Hope Springs Eternal (hopefully) escrita por faberryislove


Capítulo 1
Hope Springs Eternal (Hopefully)


Notas iniciais do capítulo

É basicamente uma crônica do relacionamento de Quinn e Rachel ao longo do último ano e com os outros personagens e envolve coisas com faculdade e se mudar.
A autora dessa história escreveu um tempo antes da estreia da terceira temporada, então algumas coisas não vão bater como... A Quinn não ter tido aquele surto de rebeldia e tal. Enfim, vamos à história.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/205800/chapter/1

Sua atração por Quinn nunca a incomodou. Não era uma percepção do que aconteceu um dia quando ela estava em seu armário esperando por uma certa Head Cheerio enquanto ela falava com Finn em seu primeiro ano. Ela não bateu nela no momento em que Quinn disse Eu não estou brava com você na mais quebrada voz que Rachel já ouvira. E ela certamente não se incomodou de ter levado um tapa da loira quando ela perdeu a coroa de rainha do baile.

Não, sua atração por Quinn era como um fogo brando, crescendo ao longo dos anos, até que chegou a um ponto onde ela não poderia lutar mais. Era forte e inegável. Tão inegável que quando Finn a beijou no palco na frente de uma grande plateia no dia que eles perderam as Nacionais, ela se sentiu tão doente e confusa quando terminou com ele naquela noite. Finn. Finn. O garoto que ela disse aos pais que ia se casar um dia num casamento extravagante que incluía pombas. O garoto que ela disse que iria ter filhos com, envelhecer com e morrer com.

E talvez ela tenha sido estúpida. Ela passou o verão inteiro pensando em quem joga dois anos de namoro fora só porque tem sentimentos muito fortes pela namorada de seu ex-namorado. Isso era um episódio de Jerry Springer esperando para acontecer.

Era estúpido, mas quando ela marchou para a escola no primeiro dia de seu último ano se sentindo mais confiante do que nunca, ela estava determinada a conquistar Quinn porque é isso o que você faz quando você gosta de uma tal Quinn Fabray. Você a conquista porque ela é o tipo de pessoa que alguém quer ter. Longa história, Rachel foi acertada por uma raspadinha após seus dez primeiros passos dentro da escola. Ela tinha contado. Ela correu cegamente para o banheiro para se limpar. Ela estava terminando de lavar seu cabelo quando a mais angelical voz disse-lhe; Você é uma idiota por entrar nesse lugar todos esses anos agindo como se o possuísse. Se você apenas tivesse agido normalmente, então isso não teria acontecido.

O comentário modaz e o tom gentil em que foi falado causaram nós e torções no estômago de Rachel. A próxima coisa que ela soube, foi que suas mãos foram estapeadas para longe e dedos ágeis correram suavemente através de seus cabelos penteando o gelo para fora.

Ela se lembra de afirmar alguma coisa sobre 'Eu gosto de você' e Quinn dizendo-lhe 'Eu sei'. Então ela se perguntou se isso era realmente óbvio. Quinn terminou de lavar seu cabelo e se virou o secando da melhor forma possível com as toalhas de papel frágeis do banheiro. Rachel olhou para seus lábios o tempo inteiro e apesar de que Quinn soubesse, ela permitiu. Elas não se beijaram naquele dia, mas elas não precisaram porque Rachel a beijou apenas uma semana e meia depois, e isso valeu a pena. E é assim que Quinn Fabray foi sua. Rachel Berry funciona de forma eficiente. O resto, como dizem, é história.

***

História que foi mais ou menos se escrevendo com cada dia que passa.

"Olá, Finn," Rachel o cumprimentou calorosamente quando se encontraram no corredor. Fazia quatro meses desde o término. Rachel pensou secretamente que o número quatro era o número mais azarado do mundo. Quatro era o número de pessoas a quais pertenceram ao quadrilátero que incluía ela, Quinn, Finn e Puck. Quatro foi o número de meses que Quinn e Finn estiveram namorando quando ela o roubou dela. E quatro era o número de meses que ela e Finn terminaram quando ela falou com ele neste dia. Mas, aparentemente, quatro meses ainda não era tempo suficiente. Finn apenas a olhou e continuou andando. Seu sorriso desapareceu e ela agarrou seus livros mais apertados contra o peito. Sim, o número quatro era uma merda. Ela e Quinn estavam juntas apenas há um mês, Finn ainda não era cordial. Ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha - um tique nervoso - e continuou andando ao armário de Quinn.

Ela parou bem ao lado do armário de sua namorada. O cabelo curto de Quinn estava cacheado nas pontas. Rachel sorriu. "Bom dia, Quinn."

"Bom dia," Quinn murmurou distraidamente assim que pegou um livro de seu armário. Ela se virou para Rachel. Seu olhar rapidamente a observou. "Algo está errado."

Rachel achou isso estranho, pela segunda vez juntas, Quinn parecia conhecê-la melhor do que qualquer um em sua vida, menos que seus pais, é claro. Ela suspeita que quando elas não eram amigas, Quinn usou o ditado 'conheça seus inimigos melhores que seus amigos'. "Finn ainda está chateado."

Quinn riu silenciosamente quando fechou seu armário. "Suas duas ex-namoradas estão em um relacionamento, Rachel. Eu duvido que ele vá ficar bem com isso agora. Dê tempo a ele."

"Quanto tempo?" ela murmurou.

"O tempo que ele precisar."

Ela assentiu e resmungou um pouco, então elas andaram para a aula. Rachel observou as pessoas na medida em que elas andavam. Havia uma mistura de curiosidade e inveja. Os meninos continuaram a dar em cima de Quinn abertamente assim como as líderes de torcidas olhavam para Rachel. Uns pares de rostos raivosos foram feitos em um mar de indiferença. Cegamente, Rachel estendeu a mão para pegar a mão de Quinn. Ela sentiu Quinn se tencionar ao seu lado e imediatamente recolheu a mão.

"Me desculpe," ela murmurou. Ela voltou seu olhar para Quinn, meio que esperando vê-la brava.

O que ela conseguiu foi uma mordida nos lábios e uma testa franzida. Quinn olhou para sua mão com cautela. Ela parecia estar fazendo uma decisão. Rachel estava prestes a sugerir pra elas esquecerem esse momento e continuar caminhando quando Quinn cuidadosamente estendeu a mão e pegou em sua mão suavemente. Um calor se espalhou pelo corpo de Rachel até que ela estava sorrindo para Quinn. "Você tem certeza de que está bem com isso?"

Os olhos cor de avelã examinaram a multidão de estudantes que passavam por elas. Ela viu alguns olhares curiosos e alguns olhares as julgando, mas esses foram amplamente ignorados. Ela voltou a olhar Rachel. "Eu realmente não sei o que estou fazendo," ela admitiu. "Mas eu posso fazer isso." Ela fez um gesto para as mãos dadas. Rachel sorriu largamente e Quinn sabia que tinha feito à escolha certa. Elas caminharam para a aula com Rachel balançando suas mãos o caminho todo.

Rachel sorriu que nem uma idiota pelo resto do dia.

***

"Bem, você parece feliz," Hiram comentou assim que amarrou seu avental.

Rachel sentou-se a mesa da cozinha e começou uma conversa com ele. "Eu estou."

"Quem é o garoto?"

"O garoto, é uma garota, pai."

Suas sobrancelhas arquearam-se. "Eu nunca pensei que você-"

"Eu não sei se sou. Eu apenas sou doida por ela."

Ele virou-se para ela para encontrar os familiares corações em seus olhos que ela só tinha quando estava cantando ou assuntos do coração eram envolvidos. Ele sorriu. "Cuidado, querida."

"Ela é incrível, pai."

"Você me ouviu?"

"Você me ouviu?"

"Sim, sim, eu ouvi que ela é incrível," ele brincou.

"Ela é."

"Ela tem um nome?"

Rachel deu um largo sorriso. "Quinn."

***

"Quinnie, com quem você vai ao baile?"

"Mãe, o baile só é em outubro."

"Uma boa campanha para o baile tem que começar cedo. Você não quer que aconteça igual ano passado."

Quinn gemeu assim que as memórias do ano passado vieram à tona. Ela deixou o garfo cair e colocou a mão em seu rosto. Foi embaraçoso. Não só por que ela perdeu a coroa de rainha do baile, mas ela agrediu fisicamente sua então inimiga, namorada agora. Era um episódio de Jerry Springer esperando para acontecer. Foi um dos momentos mais devastadores de sua vida. Quando Rachel recuou e a olhou com os olhos feridos depois de ser estapeada, Quinn quase quebrou em um choro incontrolável. Aquilo levou tudo dela, sussurrou Sinto muito porque tudo o que ela queria fazer era entrar em uma bolha e chorar.

Rachel tinha estendido a ela a maior bondade de sua vida, sinceramente. Seu pai a expulsou de casa quando descobriu que ela estava grávida, sua mãe mal se mexeu e deixou isso acontecer, sua irmã foi embora e nunca mais voltou desde que se formou no colegial —embora Quinn não possa culpá-la. E pensou que Santana e Brittany eram boas amigas por um tempo—onde elas estavam quando ela estava grávida? Não estavam por perto. Onde Rachel estava quando ela estava grávida? Bem, ela praticamente roubou Finn quando soube quem era o verdadeiro pai do bebê, mas ela era a única pessoa na vida de Quinn que estendeu qualquer tipo de amizade ou mão amiga além da mãe de Finn.

Ela ainda ficava enjoada em pensar na noite do baile por causa de todos os pontos baixos na sua semi-mas-não-muito amizade com Rachel, que foi definitivamente a mais baixa.

Mas ela sempre tentou olhar para o outro lado. O lado bom é que ela tinha Rachel agora. Rachel gostava dela, apesar do fato que Quinn tinha dito para si um ano atrás que a odiava. Ela gostava dela o suficiente para estar com ela, e agora, Quinn contava isso como uma vantagem.

"Talvez eu não vá ao baile," ela murmurou.

"De jeito nenhum, Quinn. Você sempre quis ser a rainha do baile desde quando tinha treze anos."

"Não, você queria que eu fosse a rainha do baile desde quando eu tinha treze anos."

"Quinn..."

"Vou pensar sobre isso, mãe."

***

A escola era muito melhor para Rachel. Seu último ano preparava-se pra ser o melhor ano de toda sua carreira escolar e ela tinha que agradecer Quinn por isso. Depois do primeiro dia de aula, Rachel nunca mais foi atingida por uma raspadinha e embora Quinn nunca tenha admitido isso, Rachel suspeitava que o motivo para isso seria que ela tinha mandado Karofsky e Azimio pararem.

***

Ação de Graças não foi tão bom para Rachel. Ela esperava que sua namorada fosse até sua casa para conhecer seus pais, mas Quinn ainda não tinha contado para Judy. Rachel insistiu que estava tudo bem e que ela ainda poderia ir, mas Quinn disse que não. Ela prometeu que até o Natal conheceria os Berry's.

