreu não me restou nada. Uma casa, um lar, nem amor eu tinha... Todo o meu ódio, a minha raiva... - eu balancei a cabeça- Você não sabe o que eu passei! Não sabe nada sobre mim! Não venha me julgar! Falar da minha dor! -ele se afastou um pouco, receoso com meu ataque de raiva- E a única criança aqui é você! Que não sabe o que é a verdadeira dor! E nem tenta entender!

Todos me olhavam, inclusive Sayumi, chocados com minha reação. Eu nunca havia perdido tanto a calma. Mas eu estava cansada de todos dizerem que é fácil superar a dor, sempre dizendo que estou errada. Pisando nos meus sentimentos! Eu sou humana, droga! Não tive tempo pra esquecer nada! Não pude chorar quando queria! Sempre escondendo sentimentos, fingindo-me de forte! E todos nunca percebem o que eu sinto, que minha dor nunca passou, nunca aliviou. Sempre pior...

Senti as lágrimas saírem dos meus olhos, mesmo que eu quisesse controlá-las, não conseguiria. E eu nem tentava, só virei-me de costas pra todos, deixando-as caírem.

–Eu... Nunca tive uma vida fácil - murmurei secando algumas lágrimas- Desde de pequena, tudo sempre foi pior pra mim. Eu simplesmente não posso ficar sempre apanhando, apanhando, sem dizer nada. Não posso sorrir quando estou triste, e as pessoas me acham insensível por causa disso. Eu sinto muita dor, bem aqui - bati no meio do meu peito- Sofro internamente porque não quero a pena de ninguém. É melhor que pensem que sou orgulhosa, fria... Que me odeiem, nem ligo. Mas quem me conhece de verdade, sabe que sou diferente do que os outro veem. Adoro estar próxima, abraçar, sentir que gostam de mim. Gosto de demonstrar o que sinto em ações, em olhares, sorrisos, expressões. Palavras são apenas sons, podem ser verdade hoje e amanhã mentira. Sou uma Uchiha, sim, mas sou a Naomi em primeiro lugar, a garota que sempre tenta ser melhor, que erra muito, mas tenta concertar. Aquela que só os amigos conhecem o sorriso, que é péssima em dizer o que sente, mas ama demonstrar. A que ajuda a quem precisa, mesmo que não seja amigo. E a partir de agora não vou levar nenhum desaforo pra casa. Vou fazer o que me der vontade, sem pensar nos outros, só em mim mesma e nos meus amigos - pulei para o telhado de baixo e comecei a correr para longe deles. Depois falaria com Akemi-sensei.

Queria mais é ficar perto de pessoas da minha idade sabe? Amigos... Nem perto da minha sensei eu queria estar, não depois de falar tantas coisas assim. E minha casa era onde ela estava esses dias, no quarto de visitas.

De telhado em telhado, fui andando tentando controlar a droga das lágrimas, que até um certo momento deu certo. Mas não foi o suficiente, logo senti tudo saindo pra fora, soluços, choro, dor... Acabei sentando ali mesmo, em cima dessa casa, que nem sei de quem é, longe o suficiente de pessoas da vila.

Me assustei com o barulho que eu fazia. E quando tentei fazer parar, minha garganta começou a se fechar, então desisti e deixei sair. Acabei deitando, de olhos fechados, sentindo o sol no corpo.

Me senti mal alguns segundos depois, não devia ter brigado com Hikaru. Ele sempre fora tão bom comigo... Eu no lugar dele, defenderia a minha família também... Deve estar me achando uma louca, desequilibrada. E o choro foi parando, acalmando.

–Ei, garota - disse alguém, tapando boa parte do calor do sol - Você está bem?

Abri os olhos, passando a mão no rosto, me livrando dos vestígios das lágrimas. Haviam dois garotos ali, um era o Shikamaru (o que falou comigo), e o Chouji, comendo algo doce, que reconheci só segundos depois... Dangos. Há quanto tempo não comia um doce? Parecia até um adulto chato.

–Sim, estou bem - falei me sentando, e sentindo a dor de cabeça, por ter chorado demais - Ai - murmurei.

–Você estava chorando. O que houve? - perguntou Chouji. Que emoção, está se preocupando comigo... Isso é tão raro... Devo estar naqueles dias, impossível. Estou sensível demais.

–Não foi nada demais - falei sorrindo.

–Problemas com a família? - perguntou Shikamaru sentando ao meu lado.

–Como sabe? - perguntei impressionada. Raramente alguém sabia que eu estava mal, mas saber o porquê de eu estar é impressionante. Nem mesmo Sasuke saberia.

–Sei como é -disse com um sorriso. Eu sorri mais ainda.

Chouji sentou do meu outro lado e me estendeu um dango.

–Vai ajudar a passar a tristeza - disse sorrindo. O engraçado é que do nada me sinto feliz de novo.

Peguei o doce, agradecendo. Shikamaru pareceu achar isso estranho. Talvez porque eu aceitei, ou porque o garoto não dá seus doces para ninguém. Talvez os dois.

–O que foi? - perguntei e comecei a comer o doce.

–Nunca vi Chouji dividir doces com ninguém. E é engraçado ver uma garota comendo um.

–Não gosto de regular o que como - falei dando de ombros- Mas muitas garotas fazem isso.

–Não é o que Ino diz - disse o outro.

–Sinceramente, me respondam uma pergunta - falei- Vocês, como homens, gostam de esqueletos, tábuas lisas ou curvas, carne?

–Curvas - disseram os dois juntos e eu ri.

–Está vendo? Por isso que é difícil eu ter amigas mulheres. Homens são fáceis de entender.

–Você é diferente - concordou Shikamaru- Não parece tão problemática - sorri, encarando como um elogio.

–Obrigado.

–Você... Não é a namorada de Uchiha Sasuke? - perguntou Chouji.

Será que todo mundo me conhece como a namorada do Sasuke aqui? " 'Quem é aquela?' 'Ah, é a namorada de Uchiha Sasuke!' ".

