As aulas daquele dia passaram anormalmente rápido, quando fui reparar, já estava na hora do almoço para depois irmos para as aulas da tarde.

-Hana, me faz companhia no almoço? – diz Yuki com um sorriso de canto, tocando meu braço.

-Claro, claro. – sorrio abertamente e levanto-me ajeitando minhas vestes amassadas.

Yuki sorria sinceramente ao falar comigo, e isso me fazia muito, muito bem. Havia me acostumado com a presença dele, com seus toques, seus olhares... Acho que minha vida perderia totalmente o sentido sem ele, voltaria a ser vazia, como era antes...

Com todos esses pensamentos horríveis dominando minha mente, senti um forte aperto no peito, e tentando acabar com essa sensação, abracei-o forte.

-Hana?! –ele se assusta com meu abraço inesperado e solta na grama a caixinha de biscoitos que estava na mão e envolve meu corpo em seus braços. – O que foi?

-Yuki... Sabe, o dia em que você não me quiser mais... – digo olhando-o nos olhos, sentada na grama entre suas pernas. – Simplesmente suma ta? Não me avisa nem nada, eu odeio despedidas, e ter que me despedir de você, seria pior do que ir tirar umas férias no inferno... – termino de dizer isso segurando as lágrimas para que elas não caíssem e respiro fundo.

-Isso não vai acontecer, boba. – Yuki responde com uma cara assustada.

Ignoro-o e continuo.

-Me promete isso, Yuki? Por favor?

-Er, claro, Hana. Prometo... – diz ele contrariado – Mas, você já esteve no inferno para afirmar que passar umas férias lá é ainda melhor do que me perder? – pergunta ele com aquela clássica cara de criança, tentando aliviar aquela tensão recentemente formada.

-Já. – disse simplismente.

-É sério isso? – Yuki pergunta sem expressão alguma em seu rosto.

-É.

-Mas, mas porque...? Me conta se não dor ruim para você, er...

-Er, tudo bem, vai. – respondo com um suspiro – Tudo começou quando eu nasci em uma família originalmente vampira, ou seja, eu já nasci assim. Meu pai e minha mãe são o rei e a rainha do nosso “povo” e eu, a princesa renegada.

-Sabia que você era uma princesa! – diz Yuki com um sorriso no rosto.

-Yuki, isso é sério. – respondo com uma cara de “eu não acredito no que eu estou vendo”.

-Eu sei que é sério, Hana., desculpa, é que eu me empolgo, e... – Yuki fala corando – Bom, desculpa, pode continuar, eu fico quierto, prometo – termina ele e aperta os lábios, como sinal de que não falaria nada, encarando-me.

-Você parece uma criança, sabia? – digo rindo e dou-lhe um beijo no rosto. – Bom, atualmente, eu sou duas centenas de anos mais velha que você, mas continuo com essa aparência de dezessete anos. Quando eu era mais nova, com meus cento e alguma coisa, me apaixonei. Só que por um humano, e isso é algo terminantemente proibido para nós, vampiros. Os humanos significam apenas comida e diversão, nunca sentimentos verdadeiros. – respiro fundo -  E por causa disso, por causa de Derick, conheci o inferno de perto, e por um bom tempo...

-O Derick era humano?! – Yuki se assusta e deixa a pergunta escapar.