Quando entrei no refeitorio todos olharam para mim. Eu ainda não estava entendendo, toda aquela atenção, quer dizer existiam semideuses mais estranhos do que eu! Porque as pessoas estavam me olhando? E porque elas CONTINUAVAM olhando. Até onde eu sei encarar os outros é falta de educação!

Ignorei os olhares e me dirigi até a mesa principal acompanhada de Carlos. Quando me sentei todos pararam de me olhar, mas começaram a cochichar. Sentei-me de frente para Quiron e Carlos ficou parado ao lado do Sr.D .

Durante alguns momentos todos nos encaramos (exceto por Carlos, ele estava muito ocupado tremendo).

“Tudo bem, eu começo então.” Eu disse e todos pareceram um pouco aliviados “Porque minha mãe não tem um chalé aqui? Já houve outro filho de Hemera antes?”

“Bem...”Quiron começou“ Sim já houveram filhos de Hemera, acontece que foram poucos, os mais recentes foram duas garotas Ann e Elise. Durante o tempo que ficaram aqui permaneceram na cabine de Apollo.

Mas após alguns anos um pouco antes de Hemera adormecer ela veio até o acampamento chamá-las para ir morar com ela em seu palácio. Não temos chalé de Hemera porque quando a deusa veio até nós nos disse que não haveria necessidade durante um longo tempo, então nunca o construímos.

Mas já pedi a Annabeth que começasse a construir o seu, espero que não se importe mas ele não será muito grande.”

“Não, não me importo, mas... como assim adormecida?! E como assim não haveria necessidade?!”

“Bem de acordo com a última mensagem que recebemos uma mensagem de suas irmãs, elas disseram que sua mãe havia previsto um ataque as forças Olimpianas novamente. Que para tentar ajudar ela teria que dormir para poder concentrar suas forças. Que quando ela levantasse mandaria alguém para nos ajudar aqui. Quanto a necessidade de um chalé... bem acho que ela ainda não planejava te ter.”

Ou será que planejava... mas não haveria necessidade de minha permanência? Talvez ela me levasse para morar com ela e minhas irmãs!

“Mas”...” Recomeçou o centauro “ não foi só por isso que te chamei aqui. Recentemente – e eu odeio ter que te dizer isso- Hemera tem enviado mensagem através dos sonhos de alguns campistas.”

“Que tipo de mensagens?” Mas na verdade oque eu queria dizer era: Porque ela manda sonhos para eles e não para mim?!

“Bem, a maioria tem tido visões bastante caóticas. Mas dentre o que conseguem distinguir a maioria vê uma maçã, uma mulher brilhante (Hemera) que tenta lhes dizer oque achamos ser ‘a ajuda...’” Ele não pode terminar pois neste momento uma carruagem “aterrissou” no meio do refeitório.

Os pégasos se soltaram e saíram voando e relinchando (não pareciam muito alegres) no mesmo momento. De debaixo da carruagem capotada saíram dois semideuses. Um era forte e alto, tinha o cabelo preto comprido e olhos azuis esverdeados, vestia uma camiseta do acampamento meio-sangue e...e-e...e era meu professor de esgrima? Meu professor de esgrima era um meio sangue, do acampamento meio-sangue, usando uma camiseta do acampamento meio-sangue .

E eu me pergunto porque eu estava surpresa! Meu professor segurou a menina que estava com ele logo antes de ela cair. Mas que garota sortuda! Eu também queria desmaiar nos braços do...do... eu acho que não sei o nome dele.

A garota era pequena, delicada como uma boneca de porcelana, tinha cabelos claros e era bem baixinha, não é do tipo que você espera de um herói. Mas eu tinha vontade de ir lá perguntar a ela seu nome... mas ela estava meio desmaiada então não acho que seria uma boa idéia.

Quando Quiron foi até eles a garota quase que imediatamente acordou.

“Obrigada Finn” Meu professor acenou com a cabeça, então Quiron se virou para a garota que já estava de pé “Bem Vinda ao Acampamento Meio-Sangue”

Na mesma hora apareceu acima da cabeça da garota duas mãos direitas se entrelaçando em um aperto de mão, envoltas em ramos de oliveira.

“Harmonia, deusa da música, elementos, frieza, concórdia e espontaneidade. Salve Lillian Pallas Risparmio, Filha de Harmonia”

Tudo bem, eu acho que vocês já sabem oque acontece agora. Bem pra quem não descobriu.

Todo mundo olhou pra ela com a mesma expressão que olharam para mim e o refeitório estava mais uma vez cheio de burburinhos. Essas pessoas não gostam de gente nova? Só pode. A garota parecia tão confusa quanto o meu professor.

A mesa de Athena estava boquiaberta e tagarelava sem parar. Quiron chamou Lillian pra sentar conosco.

Ela veio e parecia bastante intimidade, mas quem não estaria?! Quem sabe que tipo de coisa a estava seguindo antes que ela chegasse aqui numa carroça voadora para encontrar um bando de gente estranha.