–É. Meu nome é Naomi - disse a eles.

–Como você suporta aquele garoto? - Nem havia percebido, mas Shikamaru olhava as nuvens, deitado- Ele é muito frio.

Eu ri também, assentindo.

–Isso é com os outros... Sasuke comigo é bem quente... Ahn, quer dizer, amável - devo ter corado.

–Parece até um milagre - murmurou Chouji.

–A maioria dos Uchihas eram assim... Sério, frios... Eu mesma, ás vezes sou assim.

–Mas é bem difícil imaginar Uchiha Sasuke sendo carinhoso, abraçando... - continuou Shikamaru.

–Vocês se beijam? - perguntou Chouji, interrompendo a fala do amigo, e deixando um silêncio constrangedor.

–Sim - falei, tentando cobrir minhas bochechas coradas. Que garoto direto.

–Ah... - comentou- Deve ser legal... Ter uma namorada como você...

Corei mais ainda, mas dessa vez olhei para ele. Chouji parecia se sentir um pouco deprimido agora.

–Tão legal e bonita... - continuou, ainda triste.

–Ei, Chouji-kun, não fique deprimido - falei, passando o braço por seus ombros, o que o assustou um pouco, acho que não estava acostumado- Em algum lugar você vai encontrar uma garota bem legal.

–Quero sua opinião sincera, Naomi-chan... - parou de falar, deixando a frase no ar.

–Sim? - incentivei.

–Como uma garota, você namoraria comigo? -fiquei surpresa com a pergunta. Percebi Shikamaru olhando para meu rosto, esquecendo as nuvens.

Nem precisei pensar.

–Claro - falei com um sorriso, o que o surpreendeu novamente.

–Está dizendo isso para não me ferir - disse um segundo depois- Não sou como o Sasuke... - entendi o que ele queria dizer: Não sou bonito ou popular como o Sasuke. Claro que eu nao acho isso, ele e bem bonito.

–Ei, ei - disse balançando a cabeça negativamente- Acha que gosto dele só porque é bonito? Ou popular? - ele não respondeu- Vou dizer algo para os dois, eu não vejo beleza como vocês. Eu não posso vê-la direito, sei que ele é bonito, mas não vejo o quanto. E popularidade é uma coisa que odeio, só atrai falsidade. Gosto das pessoas pelo que vejo dentro delas, pela suas ações... E posso dizer que é o que importa pra mim, simplesmente isso. Acho que por isso Sasuke gostou de mim, as outras garotas nunca o conheceram direito, só veem a beleza. Isso sim é muito irritante.

–É a mesma coisa com você não? - Shikamaru, voltando a ver as nuvens.

–É. Por isso gosto daqui... Os garotos não correm atrás de mim - dei uma risada, pensando na cara de Sasuke vendo um grupo de garotos me cercando e o empurrando para o canto, para longe de mim. Ciumento como e, acabariamos em uma grande discussao.

O resto do tempo passamos vendo as nuvens e dizendo o que víamos. Com certeza, agora nós eramos amigos.

–------

Já era quase fim de tarde quando me despedi dos garotos e comecei a voltar para o clã Uchiha. Não para minha casa, mas sim para a de Sasuke. Sentia falta de passar um tempo com ele.

Bati em sua porta. Logo ele a abriu e eu sorri, entrando. Depois de fechar a porta, ele já colou nosso lábios, sem dizer nada e nem me deixou dizer.

–Oi... - disse a ele, ofegante. Parecia que eu não era a única que sentia falta de um tempo pra nós dois.

–Finalmente veio me ver - disse. Não parecia zangado, mas sim preocupado - O que houve com você? Sua sensei disse que você estava correndo por telhados e que não queria companhia. Fiquei preocupado- ele disse tudo de uma vez. Suspirei. Akemi podia ter dito mais coisa não? Assim quem sabe Sasuke chamasse a Anbu pra me rastrear.

–Eu estou bem - disse- Só houve uma discussão com o Hikaru.

–Eu não gosto dele - disse bem baixo. Ciúmes, talvez? - Ele parece querer ficar muito perto de você - caminhávamos até a sala, Sasuke se sentou e eu deitei, colocando a cabeça no seu colo.

–Ele é meu primo - disse a ele- Primos de 1º grau.

–E o que tem? Tantos primos namoram primas - ele balançou a cabeça, parecendo querer desfazer a imagem que se formou em sua mente. Fazia carinho no meu cabelo e segurava minha mão.

–Ele tem namorada e eu também tenho um- falei, um segundo depois me veio algo na cabeça- Será que nós somos parentes tão próximos assim? Você sabe que isso interfere... - deixei a frase no ar, sem continuar, mas acho que Sasuke não percebeu. Ainda bem.

–Acredito que não. Seu pai nunca ligou pra nossa amizade, nem meus pais... - eu podia dormir aqui de tão bom que estava o cafuné.

–Amizade, claro. Mas meu pai nunca deixou outros garotos se aproximarem de mim. Pode ser exatamente o contrário...

–Não pense nisso.

–Estou quase dormindo aqui - disse com um sorriso um tanto sonolento, fechando os olhos.

–Não seria tão ruim... Você dormir aqui - disse. Abri os olhos.

–Sasuke, Sasuke... Você não tem a mínima ideia do que os outros pensam de nos? - ele é meio inocente não? - Nós dois não temos ninguém pra ficar nos vigiando... Sozinhos... Entende? - eu estava corada, espero que ele não perceba.

–Ah... Mas o que eles pensam realmente importa? - acho que vi ele ficar um pouco corado.

–Não. Mas acho que é melhor deixar como está - senti o vazio no meu estômago- Hm, estou com fome.

Dez minutos depois...

–Você realmente cozinha bem - comentou Sasuke. Nos estávamos jantando.

–Só fiz uma comidinha simples - falei.

–Tem gosto de comida caseira. De casa.

Eu ri. Casa agora tem gosto?

–Obrigado.

