O dia estava calmo, o que era muito raro de se ver em Jump City. Crianças gritavam, corriam e riam pelo parque. Todos estavam felizes, menos uma certa tamaraniana, que estava sentada em baixo de uma árvore de olhos fechados e pensando em como gostava daquele ser humano misterioso, que escondia consigo segredos e mais segredos e escondia também seus olhos com aquela maldita máscara. Sim, maldita. Estelar a odiava, mas ao mesmo tempo a amava. A máscara que lhe enchia de charme e que fazia Estelar suspirar de felicidade e também de tristeza.

Ciborgue, Mutano e Robin jogavam futebol, Ravena lia algum livro em baixo de uma árvore a sua direita. De vez ou outra olhava para seus amigos de equipe, olhava todos eles, mas quando seu olhar passava por Estelar, ele parava nela. Estelar estava calma demais para um dia tão alegre como esse. Sabia como Estelar gostava de dias de descansos e de jogar com seus amigos. Mas então, por que ela estava ali sozinha? Ravena não compreendia.

Robin já tinha a chamado para jogar várias vezes e ela apenas recusava. Limitava-se a olhá-lo, apenas balançava a cabeça negativamente em quanto mexia em seus cabelos avermelhados. Robin suspeitava de tudo aquilo, pois pensava da mesma forma que Ravena, sabia como Estelar gostava de dias assim.

À tarde calma acabou, e todos voltavam no carro de Ciborgue, com muitas brincadeiras da parte do mesmo e de Mutano, com algumas participações de Robin, que não prestava muita atenção neles, apenas pensava em como Estelar estava sentindo-se. Parecia algo tão bobo, talvez ela estivesse cansada mesmo e não queria jogar, mas ele insistia em imaginar outras hipóteses.

Chegaram a Torre T e a primeira a desaparecer foi Ravena, que logo foi para seu quarto, Mutano e Ciborgue adentravam a torre rindo e contando piadas bobas, Estelar ainda parecia desligada do mundo, continuava andando como se não tivesse destino. Robin checava tudo, portas, alarmes, etc... Robin, sempre o precavido.

Robin adentrava a sala da torre olhando para todos os lados, procurava alguém, e qualquer um saberia quem era.

– Só eu notei como Estelar estava estranha? – Perguntou percebendo que o “assunto” não se encontrava no local. – Esta tarde foi estranha sem suas ideias. – Ele continuava em seu tom de voz normal, esperando a resposta de alguém.

– Esses dias foram cansativos, Robin. – Dizia Ciborgue enquanto preparava um mega lanche. – Talvez, ela não quisesse demonstrar como ela estava cansada e isolou-se. – Esse já mordia seu lanche.

– Estelar sempre diz quando está cansada. – Disse Robin. Seu tom de voz agora estava mais irritado, mas ninguém percebeu, a não ser a garota de capa roxeada.

– Talvez algo a incomode. Não o cansaço, algo mais profundo. – Ravena se pronunciou chamando apenas a atenção de Robin. - Não adianta estressar-se conosco achando que podemos lhe dar todas as respostas para todas as perguntas. Faça a sua parte também! – Em momento algum tirou os olhos de seu livro.

Robin, apenas a olhou e sabia que ela estava certa. Ele não estava fazendo nada para saber o que se passava com sua amiga, e exigia que seus outros companheiros de time soubessem. Isso estava errado.

Robin saiu da sala e correu para o terraço, sabia que lá encontraria a tamaraniana, e acertou em cheio. Lá estava ela, sentada olhando o sol se pôr, o céu alaranjado que refletia em seus olhos. Sentou-se ao seu lado e ela não se moveu em momento algum.

– Você não costuma comportar-se assim! – Soltou logo de cara.

– Você não costuma se importar com meu comportamento, apenas quando isso afeta o grupo. – Soltou em resposta. Isso estava prestes a virar uma briga.

– Exato! – Ele ainda estava em choque. Como ele não se importava com ela? Era a maior mentira que já ouvira. – E seu comportamento esta afetando o grupo. – Poderia estar em choque, mas não diria a verdade. Seu orgulho era maior.

– Afetando quem e o que exatamente? – Ela o olhou pela primeira vez desde que ele tinha sentado ao seu lado há alguns minutos.

Robin não sabia explicar, mas quando ela o olhava, perdia o chão, era como se seu mundo virasse pó e não lembrasse do seu próprio nome. Ela o olhava de um jeito triste. Ele sabia que as coisas não estavam certas, algo tinha acontecido.

– Afetando meu humor e à mim! – Falou e continuou a olhá-la. Ela parecia confusa e... triste? Ela estava triste, mas o motivo Robin não o imaginava.

– Desde quando afeto seu humor? – Ela estava brava. Seu tom de voz declarava isso.

–Você sempre afetou meu humor. – Isso era romântico demais vindo de Robin, mas ela estava triste demais para se importar.

– Não parece! – Ela levantava enquanto ele continuava sentado, apenas observando-a. – Sempre fiz tantas coisas e você nunca se importou. – Estava ficando cada vez mais brava.

– O que está havendo? – Ele não compreendia mais. Levantou-se e ficou cara a cara com ela. – Me diga a verdade. – Agora ele estava alterado.

– Quer a verdade, não é? – Ela sorriu diabólica, fazendo com que Robin não a reconhecesse mais. – Cansei de ser um ninguém na sua vida, de ser desprezada por você. Você nunca reparou o que sinto por você, tantas vezes lhe mandei indiretas e nada você entendia, só faltava lhe acertar um laser. Eu sempre gostei de você, mais que uma amizade de companheiros de time, muito mais. Mas você nunca ligou, nunca se importou. – Agora chorava como uma doida, e ria sem emoção. Robin assistia tudo assustado, não esperava tais sentimentos e tais atitudes de Estelar.

Ela saiu correndo, mas ele foi mais rápido, a puxou pelo braço a fazendo olhá-lo. Mas ela não queria conversa com ele, o empurrou e voltou para a torre.

– O que foi que eu fiz? – Ficou estático no terraço.