Can we whisper? escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 26
Capítulo 25 — Perdoável.


Notas iniciais do capítulo

Geeeeeeente ok, eu pensei que eu tinha postado alguns dias atrás, mas pelo que me parece eu somente sonhei com isso, então eu vim aqui postar nesse tempinho que eu tenho. Espero mesmo que gostem e quem comentem no final, eu amo ler o que vocês dizem e etc. Obrigada as meninas que vem comentando desde sempre, esse capítulo é pra vocês ♥ ♥ e sim, eu ia postar mais cedo, masssss eu tava vendo os diversos covers da música A team do Ed Sheeran. Enfim, o importante é que eu vim e postei, não é?



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Edward sabia que era inútil argumentar os motivos pelos quais ele não poderia ficar sendo assim somente deitou-se ao meu lado, puxando minha cintura e encostando sua testa em meu ombro, abraçando-me e nos cobrindo.

No outro dia, eu acordei pelo fato de a janela estar aberta, mostrando o quanto chovia.

— Mas que diabos… — Resmunguei e me interrompi quando vi Edward dormindo o meu lado, segurando minha cintura nua. Eu só estava de roupas íntimas, isso me fez perceber o que havia acontecido com mais rapidez. — Droga.

Eu não estivera bêbada, mas como pudera fazer tamanha burrice?

As memórias chegaram a minha mente rapidamente e eu trinquei meus dentes, saindo do abraço e indo pegar um roupão para que eu não estivesse tão exposta. Fora errado, incrivelmente errado! Como eu não tivera consciência disso ontem a noite? A resposta era óbvia para qualquer um. Eu tinha me deixado levar, tinha deixando Edward saber que ele podia fazer o que bem entendia comigo e eu aceitaria sem pestanejar.

Ontem havia sido um erro grande demais. Eu não queria pensar que aquilo se repetiria de novo, pelo menos daquela forma. Apesar de não querer mostrar fraqueza, após ter me vestido decentemente, fui até uma poltrona que tinha dentro de meu quarto e me sentei abraçando minhas pernas, esperando que ele acordasse.

Eu me encontrava sensível ao extremo esses dias. Eu não deveria estar assim por ele. Era bobagem, o que havia acontecido ontem a noite não fora nada. Nós não temos nada, então o fato de ontem a noite não fora nada menos nem nada mais que pura casualidade — que irônico. Encostei meu rosto em meus joelhos ao pensar isso, mordendo meus lábios para reprimir as lágrimas que queriam despencar de meus olhos.

Por que eu fui tão imbecil a ponto de me deixar levar tão fácil? Ele certamente sabia que eu enlouquecia quando ele me tratava daquela forma, então decidiu usar isso ao seu favor, para se provar algo. 

― Está tudo bem? ― Assustei-me ao escutar a voz de Edward tão perto de mim, mas permaneci de cabeça baixa, assentindo de leve. ― O que aconteceu, Bella? Eu te machuquei? Foi isso? Por que você não fala nada?

― Eu estou bem. ― Sussurrei.

― Parece exatamente ao contrário!

Quando eu não respondi nada, ele se cansou, pegando sua camisa que estava no chão. Eu o observei calçar seus sapatos com raiva por minha falta de respostas, levantando da cama onde se apoiava e andando até a porta, preparando-se para ir embora. Ele me olhou e sua voz saiu quase baixa demais para que eu escutasse.

― Não sei o que aconteceu porque eu acho que eu não fiz nada de errado, Bella, mas eu não gosto de ser ignorado depois do que aconteceu ontem e… ― Ele bufou, sorrindo amargamente. ― Pensei que estivéssemos bem. Pelo visto, eu pensei errado.

Eu queria o chamar de volta, esclarecer que… alguma coisa que eu não sabia. Eu apenas não queria que ele ficasse com raiva de mim pela minha confusão ou algo desse tipo. Eu não sabia o que pensar, por isso apenas me afundei mais na poltrona, reprimindo intensamente todas as lágrimas que queria despencar de meus olhos.