Ela se sentou ao meu lado, eu podia sentir... Era um tipo de calma, a garota exalava uma energia pacificadora, eu percebi que Quiron parecia menos tenso, Carlos não tremia mais e o Sr.D ...bem ele parecia tão mau humorado quanto antes, só que agora ele parecia meio confuso.

“É Lillian, sinto lhe dizer, que nós não temos um chalé de Harmonia ainda. Mas estarei providenciando um lugar para você ficar até que seu chalé seja construído” Disse Quiron

“Ela não poderia ficar na casa grande também?” Eu disse, se você acha que é só porque eu estou me sentindo sozinha pode desistir! Eu sou muito auto-suficiente! Ok talvez nem tanto.

“Ah, me perdoe, não nos conhecemos ainda! Sou Lillian, muito prazer” A voz dela soava como o tilintar de sinos e me fez sentir leve como a uma pluma.

“Aam, é, eu sou Angeline filha de Hemera , muito prazer.”

“Infelizmente não há mais vagas na casa grandes, os outros quartos estão ocupados.” Disse Quiron

“Então porque ela não pode ficar no meu quarto?” Eu falei rápido.

“Bem... é, vou ver o que posso fazer.” Disse Quiron que parecia um poço intimidado.

Fizemos nossos pratos, quando joguei minha oferenda só desejei me ajustar logo a este lugar novo. Durante toda a refeição ninguém disse uma palavra. Quiron pediu a Carlos que nos mostrasse o acampamento já que no dia anterior eu só tinha visto os chalés.

Começamos pela parede de escalada, e fizemos todo o caminho até o pinheiro de Thalia que foi uma garota transformada em arvore, mas agora voltou a ser uma garota. Pendurado na arvore está um velocino de ouro, e protegendo os dois tem uma coisa muito linda chamada Peleu. Peleu é um dragão, mas eu não vejo como ele pode ser um ‘Dragão de Guarda”.

Ele é tão fofo quanto um panda com um laço cor de rosa rodeado por chocolatinhos em forma de coração com recheio de cereja, sendo banhado em pétalas de rosa que estão sendo jogadas por cupidos enquanto fadas tocam harpas.

Talvez nem tanto.

Depois de atravessar o rio fomos da forja até a arena. Quando chegamos aos chalés disse a eles para continuarem sem mim.

E agora o que eu faria? Decidi voltar à casa grande. Eu estava nos primeiros degraus quando ouvi vozes abafadas tentando falar baixo em um tom sério e cauteloso. Minha curiosidade veio antes dos meus modos e eu subi sem fazer barulho os degraus restantes. Encostei-me ao lado da porta quase sem respirar, ouvindo atentamente.

“Mas elas não estão preparadas!” falou uma voz feminina

“Eu também não estava.” Uma masculina “Mas tive que fazê-lo.”

“Talvez nos possamos treiná-las um pouco” Esse era Quiron

“Não vai ser o suficiente!” a feminina

“Annabeth só elas podem fazer isso.” A masculina (Percy pelo visto). Então Quiron, Annabeth e Percy estão conversando escondidos sobre fazer alguma coisa com garotas... Isso não cheira bem.

“Então vamos consultar o Oráculo primeiro!” falou Quiron.

Barulhos de pessoas se levantando. Eu corri para o primeiro degrau e fingi que acabava de chegar. Comecei a subir e quando cheguei perto da porta pude ouvir Quiron falando “Tragam Lilli primeiro.”

No mesmo momento a porta se abriu e Annabeth e Percy saíram

“Oi Ang tudo bem?” -Percy

“Sim, e com vocês?”

“Também, você viu a garota nova por ai?”-Ann

“Carlos está levando ela para ver os chalés.”

“Ok, nos vemos mais tarde”-Percy

Eu olhei dentro da sala, mas não vi Quiron. Essa casa tem o péssimo costume de ficar constantemente vazia. Eu não estava muito a fim de ficar sozinha, muito menos em uma casa deste tamanho. Eu não sabia para onde ir então me sentei na escada com um suspiro.

“Sabe, você deveria tomar mais cuidado quando está bisbilhotando”

“Aaaah! Por Zeus que susto Traviz!”

“Então o que descobriu?”

“Descobri sobre o que?”

“Sobre a conversa que você estava ouvindo escondida e não finja que não estava.”

Eu olhei para a porta e falei um ouço mais alto

“Eu não ouvi conversa nenhuma.”

“Ele já saiu.”

“Não tenho certeza do que ouvi...”

“Então me diga mesmo sem saber.”

“Porque você quer saber afinal?”

“Vamos fazer o seguinte: Você me conta o que ouviu eles falando e eu te conto oque todos estão falando”

“Feito”

Eu contei o que havia escutado.

“Sua vez de me contar as fofocas” Ele deu um sorrisinho, mas não respondeu. “Nossa estou tão mal assim!”

“Não... é só que aah esquece! Você quer saber o que estão falando ou não?”

Foi ai que fomos interrompidos.