Depois ficamos abraçadinhos. Era bom nessas épocas que faz um friozinho a noite.

–Então você passou a tarde conversando com o Shikamaru e o Chouji - disse-me. Sua voz saia muito proxima da minha orelha.

–Uhum... - concordei- Eles são legais... Mas nós ficamos vendo nuvens na maior parte do tempo, enquanto comíamos doces... Já fez isso? É divertido - falei sorrindo.

–Não. E não gosto de doces.

–Eu sei - falei suspirando- É bom relaxar as vezes.

–------

Cheguei em casa, nem era tão tarde, mas tudo estava silencioso demais. As luzes apagadas. Suspirei, caminhando até meu quarto.

A minha janela estava aberta, só um pouco, e a luz da lua iluminava um pequeno pedaço de papel, em cima da minha cama, quase no centro. Um bilhete.

Tora o observava, estava ao seu lado, em cima da cama, como se o guardasse pra mim.

Minhas sombracelhas se juntaram, estava confusa. Quem havia deixado aquilo ali?

Caminhei até a beirada da mesma, pegando o misterioso papel.

Sorri vendo a assinatura no final. A caligrafia bem bonita.

Naomi-chan,

Desculpe por mais cedo. Eu sinto ter lhe magoado. Mas, por favor, venha amanhã me encontrar na saída vila, as oito e meia. É importante que escute o que nosso líder tem a lhe falar. Espero que perdoe seu tolo nii-san...

Hikaru”.

Respirei fundo, rindo. Como se eu fosse guardar rancor do meu tolo nii-san. Só agora percebi que gostava muito dele, e era o mesmo com ele. Irmãos. Não queríamos ver um ao outro sofrer.

Decidi no mesmo instante ir logo a essa reunião familiar. Não seria tão ruim assim não?

Poucos minutos depois, eu adormeci. Estava cansada, acho que perder alguém especial nós faz sentir assim. E o som de Tora dormindo tranquila ao meu lado ajudava muito.

–-----

Dia seguinte...

Acordei até bem. Me espreguicei preguiçosamente na cama, soltando um bocejo mais alto do que queria, depois relaxei, ainda sem abrir os olhos. Quando os abri, sentando na cama, pronta para levantar, soltei um gemido de dor, lembrando do que haveria que fazer hoje. Teria que enfrentar minha família.

Quase corri pra debaixo das cobertas, pensando em uma desculpa pra não ir. Não havia nenhuma.

Desci da cama, arrastando meus pés, os ombros pesados.

Depois de toda a higiene matinal, coloquei a blusa de sempre, e o short. Não tinha mais minha capa, a havia perdido na luta, totalmente rasgada no meio das minhas costas (eu chorei tendo que joga-la fora). Como eu não morri com aquele golpe, não sei.

A única coisa mais ou menos usável que achei, na minha pequena cômoda, foi uma saia cinza, um palmo acima do joelho. Fiz uma careta, a vestindo. Coloquei o colete verde por cima (o que todos os ninjas jounins usam), fechando. E por último o rabo de cavalo.

Fiz um carinho em Tora, que ficara observando-me e repetindo que eu estava melhor que antes com aquela roupa.

Guardei o bilhete de Hikaru no meu bolso. Desci as escadas, tomei um café rápido e sai antes que Akemi percebesse. Se ela soubesse estaria fazendo um escândalo.

Andei pelas ruas da vila, caminhando até o portão. Devia ser muito cedo, mas eu não me importava.

Cheguei logo, e felizmente, Hikaru estava ali.

–Você veio! - disse animado, vindo me dar um abraço que me deixou sem ar de tão apertado, tirando meu pés do chao e só faltou me girar no ar. Retribui, pouco desconfortável, pois não estou acostumada.

–Oi - falei quando me soltou.

–Me desculpe! - pediu ele imediatamente, parecia que tudo aquilo estava preso em seu peito desde ontem. Remorso - Eu sinto tanto...! - o interrompi, levantando a mão.

–Calma, Hikaru-nii-san - disse- Não fiquei com raiva de você. Amo você demais pra isso - sorri pra ele, que retribuiu.

–Ah! Nós temos que ir! - disse, como se tivesse mesmo esquecido do porque de tudo isso. Assenti - Meu pai vai ficar zangado!

Pegou minha mão e começou a correr e me puxar junto com ele. Acompanhei o passo. Pouco depois nós pulávamos pelas árvores, tentando ultrapassar um ao outro. Parecíamos duas crianças, fazendo caretas e dizendo provocações, assim que um pé ficava mais a frente do corpo do outro.

Menos de uma hora e nós chegamos no lugar.

Não era um pequeno vilarejo, como pensei. Era enorme, cercado com muros e um portão grosso. Praticamente impenetrável. Haviam símbolos do lado de fora, algum tipo de proteção contra o mal. E no meio do portão, o desenho da fênix guardava o local.

Apavorante. Tremi vendo aqueles olhos tão reais da ave, pareciam se mexer nós vigiando. Loucura minha, claro. Nada se mexia.

–Como se entra nisso? - perguntei me encolhendo, tendo outra ilusão, agora as asas se mexeram muito rápido. Genjutsu, era exatamente isso.

–Batendo - respondeu como se fosse muito óbvio. E seria, se aquelas ave não me apavorasse.

Ele seguiu até o portão, praticamento me carregando a força. Eu queria ficar longe daquele desenho assustador.

–Com medo? - zombou ele, rindo de mim.

–Claro que não - menti.

Hikaru bateu duas vezes no portão, e eu escutei duas vozes, resmungando por terem de abri-lo. Nós afastamos alguns metros.

Pensei que escutaria o metal rangendo, mas não se ouviu nada. Só uma porta se abriu bem no meio do grande portão. Tambem de aço e grossa. O genjutsu era tão bom que ninguém perceberia aquela portinha.