"Eu pensei que a Quinn viria, Rachel?" Hiram perguntou.

Como jogar sal em uma ferida. Rachel franziu a testa olhando para seu tofu. "Ela tinha um compromisso."

"Então nós vamos conhecer a ilustre Quinn Fabray?" Leroy perguntou com um sorriso provocante.

Rachel sorriu timidamente. Ela tinha a tendência de falar coisas boas sobre Quinn toda vez que tinha chance. "Eu espero que sim, papai."

Hiram a olhou cuidadosamente. "Ela é uma boa garota?"

"Sim, pai, ela é muito doce e—"

"Quinn Fabray. Quinn Fabray. Por que isso me soa familiar?" Leroy interrompeu.

Rachel baixou a cabeça e continuou a comer sua comida assim que os pontos se conectaram na mente de Leroy. "Espere um pouco."

Ela rapidamente o olhou. "Papai, ela mudou."

"Ela te deu um tapa no rosto!"

"E ela se desculpou por isso. Eu acho que isso dói mais nela do que me mim."

"Oh, dói?" ele perguntou incrédulo. "Ela tinha um hematoma na bochecha pra explicar aos pais quando chegou em casa?"

"Não, mas—"

"Ela não é bem-vinda na minha casa."

"Papai," ela lamentou.

"Você tem sorte que eu não mandei você parar de vê-la. Ela te bateu, Rachel."

"Eu sei o que ela fez. Mas eu estou te dizendo que ela é uma pessoa diferente. Ela é calma e muito boa."

"Por quanto tempo?"

"Leroy, querido, pare com isso um pouco."

"Você está bem com nossa filha namorando uma agressora?"

"Ela não é uma agressora!" Rachel gritou.

"Rachel, deixe eu e seu pai falarmos sobre isso," Hiram falou.

Rachel caiu de volta contra sua cadeira com um suspiro. Ela deixou cair o garfo, empurrou o prato para longe e subiu as escadas correndo.

"Briga de crianças, Leroy. É assim que é."

"Ela deu um tapa no rosto da nossa filha."

"Quantas brigas você e seu melhor amigo tiveram no colegial? Você sabe, o melhor amigo que eu possa chamar agora mesmo e ele vir aqui em um segundo pra assistir um jogo de futebol com você. Esse amigo."

"Isso é diferente."

"É exatamente a mesma coisa."

Ela caminhou até seu quarto e atirou-se sem a menor cerimônia em sua cama. Ela segurou as lágrimas durante a briga lá embaixo. Não era justo que ela finalmente havia percebido seus sentimentos por Quinn, tinha Quinn e ainda tinha que assistir seus pais discutirem sobre ela porque seu pai não aprovava Quinn. Ela riu sombriamente. Qual pai não aprovaria Quinn? Ela era o modelo perfeito de uma boa menina. Inteligente, religiosa, saudável. Isso espantou Rachel ao pensar como isso havia acontecido com ela. E não era como se ela tivesse chegado em casa após o baile chorando porque Quinn lhe deu um tapa no rosto. Havia apenas um hematoma vermelho em seu rosto que ficou mais visível quando a noite continuava. Ela tinha ido para casa naquela noite e a primeira coisa que seu pai lhe perguntou quando a viu foi como ela conseguiu aquele hematoma no rosto. Ele estava pronto pra explodir. Ele pegou o telefone, pronto pra ligar para Jesse quando Rachel o disse que não era culpa de Jesse. Leroy, então, quase ligou para a mãe de Finn quando Rachel mordeu seu lábio e disse que ele havia culpado a pessoa errada.

Ele calmamente perguntou quem fez isso. Rachel estava relutante em dizer, mas eventualmente, lhe disse que no calor do momento, Quinn perdeu o controle por um momento e deu um tapa nela. Leroy estava no telefone com o operador, procurando pelo número da casa dos Fabray's antes que Rachel conseguiu fazê-lo desligar. Ela implorou-lhe, quase chorando por que ele não entendia. Ele não entendia o que significava ser a rainha do baile para Quinn, ele não entendia o quão irritada Quinn estava e o quanto ela estava machucada quando sinceramente pediu desculpas.

Mas ele não estava lá quando o baile acabou e Quinn aproximou-se dela enquanto esperava pela carona de Jesse. Ele não estava lá quando Quinn estava visivelmente triste. Quando Quinn passou a mão devagar em seu rosto, correndo o dedo pelo machucado. Ele não viu o brilho nos olhos de Quinn quando ela se aproximou para dar uma olhada. O remorso e a compaixão misturados com outra coisa que Rachel nunca tinha tido tempo para perceber antes, mas agora plenamente reconhece. Ele não ouviu Quinn sussurrando Me desculpe, me desculpe mesmo, Rachel enquanto a olhava nos olhos e acariciava sua bochecha suavemente.

Rachel suspirou com a memória. Àquelas horas tumultuosas do baile foram o único contato realmente significativo que ela e Quinn tinham compartilhado até o final do ano, se você não contar os olhares que Quinn dava quando ela estava com Finn.

Ela pegou o telefone, tudo isso lembrando-a do passado e fazendo-a ter medo de perder Quinn.

Rachel: Como sua noite está sendo?

Quinn: Sinceramente?

Demorou cinco minutos para Quinn responder e Rachel estava nervosa, roendo as unhas e verificando o telefone sem parar esperando a resposta da loira.

Quinn: Eu queria que eu tivesse passado a Ação de Graças com você.

Valeu a pena esperar esses cinco minutos. Seu coração disparou. Então, seu sorriso desapareceu assim que ela lembrou as palavras duras de Leroy.

Rachel: Quinn, eu acho que você precisa saber de algo.

Quinn: Espero que não seja nada ruim.

Rachel: Papai sabe que você me deu um tapa no baile.

Rachel: E ele realmente não está feliz com isso.

Quinn: Ele me odeia.

Quinn: Eu me arrependo.

Quinn: Do que eu fiz.

Rachel: Eu sei, Quinn.

Quinn: E por todas as outras coisas que eu fiz.

Rachel: Eu sei.

***

"O que você quer de aniversário?"

"Eu não sei. O que você vai me dar?"

"Bem, eu não vou saber até você me dar uma dica do que você quer."

"Talvez eu queria ser surpreendida."

"Talvez eu seja péssima dando presentes."

"Talvez eu goste de qualquer coisa que você me der."

"Talvez eu não queira que você goste. Talvez eu queira que você ame."

Elas rapidamente se tornaram um daqueles casais bobos, Quinn sabia. Mas ela não conseguia parar. Elas falavam ao telefone todo dia após fazerem a lição de casa e Rachel falava sobre o futuro. Aonde ela ia, o quão ela estava se esforçando, o quanto ela gostava de cantar, como a Broadway estava chamando-a.

Quinn não podia mentir; ela se sentia um pouco de lado. Rachel tinha todos esses grandes sonhos e aspirações e Quinn era apenas Quinn, destinada a Lima Community College ou OSU se ela realmente se importava o suficiente para preencher o requerimento. Mas Rachel estava indo a lugares. Ela ia além de Ohio e Quinn ia deixá-la.

Ela limpou a garganta e falou no telefone. "Me desculpe, você estava dizendo alguma coisa?"

"Você não ouviu?"

"Eu talvez possa ter me distraído um pouquinho."

"Quinn Fabray!"

"O que você quer de aniversário?"

"Eu quero que você venha aqui e conheça meus pais."

Ela gemeu e se afastou do telefone como se isso fosse algo podre. Ela olhou para baixo e a voz de Rachel soava estridente de longe quando ela disse, "Não vai ser tão ruim assim, Quinn. Eles apenas precisam ver que você não é uma agressora."

Ela rapidamente colocou o telefone de volta ao seu ouvido. "Seu pai pensa que eu te agrido?" ela perguntou com firmeza.

"Quinn, calma. Papai só está agindo assim porque—"

"Porque eu te dei um tapa." Ela passou a mão no rosto em frustração. Ela tinha uma lista longa de coisas em sua vida que ela gostaria de não ter feito e dar um tapa no rosto de Rachel estava no top três. "Me desculpe."

"Você já se desculpou por isso. E eu já te desculpei."

"Já?"

Rachel não hesitou. "Sim."

***

Rachel trabalhou diligentemente dia e noite no aperfeiçoamento de suas fitas de desempenho para Juilliard. Ela iria enviar três vídeos, embora ela só tenha que enviar um. Esse um nunca pode ser tão cauteloso, sempre foi seu lema. Ela gravou um vídeo dela cantando uma música clássica, ela estava indo para o estúdio de dança neste final de semana para gravar ela mesma performando uma peça original, e Get It Right, a canção que ela escreveu, ia ser a terceira performance para enviar. Ela sempre considerou essa música ser sua e de Quinn pelo simples fato de que aquela conversa com Quinn a inspirou. E por anos elas nunca puderam se acertar.

Mas agora sim. Estava perfeito.

***

Ela viu como os olhos de Quinn percorriam as paredes de seu quarto. Rachel já encontrou sua namorada olhando para seu quarto cada vez que fazia mudanças sutis. Ela não tinha ideia de que Quinn poderia ser tão... atenta.

"Você pode falar, você sabe," Rachel disse suavemente quando os olhos cor de avelã encontraram os dela de novo.

Quinn olhou ofendida. "O que você quer dizer?" ela perguntou, quase que defensivamente.

Rachel sentou-se para encará-la de forma mais completa. "Eu notei que você me permite falar o tempo todo. Você não fala." Ela chegou mais perto até que tudo o que Quinn podia ver era uma cortina escura de cabelos castanhos e olhos grandes e expressivos. "Eu acho que... quero que você saiba que você pode falar sobre si mesma. Do que você gosta, não gosta. E-Eu apenas gostaria de saber mais sobre você."

Quinn desviou o olhar para os lençóis da cama abaixo dela. Rachel observava em silêncio, esperando qualquer indicação de que suas palavras funcionaram. Quando nada aconteceu, ela suspirou silenciosamente e se sentou de costas para a cama. "Eu acho que posso continuar falando por—"

"O que você quer saber?" Quinn perguntou baixo.

"Esperanças, sonhos," Rachel disparou de volta. Ela havia perguntando há um tempo. Foi um pouco presunçoso ela assumir seus objetivos futuros e Quinn se alie perfeitamente, ela não podia ajudar, mas podia ter esperança. "O que você quer ser ou fazer para o resto da sua vida?"

"Eu vou ser uma corretora de imóveis."

"Sim, eu lembro," ela respondeu sonolenta. "É isso o que você quer ser?"

"É isso o que eu vou ser."

"Sim, mas isso é o que você quer?"

Quinn olhou para ela estranhamente, como se Rachel tivesse com duas cabeças. Ela parecia confusa. E Rachel inclinou a cabeça, perplexada. Ninguém nunca havia perguntando o que ela queria da vida?

"Eu não sei," Quinn finalmente murmurou. Ela sentou do lado de Rachel, ombro com ombro.

