Can we whisper? escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 12
Capítulo 11 — Inevitável.


Notas iniciais do capítulo

Ai, me dói postar esse capítulo. Eu... espero realmente que gostem, e... é isso ai. Leiam as notas finais, por favor.



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• In my veins — Andrew Belle •

As pessoas mudam, os sentimentos mudam o que faz as promessas cujas foram feitas serem invalidas rapidamente, como se nunca houvessem acontecido.

Mas ao voltar ao verão de 2010 eu ainda me lembrava de como Edward me acordara pela manhã, chamando-me para que eu acordasse e me arrumasse para ir à escola. Seus lábios passaram por minha bochecha, meu pescoço até encontrar os meus, mexendo-os sobre a minha boca inanimada, acordando-me de imediato.

Ele sorriu com minha reação, caindo de novo ao meu lado, puxando meu rosto atordoado para o lado onde ele estava com um enorme sorriso em seu rosto perfeito. Não parei a vontade de dedilhar meu rosto com seu rosto enquanto sorria quase fracamente para ele, ainda com sono o bastante para que continuasse deitada na cama.

Eu estava atrasada, mas que se ferrasse a escola. Ainda tinha 3 dias com Edward e não queria perdê-los.

— Bom dia. — Ele foi o primeiro a quebrar nossa troca de olhares.

Eu sorri para ele, continuando a mexer meus dedos em seu rosto.

— Você tem escola agora. — Ele me lembrou. — Mas eu me pergunto se o Charlie vai ficar muito raivoso se você a faltar somente por hoje.

— Não acho que um dia sem ir para a escola vá o incomodar. — Murmurei, apesar de saber que ele iria se incomodar sim, provavelmente surtar se soubesse. — E eu… quero ficar com você hoje, agora.

Edward riu e assim como eu, tornou seus braços mais fortes ao redor de minha cintura, enterrando seu rosto em meus cabelos.

— Mas você tem que ir. — Ele falou de mau-gosto.

— Eu sei. — Ronronei, acariciando dessa vez seu peito definido.

No final de tudo, eu acabei indo, sabendo que depois disso eu teria mais alguns dias com Edward. Completamente sozinhos.

Ainda sozinhos, eu sorri enquanto tomava banho. O dia na escola me deixou estressada e cansada, principalmente, mas houvera também outras pequenas coisas as quais serviam para me deixar a ponto de explodir de raiva. Não só explodir, no entanto também matar algumas pessoas insignificantes.

Quem sabe talvez torturá-los. Isso sim seria divertido.

Não fora legal o quanto todo mundo parecia me odiar pela discursão completamente merecida em Jéssica, mesmo eu não me importando nem um pouco com isso. Quem ela pensara que era para falar daquele jeito de mim? Bem, como eu disse anteriormente o dia fora uma merda na segunda aula já queria voltar para Edward.

Griff — o garoto loiro o qual havia descoberto o nome hoje — sentou-se comigo na maioria do dia, tirando-me do tédio com suas expressões alteradas e estranhas. Apesar de dizerem besteira a respeito de nossa amizade repentina, eu não me importava com isso, afinal era como se… ele fosse uma barata. Eu tinha nojo.

Não assim. Um nojo mesquinho ou qualquer outra coisa era um nojo cujo significava que ele era somente uma pessoa para me tirar do tédio e minha mente era incapaz de pensar nele como algo sem ser isso. Não era certo pensar isso.

Eu não sei o que ele havia feito; o que Griff havia feito para que fosse expulso da sala, entretanto parece ter sido algo muito sério porque a professora ficou reclamando o resto da aula sobre o que havia acontecido. Besteira. Talvez só fosse comodismo da professora a qual não agüentava ser contrariada.

— Ah é, seu Cullen chegou. — Disse Griff quando me viu sorrir empolgada, contendo-me para não sair correndo o estacionamento inteiro até onde ele estava parado com todo seu charme.

A felicidade esmagadora ofuscou o quanto eu estava com raiva por ele estar ali, nos expondo mais ainda aos olhares alheios. Eu não queria causar problemas para ele e sabia, mesmo não sendo explícito, que estava o causando. Um olhar feio aqui, injustiça acolá — era isso que eu queria evitar a Edward e não era mais em eu mesma que estava pensando.