Respirei fundo. Eu não era tão idiota a ponto de chorar por algo o qual eu nem sabia o que era ou o que eu sentia ao certo, por isso apenas tentei parar de fazer o meu queixo ficar trêmulo e arrumei o quarto, trocando os lençóis e deixando o meu quarto com um aspecto perfeitamente limpo.

POV Edward.

Renée sequer notara quando eu saí de sua casa, ela estava ocupada demais fazendo alguma coisa no liquidificador, então o barulho dele não denunciou meus passos nem quando eu saí pela porta da frente. Era melhor que eu saísse daquela casa antes que Bella me fizesse perder a paciência escassa que eu possuía.

Eu tinha a esperança falha que ela me chamasse, me explicasse o porquê de seu silêncio logo quando eu achava que estava tudo realmente bem entre nós. Ela era confusa demais e isso por mais mínimo que fosse me confundia também a respeito de seus sentimentos por mim. Eu não sabia sobre nada quando estava perto dela, esse era o grande problema.

Tudo bem que eu tinha errado no restaurante, e também no apartamento, mas será que ela não enxergava que eu queria recomeçar de novo? Eu também não podia chegar e achar que iria tudo voltar ao normal de uma hora para outra porque obviamente não iria e eu estava tentando consertar todas as minhas burradas quando apareci em seu quarto.

E obviamente não estava dentro de meu plano dormir com ela, só que… assim como me confundia, Bella me enlouquecia em apenas retribuir a um beijo o qual eu roubava na maioria das vezes.

Assim que entrei em minha casa pela porta de trás de minha casa, os olhos de Esme voaram para os meus, indagando e preterindo algo o qual parecia estar escrito. Ela sorriu para mim, levantando-se do sofá e andando até onde eu estava erguendo as sobrancelhas e cruzando os braços com uma expressão de falso poder.

― Eu te dei alguns minutos e você volta de manhã, Edward? Não foi tão fácil manter Renée distraída por tanto tempo, sabia? Ela até perguntou por você, ela desconfiou de mim! ― Exclamou, mas sua expressão ainda tinha um sorriso oculto. ― Você tem sorte por Renée estar abalada demais para perceber o que eu estava fazendo. Tire esse sorriso do rosto, Edward! ― Rapidamente ela fez um rolo com o jornal e o bateu em meu rosto, de leve.

O discurso dela só me fez alargar mais o sorriso que abria a minha expressão.

― Vocês dormiram juntos? ― Perguntou ela, erguendo uma sobrancelha. ― É claro que vocês dormiram juntos, está escrito na sua testa. Se eu não visse o quanto está mais feliz, estaria recebendo um puxão de orelha por ser tão irresponsável e me deixar em uma situação constrangedora com Renée.

― Devo dizer obrigado…?

― Me diga antes se vocês finalmente se resolveram.

O meu sorriso murchou e ela me olhou com o cenho franzido.

― Bella é… confusa demais. ― Franzi meu cenho e ela se sentou à mesa em que eu estava encostado, desviando seus olhos dos meus para a cadeira que tinha ao meu lado. Rapidamente me sentei na mesma, suspirando.

― Talvez a palavra certa seja machucada demais. Olhe, eu sei o que a Bella passou e não foi pouca coisa, Edward. Talvez esse só seja um jeito de se proteger, você me entende? Se você mostrar que não vai machucá-la, ela fique mais maleável. Isso só se você tiver paciência o bastante para esperar.

― É… eu deveria saber disso antes.

Ela sorriu duramente para mim.

― É… você deveria.

Apesar de conhecer Bella, esperava que ela viesse me procurar ou somente algum sinal na janela para que eu fosse lá. Porém nada disso aconteceu e eu soube que não iria acontecer mesmo quando percebi a sua janela aberta por todo dia, mas sem nenhum sinal dela. Eu queria saber se tinha acontecido alguma coisa, e se realmente tivesse acontecido, queria saber se ela estava bem.

Não era pedir muito. Pelo menos eu achava.

