Annabeth:

A luz invadiu o quarto,eu havia dormido por horas mas parecia segundos.

Ouvi a porta bater,eu nem me lembrava onde estava,até que Thalia puxou meu cobertor.

-Annabeth,você tem que ver uma coisa....-Ela parou de falar no momento que viu minha camisola,então ela olho para o lado oposto da cama.Percy havia dormido comigo naquela noite.-Desculpe,eu não quis incomodar...olha...quando vocês acordarem....venham até...ãh...então a noite foi quente,não é Annabeth?!

-Não é nada do que você está pensado-disse eu,séria,puxando o cobertor para me cobrir- Não aconteceu nada.

-Tudo bem,vocês não me devem explicações.-Ela saiu,sorrindo...ou rindo.Eu não saberia dizer,só sei que estou com raiva dela nesse momento.

A batida da porta fez Percy se revirar na cama.

-Acho melhor você acordar.

Ele não respondeu,abriu os olhos e fitou o lugar,confuso.

-Eu havia me esquecido,estamos na lancha.

-E indo para o acampamento,por tanto,temos que nos levantar e nos arrumar antes que cheguemos.

Ele se sentou na cama e se espreguiçou.

-Bom dia.

-Bom dia... meu dia começou ótimo!Você não vai acreditar no que aconteceu

-Por que não me conta?!

-Thalia esteve aqui e nos viu juntos,agora ela ficará achando coisas erradas ao nosso respeito como antes!

-Idaí?

-Idaí?!Idaí que isso é ruim,cabeça de algas.

-Uma hora vai acontecer,não vai?

Fiquei sem resposta,não havia o que falar naquele momento.Se acontecesse eu não espalharia aos quatro ventos.Thalia era minha amiga,uma irmã para mim,mas francamente,ela não tem que se intrometer em assuntos particulares.

Enquanto me recuperava,Percy olhava para minha camisola.

-Era isso que estava me escondendo,não é?

Olhei para meu corpo,eu vestia a camisola indecente de Afrodite.Não sei como ela foi para aqui,mas foi um erro ter vestido ela.

-Tive vergonha.

-Já vi você usando isso,quando fui te acordar no templo de Hipnos.

Corei,eu me lembrava da cena,só não queria que ela se repetisse.

-Não achou muito vulgar?

-Sinceramente?Achei linda.

Quis me afundar nas cobertas,eu estava vermelha como um pimentão.

-Acho melhor levantarmos e nos arrumarmos para tomar café.-Ele se levantou, e se curvou sobre a cama,puxando meu pé.-Vamos sabidinha.

 Estávamos na cozinha,esperando nosso próximo banquete.Mas no lugar de uma mesa farta,havia pratos vazios e copos secos.

-O que aconteceu?-Perguntou Sofy,vestida com roupas limpas e normais.Provavelmente seu antigo vestido amarrotado e encardido,boiava em alguma parte do oceano.

-Onde está Apolo?-Perguntou Clarisse,procurando por algum sinal de vida olimpiana.

Nico subiu para procura-lo em seu quarto,enquanto Percy procurava na sala de comando do barco.

Já que nosso café não fora servido,procurei nos armários qualquer coisa que pudéssemos preparar para comer.

Haviam ovos na geladeira,além de queijo e alguns legumes e verduras.

-Vocês gostam de omelete?-perguntei para as garotas que me acompanhavam na cozinha.

Elas assentiram.

Como não havia muito o que fazer,pedi que Sofy- que possuía uma certa intimidade com as frutas- fizesse um suco.

Thalia e Clarisse esperavam sentadas,com os braços apoiados na mesa.

-Pessoal...-começou Thalia- acho que o barco está parado.

-Como?Parado no meio do oceano?-Clarisse se levantou e correu até a janela.Thalia a acompanhou.

-Não estamos nos movendo,estamos ancorados.

Larguei o que estava fazendo e corri até a janela,Sofy fez o mesmo.

-Não é possível.

Nico desceu as escadas, eufórico.

