Dois Anos escrita por Anny Andrade


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem... Dedicada a pessoa que escreve Scorpius e Rose como ninguém, minha amiga Winnie Cooper.



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E aqui estamos nós.

Dois anos juntos. Não juntos realmente, porque nossas brigas acontecem com muita frequência para que eu ache sensato levar a relação a sério.

Se eu o amo? Claro que sim, mas o problema é ele não sentir o mesmo por mim.

xxx

Eu deveria saber.

Isso vem se repetindo há dois anos. Porque eu realmente não estou confiante o suficiente para dizer aquelas três palavras que todas as mulheres sonham, e não estou falando de “chocolate não engorda”, estou falando de algo muito mais importante para elas, ou quase.

Se eu a amo? Claro que sim, mas o problema é que não sei se nosso amor juntos pode ser para sempre, ou se vai derreter na primeira tempestade de bombas atômicas.

Atiradas por ela, que fique claro.

xxx

Quando Hogwarts acabou eu achei que aquele sentimento estranho e cheio de contramãos acabaria. Afinal iriamos nos afastar, nada de aulas juntos, nada de festa juntos e nada de nada juntos. Por um momento eu me senti realmente feliz, porque não dávamos certo, e as brigas deveriam ser um sinal de que algumas coisas acabam na escola, mesmo que seja em uma escola bruxa.

E a culpa é toda dele.

E aquele jeito impulsivo.

E a aversão a regras.

E os olhos cinzas... E os lábios gelados... E o cabelo caindo sobre o rosto, nunca, nunca arrumados.

Eu tentei ser legal, juro que tentei. Mas ele é um ser completamente desprezível.

E eu deveria ter ficado longe. Mas foi mais forte do que eu.

xxx

Formatura. Eu me livraria daquela nanica maluca e obcecada por arrumação, livros, e com sérios problemas de dupla personalidade. Doce e delicada como uma rosa e ao mesmo tempo um espinho doloroso e venenoso. Mas eu sempre me perdia naquele perfume de flores do campo, sempre me perdia nas palavras que saiam da sua boca no meio da aula, sempre me perdia quando brigávamos.

Deveria ser o fim. E eu me livraria das brigas, do jeito irritante, e da beleza dela.

Deveria ser um adeus, regado de desculpas e a frase típica desses momentos: Até nunca mais.

Deveria...

Mas as vezes não fazemos o que deveríamos fazer, assim sendo, o destino também deixa de cumprir suas tarefas. E dessa vez ele não cumpriu. O talvez tenha sido eu que não tenha feito com que aquelas palavras vazias se tornassem reais.

Um adeus que deveria ser apenas um até logo.

Eu estava lá.

Parado em frente a ela.

E estava dizendo coisas que não deveria dizer.

No instante seguinte, nossas bocas estavam fazendo o que não deveriam fazer.

Os beijos no ultimo instante sempre são os mais doces, mais delicados, mais ansiosos, e os que nunca esquecemos.

xxx

Dois anos juntos.

Dois anos brigando.

Dois anos e ele continua a mesma pessoa.

Dois anos e nosso relacionamento parece uma bomba nuclear prestes a explodir e destruir o mundo inteiro.

Dois anos e eu só queria uma palavra...

Uma frase para ser mais exata...

Dois anos e eu estou com vontade de gritar com ele e de dizer que se relacionar escondido perdeu toda a graça.

Dois anos... é muito tempo... é dois anos...

xxx

Dois anos juntos.

Ela continua a mesma imprevisível, o humor mudando e o sorriso se transformando em gritos. Eu gosto do som da risada, e daqueles gritos que me fazem me sentir um lixo, gosto do perfume que nunca muda, gosto do gosto de beijá-la para fazer que as palavras se calem. Gosto de esconder seus livros e roubá-la por noites inteiras.

Dois anos e gosto de cada segundo.

Dois anos e tenho que respirar fundo para seguir em frente.

Dois anos...

E eu querendo dizer apenas aquelas palavras. E eu querendo apenas fazer uma pergunta.

Dois anos e ainda nos encontramos escondidos, longe dos olhares familiares, longe de tudo. Um mundo nosso.

Dois anos... e ela nunca disse... dois anos...

E era hora de seguir em frente.

xxx

— Eu... – O sorriso dela estava tímido e seus olhos pareciam a beira das lágrimas. — Eu...

— Nós precisamos conversar né? – Ele disse pegando nas mãos da garota e a levando para se sentar no único banco que tinha no jardim.

