10/01 - Quinta-Feira

Tenho quase certeza que quando O Senhor Todo Poderoso me concedeu a uma vida saudável na Terra ele esqueceu de adicionar sorte ao pacote Alex Antonelle, porque não é possível! Sério, não é possível alguém conseguir ser mais azarada do que eu!

Eu estava na aula de Inglês, que de longe é que eu mais odeio por causa da minha professora, Sra. Maldelin, que parece mais uma gárgula do que um ser humano… Enfim, lá estava eu na aula de inglês quando a Sra. Maldelin avisou que formaria duplas para o trabalho que íamos fazer.

Pensei seriamente em subornar ela para que deixasse eu cair junto com Peter, mas nada feito. Em vez disso ela sorteou o meu nome e logo após o maldito nome de Rony Stark. Oh, Deus, porque o Senhor não mandou raios naquele momento só pra deixar a situação bem clara?

Então lá fui eu, meio emburrada, meio querendo morrer, me sentar ao lado de Rony. Percebam que ele estava tão feliz com aquela situação que mal olhou na minha cara. Filho da mãe.

─ Ok, o trabalho de hoje é simples ─ avisou Maldelin ─ Vocês vão escrever uma crônica sobre algum vínculo sentimental. Por exemplo, escrever sobre dois irmãos, um avô e um neto, um casal de namorados. Podem escolher.

Ah não, eu era péssima escrevendo, imagine tendo idéias. Mas, surpreendentemente quem salvou o dia foi Ronald, O Todo-não-Poderoso de San Francisco. Bem, tentou salvar.

─ A gente podia quem sabe escrever uma crônica sobre namorados ─ comentou ele, mas eu percebi o tom venenoso em sua voz ─ Podemos intitular como “Alexia e seus dois amores”, hm o que acha? Mas aí você escolhe o protagonista, Chris ou Peter?

─ O que você quer insinuar com isso, Stark? ─ sibilei, lançando um olhar venenoso para ele ─ Tome muito cuidado com a suas próximas palavras.

Rony deu um sorriso zombeteiro e me encarou parecendo achar aquilo tudo muito engraçado.

─ Vamos ver… Ah, Chris não poderia porque ele te traiu e Peter também não porque ele só o seu amigo, não é? Você queria mais dele mas ele só pode te dar a amizade dele, porque ele não conseguiria gostar de alguém como você.

Nunca, em toda minha vida, senti nojo de alguém tanto quanto senti de Rony naquele momento. Mas não me julguem pelo o que eu falei a seguir, porque foi algo bem à altura daquele babaca mal amado.

─ Olha quem fala, Rony. Para seu governo, o Peter é só meu amigo porque ambos queremos isso, mas e você? Você tem dinheiro, beleza, se acha por isso e mesmo assim nenhuma garota gosta de você, porque você é um idiota sem sentimentos, onde deveria estar seu coração é onde fica uma pedra daquelas que as pessoas chutam na rua por diversão. O engraçado é que qualquer garota só se aproximaria de você se alguém pagasse a ela antes, a não ser que você esteja incluindo a Bianca o que é uma pena porque o que ela pode ser confundida facilmente com um saco de lixo, assim como você.

Eu estava com tanto ódio dele, tanto ódio, que não encontrei outra forma de extravasar isso. Acho que acabei falando muitas verdades ao mesmo tempo, mas eu não conseguia nem ao menos sentir pena de Ronald.

─ Olha quem fala ─ murmurou ele, em um tom baixo.

─ Não sou pior que você ─ retruquei ─ Se está pensando que sim.

Rony olhou para mim, então vi em seus olhos azuis a mágoa que eu causara a ele, mas pude ver também o quanto ele estava se fazendo de forte e fingindo que não tinha sido afetado.

─ O que você tem realmente com Peter? ─ perguntou.

─ Ele só meu amigo, só isso. Nos conhecemos há muito tempo, muito antes até de você chegar nessa cidade ─ respondi.

Rony deu um sorriso como se tivesse tido uma ideia.

─ Ok, pegue a caneta e o papel ─ mandou ─ E escreva sobre o que sente em relação a Peter. Seria um crônica de amizade, não é mesmo?

Ok, apesar de que era uma péssima ideia me deixar como responsável por todo aquele trabalho, aceite fazer, mesmo sem saber quais eram as intenções de Rony em relação aquilo.

Mas eu não saberia escrever sobre Peter, um texto pequeno sem sentido quem sabe, mas uma verdadeira crônica de amizade… Seria difícil. Então decidi escrever sobre outra pessoa, sobre alguém que Rony nunca desconfiaria…

Quando terminei, pedi para Rony entregar. Tive uma sorte imensa que ele não leu ou deu qualquer uma olhada, teria sido constrangedor… Afinal, eu tinha escrito sobre ele.

Aléxia.