The Story Of Us. escrita por Jones


Capítulo 2
Once Upon a Time...




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How we met and the sparks flew instantly and people would say “they’re the lucky ones!”

Eu vou resumir o passado nesse início de história, assim vocês poderão entender minha angústia: porque ir do céu ao inferno em um pouco mais de um ano é angustiante.

Como eu disse anteriormente, meu nome é Rose, Rose Jane Weasley. E essa história começa quando eu entro em Hogwarts, aos onze anos de idade e com muita vontade de aprender, além dessa pose de sabichona que fui aperfeiçoando ao longo desses anos.

Eu e Al entramos juntos em Hogwarts – o que é claro já que temos a mesma idade, dã. – mas o início da nossa separação foi quando ele entrou para Sonserina e eu entrei em Grifinória e, por mais tímido que ele possa ser, arranjou um bocado de amigos ricos e mimados. Ok, isso é inveja porque ninguém quer ser amigo da ruiva desajeitada que parece ter abusado de algum feitiço de crescimento e que lê o tempo inteiro. E foi por isso que me aproximei do primo, também irmão mais velho de Al, James. Talvez a pessoa mais oposta a mim nessa grande escola ou a segunda, já que junto a James como se eles fossem um grande pacote, veio Scorpius.

James é forte, alto e todo popular, e ele já era assim aos doze anos. Scorpius Malfoy é uma cópia loira e um ano mais nova de James. Ah! E de Sonserina.

Não faço ideia do que nos uniu. Eu era a desajeitada e sabe-tudo do primeiro ano, nem um pouco popular; James era charmoso e tinha a maior popularidade possível – aos doze já era membro do time de quadribol e adorado pelas menininhas do primeiro ano; Scorpius era o bonitinho riquinho que adorava aprontar com o melhor amigo, ele era do primeiro ano e odiava Sonserina, não que ele fosse corajoso o suficiente para dizer em voz alta.

Meus pais e os pais de James são os melhores amigos que o mundo inteiro já viu. E isso não é ironia, eles são muito amigos mesmo. Eu adoro o Tio Harry e a Tia Gin. Mas quando o todo poderoso Malfoy descobriu que os melhores amigos de Scorpius éramos eu e Jay, o cara ficou irado. E ‘irado’ nesse contexto significa literalmente ‘cheio de ira’. Eu pensei que nunca o veria mais irado, mas isso piorou quando eu e Scorpius começamos a namorar, no quinto ano. Ah, mas nesse caso, Ronald Weasley sim ficou a cara do desespero. Ronald é o meu pai, para quem não é tão familiar assim com a guerra contra o Lorde das Trevas, destruição e o bem vencendo o mal finalmente. Adoro o fato dos meus pais serem heróis. Menos a parte que as pessoas esperam que eu seja heroína também.

Mas não vamos avançar na história a esse ponto.

No primeiro ano, eu e Scorpius nos odiávamos. Eu sentia todas aquelas sensações esquisitas que eu não sabia explicar aos onze anos, e isso me irritava... Aquele formigamento, mãos suadas e ás vezes aquelas palpitações idiotas.

Mas eu sempre dei um jeito de interpretar isso da minha maneira e eu atribuí esse turbilhão de sensações a ódio. Era tão divertido discutir com ele todas as manhãs, ou no fim da tarde enquanto eu fazia os exercícios de James e ele copiava os meus. Isso é, quando eu o deixava copiar, na maioria das vezes eu o deixava copiar, mas eu gostava mesmo de vê-lo implorar pelas minhas anotações de Herbologia.

De qualquer maneira, quando chegamos ao quarto ano, eu comecei a entender que todas aquelas faíscas significavam outra coisa. O que coincidiu com James se envolvendo romanticamente com – a até então namorada – Abigail Jones. E ela não foi uma adição ao grupo. Pelo menos não no início. Era aquela coisa esquisita né: eu e Scorpius ficávamos nos olhando enquanto Abbie e James mandavam a ver e agora ele tinha alguém que o obrigava a fazer os próprios exercícios e, cara eu adoro essa garota. Mas toda aquela pegação era no mínimo desconfortável e desagradável.