Rachel pigarreou. Ela ergueu o cotovelo e o colocou sobre Quinn. "O que você gostaria de fazer?" ela perguntou com sinceridade.

Quinn apertou os olhos e pensou seriamente. Ela enumerou uma lista. Ela entrou para as Cheerios porque seu pai quis. Ela se juntou ao clube de Celibato porque seus pais queriam. Ela entrou no clube Glee porque no começo queria ficar de olho em seu namorado. Ela estava no quadro de honra porque ela era inteligente e se ela afrouxasse, seus pais não aprovariam. Nada, nada do que ela tinha feito era porque ela queria. Ela respirou profundamente. "Eu acho que eu gosto de desenhar," ela murmurou incerta.

Rachel revirou os olhos, lembrando-se dos desenhos pornográficos e a caricatura horrível com corações ao redor que Quinn desenhou dela. "Eu deveria saber."

Quinn corou e ela murmurou um pedido de desculpas. "Mas ainda assim," ela continuou firme, "Quantos artistas efetivamente são reconhecidos por seus desenhos ou pinturas? Eu sei que é pouco provável para mim."

"Então, estúdio de arte pode ser menor," Rachel respondeu de volta. "O que você acha de um maior?"

Elas se olharam intensamente, uma batalha silenciosa acontecendo. Rachel fazendo Quinn sonhar e Quinn resistindo. "Você não pode salvar o mundo."

Rachel arqueou uma sobrancelha. Ela inclinou-se para abraçar Quinn e a beijou profundamente. A tensão no quarto foi rapidamente substituída por uma coisa diferente, dedos pálidos percorreram o cabelo escuro. A língua de Rachel deslizou pelos lábios de Quinn e mergulhou para dentro. Ela roçava sua língua com a de Quinn, gemendo quando lábios suaves se fecharam em torno de sua língua e a sugou. Ela se afastou eventualmente, ofegante com os olhos meio abertos olhou de volta para ela. "Eu não estou tentando salvar o mundo," Rachel disse calmamente. "Eu apenas tenho um interesse em você."

"Por quê?"

"Porque eu gosto de você. Você é minha namorada."

Essa simples afirmação parecia completamente desengatar Quinn. Rachel quase riu como a pegou de surpresa. Os olhos se abriram até que estivessem totalmente visíveis e elas olharam uma para outra por muito tempo. Quinn esfregou suavemente as costas de Rachel enquanto ela se ajeitava em cima dela.

"Eu gosto de escrever," ela finalmente sussurrou.

Rachel assentiu. "Você quer ser uma autora?"

Quinn mordeu seus lábios. "Não exatamente."

"Então o que você quer ser?"

"Você não pode rir."

"Eu nunca riria dos seus sonhos," Rachel disse genuinamente.

O coração de Quinn acelerou com a honestidade nas palavras de Rachel. Como alguém poderia ser tão bom? Ao contrário dela, quando ela passou anos rindo dos sonhos de Rachel ir para Broadway. Por vezes ela sentia que tinha muito a se desculpar, mesmo que ela já tivesse se desculpado por tudo.

"Eu meio que quero... ensinar."

Rachel cantarolava e abaixou a cabeça, descansando no espaço entre o pescoço e o ombro. Seus lábios preguiçosamente se arrastavam pela pele suave e Quinn suspirou. "Eu acho que você seria uma professora fenomenal."

"Você só está dizendo isso porque é educado."

"Não estou. Eu vi como você era —apesar de ter conhecido recentemente— com os irmãos do Sam. Você gosta de crianças."

"Gosto."

Elas cuidadosamente evitaram um campo-minado muito importante, decidindo deixar esse assunto para uma data muito mais tarde.

"Você seria uma professora criativa."

Ela se aninhou mais em Quinn apertando os braços finos em volta dela. "Eu poderia ser."

"Então está resolvido. Você será uma autora importante e ter um pequeno estúdio de arte."

"Mas—"

"Como você sempre me disse, Quinn, sem mas," ela brincou.

Quinn bufou alto. Mas ela tinha um dos sorrisos mais brilhantes em seu rosto que Rachel nunca havia vido.

***

Ao contrario da crença popular em torno da escola, Quinn, Santana e Brittany não eram tão próximas. Brittany e Santana claro que eram grudadas desde o dia que se conheceram, mas sua amizade com Quinn foi baseada mais na conveniência do que qualquer outra coisa. Brittany pelo menos era uma pessoa genuína. Santana era a pessoa mais manipulativa e que Quinn constantemente tinha que vigiar. A amizade começou no primeiro ano, quando as três tentaram entrar para as Cheerios. Santana passava o tempo tentando roubar a posição de Quinn, mas Quinn era a Head Cheerio.

Depois de saber disso, Santana rapidamente mudou suas táticas. Ela fez amizade com Quinn e no momento, Quinn realmente não tinha amigos a não ser seu namorado, Finn não contava pra ela. Santana e Brittany eram muito grudadas, então Quinn passou de nenhum amigo para duas. Depois de um mês no primeiro ano, todo mundo sabia o nome dela, e por associação, todos sabiam o de Santana e Brittany também. Aquelas duas usavam isso em sua vantagem, mas Quinn apenas falava com pessoas quando precisava de algo delas.

Isso espantou ela algumas vezes por ver o quanto era parecida com Rachel. Ela perguntou por que ela lutou tanto pra ficar longe dela quando fora da escola, Rachel era realmente a única que a conhecia e poderia se relacionar com ela.

Sua amizade com Santana e Brittany aumentava e diminuía. O final do ano passado foi o auge de seu relacionamento. Embora ela não pudesse dizer que querer alguém para amá-la traduziu para um novo corte cabelo. Suas amigas tinham pegado um táxi com ela e todo o caminho até o salão de cabeleireiro as três sentaram-se olhando revistas com cortes diferentes. Isso tinha sido estranhamente terapêutico e Quinn tinha sido grata por alguém que pelo menos estava lá por ela.

Ela pensou em tudo isso enquanto calmamente olhou para o quarto de Santana. Era totalmente diferente, muito mais como ela queria que seu quarto fosse se sua mãe não fosse tão arrogante. "Eu sempre gostei do seu quarto."

Santana deu de ombros. "Você deveria. É mais legal que o seu."

Quinn não poderia deixar de sorrir para a brincadeira familiar. A amizade delas —não importa o quão superficial, ainda era uma amizade —teve um pequeno intervalo durante o verão quando Quinn se manteve para si mesma, tentando juntas os pedaços antes do último ano. Ela havia jurado a si mesma que ela teria um ano bom não importava porque ela merecia isso depois de tudo pelo que ela passou. Até agora as coisas estavam melhorando. Ela estava tirando boas notas e tinha uma ótima namorada.

"Cadê a B?"

"Provavelmente tentando voltar com o Artie."

Ela a observou sair da cama e caminhar até a mesa onde seu iPod estava. Santana pressionou algumas teclas e então a próxima coisa que ela ouviu foi Melissa Ethridge. Santana voltou para a cama e se sentou com uma expressão fechada.

"Hey."

Ela olhou para Quinn. "Quê?"

Quinn chegou mais perto. "Olha, eu sinto muito por todo esse negócio da Brittany."

"Tanto faz. Foi há meses atrás."

"E eu nunca te ajudei a superar isso porque estava lidando com meus problemas. Eu sinto muito mesmo." Ela estendeu a mão hesitante e puxou Santana para um abraço.

Era hora de fazer as pazes. Com Rachel, Santana, qualquer pessoa que ela tinha prejudicado ou tratado de uma maneira que não deveria. Ela era uma pessoa diferente, mesma mordida mas uma casca diferente. Uma casca suave, se você quiser.

Santana sorriu. Quinn rapidamente foi para trás revirando os olhos. Santana ia ter que dar seu rabo por isso.

"Wow, o Programa De Cinco Passos Da Berry fez maravilhas em você. E isso em pouco tempo."

"Não tenha ideias erradas," afirmou Quinn. "Eu ainda tenho meios de acabar com você. Mas eu não quis."

O alerta soou como quase sempre fez com Santana. Ela se recostou em sua cama, a mesma merda de sorriso em seu rosto enquanto ela cuidadosamente olhava Quinn. "É doce?"

Quinn pigarreou desconfortavelmente. "É o quê?"

"A vagina."

Ela corou mas olhou com raiva. "Não me pergunte coisas desse tipo."

"Oh, vamos lá, Q. Apenas me fale se ela é boa."

"A gente ainda não..."

"Você já?"

"A gente já acabou com esse assunto."

Santana deu de ombros. Ela pegou uma revista de seu criado-mudo e começou a folheá-lo indiferente. "Então, tem uma garota nova nas Cheerios chamada Mand."

Só assim, a conversa tinha acabado. Quinn respirava tranquilamente. Sua vida sexual não era algo que ela se sentia confortável pra falar, não importa o quão Santana pode ser experiente. "Você gosta dela?"

"Ela é bonita."

"Hmm."

"Encontro duplo?"

"Claro."

***

"Bom dia, Finn."

"Bom dia, Rachel."

"Talvez você gostaria de discutir o porquê de estar me evitando tanto ultimamente e—"

"Depois, Rachel, ok? Depois..."

***

Quinn gemeu quando ela se afastou dos lábios de Rachel. Ela lambeu os seus próprios, olhando para baixo predatoriamente. Rachel estava debaixo dela, parecendo um pouco tonta e com um sorriso preguiçoso no rosto. Quinn deu uma risadinha de sua expressão. "Você gosta disso, não gosta?"

O sorriso de Rachel se transformou num enorme. "Como eu não poderia?"

Ela cantarolou e juntou seus lábios novamente. Ela mordeu o lábio inferior e chupou suavemente, arrepiando-se com o gemido que escapou da garganta de Rachel.

Rachel puxou ela mais perto até que Quinn estivesse situada firmemente entre suas pernas. Ela se arrepiou com o contato. "Quinn," ela sussurrou.

"Hmm?" Quinn beijou seu queixo e pescoço. Era macio e delicado, quase implorando para ser marcado. Quinn gemeu suavemente contra sua pele. Ela deslizou sua língua pelo pescoço de Rachel. Então algo incrível aconteceu. Os quadris de Rachel rolaram lentamente contra os seus. Foi incrível. Foi... sexy. Quinn passou a língua pelo pescoço de Rachel e novamente rolou os quadris com mais força.

"Quinn," Rachel gemeu. Ela agarrou o pescoço de Quinn e a segurou, seus dentes deram leves mordidas na pele macia. Seus quadris lentamente pegaram um ritmo constante. Uma mão boba deslizou através seus corpos, apertando-os o melhor que podia. Ela ouviu um gemido assim que sua mão roçou o seio de Quinn. Ela gemeu com o peso suave em sua mão. Quinn levantou-se um pouco pegando a mão fechada em torno de seu seio e apertou. Seus olhos fecharam e ondas de choque rapidamente viajaram entre suas pernas. Seus quadris começaram a se mover encontrando os de Rachel.

