A Escritora, o Cantor e o Café escrita por Pandora Sama


Capítulo 3
Reencontro.




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O rapaz que estava ao meu lado não sabia se me ajudava a levantar ou corria até o amigo que estava se sufocando. Resolveu me ajudar e me levou até onde o grupinho estava. As lágrimas não paravam de cair sobre meu rosto e Kohara parecia voltar ao normal.

“Ami!”. É. Ele não conseguia pronunciar meu nome direitinho. Ele me chama até hoje de ‘Ami’ e não ‘Eimi’.

“Seu cretino!”

Comecei a bater nele. Tapinhas de leve porque eu estava por demais emocionada de reencontrá-lo. Ouvi os outros rapazes começarem a rir. Acredito que não era sempre que eles encontravam uma louca cheia de café na blusa, chorando e batendo no companheiro deles.

“Ai! Ai! Peraí! Deixa-me explicar!”

“Explicar o quê? Fique mais de uma semana te esperando!”

Kohara me segurou pelos braços e me tirou de perto dos outros. Eu ainda escutava os outros garotos rindo.

Entramos na cafeteria e sentamos numa mesa mais afastada.

“Tá mais calma?”

“Hum, me deixa ver. Minha blusa está suja, seus amigos riram de mim e você me abandonou. É. Tô calma sim.”

Eu estava furiosa! Sentia minhas bochechas queimarem. Sequei inutilmente as lágrimas e ele gentilmente segurou minhas mãos. E claro, sorriu. Argh. O sorriso dele sempre me desarma.

“Desculpe por tudo isso. Principalmente por te deixar.”

Acho que só faltava uma música romântica de fundo pra eu me atirar nos braços dele. E ele começou a se explicar.

Tinha dito que uma fã da banda descobrira onde ele e os amigos estavam hospedados, aí tiveram que trocar de hotel e ele não teve tempo de me avisar. E pra ajudar, o empresário o proibiu de se aproximar do hotel. Achei o cara um neurótico, isso sim. Eles fizeram os shows e agora estavam dando um tempinho.

“Mas eu não desisti de te encontrar.”

Morri né? Fiquei feliz pelo que ele havia dito, com certa desconfiança, óbvio. Ele é homem!

Conversamos mais um pouco até sermos atendidos por uma moça bem alegre.

“O que vão querer?”

“Dois cafés, por favor. Você gosta de café, Ami?”

“Na verdade, eu odeio.”

Ele sorriu. Tinha falado algo errado?

“Não gosta? Bem, tenho certeza que de um você vai gostar. – ele se virou pra moça. – Dois cafés com creme.”

Vi a menina anotar o pedido e sumir pela cafeteria.

“Você vai tomar esse café sozinho, Kohara.”

“Não vou, pode ter certeza.”

Adoro a prepotência dele. Talvez isso e outras coisas me deixaram caidinha por ele.

Estou deixando a história tão melodramática. Nosso encontro não foi tão sem sal assim! Será que estou omitindo alguns fatos? Poxa, não consigo lembrar... Mas voltando ao café...

Os pedidos chegaram e eu fiquei olhando totalmente incrédula para a xícara a minha frente. Olhei para Kohara e ele já tomava aquele café sem preocupações, tinha até um brilho nos olhos! Na hora nem quis saber a composição daquela bebida. Ele ficou cutucando minha xícara, empurrando-a de leve. Puxei a bebida e ergui-a entre minhas mãos. Respirei fundo e bebi um gole. Sabe, acho que foram os cinco segundos mais emocionantes da minha vida! Foi como um... Err... Desculpe o palavreado agora, mas aquilo foi quase um orgasmo! Lembro de ter fechado os olhos para apreciar melhor aquele momento. Quando os abri, Kohara olhava curioso para mim, quase uma criança.

“E então?”

“Nada de mais. É só um cappuccino com creme.”, não quis me dar por vencida.

Sim, sou teimosa.

“Não foi o que percebi.”

Na hora não dei muita bola e continuei a tomar o café. Pra quem odiava cafés, aquele saiu melhor que a encomenda. Ele não parava de sorrir para mim e eu já estava vendo estrelas. Amo tanto ele!

Tivemos que sair, pois ele precisava fazer algumas coisas. Kohara insistiu em pagar tudo e ainda fez questão de comprar mais dois cafés pra viagem. Amoroso, né? Quando saímos da cafeteria notamos que os amigos dele não estavam mais lá. Eu agradeci aos céus! Não queria ser alvo de piadas novamente. Vi Kohara pegar o celular e ligar para alguém. Achei que ele ia explodir ou algo do tipo, mas falou bem tranqüilo. Foi então que senti umas gotas no meu rosto, e adivinha? Era a chuva chegando. Não pensei duas vezes, peguei o meu aparelho, coloquei no bolso de trás da calça dele e comecei a correr.

Toda vez que me lembro disso começo a rir. A carinha de ponto de interrogação do meu menino era a coisa mais fofa.

Só tive tempo de escutar um “Não vá embora!” e já saía correndo em disparada pro hotel. Escapar da chuva foi inevitável pelo menos não cheguei tão ensopada. Corri pro meu quarto, detalhe que peguei as escadas até o 7º andar. Não lembro onde arranjei forças, se foi da paixão ou do café, que por acaso ainda estava bem seguro em minha mão. Entrei voando no quarto, peguei o telefone e rapidinho liguei pro meu celular. Tocou por várias vezes e minha agonia foi sumindo. Onde ele estaria? Quando pensei em desligar, aquela voz doce me trouxe pra realidade. Quase chorei de novo! Tonta...

“Moshi? Moshi?”

“Kohara?”

“Hum... Ami?”

“Sim!”

“Sua doida!!!”

Não agüentei e comecei a rir.

A felicidade estava voltando!!!

 


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Notas finais do capítulo

Mais um cap. ;D

Falem se estão gostando da fic, ok?
Ou odiando.

Aceito críticas também. o/



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