Alice ligou para falar sobre como estava preocupada que depois disso Bella não se recuperasse, no entanto eu a garanti que ela iria. Ela era forte até demais, e por cima disso tudo, eu a ajudaria de qualquer jeito, mesmo que seu desafeto falasse mais alto. Porque era isso que eu sempre fazia: intrometia-me onde não devia para fazê-la ficar mais animada, quase saudável.

Esme ainda comentava sobre como estava envergonhada e que nunca deveria ter aceitado meu plano louco. Ela disse que tinha que aprender a dizer “não” para mim e sua voz séria, deixava um pingo de ironia escapar.

Eu não dormi quase nada de noite, mal-acostumado com a cama, já que nos últimos dois dias eu tinha os braços de Bella para envolver minha cintura. Ela não estava acostumada com o frio, isso explicava a intensidade de seus abraços sendo que na primeira noite ela ainda estava com raiva de mim. E na segunda noite o que explicava era o fato de ela estar com poucas roupas, fazendo assim o frio ser insuportável.

Eu gostara mais da segunda noite, obviamente.

Pensei em escapar de casa e entrar pela porta do fundo, mas Alice me dissera que era para eu parar de rondá-la tanto, dar a ela um tempo para respirar e colocar as ideias em ordem. Eu não queria esperar tanto, eu queria invadir a casa dela e saber se ela estava bem. Aquela ausência era agonizante e preocupante.

Como eu havia aguentado ficar sem vê-la por três anos? Tudo bem que não era nada comparado ao número de perguntas que eu sempre fazia a Alice por ela era o bastante para saber cada detalhe de sua vida. Mas não era a mesma coisa, então foi isso que originou a ideia de Alice sobre ir morar em Bristol.

Bella não poderia imaginar aquilo. Alice me fizera prometer que eu não diria nada sobre aquilo e que a minha vinda para Bristol era apenas por causa da carga horária menor e salário menor. Ela não queria estar envolvida em alguma coisa que Bella ficasse com raiva depois, com um medo maior que o normal de perder sua amizade.

Eu acreditava que em um dia o qual ela estivesse com um bom humor, eu tivesse coragem de lhe falar os motivos que me levara ao mesmo lugar onde ela morava. Ela não ficaria com raiva e apenas sorriria, baixando seus olhos assim como sempre fazia quando alguma coisa a deixava envergonhada.

Suspirei, bufando. Depois de três anos eu bem que poderia ter parado de ser idiota e parado também de querê-la, mas foi ao contrário, totalmente. Eu a quis mais quando percebi que era muito ruim ficar longe dela, perguntando coisas a sua amiga. Era idiota isso, infantil, e me irritando de ficar sem ela, arrisquei indo para Bristol.

Foi mais difícil que eu imaginara que seria, e mesmo sem querer machucá-la, minha paciência se esvaia completamente quando a percebia muito ausente ou recusando me olhar nos olhos. Eu tinha a personalidade forte e ela também, então claro que haveria conflitos constantes por ideias contrárias, era só que eu tinha que me acostumar com isso.

Bella não era aquele tipo de garota que diz “sim” para tudo que proponho, na verdade as maiorias de suas respostas são “não” e ela não volta atrás. Eu tinha que me desacostumar com a comodidade que eu tinha antes dela, tinha que aprender a ouvir algumas negações de vez em quando.

Eu tinha que ser mais paciente, e ela também.

O enterro de Rosalie era no outro dia e eu nem sabia sobre isso até Carlisle vim me avisar para acordar-me mais cedo amanhã porque nós iríamos.

De noite eu mal dormi pelas ligações de Declan — o diretor do hospital que eu trabalhava — que estava desesperado por eu não estar em Bristol. Claro que eu o avisara antes de sair em disparada para o aeroporto e ele me dera uma semana para voltar, acreditando mesmo que houvera sido um parente meu que morrera. Eu sabia que essa mentira era horrível de se contar e no momento eu não pensei em algo sem ser Bella.