Despedi-me de Griff, andando lentamente até onde Edward arrancava olhares das garotas, e das mais atiradas acenos os quais eram ignorados friamente. De longe se podia ver que estava mais uma vez básico, no entanto ainda de tirar o fôlego com aquele rosto perfeito e com a camisa que caia perfeitamente em seu peitoral.

Deveria ser proibido que uma pessoa ser tão irresistível quando ele era. Mesmo. Isso poderia causar problemas de incoerência — e quem sabe um acidente — na maioria da população feminina que o olhasse. E eu, de modo infeliz, não era isenta dessa posição, mesmo não demonstrando tanto isso.

E ele sabia. Edward sempre pescava a mais simples expressão em meu rosto.

— Hey, conquistador. — Murmurei quando já estava perto o bastante dele. — Aposto que você não viu, mas uma garota escorregou e deu de cara para o chão enquanto lhe olhava, sabia? Aposto que se encantou mais do que deveria com você.

— Então por que ela está na minha frente? — Perguntou, prendendo suas mãos em minha cintura, sorrindo torto.

Eu gargalhei baixinho, resistindo ao impulso de puxar sua nuca para baixo e colar seus lábios nos meus. Edward também parecia estar com a mesma vontade que eu, pois aproximou seu rosto e acariciou com o seu nariz o meu, sorrindo como uma criança de dois anos. Seus lábios se colaram aos meus por apenas três segundos, antes de separar-se de mim.

— Como foi sua aula hoje? — Perguntou quando já estávamos dentro do carro.

Eu abraçava meus joelhos, com frio o bastante para que tirasse meus sapatos — ficando apenas de meias — e apoiasse os meus pés no banco de Edward.

— Não quero falar sobre a escola, foi uma merda, enfim. — Respondi, baixando meu rosto. — Ainda bem que é o último ano, já não agüento mais um segundo dentro daquela sala cheia de gente… ridícula.

— Sim.

Edward me deixou lamentar sobre o quanto eu odeio aquela escola durante a viagem toda de volta para casa, e ele contribuiu dirigindo devagar. Seus olhos dividiam olhares entre mim e a estrada, tomando cuidado quando tinha algum cachorro desesperado no meio da rua ou até mesmo crianças que não prestavam atenção.

Às vezes, em momentos raros e descontraídos ele sorria da minha revolta com aquela merda de escola, e não adiantava de nada que eu lhe lançasse os mais ameaçadores olhares. Pra ele, havia alguma graça em me ver com raiva.

— Você não entende. — Ele declarou quando cruzei meus braços. — É o seu rosto a graça de tudo, Isabella teimosa Swan. Suas bochechas ficam vermelhas, você sabe, não é? É… engraçado o bastante para que eu ria.

Não me detive e ri um pouquinho quando ele cutucou meu braço. Seu rosto estava do mesmo jeito de como houvera estado no castelo. Edward me fitava cauteloso, atento a qualquer sorriso que eu deixasse escapar ou alguma coisa, pois segundo ele naquela época eu não sorria sem ser sarcasticamente.

Parecia que houvera se passado um ano, mas, no entanto foi somente um mês. E não era o suficiente para mim, pelo menos.

— Eu vou falar com a Renée e você vai para casa, tudo bem? Em um instante eu estou chegando. — Eu disse antes de sair do carro.

Edward e Renée não eram as pessoas que se dava muito bem — ele tinha raiva dela por algo que eu o havia contado e Renée não era amigável com ninguém, não agora porque ela já fora antes — por isso sempre que eu ia à casa da minha mãe, ele ficava esperando-me em sua casa.

Ele somente assentiu, e eu lhe sorri de leve antes de sair do carro.

Estava chuviscando e os pingos finos de água que caiam por meu rosto pareciam que queimavam por minha pele estar quente do aquecedor. Eu não me incomodei com a sensação, até certa parte era boa, no entanto eu não tive tempo de esperar a parte negativa ser mostrada porque a casa de minha mãe ficava perto.

— Eu… internei Rose. — Ela disse para mim assim que abriu a porta e viu que era eu em sua varanda, olhando para o jardim em perfeita ordem. — Não sei se vai funcionar, Bells, mas tinha que tentar. Não estava nada certo.

— Oi. — Murmurei para ela, bombardeada de informações.

