Volto para a estação 9 ³/4 depois de uma passeio pela King Cross trouxa. Analiso as pessoas na estação, chegamos cedo hoje, meus pais e tios tinham um compromisso no Ministério. Está vazio, mesmo assim um grupo nada pequeno é identificado. Merlin me odeia! Bem quando eu preciso não tem névoa, posso ver muito bem cada um dos rostos: Annie, Karen, Aiden, Marcus, Matthew, Scorpius, Scarlet, Milla, sr e sra Malfoy e Zabine, e, é claro, Alvo. Encontro o olhar de Matthew, logo desvio. Alvo olha disfarçadamente para trás e me encontra. Logo volta a prestar atenção na conversa. Matt observou cada movimento cautelosamente e pude ver as perguntas aflorando em seu olhar. Posso até ouvir sua voz me perguntando “O que aconteceu, coelhinha?”.

Decidida a não me juntar a eles me encosto ao lado de James em uma das colunas. Passado duas semanas, ele já sabe de tudo. Alvo quase nunca mais falara comigo. Também não fiz questão. Ambos sabemos que somos orgulhosos demais para isso.

– Está sozinho hoje? – Pergunto puxando assunto.

Ele não tira o olho do seu celular trouxa, apenas ri. Finalmente me encara e aponta com a cabeça para uma loira mais ao longe, que normalmente está sempre com ele, esta com a irmã dele e outra prima minha. Dominique, Lilian e Roxxane juntas. Algo não cheira bem e eu garanto que não é o James. Ele passou um perfume novo super-cheiroso, meu Merlin dos perfumes masculinos!

– Fui abandonado. – Diz por fim.

– Coitado. – Finjo solidariedade.

Ele ri, mas fica sério novamente. Acompanho seu olhar e vejo as três garotas indo em direção ao grupo volumoso.

– Lilian está brava com você.

– Eu? – Já mencionei que a minha priminha é louca? Não? Bom, ela é.

– Elas sempre estão bravas com você.

– Para de encarar.

James volta a me olhar maroto.

– Você e Alvo ainda não se ajeitaram?

Faço uma careta.

– Nada. Como ele está?

– Quieto.

– Isso é bom, não é?

Ele dá os ombros e se senta encostado na parede, sento-me ao seu lado e olho de relance para Lilian, que está me olhando também, ela não para de falar e continua me encarando. Mantenho o contato e sinto algumas cabeças virarem em minha direção quando ela se cala.

– O que você acha que eles foram fazer no Ministério? – Volto minha atenção para meu primo.

– Não faço ideia. – Dou os ombros.

– Você não vai procurar uma cabine?

– James, querido, eu sou a Princesa Mestiça de Hogwarts, eu tenho a cabine que eu quiser.

Ele ri com o apelido que me deram no primeiro ano. Ás vezes Alvo dizia que era um ultraje alguém como eu fazer referencia ao seu precioso Severo Snape.

Alvo. Na estação ele sempre compra um sapo de chocolate para mim. Ele puxa a cordinha e ameaça abrir, mas quando o sapo vai pular ele a fecha rapidamente. Incapacitado, Al come as patinhas e cabeça e me dá o corpo, tenho pavor de sapos. São criaturas pegajosas e nojentas. E, ao contrário do que a minha mãe diz, cobras e sapos são muito diferentes. Sapos são baixinhos e gordos, possuem veneno nas escamas e comem insetos. Cobras são camufláveis, espertas, perspicazes e venenosos. Só que seu veneno é muito pior que os do sapo porque cobras são belas e você nunca sabe quando ela dará o bote.

Seguro as lágrimas ao imaginar que esse ano vai ser diferente. Eu não queria isso. Queria apenas uma distração de verão. Não que Alvo fosse uma distração, é só que... ARGH! Minha mente é muito confusa... Eu não queria só me distrair, é que estava triste e ele estava lá.

