Adolescência Semideusa: Como Sobreviver! escrita por AnandaArmstrong


Capítulo 6
Breaking the Habit




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A mente cansada é um subterfúgio para maus pensamentos. É só a ideia ser plantada, e ela floresce feito uma flor venenosa e contamina seu cérebro até o inconsciente. Isso começa a durar no seu pensamento vinte e quatro horas por dia, até que você se rende a ela. Você sabe do que eu estou falando. Aqueles problemas que todos tem, todos os seres ditos racionais.  Aqueles fracos e facilmente oprimidos por outro de sua espécie. A ideia pode te cansar tanto que faz você fazer coisas que você nunca pensou antes. Certo?

Você começa á beber um pouco mais. Começa a fumar um baseadinho de vez em quando pra espairecer a cabeça, e assim começa um vício sem fim. Uma escapatória para todos os seus problemas. Aqueles... Que te cansam a mente. Aqueles que empurram todos os afazeres do seu cérebro de lado e se tornam parte de você, aos poucos tomam o corpo como um parasita. Suga todas as suas forças até você voltar a dormir. Afinal, toda mente precisa descansar de vez em quando.

Eu ainda não dormi. Faz três dias.

Não preguei o olho à noite toda. Fiquei revirando na cama, suando frio e com uma dor de cabeça insuportável. Então eu resolvi voltar ao vício, aquele pensamento que começa a tomar toda a sua mente aos poucos. Eu estou limpo á quase um mês. Bom, pelo menos até ontem. Eu peguei um baseado da carteira e acendi. Isso foi mais forte que a minha mente fraca, mas pelo menos eu tive o violão. A líder do chalé de Apollo me pagou dez dracmas pra eu criar um ritmo pra duas músicas. Pelo menos a cannabis sativa ajudou pra alguma coisa, como diz um rapper brasileiro: “Na cabeça ativa, na cabeça ativa”.

A Mary Jane é uma das melhores coisas criadas pela a natureza, te faz pensar em inúmeras possibilidades que nem nos nossos sonhos mais insanos pensaríamos. Ela abre a nossa cabeça para novas possibilidades, novos horizontes. É claro que eu não recomendo nem vou fazer a cabeça de ninguém pra provar, essa porra vicia. Quando é um, você tem que ter a mente forte, porque o numero começa a dobrar, triplicar, e por aí vai. Mas se você se dispuser... Que seja por sua total conta e risco. O Chalé Um está sempre aberto á novos companheiros de... Fumaceira.

O irônico é que Zeus, meu querido pai, simboliza os céus, e hoje em dia os céus estão tão poluídos. Quer dizer, não são só os céus e lá de fora que estão cheios de fumaça, se você entende o que digo.

Mas eu não me importo mais em garantir a honra do chalé um. Meu pai não merece honra, ele é desonesto, trapaceiro, egoísta, ganancioso e simplesmente não merece nada do que tem. É uma vergonha ser Zeus, o senhor dos céus e Deus dos Deuses e usar isso em benefício próprio. E mais do que ser tudo isso, ele parece não ter coração. Permitiu Hera jogar Hefesto do Olimpo, permitiu ela fazer tudo aquilo com Héracles e tem tantos filhos, mas não reconhece metade. 

Por isso mesmo eu me pergunto por que ele me reconheceu. Porque ele reconheceu que aquele drogado era filho dele? Diante de todo o Olimpo? Claro, o acampamento pode não saber, mas os deuses sabem muito bem das coisas que eu faço, e não tenho nada a esconder. Ao contrário de Zeus.

Levantei do chão e fui tomar um banho rápido, é hora de sair para a sociedade.

Fui tirando a roupa no caminho do banheiro e largando no chão mesmo. Quando cheguei ao banheiro olhei a imagem que refletia no espelho, era deplorável. Olhos muito vermelhos, olheiras enormes, olhos azuis que já não tinham o mesmo brilho infantil de antes, cabelos loiros bagunçados e sujos, pele mais pálida que o normal e um rosto um pouco mais magro que o normal.

“Isso está acabando comigo aos poucos.” Pensei em voz alta, e me assustei em como minha voz soava rouca. Eu não falava há dias.

Ignorei esse pensamento e fui direto pro chuveiro. Abri a torneira e deixei a água cair em mim, foi como uma nova espécie de afrodisíaco, uma sensação boa tomava conta de mim. Sentia as gotas geladas e grossas caírem em minhas costas causando um impacto de realidade grande em mim. Faz um tempo que eu não treino, já não sei como é a dor física. Talvez eu deva sair mais um pouco do chalé.

Lavei o cabelo, passei sabonete, e saí do banho muito mais aliviado. Ao sair do banheiro me olhei no espelho novamente, e pude ver que os olhos vermelhos e as olheiras já não estavam lá. Ri de leve e agradeci mentalmente a Poseidon pela benção.

Quando eu era pequeno eu quase me afogava, eu não sabia nada sobre deuses gregos nem nada do gênero, devia ter uns quatro anos. Foi quando um homem veio do nada e me tirou da água, minha mãe tinha ficado desesperada. Eu meio que fiquei eternamente agradecido á ele, e ele resolveu me dar benção alguns anos mais tarde. Ele disse que foi uma precaução para que eu não me afogasse mais.

Talvez tenha até sido mesmo, não me afogar nos meus próprios problemas e sensações. Eu sei que foi uma das melhores coisas que já me aconteceu. É por isso que o Kai me odeia, ciúmes infantis. Vou admitir que é legal brigar com ele.

Peguei uma cueca box, uma bermuda jeans e a camisa do acampamento no baú, ao  pé da cama, e vesti rapidamente. Peguei a minha soqueira na gaveta do criado-mudo, coloquei no bolso, e enganchei na bermuda a espada junto com a bainha mágica na minha cintura.

Vamos Tate, está na hora de encarar a sociedade. 


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