E provavelmente eu tenho que agradecer aos dois – ou matá-los, dadas as atuais circunstancias – porque se não fosse aquele namoro, nós não nos aproximaríamos tanto no quarto ano, não teríamos brigado tanto ao ponto de nos beijarmos nas férias de verão e ele não seria tão old fashion ao ponto de enfrentar meu pai para me pedir em namoro – antes mesmo de me perguntar se eu queria – sob o risco de ser amaldiçoado (risco que eu corri em um jantar na casa dos Malfoy... Pesadelo.) no início do quinto ano.

Se eu te disser que esse ano que namoramos foi um mar de rosas, estarei mentindo. Mas foi próximo disso. Nunca fomos do tipo casal grude, mas aproveitávamos quando estávamos juntos... E ele é lindo cara, de verdade – e eu espero que ele não leia isso. Ele é todo carinhoso quando estamos sozinhos, bem mais que eu na verdade, atencioso e ás vezes até romântico.

Era incrível como conseguíamos ser nós mesmos o tempo inteiro quando estávamos juntos e ao mesmo tempo pessoas completamente novas. Eu estava conhecendo um novo Scorpius... Foi bom saber que existia algo maravilhoso por trás de toda aquela implicância e confusão – não que tenhamos deixado a implicância realmente de lado.

Mas é o que dizem por aí: no início são sempre flores.

Difícil é o que vem depois.

‘cause lately I don’t even know what page you’re on.

Eu achei que só o início da nossa história teria esse tom shakespeariano, mas teria um fim bem ‘felizes para sempre’ no estilo clássico de filme animado da Disney. Nosso relacionamento foi proibido por todos os lados e de todas as maneiras, mas sabe quando você imagina que no fim o amor vai prevalecer e tudo vai dar certo?

Para com isso, seus infelizes! Nada vai dar certo!

Esse é o erro fatal. Foi provavelmente essa crença que acabou com a vida da coitada da Julieta: a crença de que o amor sempre vence tudo e a todos.

Ah, mas eu vou contar uma novidade para Ju: o amor não vence a morte, queridinhos.

Um beijo de amor verdadeiro não vai te ressuscitar se você tomar veneno ou enfiar uma faca no próprio peito. Não sejam idiotas.

Quando você morre, acaba. Você morreu.

Ou você vira um espírito de luz – seja lá o que isso significa – ou vai para o céu partilhar dos campos elísios, sei lá. Não sei mesmo quais são suas crenças... A minha é de que depois que eu morrer minha menor preocupação vai ser encontrar o amor que a vida me privou.

Aprender a flutuar e a assobiar são as prioridades.

Mas talvez eu só acredite nisso porque meu Romeu está mais para Ace Ventura do que para Landon Carter – essa foi para quem está familiarizado com Um Amor para Recordar e horas de choro porque a mocinha morreu... Viram que o beijo do amor verdadeiro não cura o câncer? – ou talvez minhas expectativas só estejam altas demais.

De qualquer maneira, voltando a um passado mais recente, eu estava andando com a minha pilha de livros habitual quando o vi. Distraidamente charmoso, com o cabelo loiro desajeitado e o sorriso no canto dos lábios. O cara é bonito.

Mais uma vez não tinha lugar para mim naquela mesa cheia de Sonserinos e eu fiquei procurando um lugar vago até encontrar James e Abbie – que tiveram a solidariedade de manterem os lábios afastados quando me aproximei. Acho que esse lance de namorar pra eles é mais tranquilo, porque já faz uns dois anos, cara.

– Tá difícil, hein. – Eu disse despejando cuidadosamente meus livros sobre a mesa.

– O que está acontecendo? – Abbie perguntou delicadamente, o que é anormal para os padrões dela, devo dizer.

– Nada. – Falei abrindo meu livro de poções. – É só que esse lance de namorar é realmente complicado.

– O que Scorpius fez? – James, dando uma de super protetor, perguntou fuzilando Scorpius com os olhos do outro lado da biblioteca. – Por que você está aqui, para começar?

– Obrigada pelo convite gentil para que eu me retire. – Eu cruzei os braços.

– James! – Abbie o repreendeu com uma forte pancada no braço esquerdo.