Uma mão aparece na minha frente segurando uma pequena embalagem azul. Olho para cima assustada e encontro um par de olhos verde-esmeralda me encarando com um olhar de cachorrinho que caiu da mudança. NÃO VALE! Cachorrinhos são o meu outro ponto fraco, os que acabaram de cair do caminhão da mudança são os meu preferidos. Abro a boca para responder, mas fecho rapidamente, sem encontrar as palavras certas. Pego a caixinha do sapo de chocolate e a viro entre os dedos, sinalizando que ele pode se sentar ao meu lado. Quando levanto a cabeça de novo, só tenho um Potter. Olho ao redor e encontro James no lugar onde estava seu irmão, que me olha com o mesmo olhar de pidão.

Conheço meu primo o suficientemente bem para saber que ele quer a mesma coisa que eu quero: pedir desculpas. Tento ajuda-lo, dando-lhe o doce para fazer o de sempre. Alvo sorri de lado e abre a caixinha. O sapinho pula, mas é pego no ar e logo fica sem os membros do corpo. Faço uma cara de nojo quando Alvo me oferece, mas abro a boca. O rápido contanto entre seus dedos e meu lábio inferior me dá um ligeiro arrepio na espinha. O delicioso gosto do chocolate derrete em minha boca simplesmente com minha saliva.

Engulo rapidamente e continuo a encará-lo.

Alvo morde o lábio e bagunça os cabelos já bagunçados. Ele está visivelmente nervoso. Assim como eu, ele odeia enrolações, então vai direto ao assunto.

– Você está brava comigo?

Minha voz provavelmente me abandona, mas não procuro por ela. Abaixo a minha cabeça e fecho os olhos, mandando qualquer vestígio de formação de lágrima embora. Recomponho-me, mas ainda não olho para ele. Procuro ao redor alguma resposta, como se estivesse escrito em alguma placa. Mas o que eu devo responder? “Sim, eu estou brava com você.”? Não. Não tem sentido. “Nós sabíamos que isso nunca ia durar, quer dizer, nós somos primos.” Exatamente isso. Nunca houve nada sério entre Alvo e eu. Mas então o que aconteceu? Por que eu estou assim? Coração partido não é. Nunca me apaixonei muito menos por Alvo e ninguém quebra o meu coração. Lilian nós observa de longe descaradamente. Essa garota está começando a me irritar, sério. Antes que eu me descontrole e lance um Cruccio nesse projeto de gente, respondo para ao irmão dela a única coisa que posso:

– Não, eu estou magoada. Se você tivesse pelo menos me dito por que- Minha voz falha, sei que vou chorar. Não posso perder meu melhor amigo. Não posso.

– Não é você...

– “Não é você, sou eu.” – Completo sua fala.

– Exatamente. Eu não... – Ele engole em seco e desvia o olhar. – Eu não posso te explicar. Rosie, eu só quero que você seja feliz e ambos sabemos que o seu lugar não é comigo.

Alguns olhares ainda nos seguem tranquilamente. Não preciso me virar para ver quem é. Aqueles olhos cinza-gelo tem esse efeito em mim. O meu loiro, Malfoy está nos observando talvez os outros também estejam, mas eu não me importo. Não que isso tenha a ver com o assunto. Não tem nada a ver com o assunto. Quem me faz feliz. Balanço minha cabeça rapidamente para tirar qualquer tentativa que meu inconsciente faz para ligar Scorpius com essa frase. É lógico que Scorp me faz feliz, ele é o meu melhor amigo. Mas...

– Não foi só isso. – Tento contornar meus pensamentos.

– Não. – Ele encerra.

Engulo em seco e sinto minha garganta um pouco arranhada. Forço um pouco acabo tossindo.

Uma mão gentil acaricia meu rosto e eu suspiro cansada.

– Trocando o dia pela noite de novo, senhorita Weasley?

– Não, senhor Potter. Eu estou apenas com sono e possivelmente resfriada.

Alvo se levanta a minha frente e estende a mão para mim. Olho furiosa para ele. É tão difícil entender que eu estou cansada e quero ficar sentada? Seguro sua mão, mas não faço força nenhuma para levantar apenas fico encostada na parede. Ele revira os olhos e me puxa com força. Com força demais. Acabo perdendo o equilíbrio e quase caio em cima dele. Nos calamos abruptamente, assustados pela proximidade. Meus cabelos da nuca se levantam de medo. Muito contato corporal.