Rachel ficou maravilhada com o pescoço de Quinn. Sua cabeça jogada para trás, seus olhos estavam fechados e seu rosto vermelho. Seus olhos se fixaram na mão sobre o peito de Quinn que estava fazendo estragos e tanto. Ela lambeu os lábios, gemendo com o pensamento de ter o peito de Quinn em sua boca e se caberia. Ela beliscou o mamilo mais forte e Quinn reclamou com a sensação.

Aquilo só ia ficar mais fora de controle. Quinn sabia disso. Se alguém sabia como um simples amasso poderia levar para o caminho errado, esse alguém era Quinn. E ela não queria fazer isso com Rachel, um caminho que hoje cedo estava próximo a ser levado.

Ela sorriu um pouco e suspirou. Ela não se sentia bem há—ela nunca se sentiu tão bem. Ela olhou para o relógio na mesa ao lado de sua cama, deu um beijou na bochecha de Rachel antes de se separar de Rachel. Rachel choramingou com a perda de contato. Ela se virou para Quinn fazendo beicinho.

"Não olhe assim pra mim."

"Por que você parou?" Rachel lamentou.

Quinn deu uma risadinha com sua palhaçada. Ela estendeu a mão para colocar uma mecha de cabelo atrás da orelha de Rachel. "Porque minha mãe sai do trabalho em meia hora. Eu tenho que te levar pra casa daqui a pouco."

Rachel continuava com o beicinho e saiu da cama de Quinn para procurar seus sapatos. Ela sentou em uma cadeira do outro lado da sala, olhando para Quinn enquanto colocava os sapatos em seus pés.

Quinn sorriu para a sua namorada descontente. "Eu tenho uma pergunta."

"Isso é continuar o que estávamos fazendo?"

Ela pensou por uns segundos. "Não, mas eu tenho outra pergunta. Você realmente está preparada pra isso, Rachel?"

Rachel abaixou a cabeça timidamente, estalando os dedos do pé. "Não," ela resmungou. "Ainda não." Ela olhou para Quinn com determinação. "Mas eu vou estar um dia."

"E se não estiver pronta para ter relações sexuais e bebês até tiver vinte e cinco anos?"

Ela ficou boquiaberta. Sua boca se abriu e fechou várias vezes. "Finn te disse isso?" gritou ela.

Quinn assentiu. "Ele ficou reclamando pra todos no dia seguinte. Logo depois de dizer a todos que ele tocou seu peito." Sua testa se franziu e apertou os lábios.

Rachel sorriu timidamente com a reação dela. "E você lembra-se de tudo isso?"

Ela rapidamente fechou uma mão sobre a boca percebendo o que havia dito. Um rubor tomou conta de suas bochechas e Rachel riu. Quinn fez uma careta do outro lado da sala. "Agora eu não vou mais te perguntar o que ia."

"Aw, pergunta."

"Não."

"Quinn." Rachel rapidamente colocou o sapato de volta e caminhou para a cama de Quinn. Ela se sentou ao lado de sua namorada e se inclinou para beijar sua bochecha. "Me conta?"

"Não."

"Por favor?"

"Não."

"Quinn."

"Rachel."

"Quinn, por favor."

"Diga por favor de novo."

"Por favor?"

"Não."

"Tá quase na hora de eu ir," ela lamentou. "Por favor me conta."

Quinn virou-se para olhar ela. Ela deu o sorriso mais encantador que Rachel havia visto. "Eu só ia te perguntar se você queria ir num encontro comigo."

"S-sério?"

"Sim, sério. É isso o que os casais fazem. E eu não fui a um encontro há um tempo —a propósito, você paga." Seu sorriso virou desonesto e Rachel balançou a cabeça. Ela ainda não conseguia controlar as batidas do seu coração por causa de Quinn, Quinn queria ir a um encontro com ela.

O choque de seu relacionamento provavelmente nunca acabar.

"Eu adoraria ir a um encontro com você."

***

"E que música você vai apresentar hoje, Rachel?"

"Eu cantarei At Last da Etta James, Sr. Schuester."

Os olhos de Quinn arregalaram-se.

***

Ela não podia adiar conhecer os pais de Rachel por muito tempo e a verdade seja dita, ela não queria. Escapar de ir à casa de Rachel estava ficando velho e ela precisava ganhar a aprovação de seus pais se ela e Rachel fossem mais longe. O que ainda não estava realmente certo. Ela apenas sabia que havia um futuro e ela queria isso.

Ela agarrou o buquê de flores na mão esquerda firmemente e bateu na porta. Uma rajada de vento frio passou por ela e apertou seu casaco contra ela.

"Eu atendo!" uma voz estridente gritou por trás da porta. Quinn sorriu amplamente. Ela conheceria essa voz em qualquer lugar. Rachel abriu a porta e se atirou nos braços de Quinn. "Oi, Quinn."

"Feliz aniversário," ela murmurou de volta. Esfregou as costas de Rachel e deu um beijo em sua testa. Rachel soltou-se do abraço e deu-lhe um selinho. Elas se olharam por um momento até que Rachel viu as flores. Quinn as puxou para trás com um sorriso maroto. "Elas não são pra você, aniversariante."

Rachel franziu a testa. "Pra quem são?"

"Seus pais."

Rachel cantarolou em aprovação. Ela deu um passo para trás pra deixar Quinn entrar e pegou seu casaco. "Escolha sábia."

Quinn atravessou o corredor e foi até a cozinha para encontrar dois homens esperando por ela. Hiram sentou-se à mesa lendo um jornal enquanto Leroy estava cozinhando.

"Boa noite Senhor e Sr. Berry," ela disse confiante como podia. O que foi, claro, não tão confiante.

"Olá, Quinn, é bom finalmente te conhecer! Rachel não para de falar sobre você." Rachel bufou baixinho e Hiram levantou da mesa para andar até Quinn e envolvê-la em um abraço. Ele se afastou e pegou as flores de sua mão. "São simplesmente adoráveis! Vou colocá-las em um vaso."

Quinn mentalmente suspirou de alívio. Pelo menos um dos pais de Rachel gostava dela. Ela olhou para encontrar Leroy se aproximando dela. Ele era alto e intimidador. Ela tentou o seu melhor enquanto caminhava e parava em sua frente. Ele estendeu a mão. "Eu sou Leroy, o outro pai de Rachel. É bom te conhecer, Quinn."

Não foi nem de perto uma das mais calorosas recepções que Quinn teve, mas ele foi educado. Ela cumprimentou-o de volta educadamente e o seguiu para a mesa.

O jantar foi servido e a única coisa que se ouvia era o tilintar de garfos. A mão de Quinn tremia enquanto mergulhava o garfo para a massa no prato. "Este espaguete está delicioso, Sr. Berry."

"Você pode me chamar de Leroy, Quinn."

Ela assentiu timidamente, olhando para Rachel. Rachel tentou sorrir encorajando sua namorada. Ela sentiu pena de Quinn por se sentir desconfortável e estava olhando para ela com olhos suplicantes. Ela encolheu os ombros, impotente, mordendo o lábio. "Desculpe," ela murmurou.

Quinn assentiu um pouco. Ela olhou para Leroy. "Senhor—"

"Leroy."

Ela parou, perdendo um pouco da coragem. "Leroy, eu sei que você não gosta muito de mim—"

"Por que eu não gostaria de você, Quinn?"

"Bem, pelo o que eu fiz com sua filha."

“Sim, mas eu gostaria de ouvir você dizer isso.”

"Papai, seja legal!"

"Eu estou sendo legal." Ele virou-se para Rachel. "Eu a deixei vir aqui, cozinhei espaguete não vegetariano, e estou falando com ela calmamente."

"Você está sendo muito hospitaleiro, senhor."

"Obrigado, mas não vamos atrapalhar. O que você fez para minha filha? Por quantos anos?"

Isso parecia estranhamente familiar para Quinn. Parecia que ela estava se desculpando por seus pecados e transgressões passadas. Ela sabia muito bem. Ela só esperava que seria perdoada. "Eu intimidei sua filha por dois anos. E ano passado no baile, eu dei um tapa no rosto dela."

Os olhos de Leroy a avaliaram. Ele estava estranhamente impressionado. Ele havia interrogado Finn quando ele namorou sua filha sobre o porquê de Rachel ainda ser atingida por raspadinhas e o que ele podia fazer sobre isso e Finn foi covarde, dando desculpas atrás de desculpas. Mas Quinn levantou a cabeça e disse o que havia feito com um ar óbvio de remorso em torno dela. Ele coçou o queixo. "Você já pediu desculpas?"

"Sim, Leroy."

"Muitas vezes," Rachel intrometeu-se. Ela estava fervendo. Seu pai havia envergonhado ela, agindo como se ele estivesse colocando Quinn em julgamento. Ele não conhecia Quinn; como ele podia julgá-la? Ela estendeu a mão debaixo da mesa para pegar firmemente a mão de Quinn.

"Você acha que mudou, Quinn?"

"Eu sei que mudei."

"Como?"

"Bem, pra começar, isso." Ela trouxe a mão dela e de Rachel entrelaçadas acima da mesa para mostrar-lhes a Leroy. Ela abaixou o olhar quando ele examinou sua afeição.

"Seus sentimentos são genuínos?"

"Sim, são. Eu realmente gosto da sua fil— Rachel. Eu não sei como ou quando isso começou mas—" Ela deu de ombros impotente. "Eu não sei. Eu apenas sei que gosto dela."

"Você gosta o suficiente dela pra não bater nela novamente?"

"Papai!"

"Eu nunca encostaria um dedo nela, senhor."

"Eu espero que isso inclua... outros jeitos também."

Ele sorriu quando Quinn abaixou sua cabeça corada. Pelo canto do olho, ele viu sua filha em desaprovação e fez uma nota mental para ter uma versão modificada da amigável 'conversa' com ela mais tarde. Ele apoiou os cotovelos sobre a mesa, às mãos na frente de sua boca para esconder seu sorriso divertido. Quinn ainda estava corando.

"Inclui."

"Não deveria," ambos ouviram Rachel resmungar.

Hiram mal conteve sua risada. Quinn tentou ignorar Rachel enquanto Leroy olhava. Rachel olhou para Quinn e sua namorada tentou olhar pra qualquer lugar, menos ela. Isso divertidamente lembrou Rachel do tempo que ela usou seu traje temático de Britney Spears na escola e Quinn obviamente a evitou o dia todo.

Ela estendeu a mão para apertar a cintura de Quinn e uma risada alta preencheu a sala. Quinn ficou embaraçada enquanto tentava recuperar o fôlego. Ela olhou para Rachel antes de olhar para os outros dois ocupantes da sala. "Desculpe."

"Nunca se desculpe por rir, Quinn," Hiram disse. "Você tem uma voz angelical."

Ela sorriu modestamente.

"Ela pode cantar, pai," Rachel disse. "Ela está no clube Glee comigo. Quinn, cante alguma coisa."