-Apolo não está em lugar nenhum,melhor dizendo,não está no barco.

-Tem que estar.-Thalia correu para porta e esbarrou em Percy,que voltava com a mesma cara de papel que Nico.

-Apolo não está nos comandos.Na verdade,estamos parados.

-Deuses!

-O que faremos?Precisamos voltar para Long Island!- exclamei.

-Há um motor de emergência que reinicia os comandos originais,podemos programa-los para ancorar no porto de Long Island,mas ele está travado.

-Como assim travado?

-Venha ver.

Percy nos levou a sala de comando da lancha,tudo era muito tecnológico,cheio de botões e alavancas.

-Estão vendo este botão?-Percy apontou uma um pequeno botão vermelho no painel ao lado da tela de Scanner geográfico.-Este é o botão que precisamos acionar para destravar a tela principal para refazermos o curso.

-E do que precisamos?-Perguntei

Percy apontou para uma pequena entrada abaixo do botão,era uma entrada para chaves.

-Precisamos de uma chave que destranque o botão e ele fique saliente.Ai sim,poderíamos aperta-lo e reiniciar o comando de bordo.

Procuramos nas gavetas dos elegantes armários da sala de comando,reviramos e retiramos papeis e documentos,bobagens estranhas e uma caixa de lápis de cor.

-Lápis de cor?

Mas nada de chave.

Me sentei no chão e coloquei a cabeça entre as pernas.Não podíamos ficar perdidos no meio do oceano pacifico desse jeito.Não queria morrer assim.

-Está tudo bem.Nós vamos dar um jeito nisso.

Era como se alguém acionasse uma alavanca no meu cérebro.A chave em minha antiga calça agora pesava uma tonelada.

Me levantei e corri até a porta.

-Aonde ela vai?

Atravessei a cozinha e subi as escadas,entrei em meu quarto e corri até onde eu havia deixado as roupas dos jogos.

Dentro do bolso havia uma chave dourada,que eu havia encontrado presa no traseiro de Cérbero.

-Graças aos deuses!

Corri até as escadas e saltei pelos degraus,cheguei rápida até a cozinha.

Quando cheguei a sala de comando,a primeira coisa que fiz foi me debruçar sobre o painel e acionar o botão.

A chave se encaixou perfeitamente.Girei-a e o botão saltou no lugar,ficando saliente.

Virei-me para trás,fitando o grupo.

-Se lembram da chave presa no traseiro de Cérbero?É a chave que aciona o botão.

Eles ficaram maravilhados.

-Nunca teria me lembrado da chave.

-Annabeth,você é um gênio.

Sorri de verdade,estava tudo dando certo.

-Agora só temos que redigitar o local onde queremos ir,e seguir os comandos.

Percy assumiu o painel de controle,eu e as garotas voltamos para a cozinha para terminar de preparar o café.

-Estou com a sensação de que algo vai dar muito errado- disse Thalia,enquanto misturava a mistura de ovos,queijo e legumes.

-Acho muito estranho Apolo ter sumido de repente.

-É melhor estarmos preparadas para o pior.

-Tenho novidades- Percy entrou sorridente pela cozinha- Não estamos no pacifico, estamos a dez quilômetros da baía de Long Island.

-Então navegamos durante a noite e Apolo desapareceu ao nos aproximar da cidade.-Conclui- Estou sentindo cheiro de confusão.

-Acha que estamos sendo filmados novamente?-perguntou Sofy

-Não...Apolo nos garantiu que as filmagens acabaram na mesma tarde em que chegamos á praia.

-Então...por que é que ele nos deixou?

-Apolo é um deus,deve ter arrumado algo para fazer.

Percy voltou para os comandos e nós terminamos de preparar o café.

Colocamos a mesa  chamamos o resto do grupo.

Ninguém disse nada enquanto comíamos,aproveitei o silencio para por meus pensamentos em ordem.