Um sorriso maroto aparece em minha frente seguida por uma bagunçada no meu cabelo.

– Você é muito lerda, ruiva.

Dou um tapa em seu braço e me deixo ser guiada para perto de nossos amigos.

Saio dos braços de Alvo e vou para o pescoço de Scorpius. Ele me abraça e dá um beijo demorado na minha bochecha.

– Dois meses sem uma ruivinha mandona dizendo que você não tem cérebro não é tão bom quanto parece.

Olho-o indignada.

– Eu não sou mandona! E você babou em mim! – Digo passando a mão na bochecha enojada com a falsa baba.

Scorp me olha malicioso e me prende contra seu corpo. Seus músculos de jogador de quadribol se ressaltam ainda mais nessa babylook branca. E antes que alguém fala alguma coisa, babylook não é gay. Assim como homem depilado também não é. Merlin só me ajudou no primeiro quesito, consegui fazer todos os amigos usarem esse tipo de camiseta. Mas esse ano eu consigo fazer eles se depilarem, nem que eu os ataque durante a noite.

Ele continua me olhando malicioso e antes que eu possa fazer algo para me defender, sua língua melada e babada no mesmo lugar que beijou.

– MALFOY! SEU FILHOTE DE DONINHA IRRITANTE! ME LARGUE AGORA OU EU VOU TE AZARAR!

Ele sorri maroto e me abraça por trás beijando minha orelha de leve.

– Por que vocês não vão para um quarto? Scorpius, os seus pais estão aqui!

Coro levemente e cumprimento o resto do pessoal, lançando um olhar “especial” a Aiden.

– Como foram de férias?

– Perfeitas! – Comentou Annabelle um pouco animada demais.

– Seus primos são, ehr, legais? – Pergunto com segundas intenções.

Scarlett e Milla trocam olhares confidentes e tentam conter uns sorrisos.

– Nós vamos procurar uma cabine. Annie, Kay, Rosie, vocês vem com a gente?

Quando entramos na nossa cabine, faço um feitiço para alonga-la não verbal enquanto Karen fecha a porta atrás nós.

Nos viramos todas para Annie com um sorriso bobo no rosto.

– Pode ir contando tudo.

– Contando o que? – Ela se faz de inocente. – Ah, ok! Tipo, eu falei que os meus primos são muito lindos né? Então, vocês sabem que tipo de garoto anda com garotos indos? Mais garotos lindos! Aí, o amigo do meu primo estava lá também. MEU-MERLIN!

– Você ficou com ele né? Annabelle Zabine, se você disser que não...

– É lógico que ela ficou com ele, você não conhece a sua amiga não?

– SKIE! – Annie grita indignada.

– Tá bom, calei, pode continuar.

A morena fica quieta por alguns segundos, mas logo abre um largo sorriso de novo.

– Eu fiquei com ele.

Vários gritinhos histéricos são ouvidos pela cabine, mas logo nos calamos ao ouvirmos a porta se abrir, fazendo Annie prometer com o olhar que nos contaria tudo de noite.

– Tem como vocês pelo menos tentarem serem um pouco civilizadas? – Um Marcus irritado perguntou.

– Aconteceu alguma coisa, MB?

Ele murmura algo inaudível e se joga no canto visivelmente interessado em uma formiguinha.

– Roxxy. – Alvo comenta se jogando no outro canto.

– Já marcaram a data do casamento? Karen tem que começar a desenhar o meu vestido.

Marcus move sua cabeça por apenas alguns centímetros com uma carranca típica sonserina e fala num tom baixo e ameaçador.

– Primeiro, eu nunca vou me casar. Segundo, muito menos com a Weasley. Terceiro, eu odeio aquela garota e na próxima vez que algum de vocês fizer alguma gracinha sobre isso...- Lancei meu olhas mais assustador de princesa sonserina, fazendo-o calar ainda carrancudo.

Os outros meninos reprimem uma risada e se sentam também.