Dois homens guardavam o portão. Um era alto, magro, cabelos loiros quase castanhos e bem espetados, como se não os penteasse, olhos verdes iguais aos de Akemi, usava o colete verde e uma calça preta, a bandana da folha na testa. O outro tinha cabelos castanhos claros, olhos verdes claros, quase azuis. Usava o mesmo uniforme que o outro, mas não consegui encontrar sua bandana. Era mais baixo, e mais encorpado também.

–É bom vê-lo, Hikaru-san - disse o primeiro sorrindo.

–Akihito, Akinori -disse ele com um aceno de cabeça. Seriam gêmeos diferentes?

O outro o cumprimentou de mesmo modo.

–Olá - disse o primeiro pra mim, ainda sorrindo. Ele era o mais gentil. O outro mal falava, talvez fosse mudo.

–Oi -respondi, sorrindo também, tanto pra ele quanto para o seu amigo.

–Bem vinda - disse o segundo. Não sorria, mas parecia sincero.

–Obrigada - disse acenando com a cabeça também.

Adentramos o local. Havia algumas pessoas trabalhando em lojas, outras se divertindo com a família e amigos.

Tinha um ambiente feliz, meu coração ficou agitado.

Aquela era a minha família. Eles pareciam ser até legais. Talvez eu pudesse fazer amizades com alguns...

–Bonito aqui não? - disse Hikaru com um sorriso.

–É - concordei.

As casas eram grandes e bonitas, as pessoas se vestiam bem, irradiavam saude. As flores e árvores enfeitando o lugar. Um clã rico. Talvez até mais que isso. Todos pareciam ser iguais ali. Direitos iguais.

Me senti feliz por eles. E entendi o porquê de Hikaru ter lhes defendido. Eles eram todos uma família unida.

Crianças brincavam em balanços. Mães e pais juntos observando os filhos... Tentei absorver todos os detalhes do lugar enquanto andava. Acabei sorrindo para os que passavam me dirigindo cumprimentos, sorrisos.

Caminhamos mais até chegarmos no que parecia o centro da vila. Uma mansão, parecendo mais uma sede de um Kage.

–Uau - falei. Hikaru apenas suspirou como se dissesse: Lar, doce lar! E entrou, me puxando junto.

Por dentro era mais bonito ainda. Quadros, móveis e algumas pessoas estavam ali. Passamos por elas sem dizer nada, não querendo atrapalhar seus assuntos.

Andamos por corredores, mais e mais portas passavam. Viramos a esquerda e eu pude ver a porta, diferente das outras por ter o símbolo do clã Taiho (felizmente, sem fênix ilusionista), com dois guardas sentados aos seus lados. Não pude ver seus rostos, usavam armaduras completas, segurando espadas. Nem tentaram impedir Hikaru de bater na porta, mas focaram os olhos em mim.

–Pode entrar - disse a voz lá dentro. Tive uma impressão de que a conhecia.

Meu irmão a abriu, fez sinal para que eu entrasse, e eu simplesmente respondi para ele ir primeiro. Caminhei atrás dele, que segurava minha mão como se eu, de alguma forma, fosse fugir. Mas eu não faria isso, mesmo que houvesse figuras com genjutsu em todos os lugares desse cômodo, se movendo e emitindo sons.

Suspirei, vendo que não havia nada estranho aqui. Paredes brancas, alguns quadros, e uma katana dourada na parede. Senti vontade de pega-la e testar seu corte. Parecia capaz de cortar qualquer coisa, parecia me implorar para fazê-la ser uma arma novamente e não um enfeite na parede.

Só então, percebi o homem de cabelos loiros, olhos verdes iguais ao do filho, e um kimono preto e cinza, estava sentado em uma mesa, pronto para um chá. Bem bonito, eu diria, apesar de mais velho, mais velho um pouco que meu pai, tinha um corpo atlético, como se fosse muito mais jovem. Me observava com cautela, seus olhos desceram até as nossas mãos unidas. A mão de Hikaru segurou a minha com mais força, enquanto um sorriso surgia nos seus lábios.

–Pai - disse ao homem. Não era uma surpresa que meu tio fosse o líder, eu já esperava isso - Essa é a Naomi.

Soei. Minhas mãos ficavam molhadas. O homem fitava meu rosto, ainda sério, e fez um sinal para que nos aproximássemos. Segui Hikaru, sentando ao seu lado.

Se soubesse que tomaríamos cha, teria me vestido de acordo. Mas meu irmão usava roupas ninjas, assim como eu, fazendo-me ficar mais a vontade.

–Ojisan - disse a ele, com uma pequena reverência. Tentei afastar a ideia de que esse era aquele mesmo garoto irritante do campo, estragando o momento dos meus pais. Afinal, ele já era mais velho, devia ter mudado.

–Então, você é a minha sobrinha - disse. Sua voz não havia mesmo mudado tanto, só amadurecido pela idade- Uchiha Naomi, não é?

Assenti, pouco a vontade. Achei que por sermos parentes próximos ele falaria de forma mais intima.

–Sou Taiho Hayato - apresentou-se. Seu tom de voz sempre sério- Mas acho que já sabe disso. Seu pai deve ter lhe contado.

–Na verdade, não contou-me nada. Mas sei que esse é seu nome.

–Entendo - parecia sempre escolher as palavras com cuidado. Como se todo o texto que fosse ser dito tivesse sido decorado por ele - Depois de tanto tempo e estranho vê-la tão forte. Uma jounin.

–O senhor já me viu antes? - perguntei, confusa.

–Oh, é mesmo. Ninguém nunca lhe disse nada.

–Sim, meu pai e o Hokage levaram tudo ao túmulo.

Hikaru nada dizia, nem parecia estar ali ao meu lado.

–Bem, o que acha de um chá enquanto eu lhe conto tudo?

Aceitei. O que não faria para conseguir informacoes?

–Eu aceito, sim.

–Ótimo - deu um sorriso. Aquilo me assustou. Hayato era mais sério que meu pai. Ele não parecia ser capaz de sorrir, o que tornou sua tentativa de me fazer sentir em casa exatamente o contrario. Me senti uma completa estranha, uma visita, para quem, por educação, o dono da casa sorria.