O certo seria,ao chegar ao acampamento,consultar nosso diretor.O senhor D. e falar sobre os jogos e que gostaria de contatar os campistas sobre o novo meio de diversão dos deuses.Mas levando em consideração que o senhor D. nos odeia e esteve de acordo com os jogos desde o princípio,eu não teria muito o que fazer falando com ele.

Resolvi ir direto ao ponto falando com Quíron,ele me daria ouvidos e estaria de acordo comigo.Eu e Quíron sempre tivemos uma ligação forte,eu sempre entendia as coisas que ele queria dizer apenas com o olhar,ele nunca me escondera coisas...pelo menos até onde sei.Ou pelo menos sabia.Houve um tempo,durante a batalha contra Cronos,que Quíron deixou de nos contar muita coisa.

Nós também teríamos uma audiência com os deuses,onde Percy faria o pedido de seu prêmio.Lá eu veria Atena,a situação não era das melhores para ela,eu esperava que depois dos jogos,as coisas melhorassem.

Mas eu sabia que sim,sem Atena no olimpo,é como deixar o planeta sem eixo.Tudo desanda.

Eu também veria Nike,a deusa que disse que me abençoaria.Depois da visita dela,muitas coisas ruins aconteceram.Se ela chama isso de sorte,faço questão de devolve-la.

Limpamos os pratos,depois de famintos,devoramos a deliciosa omelete e o maravilhoso suco.Estávamos satisfeitos.

Ouvimos um som estranho vindo do lado de fora,nos levantamos vagarosamente e com cuidado.

Corremos até a proa,onde Alana e Dorot haviam pousado.

Thalia abraçou o pescoço da grande fênix e Percy acariciou o focinho de Alana.

Vi ali uma oportunidade de limpar minha barra.

-Alana!Que saudade!-Acariciei o focinho do unicórnio alado,ela relinchou e deu passos para trás,como sempre fazia.-Me ajude a provar para uma amiga uma coisa...

Ela disse que você ainda cheira a chocolate,ela não gosta do cheiro. –Disse Percy,traduzindo o relincho de Alana.

-Tape o nariz!-ordenei -Thalia,veja isso

Montei em Alana,massageando sua macia crina e pelo brilhante.

-Está vendo?Isso responde ao seus pensamentos ridículos?

-A única coisa que eu estou vendo é você se importando com o que eu penso.

Thalia me tirou a fala.

Corei.

-Ah...Mas é que...

Alana relinchou.Ela levantou suas patas frontais para o ar,consequentemente,me jogando para trás.

Cai com o traseiro no chão.

-Aiaiaiai- gemi

Thalia riu- Realmente...

-Cale-se

Os grandes barcos começaram a se aproximar ao longe,logo,estávamos próximos ao porto,por onde navios de cargas e Iates estavam ancorados.

Cruzamos com vários barcos de pesca no caminho,os pescadores acenaram para o grupo de jovens na lancha.

-Ainda não acredito que cruzamos o oceano em uma lancha.

-Não é uma simples lancha,é uma lancha de um deus.

Chegamos ao porto,procuramos um lugar para ancorar o barco.Mas o aluguel do píer era de três mil dólares.

Enquanto passávamos em frente ao píer ouvimos uma conversa entre um jovem bilionário e o dono da vaga do porto.

-Vou viajar de barco por alguns dias,vou deixar a vaga livre.

-Mas o senhor vai continuar pagando,certo?

-É minha obrigação,não é?

-Com licença- berrei.Eu estava apoiada nas grades de segurança que contornavam o barco.Tentei parecer o mais charmosa possível

O jovem me viu ao chamar.

-Desculpe mas não pude deixar de ouvir,o senhor não vai usar sua vaga no píer,podemos usa-la para ancorar?Sairemos ainda hoje.

O rapaz  me olhou dos pés a cabeça.

-Mas é claro,pode usar o tempo que quiser,bela moça.

-Obrigado.

-Não há de quê.

Ancoramos o barco na vaga emprestada,depois de nos despedir da lancha e conferir se não havíamos deixado nada para trás,descemos.