Toda a raiva que eu tinha dentro de mim se esvaíra pelas palavras de Alice, descrevendo como a sua amiga saíra desesperada e com o rosto molhado de lágrimas. Eu não pensei os prós e contras antes de sair atrás dela, sem pensar no que era racional de se fazer ou não. Bella fazia isso constantemente comigo: impossibilitava-me de pensar no certo e errado antes de correr atrás da mesma. Talvez isso se tornasse um problema.

Assim que se completaram sete horas da manhã, me levantei para me arrumar já que o enterro era de oito e meia. Eu estava ansioso para ver Bella e esperava que ela já tivesse pensado o bastante e estivesse calma porque eu não iria aguentar vê-la na minha frente e não dar um mísero oi.

Eu estava cansado, as olheiras em baixo dos meus olhos denunciavam isso.

Fazia tempo que eu tinha ido a um cemitério, quase dois anos. Eu tinha ido para o enterro de minha vó e esse tinha sido um motivo pelo qual eu tinha acabado o namoro com Amber. Ela ficou com raiva por eu ter ido e me esquecido de comemorar os meses que estávamos juntos e não levou em consideração que minha vó havia morrido e isso era mais importante que aquela besteira. E também… ela era pegajosa, ciumenta demais.

Uma coisa é ser ciumento e outra totalmente diferente é chegar a ser doente. Qual era afinal? Eu fui completamente fiel a ela, mas ela queria mais. Queria que eu furasse meus olhos para não ver mulher nenhuma passando. Não que eu ficasse fitando-as, era só que Amber via coisas demais nisso.

— Não invente. — Esme murmurou para mim quando eu estava prestes a sair e atravessar o jardim para ir até Bella que estava na varanda de sua casa. — Quando chegar lá, você fala com ela. Edward… é melhor.

Bella disparou os olhos inchados e vermelhos para a minha direção e os baixou rapidamente, mordendo os lábios com força.

— Tudo bem. — Suspirei.

Esme me abraçou, passando um braço ao redor de minha cintura, olhando na direção de Bella.

— Vocês podem tirar uma foto na minha máquina depois. Eu perdi aquela quando alguém excluiu do meu computador e rasgou todas, não é, Edward? Você tem sorte de ter viajado no dia seguinte porque senão…

— Ainda tem uma. — Sorri. — Dentro do closet, escondida.

— Mas mesmo assim vocês vão tirar outra. — Ela teimou.

Revirei meus olhos, pensando nas desculpas que Bella usaria para não tirar a foto. Ela odiava fotos como se fosse à pessoa mais feia do mundo, sendo que não era e eu realmente não entendia isso.

— Você está apaixonado por ela. — Esme afirmou, olhando-me pelo canto do olho enquanto sorria largo.

— Nunca deixei de estar, na verdade.

Ela sorriu, bagunçando meu cabelo e soltando-me quando meu pai finalmente terminou de se arrumar. Iríamos ao carro de Esme, mas isso não o evitou dirigir, já que ela não queria dirigir por estar com sono demais para fazê-lo, e também eu sabia que Carlisle preferia dirigir para caso Esme se distrair em alguma loja e bater. Ela nunca o tinha feito, mas tinha quase chegado perto.

Bella me ignorou por todo o enterro, olhando para mim e desviando o olhar para seus pés. Ela estava abraçada a Renée e eu preferi não chegar perto dela porque talvez ela não tivesse pensado o bastante e estaria confusa. E então quando as pessoas começaram a falar sobre Rose e o quão perfeito era seu comportamento, ela saiu e foi ficar ao lado de Charlie, sem olhá-lo e parecendo ressentida com o mesmo.

Quando todos estavam rezando, ela foi ficar sozinha em um banco, sem sentar no mesmo. Eu estranhei aquilo e me aproximei da mesma.

— Venha cá. — A chamei para que ninguém nos visse e começassem a comentar entre si o quanto aquilo era errado. Ela me olhou com lágrimas nos olhos e com o queixo trêmulo. — Bella, por favor.

POV Bella.