Começou a servir o chá. Só agora percebi de que material era: porcelana com desenhos em ouro. Eram traços indistintos, mas feitos com muito cuidado. Talvez tudo ali tivesse ouro.

–Vou começar contando sobre esse lugar - disse. Tomei um pouco do chá- Nossa vila já existe há muito tempo. Muito antes de Konoha, nós já eramos ninjas, com nossas tradoções e cultura. Enquanto todos os outros clãs lutavam um contra os outros, os Taiho somente viviam em paz. Nosso clã era como o único ponto sem confrontos, vendíamos nossas coisas aos outros, fazendo nosso dinheiro. Sem guerras. Muitos tentaram invadir aqui, mas simplesmente falharam. Com o tempo pararam de tentar e nós esqueceram, poucos conhecem aqui. E foi aqui que eu e minha irmã nascemos.

"Somos apenas quatro anos mais velhos, então por Kaori ser muito mais evoluída que os outros, tivemos que viver em Konoha para nós tornamos shinobis. Nosso pai não gostou que sua mãe fosse, mas por ela ser a caçula e sempre conseguir o que quer...

Riu da lembrança.

–... ele a deixou ir - continuou - Foi na academia que seus pais se conheceram, não sei como minha irmã acabou apaixonado por aquele... - ele percebeu que estava falando do meu pai, então deixou a frase no ar - E então, nos três caímos no mesmo time... Foi muito difícil para mim. Eu realmente nunca gostei de Makoto, sem ofensas a você.

"Nós fazíamos tudo juntos, sempre estávamos no mesmo nível ninja, nós formamos juntos. Sempre fomos rivais, mas Kaori sempre esteve a frente. Ela pegou a melhor genética da família...

"Logo na adolescência começou o namoro dos dois. Nessa época eu já tinha uma noiva e iria casar, mas sempre tive muito ciúme da minha irmã mais nova. Coisa de irmão. Nosso pai também, nunca aprovou o namoro e exigiu que ela se separasse do seu pai... Como sabe, ela não o fez e abandonou o clã, e assim o direito de ser uma ninja dessa vila, acabando com sua carreira shinobi. Fiquei totalmente assustado, Kaori estava abandonando seu sonho pelo Uchiha.

"Foi um erro terrível, mas nós daqui somos inimigos de Uchihas. É algo tão antigo quanto bijuus. Nosso pai, o líder naquela época, proibiu que ela entrasse aqui novamente, pela segurança do nosso povo...

Ele observou que meus punhos se fechavam e meus olhos também. Como um pai expulsa uma filha desse modo?!

–E assim ela se foi, sem olhar para trás, sua amiga, Akemi também quis abandonar a vila na época, mas sua mãe a impediu. Kaori se fez de forte. Por dentro devia se sentir quebrada, ela sempre amou nossa família e era cotada como a próxima líder. Todos fomos proibidos de ir vê-la, mas ninguém se volta quanto a palavra do líder. Foi quando nossa antiga discussão, com os líderes de Konoha, começou novamente, nós queríamos ter nosso título de vila, sermos livres do nome "clã da folha". Conseguimos o título, mas ainda somos subordinados da vila. Como vê, somos obrigados a usar a bandana da folha, e não pudemos ter nossa própria. Somos apenas uma vila secreta, de ninjas subordinados a folha. Por isso temos a academia para kunoichi's aqui próxima. As mulheres do nosso clã tem que ser treinadas de modo diferente dos outros, por precaução - então, eu estudará na academia da minha vila- Mas recebemos muito mais de outros países. Criamos laços com outros clãs e países, e isso ajuda muito em caso de uma guerra. Por isso ainda estamos aqui, ajudamos a folha.

"Voltando a história... Alguns anos depois, dois pra ser mais exato, soubemos que Kaori estava grávida. Houve uma grande reunião aqui na vila. Eu, inclusive, estava nela, por estar treinando para ser o líder. Discutimos o que faríamos com você. Uma Uchiha, sim, mas também uma Taiho. Um grande perigo para nós todos. Decidimos esperar até você nascer. Mas houveram tantas confusões.

"Sua mãe fugiu de Konoha, sabendo muito bem as pessoas que estavam atrás dela, procurando despistar a nós e a outros shinobis inimigos da folha de pegarem você. Seu pai ficou tremendamente preocupado e veio nós pedir ajuda. Nosso pai negou-a na frente dele, o deixando muito irritado, mas por trás, pediu aos melhores ninjas da vila para alcançarem vocês duas. "Eu estava no grupo de busca, deixando meu filho pequeno e minha esposa para trás, sua sensei também estava conosco. Demoramos uma semana para acharmos as duas, mas era tarde demais...

Eu tentei esconder a dor.

–Orochimaru já havia as encontrado. Sua mãe já... - ele respirou fundo, como se a lembrança fosse difícil demais- Mas nós conseguimos salvar você. Não parecia que ia viver muito, pois estava com essa marca no pescoço e só chorava. Akemi não deixou que ninguém encostasse em você. A acolheu como se fosse sua filha.

" Voltamos para o clã e houve outra reunião. Alguns discutiram que deveríamos matar você, mas esses só pensaram no ódio dos Uchihas. Apesar de terem razão que você era um perigo, era alguém que poderia revelar todo o segredo dos Taiho. Sua sensei ameaçou a todos que quisessem lhe fazer mal, dizendo como os mataria devagar e dolorasamente. Eu particularmente, estava na lista de ameaçados.

Engasguei. Ele queria me matar? Quando eu era apenas um bebê?! Agora, eu entendia o porquê do ódio da minha sensei.

–Claro que meu pai atendeu mais um pedido da minha falecida irmã. Deixou que você fosse criada com seu pai, e deixaria sua vida pela conta do destino.

Massageei as têmporas. Nem mesmo meu avô havia ligado pra minha vida.

–Não o entenda mal - disse-me Hayato- Ele só estava triste e com ódio... - se interrompeu antes de dizer as palavras seguintes.

Com ódio de mim certo? Eu já sabia que isso não daria certo, sabia que eles não me quiseram, mas por que me sinto com raiva deles?

–Akemi não ficou nada contente com o modo frio como tratamos e abandonou a vila levando você até seu pai.

Minha cabeça doía, eu estava tendo outras dessas visões. Era como assistir um filme dentro da sua própria cabeça, como se enfiassem a fita no seu cérebro através da sua orelha e a imagem cegasse seus olhos. Doía demais.

"Eu via minha mãe, agora totalmente diferente das outras vezes, cansada e fraca. Ela me colocava ao seu lado na cama, sorrindo. Quando seus braços terminaram de me soltar, vi um vulto, e eu não estava mais na cama. Alguém me segurava na escuridão do quarto, e essa pessoa era quem eu já esperava.

Nenhuma dor minha foi comparada com reviver esse dia, saber que não poderia salvar minha mãe. Só podia olhar, como se fosse um espirito. E era exatamente como me sentia. Estava parada ao lado da cama e consegui tocar seus cabelos loiros. Sentia como eram macios e como ela era perfumada. Mas ela não me sentia, claro.

–Pensou que escaparia de mim, Kaori-chan? - ele riu, aquela maldita risada dele, e deu um passo a frente, se mostrando um pouco. Podia ver seus olhos dourados e nada humanos, seus cabelos negros. Senti nojo. Nojo de ter sido tocada por aquele homem.

–Largue ela, Orochimaru - disse minha mãe, se levantando. Ela sentiu a dor assim que levantou. Não podia lutar direito, tinha me tido a poucas horas.

–Ku ku, não se aproxime, posso machucar a criança - deu mais um passo a frente, mostrando a kunai a pouco centímetros da minha cabeça.

Ela fez um som de raiva e em um segundo não estava mais ao meu lado, mas tinha chutado Orochimaru para longe, me pegando. E menos ainda estava cercando um pedaço da cama com seu sangue, fazendo selos tão rápido que mal pude enxergar. Eu estava dentro desse retângulo. Mas antes que o fechasse mesmo, estava sendo puxada pra longe pelas mãos do seu assassino. E eu, apenas um bebê desprotegido, comecei a chorar. Uma cobra me cercava, acabando com o resto dos selos.

Tentei me mover, agarrar a cobra, impedindo que me matasse, mesmo sabendo que ela não faria isso, mas foi em vão. Minha mãos não faziam nada nela.

Ouvi um grito da minha mãe e instintivamente olhei para lá. Ela estava com fogo nas mãos, algum tipo de jutsu que permitia que aquilo não a queimasse e sim ao inimigo. O fogo parecia aumentar mais ainda e ela atacou Orochimaru. Foi acertado, mas logo viu ele se vomitando e saindo ileso. Enquanto o jutsu da minha mãe sumia, e ela parecia sentir os sintomas de tê-lo usado. Como uma espada de dois gumes.

–Ku ku... Você é fraca - disse Orochimaru a ela, que começava a cair no chão, tossindo o sangue, não era pouco- E usando essa jutsu, só a fez morrer mais rápido.

Ela o encarava, ainda pior do que antes era seu estado.

–Mas não sou tão mal assim. Peça o que quiser, como último pedido.

Ela sorriu, uma visão atormentante com todo aquele sangue.

–Deixe ela em paz. Deixe que seja criada pelo pai - disse fracamente.

–Infelizmente, isso eu não posso - disse se afastando dela. Suas pálpebras caiam lentamente, lágrimas saiam dos olhos escorregando pelas bochechas e caindo em seu colo. Parecia triste, mas acima de tudo aliviada. Entendi o porquê assim que Orochimaru deu mais um passo e sendo atacado no meio do corpo por uma espada. Meu tio estava ali.

–Morra, cobra desgraçada! - disse ele.

Percebi que o último pedido da minha mãe havia sido para seu irmão. Para seu pai e para todos do seu clã. Mas se ele tinha escutado, por que droga não atacou Orochimaru antes? Por que não salvou minha mãe?!

Akemi surgiu em seguida, tentando salvar sua amiga, mas logo percebeu que era impossível. Seu rosto se tornou puro ódio, dor e culpa.

Orochimaru riu.

–Vocês não podem me pegar - seu corpo se desfez, em várias cobras que sumiram depois. Um bunshin.

O verdadeiro se mostrou ao lado do bebê.

–A menina, Hayato! - gritou Akemi, começando a correr em direção a cama.

Tarde demais. A cobra/Orochimaru cravava os dentes no meu pescoço. Talvez aquilo fosse um rastreador também.

Antes que Akemi ou Hayato chegassem, o homem sumia, desaparecendo no chão, deixando-me chorando com a dor do selo.

A última coisa que me lembro foi de ver o corpo morto da minha mãe".

Eu estava paralisada, no mesmo lugar de onde me lembrava. Hikaru e Hayato me observavam, sabiam que eu havia saído do ar por alguns minutos. Me encolhi, colocando a mão na cabeça, sentindo a pontada nela, estava suada e ofegante. Parecia que os sintomas dessas visões de tornavam piores com o tanto de vezes que eu as tinha.

Eu sentia raiva da minha família. Sentia raiva do meu avô, mas principalmente do meu tio.

–Por que? - perguntei, mal passou de um sussurro- Por que não salvaram ela? Por que?

–Eu disse que cheguei tarde demais...

–Mentira. Você estava lá! - disse me levantando e o olhando confrontando ele a mentir na minha cara, na cara da verdade- Você escutou o pedido da minha mãe porque estava lá!

Hikaru se levantou tentando me segurar, mas eu o empurrei para o lado.

–Não quero que tente me segurar, não quero machucar você! - disse a ele- Agora, como pode?! Tudo bem, você odeia meu pai, me odeia, mas por que não salvou a ela?!