Estávamos deixando o píer e andando em direção á cidade.Não tínhamos dinheiro para pegar um taxi,precisávamos pagar as irmãs Parcas.Só elas conheciam o caminho para o acampamento.

-Precisamos de alguma coisa que elas aceitariam em troca de uma carona até o acampamento.-disse eu,enquanto atravessávamos a rua.

-Não temos dinheiro.

-Não temos nada!

Nike podia ter me dado vários daquele colar.

-Acho que vou me desfazer de Monopira.

-Ficou maluca?- Clarisse me deu um tapa na cabeça.

-A espada foi muito fiel,não me deixou na mão,e acima de tudo fora de Atena.Mas é preciso.Temos que chegar ao acampamento,e se não usarmos minha espada,não temos mais nada para pagá-las.

Ficamos em silencio por um momento.

-Vamos achar outra maneira.-disse Percy,rompendo o silencio.

-Francamente,Annabeth.Nós somos semideuses,nós podemos achar outra maneira sem ter que nos sacrificar.-Nico tentou me convencer,mas eu já tomara minha decisão.

Parei ao lado de um hidrante e joguei um broxe sua a faixa de pedestre.

-Três Parcas,preciso que me levem ao Acampamento Meio Sangue.

Como mágica,o taxi das três irmãs de um olho só parou em minha frente,a porta de trás se abriu.

Entramos,espremidos por serem seis semideuses.Me senti como sardinha enlatada.

-Acampamento meio sangue,certo?-perguntou a que dirigia.

-Certo.

-Forma de pagamento?- perguntou  a que possuía o olho.

-Joguei na faixa de pedestre um broxe,ele se transforma na espada que Atena usava nas guerras.

-Se pertenceu a Atena deve ser importante.

A parca do volante deu partida.Sofy tremia em meu colo.

-Elas só tem um olho!As três!E quem está usando não é nem a que está dirigindo!-sussurrou Sofy,assustada.

-Elas revessam,até hoje não houve nenhum acidente.

Atravessamos a cidade num raio.Os prédios de Nova Iorque pareciam borrões vistos da janela.

-Puxa!-exclamou Sofy- Aqui não se parece nada com Kentucky.

-Você é de Kentucky?-perguntei

-Sim sou de Frankfort,você é de onde?

-Sou de Richmond,Virginia.

-Ouvi falar que Richmond de noite é uma das coisas mais lindas para se ver na cidade.

-As luzes são incríveis,os arranhásseis brilham de noite,é fantástico.

-Minha cidade tem ar de Europa,já visitaram Frankfort?

Conversamos sobre nossas cidades durante o caminho,fora bom para variar.

-Como se chama a espada de Atena?- perguntou uma das parcas.

 -Monopira.- respondi

-Monopira?A que se transforma em broxe?

-Sim,ela tem forma de coruja.

A parca do volante pisou fundo no freio.

-Desçam do carro.Agora!-Exclamou ela

-Devíamos ter perguntado antes.

Fomos chutados para fora do carro,por sorte,as parcas me devolveram a espada.

-Essa espada é amaldiçoada!-gritou uma delas pela janela,ao se afastarem.

-Amaldiçoada?

Não estávamos muito longe do acampamento,as parcas nos deixaram no meio da estrada de LongBitch e o Estreito de Long Island.A mesma que se encontrava a Colina meio sangue.

Andamos um quilometro e meio,pouco conversamos.Mas os minutos se tornaram horas,e finalmente chegamos.

O grande portal de madeira pareceu impressionar Sofy,ela exclamou ao passar por ele,sem conter a felicidade.

-Este lugar é incrível!-exclamou ela.

-Você ainda não viu nada.

Dorot e Alana já haviam chegado,elas passaram voando sobre nos,cobrindo-nos com suas sombras.

Percy apontou para o pinheiro de Thalia,ele não pode deixar de fazer piadinhas.

Sofy ria de tudo.

O próximo local era a casa grande,onde tudo aconteceria.