— Precisamos... E eu... – Ela parecia pressentir o que vinha pela frente. Mas as vezes os pressentimentos são errados.

— Eu quero seguir em frente.

— Você?

— Cansei desse relacionamento escondido, das brigas sem sentido, desses dois anos... – Ele passou as mãos pelos cabelos ainda bagunçados como na época da escola.

— Eu também cansei. – Ela disse prestes a se levantar, gritar e sair correndo para a biblioteca mais próxima, chorar perto dos livros parecia doer menos.

— Me deixa falar? Ao menos uma vez na vida? — Ele a puxou de volta para o banco.

— Scorpius... Por que precisa fazer isso? — E algumas lágrimas teimosas como ela insistiram em cair.

— Porque é o que eu preciso fazer... – Ele sorriu limpando as lágrimas dela com as costas da mão. — Cansei de tudo isso Rose, você deveria ter cansado antes... Mas é sempre tão teimosa, tão cega em relação a nós... Então eu tive que tomar uma atitude, uma atitude drástica.

— Scorpius... – Rose suspirava com dificuldade, deveriam dizer que é muito difícil segurar as lágrimas.

— Levante-se... — Ele disse segurando a mão dela. — Feche os olhos e conte até dez... Desse jeito vai ser menos doloroso... E vire-se.

Ela o fez. Fechou os olhos e se levantou, sabia que quando voltasse a abri-los ele não estaria ali. Ela demorou tanto para dizer aquilo... Dois anos... Ele decidiu seguir em frente. E ela não imploraria por uma volta. Seria o fim. Doeria. Seria como uma morte lenta. Mas a vida seguiria.

Contou.

1... e se lembrou do primeiro dia que se viram. Na plataforma de embarque.

2... a primeira briga, no corredor. Ele trombou com ela e a única solução foi gritar com ele até que alvo puxasse o loiro para longe.

3... ouvir ele dizer que ninguém nunca a cultivaria. Que seria uma rosa seca de tão chata que era. Ela chorou por horas até que foi justamente ele quem a encontrou.

4... a primeira conversa. Seus olhos se encontraram, e até conseguiram rir. Aquele dia jamais seria esquecido por ela.

5... dia dos namorados e ela jogou uma poção sobre ele deixando seu rosto cheio de espinhas. Nenhuma garota quis passear com ele.

Ela sorriu. Passou o dia dos namorados com ele na enfermaria dizendo que não sabia quem faria aquilo com ele.

6... o baile de inverno. Os dois estavam dançando juntos. E teve quase um primeiro beijo, mas no ultimo momento a música acabou. Era hora de voltar para as casas.

7... No sexto ano ficaram quase três meses sem se falar. Briga das feias, e ela não se lembrava do motivo, mas lembrava que no fim Scorpius deu a ela uma rosa com o cartão. “Você me cativou”

8... Faltava um mês para o fim das aulas e resolveram brigar novamente. Ela nunca foi tão triste como naquele momento.

9... Um beijo. Em plena plataforma. Ele a segurou pela cintura e depois disso nunca mais ficaram sem se beijar. Os beijos eram como agua e ar. Sem eles a sobrevivência se tornava impossível.

10...

Seus olhos se abriram, e ele continuava lá.

— Scorpius?

— Vire-se... — Ele sorriu.

Ela se virou, sem entender o que ele pretendia.

— Achei que para seguir em frente seria necessário dizer que “eu te amo” pela primeira vez. — Ele disse enquanto ela olhava para o jardim.

Milhões de rosas, de todas as cores e tamanhos formavam as palavras “Rose”, “eu” e “te”, enquanto rosas vermelhas como sangue formavam a ultima palavra “amo”.

— Eu quero seguir em frente Rose, quero brigar com você só por motivos bobos como assustar nossos filhos antes de dormir, eu quero poder passar o natal com você, com a sua família. E quero que passe o fim de semana comigo, meus pais não são loucos assassinos, não agora pelo menos...

— Scorpius...

— E mesmo que você nunca tenha dito... – Scorpius suspirou. — Eu te amo! Quer casar comigo?

E as palavras normalmente somem em momentos assim. Só que os atos funcionam bem.

Rose jogou os braços em volta do pescoço de Scorpius e o beijou como nunca. Um beijo longo, quente e que dizia mil “eu te amo”.

— Por que demorou tanto? – Ela disse enquanto ele a abraçava. — Eu sempre te amei.

xxx

Dois anos e o melhor pedido de casamento.

xxx

Dois anos e a melhor resposta.

The End.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem.