MILEY NARRANDO

A água gélida tocava suavemente meus pés, me causando arrepios por todo meu corpo. Meus cabelos dançavam delicadamente ao vento frio e delicioso que aquela noite proporcionava. As estrelas brilhavam e a lua cheia refletia no mar, parecia um sonho. Em minhas mãos eu segurava um pingente de minha falecida mãe, que Deus a guarde.

A minha vida não era muito tranquila. Desde que minha mãe morreu, eu moro apenas com meu pai, um bêbado violento que adora me bater e me humilhar. Quando meu pai me agredia, meus gritos podiam ser ouvidos de longe, mas ninguém ligava para a polícia ou tentava me ajudar.

Em meus 18 anos de vida, nenhuma vez me senti totalmente segura com meu pai, apenas com minha mãe, que já se fora. Mesmo assim, tento parecer forte e ignorar as frases cortantes que meu pai me diz todos os dias.

Fechei os olhos e respirei fundo, era difícil ter tranquilidade na minha vida. Meu pai conseguia me culpar de tudo, ele era muito articulado e manipulador. Não me deixava ter amigos, muito menos namorar. Eu nunca havia dado meu primeiro beijo, eu nunca havia sentido o que era amor e nunca havia me apaixonado. Ouvi alguns passos se aproximando e vi uma sombra parar atrás de mim, abaixei a cabeça e sequei a lágrima que havia caído por meu rosto.

-Não está muito tarde para uma garota estar sozinha em uma praia deserta? –Uma voz grossa e masculina disse atrás de mim, eu apenas fiquei quieta. Meu pai não permitia que eu me comunicasse com ninguém, muito menos um homem. –Você está perdida? –Ele perguntou se sentando ao meu lado. –Fale alguma coisa... –Ele disse um pouco mais baixo, em um tom preocupado, levantei minha cabeça e o encarei. Ele era lindo, tinha um corpo musculoso, lábios avermelhados, olhos profundos e castanhos, cabelos cacheados da mesma cor que seus olhos, ele estava com uma bermuda vermelha e sem camisa, respirei fundo e criei coragem para contrariar as ordens de meu pai.

-Meu pai não me permite conversar. –Eu sussurrei e ele ergueu uma das sobrancelhas.

-Por que não? –Ele perguntou um pouco curioso.

-Ele diz que isso e coisa de... –Eu travei na ultima palavra, ele fez um gesto para eu continuar a fala, mas me calei.

-Isso é coisa de...? –Ele perguntou me incentivando a falar.

-Ele diz que isso é coisa de vadia. –Eu sussurrei a frase e ele meio que me encarou preocupado.

-Bom, eu não te acho uma vadia por conversar comigo. Meu nome é Nicholas Jonas, mas pode me chamar de Nick. Me mudei pra cá hoje. Qual seu nome? –Ele disse sorrindo de lado. Olhei para trás, para verificar se meu pai não me observava pela sacada de casa, que ficava a beira da praia.

-Meu nome é Miley Cyrus. –Eu disse e ele sorriu de leve.

-Gostei do seu nome, Miley. –Ele disse e eu sorri de lado.

-Obrigada. –Eu disse sentindo meu coração disparar.

-A minha nova casa é aquela ali. –Nick disse apontando para uma casa que ficava ao lado da minha. –Meus pais nos arrastaram para cá, mas eu e meus irmãos conseguimos convencê-la de deixar agente morar sozinhos. –Ele disse.

-Onde seus pais moram? –Eu perguntei confusa.

-A duas quadras daqui, eu e meus irmãos, Joe e Kevin, moramos sozinhos naquela casa. –Ele disse e eu assenti.

-Então, somos vizinhos. –Eu disse um pouco mais solta com ele.

-Você mora aonde? –Ele perguntou confuso.

-Naquela casa, do lado da sua. –Eu disse e ele sorriu.

-Legal... –Ele disse sorrindo, me fazendo sorrir. Nós olhávamos nos olhos um dos outros.

-Eu... Tenho que ir, meu pai vai me matar se eu chegar tarde em casa. –Eu disse me levantando.

-Ok, foi muito legal conversar com você. –Ele disse se levantando junto comigo.

-O mesmo. Tchau, Nick. –Eu disse caminhando rapidamente pela praia, ele fazia o mesmo, me seguindo, entrei em casa e fechei a porta, trancando-a logo em seguida. Meu pai roncava no sofá, senti o cheiro de bebidas alcoólicas no ar e vi Nick se dirigindo para sua casa. Subi para meu quarto e tomei um banho, coloquei minha camisola e abri a janela de meu quarto, dando de cara com Nick ligando o rádio, tocava Wind Of Change dos Scorpions. Ele se jogou na cama, bagunçou os cabelos e direcionou o olhar para a direção da janela, me vendo e sorrindo, eu me afastei da janela e cai para trás, no chão, ele podia me ver.

-Tudo bem? –Ele perguntou pulando para meu quarto, sim, as janelas eram quase grudadas e como ele era alto e forte, ele conseguiu pular de seu quarto pro meu quarto.

-De-desculpe, eu só queria abrir a janela pra entrar um pouco de ar e... –Eu disse baixinho, com medo de que ele me achasse uma vadia e que meu pai nos ouvisse.

-Não, tudo bem. –Ele disse sorrindo de lado.

-Você tem que ir, meu pai pode te escutar. –Eu disse e ele assentiu.

-Ok, tchau. Boa noite e... Gostei da camisola, garota Hello Kitty. -Ele disse me ajudando a me levantar, ele apenas pulou de volta pra sua casa e deitou em sua cama de volta, eu acenei meio boba e fui me deitar, caindo no sono logo em seguida.

CONTINUARÁ!