Perco a consciência e entro num mundo somente meu, onde eu estaria junto a meus pais, meus irmãos, meus amigos... Katniss. Katniss e eu. Essa frase faz um calafrio percorrer pelo meu corpo e fazem os pelos do meu braço se eriçarem. Isso me faz voltar ao mundo real.

Alguns amigos do colégio apertavam minha mão com um sorriso triste, não consigo lembrar-se deles. Alguns desconhecidos abriam caminho. Comecei a andar ao palco sem ações. Olhei para baixo e escapei uma tossida baixa.

Começo a subir as escadas e me dou conta que Effie Trinket está estendendo uma mão para mim, aperto-a sem falar nada. Trinket pede uma salva de palmas. Silêncio.

Deu um rápido discurso e saiu andando com seus passos pequenos fazendo pequenos barulhos. Mas antes, pediu para eu apertar a mão de Katniss. Minha cabeça ainda estava abaixada, não a levantei, mas ao ouvir um suspiro de choro levanto a cabeça e me deparo com Katniss, olhando para mim. As lágrimas ainda “escapavam” dos seus olhos. Tenho vontade de dizer a ela, de pedir, para não se preocupar.

Só aperto sua mão, está quente. Meus olhos encontram o seus, e de repente nós dois desviamos o olhar para trás do palco, porque é para lá que vamos agora. Hora das despedidas. Os pacificadores pegam meus braços, somos levados a um corredor, vejo Katniss entrando em uma sala e os pacificadores me direcionam para a sala à frente.

Entrei na sala, tinha um sofá, uma mesa de vidro e outros móveis. Sento-me no sofá vermelho do outro lado da sala e enquanto espero, um pensamento rápido me ocorre à cabeça. Sobre os jogos. Sobre os tributos carreiristas do 1, do 2, algumas vezes até do 4, sobre os meus talentos. Sobre as minhas chances nos jogos. Pequenas.

Uma lágrima escapa do meu rosto e enxugo-a. Meu nome estava lá, por menor que fosse minha chance, eu deveria saber que poderia ser sorteado. Que minha vida ia correr perigo. Capital. Faz algumas semanas que nunca precisei de um motivo para pensar sobre a capital, além dos jogos, mas aqui está. O meu nome sendo dito por Effie, me lembrou, que por mais que minha vida pode até ser boa no Distrito 12, a capital faz você “cair”.

Ouço passos baixos e silenciosos do outro lado da porta, que agora está fechada. É a minha primeira e talvez única despedida chegando. Ouço a voz de um possível pacificador, pelas ordens que ele cita, respiro fundo. A porta faz um barulho estridente e faz-me voltar à porta. Assustado, encaro a primeira pessoa que veio me visitar. Gale.