Ele simplesmente se levantou e veio ficar a minha frente, colocando a mão no meu ombro. Lutei para não dar um tapa nela, como Akemi havia feito com Hikaru.

–Porque eu não podia deixar você viver - ele falava isso tão tranquilamente! Como se dissesse: O céu é azul! - Eu era o líder, depois do meu pai. Minha ordem é lei.

Eu fiquei simplesmente paralisada.

–Você...! Você matou minha mãe também! - gritei tirando sua mão do meu ombro com raiva- Só faltou enfiar a kunai nas sua costas!

Hikaru também estava paralisado pelo que seu pai havia dito.

Seria isso uma armadilha? O líder chamaria os seus guardas e até os dois simpáticos que me receberam no portão?!

Minha cabeça zumbia devido o quão rápido eram meus pensamentos.

–Não é exatamente assim - disse ele- Eu tinha que fazer o melhor para minha vila.

–Me matar era melhor?! Vai fazer isso agora?! Cortar meu pescoço e avisar a Konoha que houve um acidente?!

Ele negou.

–Se quisesse, teria lhe matado cinco anos atrás. Você estava no meu território.

–Você pode ter tentado! - pensei em quantas vezes me considerei azarada por todas as missões de quase morte- Eu quase morri tantas vezes! Você pode ter armado tudo! - isso pareceu deixa-lo zangado.

–Não sou um mentiroso garotinha. E muito mesmo um moleque para não assumir meus atos - e ainda acrescentou- Você é tão irritante quando seu pai e sua mãe podiam ser juntos.

Aquilo foi como a última gota d'água.

–Quero enfrenta-lo agora! - disse a ele. Por algum milagre meu selo não havia se libertado. Nunca havia sentido tanta raiva- Seu velho, quero lhe dar uma surra na frente de todo mundo! De todos que confiam e lhe acham o fortão!

Aquele velho desgraçado era tão irritante! Estava rindo da minha cara. Eu já estava mostrando os dentes de tanta raiva.

–Cachorro que late não morde - disse bem alto, e riu mais ainda. Só faltou apontar pra minha cara e cair do chão rindo- O que pode fazer para vencer o mais forte da vila?! Copiar meus jutsus?! HA HA HA! Não vai nem enxergar meus movimentos, não é a toa que meu nome significa veloz.

–Pare de rir, velho baka! Não estou brincando!

–Você não passa de uma criança! Olhe o seu tamanho! - apontou pra mim, balançando a cabeça- Não dá nem para o gasto! - ele estava jogando sujo, eu jogaria também.

–Tamanho não é documento - falei olhando sua altura, e levantei meu dedo mindinho - Você não deve nem dar para o gasto de tão pequeno que é!

Ele se irritou de verdade agora.

–Não fale das coisas que não sabe! Aposto que nunca viu um homem de verdade como eu!

Senti nojo só de imaginar. Meu estomago fez um som triste, concordando comigo.

–Seu velho pervertido! Eu não quero ver nada! Kami que me livre desse inferno! - falei levantando as mãos pra cima.

Com mais e mais xingamentos, fomos parar na frente da grande sede. As pessoa pararam para observar. Hikaru era um pedido ajuda para nós apartar.

–Comece Uchiha– disse como se fosse o pior xingamento possível. Cuspiu no chão, limpando a boca.

–Velho tarado - disse- Os idosos primeiro.

Em um quarto de segundo, ele estava atrás de mim e quase cortou minha cabeça no meio, mas eu fiz uma estrela no chão, escapando. Não tinha uma espada contra ele.

–Nosso clã é o melhor em taijutsu garotinha Uchiha– disse. Corria tão rápido que nem pude decifrar de onde vinha o som. As pessoas fofocando também não ajudavam.

Por pouco não perdi as pernas, saltei da espada, pisando de leve na katana e voando para as costas do meu querido tio.

Não poderia mata-lo, isso não. Nem de longe faria algo assim. Não por raiva. Mas daria uma surra bem memorável a ele.

–Então use seus braços, assim como eu! - falei, dando-lhe uma chave de braço. Usei alguma força, o suficiente para matar sufocando, não para quebrar seu pescoço.

Ele segurou meu braço e o apertou até que eu senti o barulho trec. Gemi de dor, saindo de perto dele. Meu braço estava quebrado.

–Não me subestime Uchiha - disse a mim, jogando sua katana longe- E agora você só pode usar um braço.

Eu não o subestimava. Sabia que ele era forte.

Pense, vamos pense! Ele é rápido e forte. Pode me quebrar sem esforço... Eu não vou usar o sharingan, senão ele vai dizer algo como que me aproveitei e por isso venci...

–Use seu olhos garotinha! - disse-me.

Eu sabia! Então, vou usar meu ponto fraco contra ele! Isso! Perfeito!
Fechei meus olhos, concentrando-me. Minha audição se tornou mais aguçada. Podia ouvir a respiração de todos juntos, ou de cada um, concentrando-me mais.

–O que é isso? Vai ficar de olhos fechados? Uma Uchiha? - zombou.

Corri muito rápido, aparecendo atrás dele, lhe dando um chute no meio das costas.

–Agora, quem está me subestimando é você! - zombei, rindo. Provavelmente o havia feito quebrar alguns ossos. Uma costela me deixaria bem comigo mesma.

Hayato correu na minha direção e eu corri na dele, preparados para socar um ao outro. Mas duas pessoas se colocaram no nosso meio.

Um era Hikaru, tinha certeza. Não conhecia a outra.

Abri os olhos. O homem tinha seus 26 anos, olhos azuis bem escuros e cabelo castanho preto. Era bem bonito e jovem, o tipo que as garotas querem como marido, principalmente por causa dos seus olhos calmos, davam uma paz incrível, uma sensação de conforto. Ele segurava meu soco, e meu irmão o de seu pai.

–Podemos saber o que acontece aqui? - perguntou um senhor, tinha olhos azuis claros, cabelos quase negros. Uma senhora estava ao seu lado, loira como minha mãe, mas seus olhos eram verdes como o do filho. Sim, eles eram meus avôs. Eu tinha certeza.