Renée riu — pela primeira vez em muito tempo devo acrescentar — e apontou com a cabeça para a cozinha, guiando-me até lá e mostrando a figura de Riley sentada em sua mesa, de cabeça baixa, preocupado em tomar seu chá. Isso fez com que eu revirasse meus olhos e ao passar por ele, lhe dar uma tapa na cabeça.

Ele sorriu para mim, sem mostrar os dentes, com a boca cheia. Fiz uma careta enquanto sentava-me a sua frente, decidindo que seria breve porque queria voltar logo para Edward.

— Você está sumida. — Riley observou, franzindo o cenho.

Eu neguei com o rosto.

Você não está me vendo.

Você não está aparecendo. — Ele me corrigiu.

Eu bufei, cruzando meus braços e me recostando a cadeira, olhando para a minha mãe, dessa vez. Neguei com a cabeça quando ela me perguntou se eu queria chá com apenas gestos, e isso fez com que ela me mandasse um olhar reprovador, provavelmente desconfiando da Bulimia de novo. Isso tudo era só porque ela não sabia o quanto eu era forçada a comer por Edward, mesmo que eu não estivesse com um pingo de fome — o que acontecia na maioria das vezes.

— Como você vai? — Perguntou docemente.

Eu quase sorri largamente murmurando que estava melhor que bem, estava maravilhosa e tudo isso por causa de Edward, no entanto apenas soltei um sorriso leve sem mostrar meus dentes e desviei meus olhos para a mesa.

— Bem. Como sempre.

Ela sorriu assim como eu.

— E a…? — Minha mãe não precisou completar a frase para saber que ela se referia a Bulimia.

Fazia tanto tempo assim que eu não vinha aqui? — Indaguei-me mentalmente, franzindo o cenho. Não, não fazia tanto tempo. Talvez três dias ou menos, no entanto não se passava disso. Ela não deveria estar tão desatualizada a respeito de minha vida, mas a dei uma folga enquanto pensava no que lhe responder.

Riley me olhou também, esperando respostas.

— Edward está me ajudando. — Respondi. — Então… está mais fácil.

Minha mãe sorriu romântica.

— Mas ele vai fazer faculdade em Nottingham. — Seu sorriso despencou assim como o meu, entretanto me forcei a manter-me dispersa a tristeza a qual sempre me invadia quando pensava sobre isso. — Então eu…

— Eu sei. — Ela me confortou com um carinho em meu ombro.

Assenti e mordi meus lábios.

Acho que demorei mais do que o necessário para voltar à casa de Edward, mas era a primeira vez que eu sentia que realmente houvera valido a pena esse tempo. A mamãe sentia minha falta, e por um momento — enquanto absorvia isso — fiquei com raiva por isso somente acontecer quando Rose não estava, mas não demonstrei e murmurei que sentia falta dela também.

Isso era verdade, apesar de eu custar a demonstrar isso. E por pirraça, não iria visitar Rosalie onde quer cujo ela estivesse internada. Mesmo sabendo que essa idéia iria se tornar pó quando pensasse direito no assunto.

Riley estava chato de uma maneira boa como sempre era, e não parecia estar com raiva de mim por esses dias o qual eu não dei um sinal de vida sequer. Não pude notar de perceber que a amizade que existia entre Renée e ele nunca iria se ofuscada por qualquer coisa, mesmo esta coisa sendo o fato de a mãe dele estar “namorando” com o ex-marido dela.

Eu não entendia. Se fosse eu, com certeza ficaria com raiva de alguma maneira.

— Vamos assistir a um filme? — Perguntou Edward assim que abriu a porta para mim.

Sorri de leve, assentindo quase que preguiçosamente para ele. Fiquei grata que o filme fosse ação e eu não tivesse que prender meu choro por ser romance ou drama. Qualquer coisa desse tipo que eu não gostava. Ele parecia ter adivinhado meus gostos, ainda que estes mesmos não fossem tão difíceis de apreender.

Era só não ter romance e ficaria tudo ótimo. Não que eu não gostasse que fossem românticos comigo — na verdade, eu amava —, era só que com filme tudo se aplicava de uma maneira diferente. Filmes românticos sabiam te deixar para baixo de vez em quando. No meu caso, sempre.