Marcus é o garoto mais assustador da escola. Não só ele, meus outros amigos também são, mas Mark dá medo até neles. Seu pai é um auror que se formou em Durmstrang. Apesar de toda a armadura, o sr. Bostick é um cara legal, nunca entendi porque sua esposa o abandonou. A única pessoa que não o teme ou que consegue abaixar seu nível sou eu. O que me ajuda com o titulo de “princesa da sonserina” ou “princesa mestiça”. A mais temida, a mais bonita e a mais esperta. Sem querer me achar, mas eu sou tão foda. Ele e a minha prima, Roxxane sentem um amor incondicional um pelo outro, é uma coisa tão linda de se ver. Queria só ver a cara do tio Fred quando descobrir que a filhinha dele está de lengo-lengo com um Bostick.

Deito no colo de Scorpius ao meu lado e sinto o as consequências de ter acordado às 05h da manhã chegando.

– Que horas são? – Pergunto bocejando.

– Ainda falta uma hora para o trem sair.

– Acho que vou tirar um cochilo...

– Ruivinha, acorda.

Levanto assustada e fuzilo Alvo com o olhar.

– Você estava com o pé na minha cara ou foi só um pesadelo? – Pergunto entredentes.

Scarlett e Milla provavelmente foram dar uma volta com o pessoal de sua turma, Karen está sentada no colo de Matt com os pés em Aiden conversando com os dois animadamente. Daniel também foi dar uma volta, provavelmente foi matar a saudade do seu fã-clube. Marcus provavelmente foi junto. Annie também está deitada abraçada com Alvo. Ela, assim como Scorp, segura o riso com a minha delicadeza.

– Você estava delirando. – Al responde. – Seu irmão quer falar com você.

– Eu vou ter que levantar? – Faço cara de choro.

– Vai. Ele tá na cabine de sempre com a nikki, lily, roxxy e jay.

– Tantas pessoas na escola e ele escolhe ficar bem com os nossos primos.

Provavelmente atrapalho uns quatro casais se beijando, mas não me importo. Sigo meu caminho até a cabine do meu irmão. Hugo é um irmão legal, ele não fica me enchendo ou coisa do tipo. Lógico que como todo homem da minha família ele é ciumento, mas às vezes ele me faz ficar com uns garotos e me ajuda quando eu preciso. Seu cabelo ruivo é como o meu, puro fogo. Seus olhos azuis são do tipo que você não consegue encarar, você tenta desviar, mas ele te força a olhar pra ele – claro que ele não tem esse efeito em mim, é meu irmão. Ele é um pouco mais alto que eu. Sim, a criatura é mais nova e mais alta. Eu falo que fazem bullying comigo porque eu sou baixinha, mas ninguém acredita.

Paro em frente da cabine que ele sempre ocupa. Merlin, eu sou uma bruxa tão boazinha, faça ele estar sozinho, por favor. Bato timidamente e abro. Uma loira de olhos azul-acinzentado me olha de cabeça a baixo.

– Dominique! – Cumprimento animada. Olho para as outras pessoas na cabine. – Lily, priminha linda! Roxxy, eu fique sabendo que você é o MB marcaram o casamento, não se esquece do meu convite. Jay, ah eu já falei com você. Queria falar comigo, irmãozinho?

Sendo fuzilada por todas as mulheres no local, fecho a porta, ficando sozinha com Hugo no corredor.

– O que foi? – Pergunto preocupada. – Aconteceu alguma coisa?

– Eu fiquei sabendo que você e o Al fizeram as pazes. – Estreito os olhos com o seu tom de mistério. – Lily não está nada feliz.

– Eu não devo nada à Lilian.

– Eu sei. Mas eu devo a você, e eu acho que você deveria saber que ela e a Dominique andam com muitos segredos e estão arrastando Roxxane com elas.

Engulo em seco. Lilian é uma vaca mimada que não aceita dividir nada com ninguém, especialmente seus irmãos. Dominique é outra vaca que morre de ciúmes de mim e de James. São duas garotas que eu gosto de manter distância.

– Vou manter um olho aberto, valeu por avisar.

– Ao seu dispor, irmãzinha.

Ele me dá um beijo e faz menção de volta para sua cabine, mas eu o impeço.

– Onde você estava? – Ele para e volta a me encara, só que sorrindo. – Alguma garota nova?

– Talvez. – Ele sorri de lado.

Reviro os olhos divertida e faço meu caminho de volta para a cabine.