– Calma, anã de jardim. – Ele disse antes de levar outra pancada no braço. – Acostume-se com o seu tamanho, duende. E de qualquer maneira, eu só perguntei porque os dois costumam passar esse tempo juntos.

– Que maneira sútil de perguntar. – Abbie cruzou os braços, girando os olhos.

– Costumávamos. – Eu respondi segurando o choro, sou tão manteiga derretida.

– O que aconteceu? – Abbie insistiu, me instigando com aqueles grandes olhos castanhos a continuar. E por incrível que pareça, eu confiava naqueles olhos castanhos.

– Eu não sei. – Eu disse um tanto quanto triste. – Eu costumava saber que meu lugar era em qualquer lugar ao lado dele, e agora eu tenho que ficar procurando por um lugar vazio... Tendo que me sentar com vocês. Sem ofensas.

– Não nos importamos. – Os dois responderam em uníssono. Isso era irritante, só queria dizer.

– Eu não sei se eu fiz algo de errado, ou se agora que nossos pais se acostumaram um pouco com a ideia, ficar comigo se tornou algo tedioso... Sei lá. – Desabafei, encolhendo os ombros. – E me desculpem por eu encher o saco com essas baboseiras, é só que...

– Não nos importamos. – Replicaram em uníssono, de novo. Apesar de irritante é um pouco fofa essa sintonia.

– E não é da boca para fora garota, mas olha para você! – Abbie disse com aqueles gestos exagerados. – Alta, magra, ruiva, linda e mais inteligente que metade dessa escola junta. Ele seria um idiota se tivesse se cansado de você... E se não tiver dando certo, parte pra outra, tenho certeza que muitos matariam por uma chance.

– Ah, claro. – Eu girei os olhos. Lá vinha Abbie e essa mania de me tratar como uma super model trouxa.

– Abigail, não fica aí mandando a namorada do meu melhor amigo encontrar um outro cara. – James repreendeu Abbie, cruzando os braços. – Isso não se faz.

– Se faz quando o seu melhor amigo está sendo um babaca. – Abbie replicou também cruzando os braços.

– Mas vai ver ele está com um problema e você está aí o julgando. – James disse exasperado. – O cara é o meu melhor amigo.

– E ela é sua melhor amiga. – Abbie argumentou no mesmo tom. – Você é machista.

– Rose, se você e o Scorpius terminarem, eu te proíbo de namorar. – James disse erguendo a sobrancelha. – Você já me desobedeceu uma vez!

– Ah, cala a boca. – Abbie disse girando os olhos. – Você não proíbe nem a sua coruja de bicar o seu dedo.

– Abbie, não vamos falar sobre isso agora. – James disse estreitando os olhos.

– Tudo bem, sem brigar, estamos no mesmo time. – Abbie disse descruzando os braços.

– Ok, crianças, eu estou indo para a sala comunal. – Eu disse rindo. – Até daqui a pouco, e ah, James, eu prefiro que você não fale com Scorpius sobre isso, ok?

– Ok, né? – James respondeu contrariado.

Mas James não consegue ficar em silêncio.

De verdade.

É por isso que eu não desabafo por aí.

Sério mesmo.

O meu primo traidor deu com a língua nos dentes, claro. Scorpius me mandou um bilhete na aula de Defesa Contra as Artes das Trevas dizendo que queria conversar. Agora que estamos vivendo um inferno ele quer conversar.

Eu não quero conversar. Não quero mesmo.

Eu conheço a ‘conversa’, já vi muitos filmes e sei que quando um dos componentes do casal diz “precisamos conversar” o que na verdade ele quer dizer é “eu sei que você não é estúpida, nossa relação tende ao fracasso, vamos terminar”.

E eu não estou pronta para terminar.

Pode me chamar de birrenta, tanto faz, mas eu não queria nem namorar para início de conversa e aí eu aceitei namorá-lo. Eu disse para eu mesma que não ia estragar tudo, porque eu sempre estrago tudo... E eu não vou estragar tudo. Eu posso já ter estragado tudo, mas eu vou descobrir o que eu fiz antes.

Eu hein, o cara não vai terminar comigo.