— Depois de amanhã tem uma prova. — Edward riu de meu tom desgostoso, voltando a mexer em meu cabelo. — Por isso, conquistador, eu tenho que estudar hoje e amanhã para não me dar mal na mesma. E amanhã não tem aula, já que vai haver algum evento. Não sei sobre o que se trata e não fiz questão de procurar saber.

Até eu ri de meu tom revoltado.

— Amanhã não tem aula, é? — Indagou, rindo enquanto cheirava acho que pela terceira vez em dez minutos meu pescoço. — Isso me dá boas idéias, você não vai estudar o dia inteiro.

Eu ri baixinho assentindo enquanto sentia minhas bochechas corarem fortemente.

Mas não fizemos nada aquela noite, apenas nos empanturramos de besteiras gordurosas enquanto assistíamos a filmes tediosos ou de ação. Eu dormi em quase todos, oscilando na direção da inconsciência, mas não completava o caminho porque o som de tiros me acordava e fazia Edward rir de meu espanto.

Eu sempre batia de leve no ombro dele quando ele falava que eu era muito medrosa e murmurava que ele era um besta. E que estava mais ainda hoje, desconhecendo o motivo para que isso viesse ocorrer.

Não sabia como eu havia dormido, apenas tinha a mera impressão que Edward poupara esforços e juntara os dois sofás, deitando-se comigo ali comigo também, mesmo que não fosse à coisa mais confortável do mundo. Eu acordei quando ele ainda estava dormindo, com o rosto enterrado em meu ombro e os braços presos a minha cintura como se tivesse o medo que eu fosse embora e o deixasse sozinho ali.

Aquilo era impossível, eu sempre ficaria.

Eram dez horas da manhã e o sol brilhava timidamente fora nas janelas quando Edward finalmente deu sinal que se acordaria, bocejando e enterrando seu rosto em meu cabelo, respirando lá. Tinha a impressão que ele houvera sorrido, tentando não me acordar enquanto erguia-se em seus braços para me olhar.

— Que milagre você estar acordada a umas horas dessas. — Ele zombou. — Deve ser porque ontem só se cansou com a escola. — Acrescentou maliciosamente.

Não comentei nada a respeito disso, mas pelas minhas bochechas coradas apostava que ele sabia que havia me deixado sem-graça, como sempre acontecia quando falava alguma coisa a respeito daquilo. Não que eu não… era complicado, por isso Edward não perguntava nada, apenas fazia rir com meu embaraço.

Quando eu já havia terminado de tomar café, eu não sabia o que tinha acontecido detalhadamente, somente me vi nos braços de Edward enquanto ele corria para a piscina, jogando-se lá e me levando junto. Era nesses momentos que eu odiava o quanto ele fazia as coisas sem me perguntar antes, era como se… eu quisesse torcer seu pescoço por causa disso.

Tudo que eu pensava era que iria morrer, assim como minha vó havia me dito que aconteceria se uma pessoa fosse para a piscina logo após comer. Não era bom e a maluca da pessoa provavelmente não emergiria.

No final, como de praxe, eu acabei rindo enquanto emergia.

— Eu nunca tinha percebido que essa sua camisa era transparente. — Ele observou tirando o cabelo que caia por meu rosto.

A água era quente e imaginei se Edward já tinha preparado isso há muito tempo.

— É porque está molhada. — Eu disse o olhando como se ele não tivesse suas faculdades mentais muito boas.

Ficamos lá por algum tempo, menos de duas horas certamente, mas foi o bastante para que tomássemos um pouco de chuva. Eu o havia convencido a ficar, implorando e dizendo que nunca havia tomado banho de piscina quando estava chovendo, e Edward disse com uma expressão que me fez ter vontade de rir que se eu ficasse resfriada era a minha culpa. Sendo assim, Charlie deveria reclamar comigo por isso.

Mas era ótimo, melhor do que tomar banho normal de piscina sem chuva.

Eu gostava de quando Edward me beijava e depois ria, como se eu houvesse falado algo muito engraçado. Não sei por que motivo isso me soava… como se eu não fosse somente sexo para ele, como se eu fosse muito mais do que eu verdadeiramente era. No geral, eu não sabia o que significava mesmo para ele.

Era tudo muito confuso ainda e eu tinha medo que ele fosse embora e continuasse desse jeito. E então para meu choque total e incredulidade questionável, ele sussurrou algo cujo eu não estava pronta para escutar. Não ainda. Restavam muitas duvidas na minha cabeça ainda, e eu… eu não poderia responder o mesmo.

