Ciborgue, Ravena e Mutano estavam na sala da torre, fazendo suas coisas de sempre. Ciborgue e Mutano jogando, mas o que Ravena estava fazendo na sala? Mutano sempre achava estranho ela estar na sala na companhia de “dois idiotas” como ela mesmo dizia, é claro que, todos sabiam que era o que podemos chamar de “brincadeira” da parte dela, mas ela podia ficar em seu quarto, no seu silêncio, mas ela preferia ficar ali, sem motivo algum.

– Estou com fome. O que tem para comer? – Perguntou Ciborgue, enquanto alisava sua barriga.

– Nada! – Gritou Mutano, fazendo Ravena o olhar com desprezo enquanto tomava um susto. Mutano não podia acreditar, era um caos não ter comida na torre. – Precisamos fazer compras... – Pausou ele. – Urgente!

– Se acalme verdinho, podemos ir à pizzaria. O que você acha Ravena? – Ciborgue olhou Ravena que apenas observava.

– Tanto faz! – Pronunciou sumindo da sala.

– Vou chamar a Estelar. – Disse Mutano assim que Ravena desapareceu. Naquele momento ele chegou a uma conclusão: tinha medo de Ravena.

Sobrou apenas Ciborgue na sala, esse apenas suspirava observando alguns detalhes na sala. Era entediante ficar sozinho, por mais que por alguns segundos, mas odiava isso. Talvez tenha se tornado muito dependente de seus amigos, mas não via isso como algo ruim.

Robin entrou na sala, mesmo com a máscara, Ciborgue podia ver que estava irritado. Robin, o mais calmo dos Titãs, bravo?!

– Vamos à pizzaria. – Ciborgue disse enquanto mexia em alguns enfeites pela sala.

Não precisava ouvir nenhuma resposta de seu líder, pois sabia que ele iria junto.

– E então, vamos? – Disse Estelar adentrando a sala, seguida por Mutano e Ravena.

No caminho à pizzaria, o clima no carro estava tenso, coisa que Ciborgue e Mutano odiavam. Mas nem as brigas que tornaram-se normais, estavam acontecendo, fazendo Ravena lembrar que brigas não eram consideradas normais pela sociedade, apenas na torre T presenciava esse tipo de atitude partida dos dois todos os dias, mas ela também percebeu que, um dia sem a costumeira briga daqueles dois, era um dia triste. Era quase um alerta dizendo que o dia estava ruim, ou coisas ruins aconteceriam. Ela gostava do clima divertido da torre, mas negaria isso até a morte, ou não.

Chegaram á pizzaria ainda em silêncio. O que estava acontecendo afinal? Até mesmo Ravena se sentia incomodada com aquele clima.

– Então Estelar, descobriu quem é o seu “admirador secreto”? – Ciborgue dizia fazendo aspas com os dedos.

– Ainda não. – Disse ela encarando o cardápio a sua frente.

Depois de todos terem brigado pelo sabor da pizza e Ravena como sempre, resolvendo a situação. Comeram em silêncio. As pessoas em volta achavam estranho. Afinal, os Titãs sempre estavam ali e sempre falavam mais do que aguentavam, então por que estavam quietos? Algum problema estaria acontecendo na cidade?

Voltaram a torre T, o que fariam agora? A noite estava só no começo, tinha muito tempo para fazerem algumas coisas.

– Que tal assistirmos um filme? – Sugeriu Estelar, enquanto enlaçava suas mãos uma na outra em frente ao seu rosto.

– Ótimo! – Disse Ravena com seu costumeiro “entusiasmo”.

– O palitinho maior escolhe o gênero do filme. – Dizia Ciborgue enquanto todos pegavam seus palitos.

– Ganhei. – Todos bufavam. Afinal, todos sabiam o que viria a seguir: um filme de romance, muito choro da parte de Estelar, todos entediados e ao serem perguntados sobre o filme no final, eles mentiriam. Era sempre assim quando Estelar ganhava no palito.

Ao terminar o filme, lá estava Estelar com os olhos inchados de tanto chorar. Robin, Ciborge e Mutano estavam dormindo e Ravena estava lendo um livro qualquer.

– O que acharam do filme? – Perguntou Estelar um pouco alterada, fazendo os três Titãs acordarem.

– Estava ótimo. – Robin dizia ao se levantar e ir direto para o quarto.

– Lindo. Fiquei emocionado. – Ciborgue se levantava.

– Que filme? – Mutano era o último a acordar e perceber que tinha entregado os outros dois a fúria de Estelar.

– Vocês nunca prestam atenção em nada que eu faço. – Gritava ela. – Tudo bem. Não guardo rancor. – Foi para o quarto.

– Às vezes ela me assusta mais que a Ravena. – Mutano dizia ao observar a garota de capa roxeada.

Ravena apenas fingiu que não ouviu, como ela sempre fazia. Todos ficaram ali por um tempo, sem saber o que fazer, apenas esperando algum motivo para falarem algo, quebrar o silêncio ou irem para seus quartos e como sempre, Mutano o fez primeiro.

– Boa noite, galera! – Ele saía em direção ao seu quarto.

– Boa noite! – Respondeu os outros, até mesmo Ravena, o que o surpreendeu.

No outro dia, Mutano fora o primeiro a levantar, o que era estranho, onde estaria Robin? É claro que ele precisava verificar.

– Ei, cara. Você esta aí? – Perguntava Mutano batendo na porta do quarto de Robin o acordando.

– Sim, o que foi? – Levantou cambaleando. Mutano nunca precisará acordá-lo, porque normalmente o que acontecia era bem o oposto. Ele abriu a porta.

– Você viu a hora? – Robin negou com a cabeça. – Eu nunca acordei antes que você e isso é estranho. - E foi aí que Robin virou para o relógio. O que havia acontecido com ele? Por que dormiu tanto? Pra qualquer pessoa seria normal acordar naquele horário, mas ele era Robin, um Titã, ele não era uma pessoa normal.

– Ok, eu vou me arrumar. – Disse fechando a porta sem dar a chance de Mutano protestar.

– Tudo bem. – Gritou Mutano do outro lado.

Robin se arrumou rapidamente, talvez pelo fato de ser um herói, quem sabe? Saiu da torre sem ao menos ver quem estava acordado, mas ele tinha certeza que apenas Mutano e Ravena estavam lá, sem trocar uma palavra.

Correu para a floricultura e lá comprou margaridas e colocou no bilhete o mesmo recado de antes. Mas se não deu certo da primeira vez, por que daria certo na segunda? Bom, ele estava pensando em Estelar, nem se dera ao trabalho de pensar na lógica.

Voltou correndo para a torre, onde agora, todos os Titãs estavam lá, nas discussões rotineiras e se permitiu dar um meio sorriso.

Parou para pensar o quanto eles eram importantes para ele, sua família. Se lembrou do terrível acidente que envolveu seus pais no circo, achou que nunca mais seria o Dick feliz de sempre, mas se enganou, encontrou os Titãs e se sentia mais feliz do que nunca.

Não demorou muito para a campainha tocar e Mutano descer como um detetive como se fosse alguma armadilha. Mas ele voltou com as flores e as entregou para Estelar.

– Você sabe. – Disse ao entregá-las à tamaraniana.

Estelar apenas olhou torto para Robin e voltou para o quarto. Robin não sabia ao certo o que estava sentindo naquele momento.