O céu estava claro, quase sem nenhuma nuvem. Era um milagre que Glastonbury estivesse daquele jeito tão… claro, mas não me deveria ser uma surpresa tendo em vista que fazia algum tempo que a chuva não dava uma trégua. O dia de hoje não poderia ser mais irônico quanto estava sendo, um dia claro em um enterro o qual me rendeu muitas lágrimas.

Eu estava sozinha em um canto isolado do cemitério e eu queria mais que tudo poder abraçar Riley nesse momento. Não Edward porque eu não gostava de lembrar-me o que havia acontecido noite retrasada. De qualquer jeito, ele não podia ler minha mente para saber que eu não o queria perto de mim — não mais que o normal —, por isso aproximou-se de mim sem nenhuma cautela como se nada houvesse acontecido.

— Venha cá. — Eu odiava quando ele me chamava daquele modo. Era tão anormal a ele, era tão carinhoso. — Bella, por favor.

Eu não aceitei quando ele estendeu a mão para mim, apenas o segui para dentro de uma pequena floresta que tinha no cemitério. Se no cemitério estava escuro, dentro da floresta certamente estava mais com aquelas folhas e galhos de árvores imensas cobrindo o vasto céu cinza cujas nuvens eram finas feitas algodão. 

Eu odiava dias assim, principalmente quando eu não estava embaixo da minha manta grossa.

— Me perdoe. — Ele disse hesitante quando já estávamos longe o bastante dos olhares públicos. — Bella, o que houve antes de ontem foi…

— Você me magoou tantas vezes, tenho certeza que não vai querer pedir perdão por todas elas, não é? — O interrompi. Surpreendi-me quando ele não me fitou com raiva por eu ter feito isso e baixei meus olhos para meus pés, mordendo meus lábios hesitantemente. — Você não precisa me explicar nada, nós não temos nada.

— Diabos! — Ele exclamou. — Não repita o que eu disse. Eu queroter algo com você, Swan, eu nunca lhe disse isso, mas estou disposto a… no mínimo namorar sem precisar esconder você.

— Você não quer. Você foi para outra cidade na primeira vez que…

— Não vai acontecer aquilo de novo. Eu prometo.

Eu lhe olhei com raiva enquanto as lágrimas invadiam meus olhos por eu saber que iria ceder tão fácil a ele. Era difícil resistir quando Edward era assim… carinhoso e atencioso comigo, e eu sabia que não podia resistir mais quando ele tocou de leve minha mão gelada e me puxou para perto dele, abraçando-me de forma gentil.

Tive vontade de socá-lo quando ele começou a fazer círculos em minhas costas, assim como na noite de anteontem enquanto me colocava para dormir. E odiei me lembrar.

E então muito deliberadamente ele me afastou, pegando em meus ombros e inclinando seu rosto para o meu, tocando nossos lábios. Foi somente isso, um selo inocente de lábios até ele me abraçar com força, encostando sua testa em meu ombro e esmagar meu rosto em seu peito, fazendo as lágrimas voltarem aos meus olhos.

— Se você se sente melhor chorando, chore Bella. — Ele sussurrou, apertando-me mais em seus braços. ― Temos quanto tempo você quiser.

— Obrigada. — Minha voz foi abafada, falha. Eu não iria chorar mais que aquilo; eu não conseguiria. — E eu quero me desculpar também, por tudo. — Esfreguei meu rosto em sua camisa escura, tentando recuperar minha voz. — Eu… não quero te perder, Edward. — Meu nariz começou a doer e as lágrimas logo foram presentes em meus olhos. — Desculpe-me se eu dei a entender que eu queria.

— Está tudo bem, fique calma.

Mas eu não fiquei. Ao contrário disso, eu somente apertei meus braços com força ao redor de seu pescoço como se a qualquer momento eu pudesse explodir e virar somente poeira. Eu era tão… eu não merecia Edward, e apesar de lembrar bem o que houvera acontecido dias atrás, eu não culpava ninguém a não ser eu mesma.

— Não pense mais sobre isso, ok? — Ele pegou meus ombros e gentilmente me afastou, limpando as lágrimas de meus olhos. — Para onde você quer ir agora, Bella?