Não que eu não sentisse, eu sentia. Mas não…

— Eu te amo.

Eu arfei atordoada enquanto o olhava. E então eu sorri, o abraçando enquanto entrelaçava minhas pernas em sua cintura para que não tivesse que ficar afundando toda hora por ser baixinha demais. Seus braços envolveram minha cintura e ele me pressionou mais fortemente contra ele, encaixando seu queixo em meu ombro.

Ele não esperava que eu falasse nada, assim percebia eu. E Edward me conhecia muito bem para saber que eu o sentia só que eu ainda era insegura o bastante para que não o falasse o que tanto queria, mesmo já tendo dito isso em meus sonhos. Novamente, ele riu em meu ouvido, beijando meu pescoço.

— Ainda bem que você não gritou nada ou brigou comigo por causa dessa confissão.

Eu assenti, mesmo sendo incapaz em qualquer circunstância de fazer isso.

Sorri para ele mais uma vez, beijando-lhe os lábios de modo demorado enquanto tentava de novo — em uma tentativa falha — fazer com que ele sentisse que eu o amasse somente com esse beijo. Poderia ser insignificante para ele, mas para mim… bom, acho que para mim tudo soa com um pouco mais de intensidade.

Minha mão se prendeu em sua nuca e eu acariciei seus cabelos molhados de leve, sorrindo assim como ele quando eu despenquei de sua cintura e afundei temporariamente antes de ele levantar-me.

Mais tarde quando eu tentei estudar mais um pouco para a prova de amanhã, Edward não deixou que eu me concentrasse, mesmo que eu mudasse de lugar e fosse para outro onde ele não estava. Ele me seguia, sorrindo torto para mim enquanto sentava-se o mais próximo que podia de mim, e se inclinava para me beijar.

Ele fazia de propósito. Ele me atazanava com seus beijos em minha bochecha que acabavam com todo o meu autocontrole para afastá-lo e murmurar de maneira séria que eu tinha que estudar e depois o beijava.

— O que você está estudando? — Perguntou.

Tive que olhar para a capa do livro para saber, e isso lhe fez rir, juntamente comigo.

— Biologia 2 — Respondi revirando meus olhos. — Não que eu esteja estudando mesmo, sabe como é… você não deixa. Aliás, você não está se formando em medicina, não é? Poderia servir para me explicar que diabos são isso escrito.

Não que houvesse semelhanças demais no que ele estudava e no que eu estava estudando, entretanto Edward desenvolveu seu papel perfeitamente. Eu admiti a mim mesma que eu talvez não achasse que ele realmente me explicasse o que havia no livro — e também até um pouco mais —, mas ele o fez e quando acabou eu tinha a impressão que ele poderia ser professor e ainda assim se dar bem.

E eu tinha entendido tudo.

Ele sorriu para mim, aproximando-se de mim, beijando-me e ao mesmo tempo aspirando o cheiro de meu pescoço.

— O que você quer almoçar? — Edward indagou.

— Está tarde demais para almoçar. — Eu disse rindo por alguma coisa a qual não sabia o que era. — São duas horas da tarde, vamos comer qualquer besteira que tenha por dentro da cozinha.

E fora assim que se passaram os dias que me restavam com Edward. À medida que eu ia percebendo a proximidade da última semana de fevereiro, ia ficando mais calada em relação às coisas que aconteciam. Parecia que era um instinto de defesa cujo só servia para ferrar com a minha vida, por isso sempre que lhe via forçava-me a sorrir em sua direção, correndo até ele como sempre acontecia.

Estava tudo bem com nós dois. Não ocorrera nenhuma briga ainda bem e eu estava tentando me destravar quando se tratava falar dos meus sentimentos para ele. Mas sempre não saia, eu sempre queria lhe falar o quanto lhe amava, entretanto… minha língua travava e eu acabava falando algo que não fosse o certo.

Eu sempre ficava o máximo possível com ele, até quando não podia. Era tão pouco tempo e ele já estava indo, isso não era o certo e eu queria ficar com ele.