Então eu disse para ele que não ia conversar nada, se ele tinha algo para me dizer ele podia dizer, mas que eu não queria conversar.

Isso não fez sentido, ou fez? Claro que não.

Como não fez sentido, ele não entendeu bulhufas e pela primeira vez em três semanas estávamos sentados sozinhos na biblioteca. Eu escolhi a biblioteca porque ele não pode terminar comigo em um lugar público: eu poderia começar a chorar e gritar loucamente. Não que eu tenha a intenção de fazer isso, jamais faria isso, aliás. E cara, se ele quiser terminar comigo, ele que termine, mas antes eu vou tentar impedir.

Ou talvez eu termine com ele, e aí?

Eu não estou ficando louca, preciso acrescentar.

O que eu estou dizendo é que eu não quero que ele termine comigo. Se esse negócio tem que acabar, eu que vou terminar com isso tudo. Eu não quero saber se isso soa esquisito, mas eu estou naquela fase de rir de todos os momentos bons ao mesmo tempo em que choro pensando na situação atual.

Ah e eu tenho meu orgulho né? E ele é do tamanho do meu corpo gigante de um metro e setenta e sete.

E parece que a gente caminha para o fim mesmo, cara, e eu tinha tanta coisa que eu precisava que ele soubesse, mas aquela muralha que a gente construiu nos separando um do outro é alta demais para que eu possa quebrá-la.

***

Pois é, eu não sei o que Scorpius entende por conversa, mas aquilo, na minha opinião, não era uma conversa.

Estávamos ali sentados um de frente para o outro naquela sala lotada. Estávamos juntos, mas eu tinha a sensação de que estávamos separados... Eu me sentia só.

– Como você tá? – Dissemos em uníssono.

– Ah, ok, você primeiro. – Mais uma vez em uníssono.

– Eu estou bem. – Falamos juntos mais uma vez e sorrimos.

– Como vai a aula de Aritmancia? – Scorpius me perguntou depois de mais um momento silencioso desconfortável.

– Boa. – Eu respondi com um sorriso mais falso que o habitual. – E a de Adivinhação?

– Chata como sempre. – Ele encolheu os ombros.

– Que saco. – Essa foi a minha tentativa de apoio e suporte ao que ele disse.

E essa foi a nossa conversa.

Eu estava morrendo para saber se aquela situação estava o matando tanto quanto estava me matando. A verdade era que não sabíamos o que dizer nem o que fazer e eu estava me perguntando quando destino deu essa volta idiota e destruiu meu relacionamento com Scorpius. Em um dia éramos um casal, no outro éramos amigos que se beijavam e no outro éramos amigos. Agora eu nem sei o que somos.

Somos um par patético que insiste em manter o título de namorados. É isso que somos.

– Tenho que ir. – Ele se levantou e me deu um beijo na testa. – Te vejo depois.

– Ok. – Eu respondi para o vento, já que ele já tinha ido embora.

Idiota.

Duvido que ele vá me ver depois.

Quer dizer, ‘depois’ é um tempo perdido no espaço. ‘Depois’ pode ser daqui a pouco, ‘depois’ pode ser amanhã e ‘depois’ pode ser depois de amanhã.

Do jeito que está essa parada, ‘depois’ vai ser ‘ano que vem’.

Eu disse para eu mesma anos atrás “não namore caras bonitos: eles dão trabalho e você não quer trabalho!”. Esse é o grande problema de ser maluca e conversar com você mesma: você nunca se escuta. Burra.

Se Otelo conversasse com ele mesmo, ia ver que sentir ciúmes de Desdêmona com Cássio era loucura já que ela o amava loucamente e o carinha não fez mais que ajudá-lo a conquista-la, mas mesmo assim não ia escutar a ele mesmo e ia matar a pobrezinha. Se Emília conversasse com ela mesma, ia ver que as ideias do marido dela eram loucas e não ia acabar morta. O que eu quero dizer aqui é que ás vezes conversar não leva ninguém a nada.

E que eu leio muitas tragédias shakespearianas.

Acho que é porque eu pressinto que minha história de amor está parecendo mais uma tragédia.

Vamos ver quem vai acabar morto.

Ok, não falo mais de morte.


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