Eu sorri de leve quando Edward, em um ato completamente infantil, esfregou seu nariz com o meu, beijando minha bochecha.

— Para o castelo. Podemos ficar por lá porque eu não quero voltar para casa… não agora enquanto Charlie está lá tentando dar um de bom ex-marido. Isso é tão… — Fiquei alguns segundos tentando arrumar as palavras certas para descrever o quanto eu odiava aquilo, no entanto nada bom o bastante chegou a minha cabeça. ― De qualquer jeito, quero voltar para casa tarde e não vê-lo durante todo o tempo que passarmos aqui.

Edward me olhou e puxou minha mão para que estivesse entrelaçada com a sua. Sorri para ele, baixando meus olhos e mordendo meus lábios, envergonhada e sem saber o que falar. Por que eu nunca conseguia demonstrar meus sentimentos tão fácil quanto ele conseguiu em apenas gestos?

Ele não sabia sobre a história de Charlie, mas não perguntou nada, cauteloso. Ele só havia pegado a parte em que eu odiava Sue sendo “namorada” de meu pai e para quebrar o silêncio, contei toda a história de como Charlie teve seu comportamento modificado pela presença daquela mulher.

Pelo amor de Deus! Apesar de Renée ter suas loucuras de vez em quando, ela era muito melhor que aquela loira azeda. E eu não dizia isso porque ela era minha mãe.

Eu não me preocupei em falar a minha mãe que iria sair com Edward e não voltaria para o almoço, ela sabia muito bem que eu estava bem e tendo em vista o sumiço dele também, eu provavelmente estaria com o mesmo. Ela sabia e entendia o quanto eu não me sentia confortável na presença de Charlie, por isso não ligava quando eu o ignorava.

Charlie também não fez nada para tirar a ideia alterada que eu tinha dele em minha mente. Ele estava pouco se importando, e nos últimos três anos, ele só ligara duas vezes para mim; ambas às vezes em meu aniversário. Não trocamos mais que palavras cultas ou automáticas e em menos de sessenta segundos, tínhamos desligado.

Eu odiava o modo como ele não pareceu dar a mínima para o meu sofrimento quando Riley morreu. Naquela época, ele sequer perguntou como eu estava, se eu precisava de alguma coisa e se minha mente estava normal. Ele somente ligou para como Sue — sua amada e idolatrada Sue — estava, se ela estava triste, se ela estava sentindo falta de seu filho.

Ela não estava.

— Renée te perguntou alguma coisa antes de ontem? — Perguntou Edward quando estávamos andando para o castelo.

— Ela não desconfiou de nada, ainda bem. — Eu disse, rindo.

— Talvez isso tranquilize um pouco Esme. Ela estava começando a achar que Renée estava desconfiando dela ou algo desse tipo. — Ele desaprovou com o rosto.

Baixei meus olhos, negando.

Era uma quinta-feira e por algum milagre não estava chovendo, deixando as nuvens brancas com o pouco sol, mas raro, brilhando sob elas. Já que não estava fazendo frio, eu tirei meu casaco deixando apenas uma blusa preta de seda sobre a calça jeans da mesma cor, Edward fez o mesmo que eu, a diferença era que ele parecia um supermodelo e eu não.

Como ele podia ser tão perfeito? Ele estava mais musculoso, sendo que não muito. Estava mais perfeito que antes quando ele veio… como isso, afinal, podia ser possível?

— Sabe o que eu não sei sobre você? — Perguntei, erguendo uma sobrancelha ao lhe olhar. ― Em que área da medicina você trabalha. Você nunca comentou sobre isso comigo. — Franzi meu cenho, disparando a falar. — É algo muito ruim, é? Deixe-me imaginar… ginecologia provavelmente, o modo como àquelas mulheres se jogavam pra cima de você…

Ele riu do nível de escárnio presente em minha voz.

— Geriatria, Bella, Geriatria. — Pacientemente murmurou. — Trabalho com pessoas idosas.

— Ah claro, claro. Foi seu rosto que atraiu aquelas mulheres, somente seu rosto, nada que envolva dedos ou qualquer outra coisa.