Edward estava reagindo do mesmo modo que eu, ficando grandes períodos de tempo comigo, ignorando as regras e a discrição. Na semana passada ele me levara para conhecer seus pais, ainda que eu houvesse relutado em ir, afinal… se ele ia embora o porquê disso? Tudo iria acabar. De uma forma ou de outra.

Eu queria pensar isso na maioria do tempo, mas não conseguia. Eu sempre pensava que iria acontecer como ele houvera me dito: nos meses que ele ficasse aqui, nós ficaríamos juntos e essas coisas.

Mas as coisas mudavam. Eu sabia, tinha certeza disso, no entanto sempre tinha a ilusão que iria ficar tudo bem. Iria ficar tudo certo afinal de contas e ele me ligaria, nós manteríamos nosso relacionamento à distância.

A manhã do último dia que ele iria passar aqui em Glastonbury foi um terror para mim, fazendo-me ficar mais tempo do que o necessário deitada na cama, refletindo sobre o que iria acontecer. Eu não estava pronta ainda, eu nunca estaria pronta para lhe dizer adeus. Mas assim que eu me levantei da cama, o interfone tocou.

Era ele.

— Hey. — Ele disse desanimado assim que eu abri a porta de minha casa.

Edward tinha olheiras abaixo dos olhos assim como eu e ele estava com aparência cansada, como se não houvesse dormido nada da noite anterior. Seus braços se abriram para mim e eu me encaixei nele de maneira rápida e desesperada, apertando-o como se ele fosse para a guerra e eu ficasse. Não era nada disso, no entanto quase chegava a ser pior.

— Pode fazer aquela gororoba com leite para mim? — Perguntei separando-me dele, forçando-me a não ser tão depressiva quanto estava sendo.

— Então quer dizer que você gostou? — Indagou sorrindo.

Eu sorri também dando de ombros e assentindo enquanto puxava sua mão para que ele entrasse no apartamento.

Charlie tinha mais ou menos idéia do que estava prestes a acontecer, e eu tive o cuidado de lhe explicar antes para que ele não ficasse com raiva de Edward por não saber a história. Ele não gostou, mas também não falou nada a respeito ou o tratou diferente nas várias vezes que ele foi jantar lá em casa.

Era assim. Éramos silenciosos e respeitávamos o direito de privacidade um do outro, e isso era bom ao extremo, tendo em vista que se fosse outro pai não daria toda essa liberdade. Em outros casos sem ser o meu isso seria chamado de displicência.

Edward me ensinou a fazer o troço com o leite, porém eu sabia que nunca ficaria igual ao dele nem que eu treinasse um milhão de vezes. E mais uma vez, eu percebi mais uma coisa da qual eu sentiria saudades quando ele fosse embora, mesmo sendo esta mínima e me passar despercebida nos dias normais.

Tentei afastar a tristeza para longe de mim enquanto eu o observava, mas isso só passou de verdade quando tomei minha iniciativa de passar as mãos por suas costas, infiltrando o seu casaco e sua blusa branca, um pouco grossa. Seu rosto se virou para o meu no mesmo momento em que fiz isso e pude observar que ele estava tão necessitado por isso tanto quanto eu estava.

Talvez até mais. Ou não. Ninguém poderia afirmar com certeza o quanto nós nos queríamos.

O desejo foi tão grande que não precisamos de palavras naquele momento, apenas começamos a nos beijar para não parar por um bom tempo. E se parasse, os lábios iam para alguma parte do corpo. Apesar de repentino, o carinho foi sempre presente assim como os olhares e os sorrisos de cumplicidade que sempre sorriamos como dois bobos.

Eu me recusava a pensar sobre a viagem enquanto estava com Edward, pelo menos naquele momento em que minha mente estava absorta de tudo que me preocupava. Eu só o focalizava e percebia o quanto ele era lindo, com o rosto corado de leve por estar prendendo a respiração ao me beijar.

Seus olhos… não sabia como aquilo acontecia, porém eles estavam parecendo me ler de verdade por dentro e dessa vez ele não me fez esperar tanto como na primeira vez em que dormimos juntos. Na verdade — se eu estava olhando as coisas direito — Edward estava fazendo o que eu queria, não me deixando esperar tanto ou implorar.