"Eu prefiro não cantar," ela resmungou. Ela se moveu para trás em seu assento para evitar Rachel cutucando suas costelas. "Desista disso!"

"Não! Cante alguma coisa!"

"Eu não vou!"

"Você vai!"

Leroy olhou para Hiram e ambos prestaram muita atenção à troca. Hiram balançou a cabeça e Leroy sorriu. Parecia que as duas meninas haviam encontrado algo para brigar. "Mulas teimosas," Leroy murmurou para si mesmo em tom de brincadeira. Ele pigarreou.

Quinn pegou as mãos de Rachel e as prendeu em suas próprias enquanto olhava para Leroy.

"Quinn, enquanto eu admita que eu ainda não sei o que penso de você, é meio que óbvio que você faz minha filha feliz."

Rachel deu um sorriso megawatt que iluminou a sala.

"Ficarei de olho em você."

"Sim, senhor."

Ele sorriu para ela. "O que eu disse de você me chamar de senhor?"

"Leroy. Obrigada."

O jantar terminou um pouco depois disso. Eles cortaram um bolo de aniversário e Quinn pensou que isso não era exatamente uma festa de aniversário. Ela sempre teve festas de aniversário, todos os seus amigos fizeram e o fato de Rachel não fazer não a espantou. Era estranho, mas ela preferia muito mais esse ambiente íntimo de pessoas próximas que realmente importavam para Rachel do que ouras pessoas quando ela olhava para o mar de gente quase não reconhecendo ninguém além de Santana, Brittany, Puck e Finn.

Depois que tudo acabou, Rachel pediu para Quinn ficar mas Quinn estava relutante. "Eu vou ver você amanhã na escola," ela disse calmamente com um esforço para acalmar Rachel. Ela pegou seu casaco no cabide e colocou rapidamente. A verdade seja dita, ela queria ir embora de lá. Ela estava completamente exausta da gama de emoções que sentira nas últimas duas horas.

Rachel abriu a porta para ela e saiu depois dela. "Promete?"

Quinn riu um pouco. "É claro, eu prometo. O que me manteria distante?"

Rachel se abraçou para lutar contra o frio. Quinn olhou para baixo para achar longas pernas bronzeadas tremendo debaixo de uma saia curta. Ela olhou para cima pra ver Rachel vestindo um suéter sem mangas. Ela revirou os olhos. Impossível. Ela abriu o casaco como um convite óbvio.

Rachel sorriu alegremente e correu nos braços dela. Ela colocou seus braços em volta da cintura de Quinn e Quinn fechou o casaco em volta de Rachel o melhor que ela conseguia. Rachel ergueu a cabeça, o nariz frio roçando a pele do pescoço de Quinn. Ela se aninhou mais. "Isso é bom," ela murmurou.

Quinn tinha que admitir que era. Apesar do frio que estava lá fora, o minuto que Rachel estava em seus braços, ela se sentiu dez vezes mais quente. Quase muito quente. Especialmente quando ela sentiu os lábios macios contra seu pescoço. Rachel a beijou profundamente como se estivesse tentando fazer amor com ela. Sua língua explorando cada pedaço da boca de Quinn, que estava se contorcendo em suas botas. Ela começou a ofegar. Ela olhou para a porta muito aberta para confirmar que os pais de Rachel não estavam lá. Então ela agarrou o cabelo escuro e puxou Rachel pra trás. Sentiu-a rosnar contra seus lábios e beijou Rachel. Seus lábios deslizaram ardentemente uns sobre os outros. As mãos de Rachel na parte inferior das costas da loira, numa tentativa de puxá-la para mais perto.

Elas finalmente se separaram ofegantes. Quinn ficou maravilhada com o fato de que Leroy e Hiram não haviam vindo olhar Rachel. Certamente os pais sabiam o que estavam fazendo lá fora, mas eles não vieram detê-las. Eles não eram arrogantes como seus pais.

Ela tirou as mãos de Rachel de sua bunda e descobriu Rachel. Rachel imediatamente tremeu com o frio tomando conta dela. "O que você está fazendo?" ela perguntou enquanto observava Quinn pegar alguma coisa em seu bolso.

Quinn tirou uma pequena caixa preta de seu bolso com um sorriso. Ela deu para Rachel. "Parabéns, Rachel."

"Quinn, você não precisava—"

"Abra."

Rachel cuidadosamente segurou a caixa na mão e tirou a tampa. Lá dentro, tinham dois brincos dourados com um diamante em cada um. Ela sentiu lágrimas nos olhos. "Quinn, eu não posso aceitar," ela sussurrou.

Quinn franziu a testa. "Você não gostou?"

"São maravilhosos."

"Eu não entendo."

"Quinn, como você conseguiu dinheiro pra comprar isso?"

"Meu pai paga pensão," ela explicou.

"Sim, paga pensão pra te ajudar. Não pra você comprar um presente de aniversário caríssimo pra sua namorada." Rachel já havia levado eles para fora da caixa no meio da frase. Ela segurou-os na mão, admirando. Eram dourados. Dourados com diamantes neles. Embora ela tenha amado e apreciado cada presente que Finn havia comprado pra ela... eles não brilhavam como esse. Ou talvez eram as lágrimas em seus olhos que faziam tudo brilhar mais. Ela limpou as lágrimas para olhar para os brincos de novo. Não, definitivamente brilhantes.

"Você está brava?" Quinn perguntou rapidamente. "Se você não gostou, eu posso de—"

Rachel se jogou sobre Quinn e a beijou calmamente. "Eu absolutamente amei esse presente," ela suspirou.

"Oh."

"Obrigada, Quinn."

***

Quinn era permitida depois daquela noite. Ela a visitava frequentemente depois da escola desde que não participava mais das Cheerios. Ela e Rachel faziam lição de casa juntas, assistiam musicais, ficavam. Quinn preferia muito mais a parte que elas ficavam.

"Nós somos más influências," Rachel murmurou contra seus lábios enquanto ela permitiu Quinn ir a casa dela fazer lição de casa pela terceira vez.

"Última vez, eu prometo."

"Você disse isso a última vez." Sua queixa não impediu-a de apertar o seio de Quinn em sua mão.

Quinn gemeu. "Dessa vez eu prometo, prometo."

"O que é um 'prometo, prometo'?"

—oh meu—" Ela deslizou ao longo da coxa de Rachel e parecia que estava acontecendo uma explosão entre suas pernas.

Rachel lambeu os lábios. "Faça isso de novo."

"Mas, a lição de casa..."

"Faça de novo, Quinn."

Ela fez. Várias vezes até que ela estava tremendo e ofegando e olhando Rachel fazer o mesmo antes de seus olhos se fecharem.

***

As coisas ficaram estranhas quando o Natal acabou e era hora de começar a preencher aplicações da faculdade. Ela realmente não sabia por onde começar. Não era algo que os pais ajudam seus filhos? Tanto faz. Ela tinha ido para o conselheiro e não recebeu muita ajuda.

Coube a ela, como a maioria das coisas em sua vida. Ela ficou um pouco cansada de ter que fazer tantas decisões importantes por ela mesma, mas ela estava se tornando uma adulta. E é isso o que os adultos fazem, certo?

Ela imprimiu sua aplicação para o Lima Community College. Era uma aposta segura que ela entraria. E era barato. Ela rapidamente preencheu a aplicação e ensaiou uma resposta para a pergunta.

Todo o momento ela tentava não reviver a conversa que teve com Rachel quando foram parceiras para escrever uma música nas Regionais do ano passado. Isso manteve-se rastejando em sua mente. O som de sua voz, a derrota que sentia, as lágrimas nos olhos de Rachel enquanto se afastava. Como ela quebrou e chorou porque mais uma vez ela tinha feito Rachel chorar.

Ela olhou para sua aplicação e percebeu tudo o que ela disse ficou agora. Rachel ainda estava indo para Nova York e olhando a aplicação, Quinn ainda ficaria em Lima.

"Ela não pode me odiar," ela sussurrou tristemente. "Ela não pode me odiar por ajudá-la."

Quinn não podia ajudar mas se sentia como um peso morto. Ela tinha começado a ter um pequeno ressentimento sobre Finn ano passado porque ela sentiu que ele teria Rachel de volta, ela estava melhor? Não estava. E de todas as coisas que ela tinha feito a Rachel Berry, ela nunca conseguiria se perdoar se Rachel ficasse de alguma maneira presa em Lima, Ohio por causa dela.

***

As coisas ficaram estranhas quando o Natal acabou e Quinn começou a ficar distante. Rachel não conseguia descobrir o que aconteceu. Quinn tinha vindo para seu aniversário, reuniu-se com seus pais, tinha a aprovação deles e lhe deu o melhor presente que Rachel já havia recebido. Mas agora as mensagens de texto eram poucas e telefonemas de cinco minutos que consistiam de:

"Alô?"

"Oi, Quinn."

"Oh, hey, Rachel."

"Como você tá?"

"To bem. Como foi o seu dia?"

"Foi bom."

"Isso é ótimo. Hey, ouça, eu tenho uma pilha de lição de casa e estudar pra uma prova. Posso te ligar depois?"

"...Claro, Quinn. Boa noite."

"Boa noite, Rachel."

Estava óbvio que Quinn estava evitando ela, mas quando ela falava sobre isso, Quinn apenas dizia que estava muito ocupada. Ela estava começando a levar isso para o pessoal e isso estava começando a doer.

"Hey, Rachel. Quinn normalmente não senta com você no almoço?"

Rachel sorriu triste. "Ela sentava, Kurt. Eu não sei o que aconteceu."

Kurt ofereceu um sorriso simpático, puxou uma cadeira e sentou na frente dela.

***

Sua amizade com Santana estava melhorando rapidamente. Principalmente porque ela estava passando menos tempo com Rachel, mas hey, uma vitória é uma vitória, e Quinn estava procurando um lugar que pudesse combater esse surto perdedor que ela estava tendo. Além disse, Santana era uma versão mais branda de si mesma e agora Quinn sabia que ela era lésbica. Era quase sua maneira de dizer obrigado por Quinn aceitar e não dizer a ninguém. Quinn queria rir do absurdo. Ambas estavam agindo como se toda escola ainda não soubesse, mas eles sabiam a verdade. A verdade era que o corpo discente era muito medroso para confrontar Santana sobre isso, mas eles sabiam.

"Pra que faculdade você vai?" ela perguntou. Sempre perguntando, pensando, ponderando sobre esse assunto. Estava virando uma obsessão.

"Eu não sei. Eu mandei aplicações para OSU e algum lugar na Florida."

Quinn arqueou uma sobrancelha em confusão. "Florida?"

"Temperatura quente e mulheres mais quentes ainda, Q. Você mandou aplicações pra onde?"

"Community e OSU."

Santana segurou uma risada. "Community? Esse lugar é para os perdedores."

Quinn mordeu os lábios, optando por não falar.

Santana viu a indecisão no rosto de Quinn. "Eu e você poderíamos ir para OSU," acrescentou.

Finalmente, Quinn sorriu. "Sério?"