— É incrível o quanto você pensa mal de mim, sinceramente. — Ele disse, olhando-me de lado. ― Você é uma pervertida, Isabella Swan. ― Sussurrou, puxando minha cintura para o lado de seu corpo enquanto ainda estávamos subindo a ladeira.

Eu ri do seu tom de voz, abraçando sua cintura e andando colada com ele, recusando soltar-me dele para chegarmos mais rápido. Edward também não me soltou, ao contrário, ele parecia gostar de eu estar o abraçando daquele modo, tão despreocupada como se nada acontecido dias atrás.

Era pra ser esquecido, tudo aquilo, todas aquelas palavras horríveis. Edward talvez pensasse, surpreendendo-se com o meu abraço, que talvez minha memória o culpasse toda vez que eu olhava para ele. Sendo que era diferente. Ela me culpava e sendo assim, tudo que eu queria era agradá-lo como uma forma de desculpas.

Eu respirei aliviada assim que me sentei no lugar de sempre, encolhendo-me contra a parede e sorrindo quando vi que ele me olhava.

― Vou pegar algo para comermos. ― Ele disse. ― Porque você está com fome e para piorar tudo não comeu nada antes de sair de casa. Seus lábios lhe entregam e você deveria parar de se esquecer de comer. ― Edward me olhou na parte do esquecer com um olhar reprovador.

 ― Vou tentar, prometo. ― Cruzei meus dedos e os levei aos meus lábios, beijando-os em um ato de promessa.

Ela sorriu com minha besteira e saiu do cômodo no qual estávamos. Alguns minutos depois, ele voltou com dois hambúrgueres em sua mão e duas latas de coca. Eu não sabia como, mas ele conseguiu segurar tudo isso apenas com uma mão e sentou-se ao meu lado sem derrubar nada, colocando seu casaco sobre meus ombros quando eu tremi quando peguei a lata gelada até demais.

― Está frio para você ficar apenas com essa blusa fina e sem alça, Bella. ― Ele disse, de novo com o tom de voz repressor. ― Você até parece que gosta de ficar espirrando depois.

― Relaxe por alguns segundos, Edward, você se preocupa demais com coisas que não deve. Eu não vou ficar doente só por causa desse frio, eu já me acostumei por uma parte. Não sou tão frágil quanto você pensa que sou.

― Ah claro. ― Ele assentiu, olhando-me com os olhos incrédulos. ― Eu sei o que é melhor para você melhor que você mesma. Então… ― Edward colou rapidamente seus lábios nos meus e sorriu depois de se separar. ― Pegue.

Comemos quase em silêncio, sem nada interessante para se falar. Edward estava longe quando arrastei minha atenção para ele, olhando-o por um longo momento e percebendo o seu pescoço vermelho, roxo e outras cores. Perguntei-me mentalmente com um sorriso malicioso se estava doendo muito. Corei, baixando os olhos e mordendo meus lábios ao me lembrar da raiva que eu possuíra quando me olhei no espelho ontem e vi meu pescoço com chupões horríveis.

Não posso negar que tinha sentido vontade de lhe dar um tabefe pela ousadia, no entanto apenas abstrai e o maquiei perfeitamente, ficando mais tranquila com o resultado.

— Sabe também o que eu não sei sobre você? — Interrompi o silêncio, sorrindo levemente para ele. — Como foi sua vida nesse tempo que passamos afastados.

— Eu também não sei isso sobre você.

— Claro que sabe. — Franzi meu cenho o olhando de lado. — Eu te contei no cinema, já disse que foi bastante tediosa, não tenho nada a acrescentar.

Edward fizera um curso de especialização em geriatria durante dois anos, e ao acabar, trabalhou feito um condenado, segundo ele. Eu não perguntei sobre as namoradas porque realmente não queria saber a respeito das mulheres que tinham passado por sua cama e logo afastei esse pensamento de minha mente. Talvez eu tivesse mais ciúmes que o normal dele e de seu passado.

