Lembro de que combinamos de nos encontrar novamente no dia seguinte. Kohara me convidou para ir a um ensaio da banda dele, eu vibrei! Ia ficar pertinho dele de novo! Pedi pra ele cuidar bem do meu celular e se possível deixá-lo no silencioso. Eu sabia que o Richard ia me ligar alguma hora...

Despedi-me dele, sorrindo de orelha a orelha e fui tomar banho. Tinha sido a melhor tarde da minha vida! Horas mais tarde fui jantar. Estava vendo estrelas, aliás, estrelas não! A Via Láctea toda! Estava feliz, mas queria me socar por estar agindo tão melodicamente apaixonada. Eu nem sabia o que ele sentia por mim e já estava imaginando mil coisas. Terminei a janta e voltei pro quarto. Peguei meu notebook e resolvi fuçar algo na internet. Senti um estalo e fui procurar algo por “Shou”. Choveu informações! Fiquei tonta, e quase enfartei quando descobri que meu paquera era vocalista de uma banda FAMOSA! Acho que minha respiração parou por alguns segundos. Minha ficha não tinha caído. Procurei por fotos, shows, tudo! E estava lá “Vocalista da banda Alice Nine.” Por que ele não me falou nada? Talvez tenha achado que eu poderia ser uma fã maluca... Pra mim faz sentido agora ele e os colegas terem saído do hotel.

Fui brochando.

Meu ânimo tinha ido parar no pé. Liguei pra ele. Óbvio que ele não atendeu porque meu celular estava no silencioso. Xinguei-me, claro! Acredito que eu tenha apagado porque só acordei com o telefone do quarto tocando insistentemente. Estiquei o braço sobre o criado mudo e caí com tudo da cama.

É. Eu fico MUITO idiota quando acordo.

“Alô?”

“Senhorita Witherspoon?”

“Hai?”

“Ligação para a senhorita. Deseja atender?”

“Hai. Pode passar.”

Continuei deitada no chão. Estava morrendo de sono.

“Ami?”

“Shou?”

É. Eu ainda estava com isso na cabeça.

“Ami! Tá tudo bem? Desculpe não ter atendido o celular, estava no silencioso e... “, eu o interrompi.

“Sim, sem problemas. Aliás, que horas são?”

“São quase 15hs.”

“Jura? Ai droga...”

O ensaio seria às 16hs e eu ainda estava no hotel.

Não poderia estragar meu primeiro encontro decente com o Kohara. Levantei-me e senti meu estômago roncar. Tinha perdido o horário do almoço e teria que me virar com um lanche na rua.

“Ami?”

“Ah, desculpe Kohara! Acho que não vou poder ir ver o ensaio.”

“Como assim? Você vai sim! Vou te buscar.”, e desligou sem que eu pudesse dar alguma desculpa.

Fui voando tomar um banho, afinal eu precisava estar apresentável para ele. Acredito que me arrumei em menos de 5 minutos. Agradeci por ser verão! Catei uma blusa de alça branca e coloquei minha calça jeans favorita. Enfiei o tênis meio apressada e minha barriga roncou de novo. Abri o frigobar e lá estava o precioso café. Nunca fiquei tão feliz de ver um café. Peguei minha bolsa e saí em disparada do hotel. Fiquei na entrada esperando-o, já que ele estava proibido de voltar lá. Tomava o café sossegada quando senti uma mão em meu ombro. Virei-me e quase me engasguei com o que tinha visto.

“Kohara?”

Ele usava um boné, e óculos escuros. Estava com uma camiseta florada e bermuda. Nos pés, chinelos.

Eu rolo de rir quando me recordo disso. Ele fica puto.

Parecia um...

“Turista?”, comentei.

“É. Mas até que fiquei bacana. Sinto-me super confortável.”

Puxei o dali e começamos a andar. Quando já estávamos longe do hotel, não agüentei segurar a risada. Ele até aproveitou o clima e tirou uma foto disso.

Estou no momento olhando para ela. Quem diria que um ano depois ele iria me pedir em namoro?

Caminhamos tranquilamente até um local que parecia um ginásio. O lugar era ENORME! Fiquei de boca aberta só de ver aquela construção crescer cada vez mais quando eu me aproximava. Kohara me puxou e entramos pelos fundos. Estava tão impressionada que levei alguns segundos para notar que ele segurava minha mão. Gelei na hora! E ele percebeu porque eu não parava de olhar para esse pequeno detalhe.