Ela deu de ombros. "Isso pode acontecer. Imagine a gente, pegando vadias. A menos que você planeje ficar com a Berry."

Seu sorriso desapareceu completamente. "Ela está indo para Nova York."

"Bem, sim, todos com ouvidos sabem. Ela disse para todo mundo."

"Sim."

Ela sentiu a mudança de humor de triste para totalmente depressiva. Santana olhou em volta. Ela viu copos próximos, mas não tinha qualquer tipo de álcool para fazer um brinde. Improvisando, ela virou-se para Quinn e estendeu a mão com um sorriso. "Viva à OSU?"

Quinn colocou a mão em cima da dela. Seu coração sentiu-se como se tivesse um elefante em cima. "Viva," ela disse coma voz fraca.

***

"Você está terminando comigo?"

"Sim."

O lábio inferior de Rachel tremia e ela olhava desafiante para Quinn. "Por quê?"

"É complicado."

"Então descomplique." Ela sentia as lágrimas chegando aos seus olhos.

Quinn lentamente andou pela sala, as mãos cruzadas atrás das costas. Ela olhou para Rachel, mordeu seu lábio e olhou para o chão. Como ela diria isso? Como ela vai fazer Rachel ver as coisas à sua maneira?

Ela suspirou antes de parar, obrigando-se a olhar para os grandes olhos escuros. O lábio de Rachel estava tremendo, os olhos marejados em lágrimas. A máscara de determinação de Quinn escorregou mas ela rapidamente colocou de volta. "Rachel, onde você se vê no próximo outono?"

"Eu estarei em Juilliard," ela respondeu sem perder uma batida.

Quinn assentiu. "Certo. Você está em Juilliard. Você estará em uma das faculdades mais prestigiadas do país. Você estará em Nova York pelos próximos quatro anos enquanto faz faculdade. E então? Você procurará trabalho. Em Nova York. Você estará em uma peça, será a estrela da peça. Em Nova York. Você sabe onde eu quero chegar com isso?"

Rachel sentou-se um pouco mais reto e balançou a cabeça negativamente.

"Rachel, você provavelmente passará o resto da sua vida em Nova York. E eu... Eu provavelmente vou passar o resto da minha vida aqui. Em Lima."

"Mas—"

"Sem mas." A máscara quase impenetrável derreteu completamente para dar lugar a um sorriso triste assim que Quinn olhou para Rachel. "Eu acho que todas as vezes que chamei Puck e Finn de perdedores de Lima resultou um pouco de auto-projeção."

"Não," Rachel disse com firmeza. Ela rapidamente levantou-se de seu assento. "Não, você não é uma perdedora de Lima, Quinn. Não diga isso."

"Eu sou."

"Não, você não é!" Rachel gritou ferozmente. Quinn suspirou enquanto aqueles olhos castanhos brilhavam perigosamente. Ela suspirou novamente tentando lembrar-se de uma sensação semelhante em uma tentativa de aprender a lidar com isso e não tinha nada. Rachel nunca havia ficado tão brava com ela antes. Inferno, Rachel nunca tinha ficado irritada com ela antes disso.

"Olha, Rachel—"

"Apenas fique comigo, por favor," Rachel implorou. Ela se aproximou, até que estavam praticamente frente a frente. Ela estendeu a mão para agarrar a mão de Quinn. Ela apertava e não sentia Quinn apertar de volta.

"Eu não posso ficar com você," Quinn disse. "Eu não vou estar com você."

As lágrimas de Rachel caíram. Seu aperto na mão de Quinn diminuiu até que suas mãos unidas se soltaram. Ela cruzou os braços sobre si mesma, imaginando vagamente se ela deixou a janela aberta porque de repente estava frio.

A mandíbula de Quinn se apertava enquanto observava Rachel lentamente se encolher. Ela parecia tão pequena e frágil e que não deveria demorar muito para abraçar Rachel. Ela ignorou. "Mas isso é bom," ela forjou a voz trêmula. "Isso é bom porque você vai encontrar alguém melhor. Alguém mais talentoso que possa acompanhar você e ir muito além daqui."

Rachel olhou para ela com fogo em seus olhos enquanto falava com a voz rouca. "Não há ninguém melhor do que vo—"

"Claro que há, Rachel!" Quinn gritou de repente, chocando Rachel. "Eu não sou uma boa cantora! Eu certamente não sou tão talentosa quanto você. A sua voz vai levar você pra longe daqui e eu e você sabemos disso."

As duas ficaram lá, os meros centímetros que as separavam parecidos como jardas, milhas. Milhas que Rachel sentia que estava correndo tão rápido quanto podia para recuperar o atraso da menina na frente dela. Ela permitiu que as palavras de Quinn entrassem em seu coração arrancando penosamente ao som de Quinn mais uma vez duvidando de si mesma.

"Então venha comigo," Rachel disse baixo, finalmente encontrando sua voz.

Quinn passou as mãos pelo cabelo curto em um tique-nervoso que Rachel reconheceu. "Eu não posso." Ela mal conseguiu falar, havia um nó em sua garganta. Seus olhos ardiam e ela deu de ombros impotente. "Há dois tipos de pessoas, Rachel. As pessoas que fazem e as pessoas que não. Você vai. Mercedes e Kurt vão. Inferno, talvez até mesmo Sam pode começar uma banda e sair daqui. Mas eu, Finn, Santana, Brittany, Puck... estamos aqui. Sabemos que sempre ficaremos aqui."

"Isso é estúpido!" Rachel exclamou com raiva. Quinn rapidamente percebeu que esse assunto era tão sensível para Rachel como era para ela. Por que Rachel ligava tanto? "Quinn, você é uma menina muito brilhante. Você está sempre na lista de honra, você está em todas as classes de PA. Você não tem que frequentar a universidade nesta cidade se você não quiser," ela terminou com um lamento. Ela ficou impotente quando Quinn olhou para longe dela. Ouvindo mas não ouvindo. Rachel se inclinou para frente até que sua testa estava encostada no peito de Quinn. Apenas necessitando contato. Ela viu como as mãos de Quinn se fecharam em punhos. Ombros fortes balançaram-se discretamente e Rachel escondeu mais ainda o rosto no peito de Quinn, incapaz de ver sua namorada chorar. "Venha para Nova York comigo, Quinn," ela sussurrou. "Se aplique a NYU; nós duas sabemos que você é inteligente o suficiente para entrar."

"Como eu vou pagar por isso?" ela questionou. "Meu pai age que nem minha mãe fingindo que eu não existo, além que o cheque que ele envia todo mês é porque o tribunal ordenou, então, como diabos eu vou ser capaz de pagar a mensalidade?"

Pela primeira vez parecia que Rachel não tinha uma resposta. Quinn suspirou silenciosamente entre elas antes de se mover. "Basta seguir em frente, Rachel," ela sussurrou enquanto se afastava da garota para a mesa. Ela correu os dedos suavemente pelo diário de Rachel. Um diário rosa que Rachel não usava somente para escrever suas canções, mas também para escrever notas que ajudam a traçar o seu futuro. Seus sonhos. Sonhos que Quinn admite que no passado fez piada porque ela estava com muito medo para admitir seu próprio sonho. Quinn olhou para as bordas desgastadas do livro que muitas vezes estava agarrado ao peito de Rachel como um tesouro sagrado. Ela limpou as próprias lágrimas que caiam sobre ele.

Ela olhou para Rachel e encontrou olhos vermelhos e inchados a olhando com mágoa e traição. Isso quase quebrou ela. "Não me odeie," ela implorou dolorosamente, cruelmente enxugando as lágrimas que ela não queria que Rachel visse. "Eu estou fazendo isso por você, então você não pode me odiar."

"Não," Rachel resmungou enquanto andava até ela. "Não se atreva a estar aqui e agir como se o que você estivesse fazendo é para o meu bem." Seus lábios moviam com desdém. "Você é uma covarde, Quinn."

O rosto inteiro de Quinn se suavizou antes de olhar para Rachel. "Eu não preciso disso." Ela afastou-se da mesa e rapidamente empurrou Rachel. "Recebo críticas e opiniões indesejáveis de todos os outros na minha vida e não preciso isso de você também!" ela gritou.

Ela chegou à porta e agarrou a maçaneta, se preparando pra sair por bem quando a voz de Rachel chegou ao seus ouvidos.

"Isso dói."

Rachel respirou profundamente e Quinn sufocou um soluço. Ela agarrou a maçaneta da porta mais forte, permitindo se ancorar no turbilhão de emoções que ameaçavam tomar conta dela.

"Dói ter a pessoa que você mais quer do que qualquer outra na sua frente e depois tê-la perdido tão rapidamente." Ela caminhou na direção de Quinn, encostando-se à parede ao lado da porta do quarto, de frente para ela. "Eu imagino que nós duas estamos sentindo a mesma dor."

Quinn inclinou a cabeça contra a porta, olhos fechados com força enquanto as lágrimas quentes escorriam pelo seu rosto.

"Eu sei que você acredita que o que você está fazendo é um ato nobre, Quinn. E eu também sei que você pensa que é a única coisa nobre que você fez em sua vida, mas você está errada. Você está tão errada, Quinn, e em muitas coisas."

"Você não pode desempenhar esse papel toda sua vida," ela continuou. "Permita-se ser feliz."

Quinn virou-se para ela um pouco, olhando-a nos olhos. "Eu não quero ser a única coisa a te prender aqui," ela sussurrou aos pedaços.

"Então permita-me ser a única coisa que te puxa para frente," Rachel respondeu calmamente. "Nós podemos fazer isso. Você pode fazer isso. Não é tarde mais para se inscrever na NYU e quando você chegar, eu posso te ajudar a candidatar-se a todas e quaisquer bolsas de estudos que encontrarmos."

Isso soou tão bem. Muito bom para ser verdade, como muitas coisas na vida de Quinn. Ela balançou a cabeça. "Sinto muito. Eu simplesmente não posso."

Rachel não impediu-a de sair pela porta, fora de sua casa, e dirigir pela estrada. Ela não tinha certeza de onde estava mais, mas que não a impediu de entrar em colapso em seu chão e chorar.

***

Elas haviam terminado.

Rachel aprendeu isso da pior maneira quando ela passou o fim de semana ligando para Quinn, deixando mensagens de voz e mensagens de texto. Quinn não respondeu até domingo à noite às 22h00min.

Quinn: Hey, eu estou bem então você pode parar de se preocupar. Eu espero que você esteja bem também. Eu quero isso.

Isso tinha entristecido e enfurecido ela. Como Quinn podia ter seguido em frente tão facilmente como o que elas tiveram não tivesse significado nada?

Rachel: Isso significa que nós terminamos? :(

Quinn: Sim, Rachel. Me desculpe.