Foram várias vezes, mais do que qualquer outra. Não que eu estivesse contando, eu não estava, mas era perceptível pelo modo como a claridade por trás de minhas cortinas ia diminuindo até estar completamente de noite. Nada disso fez o aperto dos braços dele ao meu redor diminuir ou seu rosto se desenterrar de meus cabelos. Edward continuou imóvel enquanto eu cantarolava alguma música romântica.

Tinha impressão vaga que era a mesma a qual eu cantarolei quando ele apareceu na janela dos fundos quando eu ainda morava com a minha mãe.

Can we be wrong tonight?

— Continue. — Incentivou quando eu parei.

Apesar de estar preocupada pelo fato de Charlie já ter chegado ao apartamento e ter encontrado a porta de meu quarto trancado, eu continuei em uma voz baixa, quase fraca enquanto levantava meus olhos para os de Edward e dedilhava sua barba áspera. Ele não comentou nada quando percebia meus olhos baixando automaticamente sempre que eu chegava à parte da música em que eu murmurava em uma voz mais baixa que o normal o começo da primeira estrofe.

“Porque eu não preciso mudar essa…

Atmosfera que nós fizemos, se você puder

Ficar mais uma hora

Você pode ficar mais uma hora?

— Queria que você tivesse me falado sobre essa sua voz antes. Não no final. — Ele murmurou, acariciando meus cabelos junto a minha bochecha. — Eu iria te pedir para cantar mais.

— Não… era uma coisa importante. Eu não canto esses tipos de música em situações normais… não sei o que deu em mim. — Balancei minha cabeça, entretanto sorri de maneira amena para ele, mostrando que talvez isso fosse uma coisa boa.

Seus lábios se juntaram aos meus delicadamente e ele ergueu-me da cama, levando-me para o banheiro que tinha dentro do quarto. Para dar banho em mim, com certeza. Era sempre bom quando Edward dava banho em mim — isso qualquer um acharia mesmo que estivesse uma condição de quase morte —, mas eu não gostei do clima de despedida que isso tinha.

Eu ainda não estava pronta…

Um soluço baixo escapou de minha garganta, rompendo o silêncio perturbador que o banheiro estava e os olhos dele se voltaram alarmados para os meus e logo se suavizaram quando viu sobre o que se tratava. Edward me abraçou de modo suave, colando nossos corpos molhados, mas murmurando que estava tudo bem.

Se ele estava indo embora, de certo não estava tudo bem.

— Fica aqui essa noite?

Meu pedido tinha sentido, assim eu achava. O vôo dele só era de tarde, na hora do almoço, sendo assim possível ele dormir essa noite comigo, aqui no apartamento de Charlie e depois voltar para casa quando fosse de manhã. Sua mala já estava arrumada pelo que eu sabia, facilitando assim as coisas.

— Tem certeza? Charlie pode…

— Não, ele não pode. Só essa última noite, Edward, por favor…

Ele sorriu para mim e assentiu, enrolando-me em um roupão. Eu coloquei uma camisola qualquer que tinha dentro de meu guarda-roupa e suspirei de tristeza ao me aconchegar perto de Edward sabendo que aquela era a derradeira vez. Eu ainda continuava não pronta para isso, sempre estaria.

Seu braço passou por cima de minha cintura e ele me puxou para cima dele, e assim como eu estava acostumada a fazer toda noite, apoiei em sua cintura uma de minhas pernas. As mãos de Edward rapidamente correram para a mesma, acariciando com os dedos tão leves que poderiam ser um toque de seda.

Eu dormi, para minha infelicidade.

Eu não queria dormir, eu queria passar a noite inteira o observando, mas não consegui lutar contra as minhas pálpebras pesadas e os carinhos que me relaxavam. Ele me colocou para dormir tão rápido que eu não tive sequer um segundo para murmurar uma misera boa noite.

Pesadelos silenciosos, em sua maioria, foram o que tomaram conta do meu sono, mas Edward estava no fim de todos eles sorrindo torto e oferecendo-me uma mão como se estivesse me chamando para ir a algum lugar com ele.

— Tenho que ir, Bella. — O que me acordaram fora seu sussurro enquanto ele tirava a minha coxa de sua cintura.

Eu me acordara de supetão, levantando-me.

— O quê? Agora? Não!

— Meu vôo sai daqui a cinco horas, tenho que estar em casa antes de isso. — Ele tirou alguns cabelos rebeldes que caiam por meu rosto e suspirou me olhando. — Sinto muito.