“Sua mão está fria.”

“Oi?”

“Fria. Você tá nervosa, Ami?”

Eu tava quase morrendo!

“Ah é. Só nervoso.”

“Então não se preocupe que vou proteger você.”

O abracei meio desajeitada e sorri longamente. Sentia que a vida voltava a sorrir pra mim.

Chegamos ao local e ele me arranjou um daqueles crachás de passe livre, sabe? Eu podia fazer a festa! Ignorando esse pequeno deliro... Um rapaz foi se aproximando de nós. Era alto, muito alto. E me senti minúscula quando ele chegou mais perto.

“Finalmente, Shou! Onde você se meteu?”, o garoto ficou me encarando uns instantes e eu o reconheci.

Era o rapaz que havia me notado primeiro na cafeteria.

“Você!”, falamos ao mesmo tempo.

Kohara ficou nos encarando um tempo e nos apresentou.

“Ami, esse é o Tora.”

O garoto sorriu gentilmente e apertou minha mão. No começo eu não gostei muito dele, e hoje Tora é como um irmão mais velho pra mim. Estranho, não?

“Blusa branca? Vou rezar pra que chova.”

Levei na brincadeira, já que estava sem idéias para dar uma resposta a altura. Tora se enfiou entre eu e Shou e caminhamos tranquilamente. O moreno ria horrores da roupa que Kohara usava, não agüentei e ri junto. Sabia que o Kohara fica uma graça tímido?

“Quem te arranjou essa roupa, Shou?”, perguntou Tora.

“Foi o Nao.”

“Vou agradecer a ele por ter me feito rir tanto! Ai ai...”

“Tive que me disfarçar pra ir me encontrar com a Ami. Foi a única idéia que me surgiu!”

“Eu adorei. Nunca ri tanto!”, comentei.

“Achei uma parceira de piadas. Você não se importa se eu roubá-la um pouco né, Shou?”

Tora me puxou para o lado e passou um braço sobre meus ombros. Morri de vergonha! Olhei para Kohara e vi-o morder levemente os lábios. Opa. Será que ele ficou com ciúmes? Até hoje ele não me fala sobre isso, e sempre que comento sobre, ele muda de assunto. Quero acreditar que foi a primeira cena de ciúmes dele. Tão fofo!

Logo depois fui apresentada aos outros rapazes da banda e vi o garoto que tinha trombado em mim e derrubado o café na minha blusa. Hiroto era o nome dele. Ele sorriu todo tímido e não consegui me segurar. Abracei o rapaz e apertei as bochechas dele. Super gracinha!

Notei que Kohara tinha sumido, e ao perceber minha preocupação, Tora me acalmou.

“Ele foi tirar aquela roupa ridícula.”. Fui obrigada a rir do tom sério dele.

Seguimos até perto do palco e me deixaram ali perto só para ver o ensaio. Realmente vir para o Japão me deixou inspirada! Fiquei observando os rapazes e nada do Kohara aparecer. Começava a ficar ansiosa.

“Posso passar?”

Virei-me e vi o meu menino. Pulei sobre ele e ficamos abraçados. Sentia-me incrivelmente bem perto dele. Ao longe, ouvi a voz debochada do Tora.

“Se escondam se forem fazer outras coisas.”

Eu e Kohara apenas sorrimos. Me despendurei dele e notei que ele estava vestido como gente, porque aquele visual turista não combinava nada com ele. Vestia uma blusa branca simples, calça jeans e tênis.

É. Estávamos parecidos.

“Vai-me ver cantar hoje.”

“Uhum. Você foi me buscar.”

“Então se eu não tivesse ido lá pagar aquele mico, você não viria?”

“Provavelmente.”

“Eu iria te buscar de qualquer jeito.”

Nem preciso dizer o quanto fiquei boba. Abraçamos-nos novamente e pra minha surpresa ele me roubou um selinho.

Ouvi fogos estourando! Meu mundo tinha virado de cabeça pra baixo! Eu estava flutuando! Tantas emoções num simples selinho, e eu quase desmaiei de emoção nos braços dele.

Dane-se se ele era vocal de uma banda famosa e tinha milhares de fãs. A partir dali, eu soube que ficaríamos juntos.

Como estamos agora.

12/02/09