Havia uma mulher irritada, olhando Hayato. Cabelos castanhos claros e olhos azuis escuros. A mãe do meu maninho.

–Kazumi e Hikaru -disse a mulher- Podem solta-los.

Eles nos soltaram.

–Pode me explicar o que está acontecendo, Hayato? - disse o meu avô. As pessoa foram indo embora, sobrando somente nós sete.

–Pai... - começou mais não soube dizer nada.

Hikaru estava do meu lado.

–Podemos ir embora, por favor? - sussurrei para ele.

–Oh, não querida - disse a minha avó - Fique um pouco, para que eu a recepcione de verdade - sorria. Seu sorriso lembrava o da minha mãe, o que me fez fungar.

–Acho melhor não... - queria ir embora antes que eles percebessem que eu era sua neta e começassem a dizer verdades na minha cara.

–Por favor, querida - disse a outra mulher, a minha tia- Deixe seus avôs falarem com você.

Dei um passo atrás.

–Baka! - minha vó deu um croque na cabeça do meu tio- Você assustou a minha netinha!

–Ai, mãe! - reclamou. Parecia uma criança.

Acabei rindo da cara dele, bem alto, uma gargalhada.

–Toma, tio! - disse e ele fechou a cara pra mim- Ha!

Acabei aceitando o convite deles. E lá estava eu, sentada em um sofá, de uma casinha bem mais simpática e simples que aquela mansão.

Hikaru sentou ao meu lado, com o braço nos meus ombros. Parecia mal por ter me trazido aqui e agora não sairia do meu lado. Minha tia sentou ao lado dele, me mimando com doces. Meus avôs sentaram em poltronas, de frente pra mim. Meu tio, estava encolhido, sendo curado pelo Kazumi.

–Vamos as apresentações - disse minha tia- Meu nome é Masumi. Raiden - apontou para meu avô- e Seiko - minha vó.

–Naomi - falei.

–Não precisa ficar assim pelo baka do meu marido - disse-me.

–Ah, imagina... Ele só disse poucas e boas pra mim. Nem doeu - disse tentando fazer brincadeira. Ela riu, junto com minha vó.

–Masumi, Hikaru e Hayato, podem nos deixar a sós? - disse meu avô. Ele era mais sério que qualquer um ali.

Todos foram, Hikaru ficou meio preocupado, mas eu disse para ele ir.

Minha vó sentou ao meu lado e passou a mão no meu braço direito, bem o quebrado.

–Você está ferida - disse- Kazumi, cure o braço dela.

Ele sentou na ponta do sofá e gentilmente pegou meu braço. Começou a cura-lo, até sorriu pra mim, que retribui.

–Quero pedir desculpas pelo meu filho, Naomi - disse Raiden. Melhor acostumar a chama-lo pelo nome logo.

–Não foi nada - disse a ele. Eu queria ir embora dali, rápido.

–Não quero que tenha ideias erradas de nós. Mas assumo que fiz muitas coisas ruins no passado e me arrependo amargamente hoje - disse-me- Tanto que pedi para que Akemi ficasse naquela academia. Ela não gosta de mim, eu sei. Mas acho que entendeu o que eu pedia. Desculpe por tudo, eu estava de cabeça quente naquela época. E não pude negar o pedido da minha filha. Espero que Makoto tenha cuidado bem de você.

–Meu pai foi ótimo - disse a ele.

–Isso me deixa mais aliviado - disse com um pequeno sorriso.

Assenti. Eu mal sai de um problema e já sentia outro próximo.

Ele está próximo, eu sinto...

E eu sentia com cada parte do meu corpo que ele estava próximo. Era estranho pensar em um reencontro agora. O que aconteceria?

–Será que eu posso ir agora? - perguntei educadamente, mas dando sinal de que precisava mesmo ir.

–Claro - disse-me, entendendo.

Despedi-me da minha vó com um abraço apertado, e um abraço, um tanto desconfortável, no meu avô.

–Leve-a até lá fora, Kazumi - disse ele ao homem. Ele assentiu, seguindo em silencio ao meu lado.

–Naomi, certo? - perguntou a mim, assim que meus avôs não puderam mais escutar.

–Sim - falei.

–Amei a surra que deu no Hayato-sama! Foi demais! - disse sorrindo.

–Ahn, obrigado - falei.

–Minha esposa falou sobre você - disse ele.

–Quem é sua esposa?

–Sayumi - ahn? A Sayumi era casado com aquele cara simpático e calmo?

–Ah, tá... Eu vi ela umas duas vezes - disse a ele.

Chegamos lá fora e eu lancei um olhar de pressa para Hikaru. Me despedi da minha tia, que só faltou apertar minha bochechas e dizer que eu era fofinha, de Kazumi com um aceno e ignorei meu tio.

–Vamos, Hikaru - falei o puxando. Ele me seguiu sem perguntar nada, como se soubesse que não queria tocar nesse assunto na frente de todos.










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Notas finais do capítulo

Taiho: Eu pensei em criar um nome de clã e juntei: tai:corpo (pois o clã é o melhor em taijutsu) e ho (eles também são dominadores do fogo, se percebe pela fênix, o símbolo do clã).

Imagem do Kazumi:http://3.bp.blogspot.com/-9_rTas64t5o/Ugqo4yBog5I/AAAAAAAAB1E/Ey5qLYyx1B4/s1600/__hey_there_sweety___by_kataramae-d49rs2s.jpg

E os significados dos nomes:

Akihito: Brilhante

Akinori: Brilhante exemplo‏

Kazumi: Paz agradável

Masumi: Purificadora da verdade ou da honestidade

Raiden: Luz do trovão, raio

Seiko: Sincera, correta

—--

Quero reviews hein! Dependo deles para fazer o prox cap que tem: *tambores* Itachi! Sim! Finalmente ele aparece de novo!



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