O Lobisomem escrita por Meel


Capítulo 1
Conheço o homem que destruiu minha vida




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Agosto de 1951

Estava pensando em como começar essa história de uma forma original, mas infelizmente não a encontrei. Sendo assim, vou começar lhes apresentando minha vida, ou pelo menos a parte que me agradava dela: Me chamo Gregory Howard, estou com trinta e cinco anos de vida e moro na cidade de Londres, na Inglaterra. Hoje, faz dois anos que tudo isso aconteceu, dois anos que minha vida mudou pra sempre, e que coloquei a todos que amo em perigo.

Morava com minha esposa, Nataly Howard, trinta anos e meu filho, Theodor Howard, de apenas seis anos de idade. Eles eram tudo pra mim. Nós tínhamos uma vida perfeita: íamos à igreja às manhãs de domingo, almoçávamos fora nesse dia; íamos ao parque aos fins de semana. Trabalhava como professor na Universidade de Londres, no período noturno, algo com que eu adorava lidar; meu nome era extremamente respeitado, por causa de minha formação acadêmica, a quantidade de alunos pra quem eu lecionara que se tornaram grandes empresários. Minha esposa era uma mulher incrivelmente linda que apesar de todos os seus defeitos conseguia contagiar todas as pessoas ao seu redor com amor, carinho, com uma forma mais humana de ver o mundo; meu filho, Theo, era o garoto mais esperto que eu conhecera; mais esperto que eu, inclusive. Minha vida inteira era na mais perfeita ordem, pelo menos até eu conhecer Friederich Rosment, o homem que me fez odiar criaturas noturnas.

             Em uma terça-feira, por volta de dezessete e trinta da tarde encontrei um amigo chamado Richard Green, ex-colega que havia trabalhado comigo há alguns anos atrás, e fomos a uma lanchonete conversar. Falávamos sobre assuntos paralelos como família, trabalho ou lugares visitados quando um homem que estava sentado sozinho a uma mesa próxima a nós aproximou-se, fizemos as apresentações - este era Friederich Rosment -, ele se sentou e passou a compartilhar de nossos assuntos, tranquilamente. Até que Richard tocou num assunto sobre lendas populares, como serpentes gigantes sob a cidade, garotas-peixe que encantavam rapazes, os levava até o fundo do rio e lá os petrificava, porém quando falamos em criaturas noturnas, exclamei minha opinião:

- Eu, particularmente, não acredito em nenhuma dessas lendas, principalmente na lenda do lobisomem. Pois me diz como um homem normal pode se transformar em um lobo em toda noite de lua cheia?! Isso certamente não seria possível e não tem nem lógica!

 Richard concordou com minha opinião; pensava assim também. Porém, parece que a opinião de Friederich era extremamente contraria a nossa, pois começou a expressá-la de uma forma agressiva, como se estivéssemos totalmente equivocados em nossa opinião e começou a gritar iniciando uma discussão como quem inicia uma severa bronca a um filho. Richard tentou acalmar-nos, mas foi em vão, já havíamos saído aos tapas e socos em plena luz do dia, no meio de uma lanchonete.

É claro que as pessoas se assustaram com o acontecido: algumas saíram correndo, outras tentaram acalmar-nos como puderam, mas de nada adiantava. Até que Richard ligou para minha mulher e disse a ela que viesse sozinha, sem Theo. Quando chegou, ouvi sua voz gritando para que eu parasse e me acalmasse, e só então atendi. Aquele homem com quem eu havia brigado, eu nem ao menos o conhecia. Ainda assim, logo que me acalmei, ele quis vir até mim para que continuássemos a briga. Alguns espectadores ainda presentes conseguiram contê-lo, enquanto dizia algo que eu compreendi vagamente como um “espere até a próxima lua cheia, seu idiota”. Nisso, retornei a minha casa, junto com Nataly e Richard.

Quando chegamos à nossa casa, tomei um banho quente, uma xícara do café que minha esposa havia preparado para mim e Richard, nos sentamos à mesa e tentamos conversar a respeito, o que, certamente, não achei que fosse o melhor a ser feito. A principio, conversamos sobre o ocorrido, mas então foi tocado em outros assuntos, totalmente alheios ao anterior que me distraíram, tanto que quando dei por mim, Theodor estava dormindo em meu colo.

Conversamos tranquilamente, até chegar à hora de Richard voltar para casa, pois afinal, ele também tinha uma família a cuidar.

Quando já estávamos deitados, minha esposa disse-me:

- Fique tranquilo, Greg. Tudo se acalmará.

Agradeci as palavras, beijei-a e fechei os olhos, numa frustrada tentativa de dormir. Passei a refletir nas palavras que o homem havia dito: “espere até a próxima lua cheia, seu idiota”. Não vi problema nenhum na parte em que fui chamado de idiota, pois sei que não sou. O que me chamou a atenção foi ele ter me dito que esperasse a lua cheia, e o fato por ter discutido conosco justamente quando disse que não acreditava em lobisomens. “Será que ele pode ser um ou conhecer alguém que tenha a tal licantropia, como é chamada a doença na lenda quando as pessoas contam?”, pensei. Porém, logo me recordei que não acreditava nessas histórias, me acalmei e pude dormir.


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