Laço De Fita escrita por Bruh
Notas iniciais do capítulo
Bom,tive este ideia já tem um tempo,resolvi postar o primeiro capítulo,caso haja interesse de que eu continue,deixe nos comentários,por favor!
Obs> o texto e os personagens são totalmente originais
a classificação pode mudar ao longo da história.Espero que curtam!
"Sempre ouvi dizer que oportunidades aparecem em nossas vidas como metrôs em uma estação movimentada. Permanecem com as portas abertas esperando que você embarque,se você não o fizer, outra pessoa certamente fará. E então,você precisará esperar pela próxima.
Quando minha mãe me deu uma máquina de costura que pertenceu á minha avó, um antigo modelo alemão azul, pensei que o meu sonho era costurar. E de fato era.Com aquela máquina, criei vestidos para bonecas, depois me arrisquei a customizar algumas calças jeans e quando realmente me dei conta, estava com uma pequena confecção que batizei de 'Laço de Fita', uma pequena brincadeira com o nome da minha mãe, Laura, e da minha avó, Fiorella. Nesta época, já com quatorze anos, eu não tinha muito dinheiro para comprar uma máquina nova, muito menos contratar alguém para me ajudar, então, chamei o Miguel, meu vizinho e amigo desde que me lembro, para me ajudar. Acho que a memória mais antiga que tenho dele é o exato momento em que ele se mudou para a rua. Miguel tinha a bicicleta que todas as crianças do bairro queriam. Era um modelo lindo, vermelho reluzente, com buzina e tudo.
Como eu o odiava por ele ter a bicicleta vermelha que eu queria. Juntei todas as economias que ganhava na confecção para comprar uma igual, mas cheguei na loja de brinquedos e vi que não era o suficiente. E como ele era arrogante andando na bicicleta, ou pelo menos eu achava.
No início, ele não queria me ajudar a costurar, afinal não ia pegar bem, mas prometi lhe dar quinze por cento do que ganhava para ele vir até a minha casa, três vezes por semana, depois do colégio. Ensinei a ele tudo que podia e sabia. Pronto, já tinha um funcionário. E foi assim que cresceu meu amor pela costura e minha amizade com Miguel."
Lorin ficou me observando durante um longo tempo. Estávamos no St. Stephen´s Tavern, um pub tradicional em Londres. Desde que a conheci no metrô, assim que pisei em Londres, ela estava extremamente curiosa para saber por que larguei minha casa no Rio de Janeiro, onde morava com a minha família e vim parar em Londres, com um sonho na ideia, alguns trocados e um amigo para dividir um minúsculo apartamento. Eu apenas disse a ela que isso era apenas uma parte do que eu considerava o meu objetivo. Na verdade, nem eu mesma sabia exatamente o que queria.
Meu apartamento, em uma rua perto dali, era um acoplado de cômodos com caixas espalhadas por todo o canto. A sala era um pequeno espaço com futons pretos no chão, uma televisão grudada na parede, prateleiras com livros de estilistas franceses e cd´s de folkie, um vaso de orquídeas e uma cortina marfim que cobria a janela de madeira já desgastada. Mesmo sendo um espaço bastante limitado, não custava tão barato e mesmo dividindo as despesas com Miguel, eu teria que trabalhar bastante até conseguir redecorar o apartamento.
O meu quarto era menor ainda. Cabia apenas uma cama antiga em madeira branca, um quadrado com fotos e lembretes pendurado na parede, um laptop, encima de uma mesinha de trabalho e uma cômoda branca onde eu guardava roupas, ítens de maquiagem, cosméticos e meus esboços que produzia em noites de inspiração fashionista. Havia três vestidos de festa, um look de verão londrino e uma versão bastante própria do primeiro vestido que ganhei da minha mãe, um gracioso longo de um ombro só ,eternizados em papeis manteiga. Só faltava costurá-los e fotografá-los para o catálogo da Elize´s, o ateliê de moda onde trabalhava.
Lorin também trabalhava com moda, aliás moda é um ramo que dá certo em Londres, as pessoas são bastante ligadas nas tendências e isso acaba por movimentar o mercado. Ela tinha uma loja de roupas e acessórios Rock em uma alamedazinha pequena. Era uma lojinha simples e aconchegante, mas ela tinha planos de expandir.
Deixamos o pub atrasadas, para variar. Peguei o metrô para o ateliê e ela voltou para a loja, que a esta altura já devia ter clientes.
Miguel já estava me esperando na porta para fazermos umas entregas de tecido juntos. Ele estava trabalhando no Elize´s meio período e estudando fotografia ali perto. As vezes tinha a sensação de que passávamos tempo demais juntos. Morávamos e trabalhávamos no mesmo ambiente, e ainda dividíamos contas. Isso sempre me fazia querer um canto só para mim.
Ele me olhou com reprovação.
__ Está atrasada. – disse em um tom mais seco do que esperava.
__Bom dia para você também. – disse tirando um pacote de balas da bolsa.
__Esta porcaria ainda vai te matar.
__E então, onde iremos entregar estas amostras? – eu odiava que implicassem com meu vício pessoal.
__Não muito longe, dá para ir a pé. – Miguel me entregou um pequeno pedaço de papel verde com o endereço.
__Isto fica a duas quadras daqui. Por que simplesmente não vieram buscar?
__Bom, levando-se em conta que são amostras de tecido para um vestido de noiva, a cliente deve estar ocupada.
__Vestido de noiva? Quem se casa hoje em dia? – disse, parando para amarrar o cadarço.
__Bom, ainda existem conservadores em todas as partes do mundo.
Concordei com um aceno de cabeça. O frio intenso e a chuva estavam me deixando preocupada com a volta. Pingos grossos caíam com força na minha cabeça. Talvez fosse necessário pegar um táxi para voltar para casa.
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