Desculpas não eram o suficiente para Rachel. Ela estava tão chateada que quando ela entrou na sala do clube Glee e encontrou Quinn sentada na primeira fileira em seu lugar normal, Rachel friamente passou o assento que ela normalmente ocupava ao lado de sua ex-namorada para se sentar na terceira fileira ao lado de Kurt e Mercedes. Quinn olhou para ela com uma mistura de choque e dor, mas Rachel só olhou para frente. Sempre em frente. Assim como Quinn queria que ela fizesse.

"Fazendo o olhar do palhaço triste hoje, eu vejo," Santana murmurou para Rachel quando sentou-se.

"Me poupe, Santana."

"Oh!" Santana bateu palmas em uma falsa felicidade. "Você está querendo brigar hoje, Frodo? Porque eu estou morrendo de vontade de te dar uns tapas."

Quinn rapidamente virou para trás para olhar violentamente para Santana. "Eu acredito que ela disse pra você poupá-la." Suas palavras saíram sem sutileza e seus olhos se estreitaram. Santana revirou os olhos e balançou o pescoço, lançando um olhar para Rachel antes de se virar para frente. Rachel e Quinn trocaram um olhar antes de Rachel virar-se.

***

Duas semanas depois do término delas, Rachel percebeu três coisas. Uma coisa era que Quinn ainda a protegia. Ninguém jogava raspadinhas nela, nem mesmo Santana, ninguém mexia com ela. E mesmo Santana sendo uma versão diluída da valentona que era no primeiro e segundo ano. As únicas coisas que ela dizia eram 'Eu odeio suas roupas' e 'você é uma merda". Isso, Rachel poderia aguentar.

A segunda coisa que ela percebeu foi que Kurt fez lindos biscoitos de Me desculpe e Mercedes era uma grande conselheira e provavelmente a pessoa mais sã que ela conheceu. Eles foram convidado a ir à casa de Mercedes enquanto Mercedes dava a ela um make-over. Os três viram filmes e cantaram a noite toda. Rachel saboreou cada minuto disso. Era maravilhoso ter amigos.

A terceira coisa que ela percebeu foi que Quinn e Finn estavam começando a se aproximar. Finn ocasionalmente andava pelo armário de Quinn e ainda pior, parava no armário dela e começava uma conversa. Era irritante ver a face de Quinn se iluminar enquanto falava com ele sobre quem sabe o quê. Rachel tentou não ter ciúmes, mas realmente? Finn e Quinn? Mais uma vez? Seus dois ex-namorados? Logo depois que ela e Quinn terminaram? Isso, Rachel não conseguiria aguentar.

Seu coração torcia dolorosamente a cada conversa que testemunhava entre eles.

***

"Querida, eu sei que você está triste por terminar com Quinn, mas você não acha que não terminar de comer é um pouco extremo? Quero dizer, vocês terminaram fazem o quê, dois meses agora?"

"Foram apenas quatro semanas e meia, pai."

"Oh."

Rachel brincou com suas ervilhas no prato e Leroy olhou para Hiram.

"O que seu pai quer dizer, querida, é que talvez você deva seguir em frente." Leroy acrescentou.

Rachel parecia totalmente perplexa. "Você quer que eu namore alguém agora? Nos últimos quatro meses de escola?"

"Não, o que eu estou dizendo é que você deveria parar de ficar se lamentando e se concentrar na escola, no clube Glee e... todos os outros clubes que você participa."

Hiram riu bem-humorado, lembrando-se de receber o anuário do ano passado e vendo a foto de Rachel em todas as páginas de cada clube. "Eu acho que seu pai está certo, querida. Esse é o seu último ano! Aproveite enquanto você tem isso."

Rachel apoiou o queixo na palma de sua mão enquanto contemplava a ideia para o restante do seu ano letivo. "Você está certo."

***

"Sr. Schuester, eu gostaria de cantar um solo de uma semana a partir de hoje, por favor."

"Claro, Rachel." Sr. Schue se virou para ela depois de apagar a lousa com um sorriso caloroso. "O que você gostaria de cantar?"

Ela sorriu vagamente. "É uma surpresa."

Ela acabou performando Jar of Hearts novamente. Considerando que Quinn quebrou seu coração e que ela é a pessoa para que Rachel cantou a música, aparentemente formando essa amizade dos pedaços de seu coração partido.

Quinn se arrumava desconfortavelmente em seu assento durante toda a performance. Santana riu discretamente por trás da mão e Finn passou olhares confusos entre Quinn e Rachel. Quando a música terminou, ninguém realmente sabia se era para bater palmas ou não. Artie, Brittany, Tina e Mike bateram, Santana fez um show de não bater palmas, Mercedes e Kurt aplaudiram alto sua amiga e Finn olhou culpado embora ele não tivesse ideia do que tinha feito de errado e Quinn calmamente desculpou-se, quase esbarrando em Puck e Lauren quando correu rapidamente para fora da sala.

Rachel não foi atrás dela.

***

"Eu acho que quando chegarmos à Nova York, a primeira coisa que devemos fazer é fazer manicure e pedi cure."

"Kurt, isso é impraticável. Nós deveríamos ver um musical."

"Tudo o que eu sei é que vocês dois devem poupar dinheiro para irem à Califórnia me verem. Entre ir à escola e gravar meu álbum, eu não vou ter tempo de sair de Los Angeles."

"Nós prometemos, Mercedes."

***

"Hey, Rachel."

Rachel desviou o olhar de sua partitura para encontrar Finn olhando para ela. "Olá, Finn."

Ele olhou para a porta para ter certeza de que não havia ninguém lá, então caminhou em torno do piano. "Eu vim falar com você."

"Muito bem."

Ele mudou de posição sem jeito. "Eu estava me perguntando— eu fiz alguma coisa pra te deixar brava?"

"Não, Finn. Por que a pergunta?"

"Bem, você meio que me olhava brava mês passado. No começo eu pensei que você tinha limão no seu olho porque seus olhos estavam vesgos, mas então eu percebi que você realmente estava olhando e então às coisas ficaram um pouco estranhas pra mim porque eu estava me perguntando por que você tinha ficado chateada comigo, sabe?"

Ela imediatamente sentiu-se a maior idiota da terra. Finn não tinha ideia do que estava acontecendo. Ela se lembrava de como ele era doce, um dos caras mais legais que conhecera. Ele tinha suas tendências para ser um idiota como todos, inclusive ela. Ela caminhou para mais perto dele. "Finn, permita-me pedir desculpas. Eu estava chateada. M-mas isso é porque eu vi você com Quinn e vocês dois parecem tão próximos agora e—"

"Nós somos próximos."

Sua boca se fechou. "Certo. Enfim, eu tinha falado com você dois meses atrás nos corredores para retomar nossa amizade e você me rejeitou."

Ela viu quando ele desastradamente enfiou suas mãos nos bolsos e sorriu um pouco. "Sim, bem, desculpe por isso. Eu não estava pronto para ser seu amigo. Mas eu estou pronto agora."

Ela assentiu com um nó formando-se em sua garganta. "Você— você ainda tem sentimentos por ela?"

"Você tem?"

"Sim."

Ele sorriu torto. "Não. Eu não tenho sentimentos por ela. Nós somos apenas amigos."

"Então por que eu e você não somos amigos? Se você não tem sentimentos por ela e você pode ser amigo dela, então —logicamente— você pode ser meu amigo também. Ela era a metade do relacionamento em que eu e ela estávamos, Finn Hudson."

Finn riu. "Sim, ela era. Mas Quinn e eu estivemos juntos por quase um ano, Rachel. Eu era capaz de superá-la. Você, por outro lado, terminou comigo pra ficar com ela."

"Eu não—"

Ele olhou para ela incisivamente. "Rachel, eu era idiota em um monte de coisas, mas nunca fui burro quando isso veio. Eu posso não ter sentido quando você começou a gostar dela, mas quando você continuou a falar que ela era bonita, me perguntei quando você começou a gostar dela e como era beijá-la, e sabia que bracelete dar a ela pro baile, então eu praticamente descobri."

Ela mordeu o lábio se sentindo culpada.

"Além disso, quando eu briguei com o Jesse por você no baile, você correu atrás de Quinn e ela deu um chilique. Eu praticamente percebi que já tinha perdido você e nem você e Quinn sabiam o que estava acontecendo."

Ela olhou para o chão, decepcionada consigo mesma. "Eu sou uma pessoa horrível."

"Você não é," respondeu Finn. Ele se aproximou e envolveu-a nos braços fortes. Rachel derreteria com esse abraço como fez muitas vezes. Mas dessa vez foi diferente. Seu coração não martelava em seu peito, ela não sentia borboletas, ela não corava com pensamentos sobre querer beijá-lo. Ela estava simplesmente contente de ele estar lá e ter conforto. "Você só ama muito, Rachel. E isso é uma coisa boa. Mas acredite em mim quando eu digo que Quinn é uma coisa assustadora. Especialmente quando ela se sente da mesma maneira."

"Ela me...?"

Ele assentiu. "O tanto quanto você."

Ela ficou nos braços dele enquanto pôde, desculpando-se e absorvendo seu calor e conforto. Ela nem percebeu que estava chorando até que ele se afastou e limpou suas lágrimas. "Obrigada, Finn."

"Eu sempre estarei aqui."

***

Com as Nacionais das Cheerios perto, Sue Sylvester ofereceu a Quinn sua posição antiga. Sue tinha oferecido dar sua posição de capitão de volta se ela trabalhasse dia e noite. E considerou apliques. Quinn tinha recusado. Jacob levou essa informação para seu blog imediatamente e Rachel se sentou perto de Quinn na biblioteca enquanto faziam um projeto de espanhol, ela descobriu isso lendo em um computador da escola.

Elas haviam virado parceiras de projeto, grande angústia para ambas garotas. Elas trabalharam em silêncio, não querendo perturbar a outra. Rachel mandava olhares curiosos para Quinn. Ela parecia à mesma, bonita, fechada e alerta. Ela parecia a Quinn que todo mundo via mas Rachel sempre soube que ela era muito mais que isso. Ela comparou Quinn a um iceberg, mas havia muito mais do que isso na superfície. E nesses últimos quatro meses depois do término, ela percebeu isso.

Ela franziu a testa. Sim, o número quatro era uma merda.

Seu olhar varreu o rosto de Quinn. "Por que você não participa?" ela perguntou timidamente.

Quinn olhou para ela em uma mistura de irritação e alívio que somente ela poderia retirar. Rachel conheceu aquele olhar imediatamente. Elas não se falavam desde o término e não foi por falta de tentativas por parte de Quinn. Mas Rachel estava aprendendo a ser uma mulher forte e independente graças às lições de Mercedes... e Kurt. Ela não podia ficar igual quando terminou com Finn. Não era saudável.

Quinn suspirou pesadamente, marcou a página de seu livro e fechou-o. Seu olhar pousou no de Rachel. Ela adotou uma expressão distante, guerreando contra si mesmo antes de finalmente falar a verdade. "Você teria ficado decepcionada comigo. Porque eu estou fazendo algo que não gosto de fazer."

A mandíbula de Rachel caiu. "Você se preocupa ou não se eu fico decepcionada com você?"