Um sorriso satisfeito brotou em meu rosto quando ele me falou de uma época de sua vida a qual ele não podia sequer respirar sem ter algum trabalho para fazer. Eu gostei dessa época, assim ele não pode estar com nenhuma mulher já que trabalhava todo dia de domingo a domingo. Ele ficava cansado demais para pensar em fazer outras coisas sem ser dormir.

— Pode me dizer o que você está pensando, Bella? Estou agoniado em não saber o que diabos esses seus sorrisos significam.

Balancei meu rosto, sorrindo para minhas mãos.

— É besteira — Menti. — Estava pensando em como você conseguia sair com a rotina que você tinha em Glastonbury.

— Eu não conseguia. — Ele não parecia convencido com a minha resposta, mas não perguntou nada. De qualquer jeito, ele tinha plena consciência que eu não o diria nada a respeito de meus pensamentos.

Ele sorriu cinicamente para a minha direção, sabendo que eu não tinha acreditado em suas palavras. Não discutiu nada, nem acrescentou, ele sabia que se fosse para eu acreditar, eu acreditaria sem precisar de ajuda nenhuma de sua parte porque eu era teimosa quando alguma ideia se fixava em minha mente. E a ideia que eu tinha na minha mente era totalmente contrária ao que ele tinha dito.

Edward deitou seu rosto em meu colo, deixando impossível desviar meus olhos dos deles tamanha a intensidade que ele me fitava. Os olhos dele parecia mais claros na luz modesta que o sol deixava escapar e isso chamou minha atenção porque era exatamente isso que estava diferente nele. Os olhos — eles pareciam mais passivos, com toda a ferocidade que possuíam.

— Que foi, Bella? — Perguntou curioso.

— Seus olhos estão mais claros. Isso é normal?

O sorriso torto do qual eu tanto sentia falta brotou em seu rosto, fazendo-me, bobamente, sorrir também, afundando meus dedos em seu cabelo.

— Depende da quantidade da luz. — Ele explicou e puxou a palma de minha mão para cima, brincando distraído com meus dedos como se fossem interessantes. — Esme disse que quando eu nasci eu tinha olhos azuis e depois foram se tornando verdes como os dela. Ela disse que queria que meus olhos ficassem da cor do de Carlisle, mas estacionou no verde.

— Eu gosto do verde.

— Claro que você gosta. Você é louca por mim.

Levantei minhas sobrancelhas, incrédula com a enorme capacidade de ser convencido e me deixar desconfortável em poucos segundos a qual Edward executava com uma perfeição insultante. Ele riu, desviando os olhos de minha mão para o meu rosto ainda incrédulo.

— Você é louco por mim também. — Tentei sair da situação em que eu estava.

— Pensei que isso já estivesse óbvio para você. — Ele disse, agora sério, mas ainda com um leve sorriso nos lábios. — Eu não me mudaria da minha cidade por qualquer pessoa, Bella. Você me deixa quase… irracional, e eu não penso antes de fazer alguma loucura como essa que eu estou fazendo agora.

Eu sorri, evitando seus olhos ao olhar para cima.

— E isso é bom? — Indaguei.

— Na maioria das vezes, sim.

Edward me levou para casa quando já eram oito horas da noite e prometeu que no dia seguinte viríamos aqui de novo já que nosso voo de volta para Bristol só era depois de amanhã. Ele mandou que eu comesse como se estivesse com medo que eu tivesse de novo bulimia, sendo que ele sabia mais que ninguém: era impossível eu não a ter de novo. Ele me impedia.

Suas mãos alcançaram meu rosto e o impulsionou para frente, beijando-me nos lábios suavemente, soltando-me depois de alguns segundos.

— Coma. — Ele ordenou, sorrindo quando percebeu a minha careta.


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Notas finais do capítulo

Pséeeeeee gente, esperamos que eles não se desentendam novamente, não é? Ah... Só falta 4 capítulos pra CWW acabar ]: ]: ]: que tristeza essa ]: mas ok, eu ainda tenho que escrever o epílogo, então... Espero que tenham gostado desse capítulo e não se esqueçam de comentar, ok?