Eu não sabia se estava em um sonho ou na realidade. Era difícil distinguir o que estava acontecendo de verdade, pois algo dentro de mim ainda estava gritando e dizendo que não estava pronto para dar tchau a Edward como se fosse à coisa mais normal do mundo. Sendo que não era. Tornara-se anormal em tão pouco tempo.

Eu o olhei, sentindo-me como um bebê o qual não entendia o que os outros diziam. E então as lágrimas chegaram aos meus olhos na medida em que eu tentava encaixar o confuso quebra-cabeça em minha mente.

Edward iria embora para Nottingham. Não tinha mais nada depois disso.

— Ok. — Tudo que saiu de minha boca foi isso enquanto eu engolia em seco.

Seus olhos ternos se voltaram para os meus. Não me contive quando uma lágrima aventureira escorreu por minha bochecha, dando início a uma seqüência repetitiva e que não parava com as palavras tranqüilizadoras dele. Era uma merda eu estar sendo tão fraca agora, mas isso não parecia ser absorvido por minha mente.

Era como se meus muros de seriedade estivessem ruindo ao perceber que era chegada a hora que eu mais temia. Não era certo! Não ainda! — Minha mente gritava em desespero e quando eu ia colocar as palavras para fora tudo que saia era soluços e mais soluços os quais doíam ao sair.

Meu nariz, minha cabeça. Tudo doía por algo que me era desconhecido.

Edward ainda estava com os braços envoltos a mim quando as lágrimas foram lentamente parando, deixando para trás somente os soluços baixinhos e sussurrantes. Ele não parou de acariciar minhas costas nem mesmo quando os soluços se tornaram inaudíveis, restando — para sempre ou temporariamente — os estilhaços onde eu me encontrava.

Era óbvio. Eu não podia… bom, eu chegara a um ponto de extrema de dependência onde eu não poderia mais viver sem ele.

— Você tem que ir. — Sussurrei.

Minha cabeça doeu, mas as lágrimas não caíram. Não porque eu fui orgulhosa e não deixei, e sim porque secaram. Simples e inexplicavelmente eu estava sem a capacidade de chorar.

— Sim, eu tenho.

Odiei que a sua resposta fosse tão automática como se ele não estivesse sentindo nada, mas logo em seguida isso para mim foi compensado quando Edward encostou seu rosto em meu ombro, com o nariz virado para o meu pescoço. Ele fungou de modo profundo três vezes até suspirar, apertando em um abraço a minha cintura.

— Vou sentir sua falta. — Ele admitiu.

— Eu também. — Admiti, com a voz baixa. ― E… não vou esquecer você.

Edward sorriu.

— Você definitivamente só deixa as coisas boas para o final. Isso é um defeito, você sabe Senhorita Swan?

— Desculpe. — Sussurrei assim como ele e funguei o perfume natural de sua pele.

Era o melhor que eu já havia sentido, e essa posição não iria ser conquistada com tanta facilidade.

Edward prometera que me ligaria todos os dias, e mesmo eu não acreditando muito nisso, assenti enquanto sorria como uma boba. Ainda sentia vontade de chorar toda vez que lhe via amarrando seus cadarços ou qualquer outra coisa que o deixasse pronto para ir a sua casa, mas arrumei um jeito de adiar a tristeza excruciante.

Ele não saberia o porquê de tantos soluços com aparência insana. Nem eu sabia o porquê, apenas sentia que precisava daquilo. Era um jeito de desabafar para o silêncio.

— Eu te amo. — Edward disse enquanto ainda estava agarrado a mim, abraçando-me tão forte que eu podia sentir seu coração batendo acelerado, assim como o meu.

— Eu sei. — Lhe sorri, me afastando e beijando seus lábios por uma última vez.

Mas eu não sabia daquilo…



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Notas finais do capítulo

Bommm gente, uma gravidez ficaria legal, né? Estou só brincando, okay, não é sério isso, não se preocupem kkk. É, é só esperar agora pelo que tem depois, pra saber se vai acontecer mesmo o que Edward planeja, mas por favor, não vamos nos iludir. Edward é um homem e homens, vocês sabem... enfim, se quiserem saber a música que a Bella cantou é Find a way de Safetysuit(http://letras.terra.com.br/safetysuit/1366984/#traducao). Beijos. Comentem.