Quinn revirou os olhos. "Claro que sim. Rachel, só porque não estamos juntas não significa que eu não me importo com você ou como você se sente."

Seu coração batia aceleradamente contra seu peito. Então, Finn estava certo. Ela tinha passado semanas convencendo-se de que Quinn não se importava com ela para ouvir o oposto. Seu coração se agitava, especialmente porque ela se sentia da mesma maneira.

"Eu me importo com você também," ela sussurrou. As portas foram abertas, dane-se o que Kurt e Mercedes disseram. "Eu nunca parei de me importar com você."

Quinn passou a mão pelos cabelos, debatendo se deveria ou não ter esta conversa. Seria mais fácil se Rachel pensasse que ela não se importava com ela. Mas quando Quinn olhou naqueles olhos, ela não conseguiria machucar Rachel ainda mais do que ela já estava. "Eu também não."

"Toda vez que te vejo dói." Todas as emoções que ela sentiu ao longo dos últimos dois meses vieram à tona. Seu coração apertava, as palmas das mãos suavam, os olhos ardiam. "Cada vez que eu te vejo ou penso em você, eu me importo mais e mais, Quinn." Ela estendeu a mão sobre a mesa para pegar as mãos da menina. Elas estavam quentes e constatou que estavam tão suadas quanto às dela. Ela observou Quinn com muita atenção hesitar entre seus dedos entrelaçados.

"Eu me importo com você mais e mais também, Rachel."

"Quinn, eu acho que—"

"Não diga isso." Quinn riu sem vontade. Rachel parou de falar, saboreando a risada de Quinn, não importando o quão vazia soou. "Só... espere, Rachel."

Só espere.

Esperar o quê?

Rachel não sabia o que isso significava, mas seu coração batia mais forte com o olhar de Quinn. "Você se sente da mesma maneira?" Rachel perguntou.

"Eu me sinto da mesma maneira."

***

Mesmo com o peso em seu peito, ela se sentiu mais leve. Ela mandava mensagens para Quinn diariamente e uma tentativa de amizade foi rapidamente sendo forjada. Mesmo assim, era difícil. Era difícil superar uma pessoa que ela via e conversava todos os dias. Rachel havia aprendido com Finn e num grau muito menor, Puck. Mas com Quinn, era algo completamente diferente. Era como se Quinn tivesse um pedaço dela e quando elas terminaram, ela nunca teve esse pedaço de volta. Isso foi rapidamente se tornando sufocante apenas por estar na mesma escola com ela. Mesmo assim, ela ainda queria estar mais perto. Elas conversavam por telefone, mas durante a escola era praticamente a mesma coisa que tinha sido os últimos dois meses. Contato mínimo, mas Quinn ainda a protegia. Rachel não sabia se puxava Quinn para perto ou empurrava-a para longe. Isso estava deixando-a louca.

***

"Você se candidatou a alguma faculdade, Quinnie?"

Quinn revirou os olhos. Sua mãe iria se preocupar agora com sua educação superior após o colegial? Em março quando era tarde mais para se candidatar a maioria das faculdades? "Eu me candidatei a Community College e OSU, mãe."

"Você não se candidatou a alguma fora do estado?"

Quinn cerrou a mandíbula. Ela estava praticamente queimando o prato do jantar com o olhar. "Não."

Judy sentou-se na frente de sua filha. Ela estendeu a mão para erguer o garfo com salada. "Por que você não se candidatou a nenhuma faculdade fora do estado como aquela menina Rachel fez? Ela é uma menina linda, Quinn. Uma das suas amigas mais simpáticas, ao contrário de Santana. Eu estou triste por ela não vir mais aqui."

Quinn ignorou os elogios que sua mãe fez sobre Rachel, se ela soubesse a verdadeira natureza do relacionamento delas, ela não acharia tão bom. "Eu não sei."

Judy riu bem-humorada. "Lucy," ela disse suavemente.

Isso chamou sua atenção. Ela olhava irritada para Judy. "Esse não é o meu nome."

"Por que você não se candidatou a nenhuma faculdade fora do estado?"

"Por que."

"Por que o quê?"

"Porque, mãe," ela pigarreou.

"Diga-me por que, Quinn."

"Porque aqui é onde eu pertenço!" ela gritou, gesticulando ao seu redor. Ela levantou de seu assento. "Eu pertenço a esta merda de cidade, vou casar com Finn e trabalhar como corretora de imóveis."

Ela cortou seu discurso retórico assim que viu os olhos de Judy arregalados. O silêncio era constrangedor. "M-Me desculpe."

"Se você realmente pertence a Lima, então por que isso te deixa tão brava?"

"Mãe—"

"Se é pra você casar com Finn, então por que vocês dois não estão juntos?"

Ela não tinha nada a dizer. Deflacionada, sentou-se novamente. Verdade seja dita, Quinn não sabia que sua mãe sabia da sua vida o suficiente para saber que ela e Finn não estavam juntos. E ela realmente não poderia responder à pergunta. Ela não poderia dizer a razão pela qual ela e Finn não estavam juntos era porque ela estava namorando a ex-namorada dele. E embora ela diga que ela e sua ex-namorada não estão juntas, ela não poderia superar Rachel e seguir em frente.

"Eu realmente não quero ficar aqui," ela sussurrou.

"Então vá," Judy acalmou. "Ouvi dizer que eles estão aceitando esta amizade que você e Rachel têm em cidades maiores que essa." Ela estendeu a mão e acariciou a mão de Quinn suavemente. "Só saiba que eu te amo não importa onde você esteja, Quinn."

Ela se levantou e pegou os pratos para levar para a cozinha. Quinn ouviu o som conhecido do tilintar do gelo caindo no copo de vinho enquanto olhava silenciosamente para a mesa, com apenas um pensamento em sua mente. Su-sua mãe disse o que ela achava que tinha dito?

***

"Minha mãe sabia sobre nós."

"Ela o quê? Mas como?"

"Eu não sei. Mas ela me disse que havia outros lugares que aceitavam mais nossa 'amizade' do que Lima."

"Você tem certeza de que ela não estava falando da nossa amizade atual e não do nosso relacionamento, Quinn?"

"Bem, ela estava empurrando a Bíblia em minha direção enquanto me dizia, então você faz as contas."

Rachel riu silenciosamente enquanto afastava o telefone. Ela rapidamente se recuperou e colocou o telefone no ouvido. "Isso significa que nós podemos voltar?"

Ela ouviu Quinn suspirar. "Não, Rachel."

"Mas—"

"Sem mas. Você ainda vai a lugares e eu ainda vou ficar aqui."

"Se você pudesse, você iria à Nova York comigo?"

"Num piscar de olhos."

***

Quinn bateu levemente na porta aberta de Emma enquanto entrava lentamente. "Srta. Pillsbury, espero que eu não esteja interrompendo nada," ela disse ironicamente enquanto observava Emma esfregar uma mini estatueta em sua mesa com uma escova de dente. Emma olhou para ela com um sorriso caloroso.

"Não, Quinn! É bom ver você. Você não veio à minha sala desde—"

"Desde que o corpo estudantil descobriu que eu estava grávida e Finn e eu fomos para o fundo da pirâmide escolar," ela gemeu. Ela tinha um estranho senso de satisfação de como estava com decepcionada com a antiga Quinn.

Emma continuou a sorrindo para ela. "Sim, exatamente. Sente-se."

Quinn entrou mais na sala, certificando-se de fechar a porta. Sentou-se em frente à mesa de Emma, as mãos mexendo em seu colo.

"O que eu posso fazer por você, Quinn?"

"Bom, você é a conselheira da escola. Eu acho que preciso de alguns conselhos."

"Claro! Quais problemas você tem?"

"Eu— eu" Ela perdeu as palavras enquanto tentava se expressar. "Com você sabe qual é o propósito da sua vida e o que fazer?"

"Você diz profissionalmente Temos um—"

"Sim, e isso é uma merda," Quinn disse a ela. "E não me refiro estritamente profissionalmente. Eu quero dizer em tudo. Como você sabe que profissão combina com você ou o quê—" Ela engoliu em seco. "Ou que pessoa combina com você?"

"Bem, Quinn, eu acho que as pessoas tendem a ter uma ideia geral do que eles querem e o que precisam da vida. Quais tipos de realização fazem-os sentirem-se completos."

"Completa," ela murmurou. "E se uma pessoa não sabe o que quer? Tipo, Rachel, por exemplo." Ela corou um pouco. "Rachel sabe o que quer e ela não tem medo de seguir seus sonhos."

"Rachel tem muita fé em si mesma," Srta. Pillsbury disse com um aceno de cabeça. "Fé é uma peça muito importante. Você tem fé, Quinn?"

"Srta. Pillsbury, eu uso um colar com uma cruz todos os dias. Eu tenho uma Bíblia em na minha cama e vou à igreja todos os domingos. Eu tenho muita fé."

"Sim, você tem fé em alguém. Você tem fé em si mesma?"

Ela ficou em silêncio. Ela sentou-se um pouco mais reta na cadeira e alisou o vestido. "Claro que eu tenho fé em mim mesma."

"Quinn," Emma disse suavemente. "Se você tivesse fé em si mesma, você estaria aqui?"

"Eu estava perguntando em geral."

"Eu sempre acho que quando as pessoas perguntam no 'geral', eles estão perguntando sobre si mesmos."

Quinn não se preocupou em responder.

"Muito bem. Então permita-me dizer isto. Tenha fé em si mesma e permita-se a sonhar e desejar, Quinn. Você nunca sabe onde vai acabar."

Ela sabia. Ela sabia exatamente o que queria e o que desejava. Mas como ela poderia lidar com isso? Isso iria funcionar? A vida era tão fácil assim? A vida sempre foi uma batalha para Quinn. Por que isso seria diferente?

***

"Rachel e eu somos amigos de novo."

Ela sorriu para Finn. Eles sentaram-se nas arquibancadas, vendo os treinos das Cheerios. Eles ficaram após a escola porque Santana tinha pedido e porque iriam ao Breadstix com Brittany depois, Quinn e Finn poderiam fazer alguma coisa depois. Sua relação com Mand foi muito curta. Apenas tinham mais dois meses e meio para deixar a escola, então ela queria fazer as pazes com a primeira garota que realmente já havia amado. Ninguém sabia se Brittany estava indo para a faculdade, ela só tinha se inscrito a Community. Santana estava debatendo entre OSU e a faculdade na Flórida. Quinn percebeu que sair com Brittany iria mais ou menos influenciar essa decisão.

"Isso é bom." Ela sentou-se direito nas arquibancadas enquanto Finn se sentou ao lado dela. Ela olhou para Sue quando ela gritou bem alto no megafone e perguntou por que, além de seu pai, queria a equipe em primeiro lugar. Ela viu quando duas líderes de torcidas correram para fora do campo para vomitar. Isso quase fez Santana cair da pirâmide e Quinn podia a ouvir xingando em espanhol da onde estava sentada. Ela balançou a cabeça e virou-se para Finn. "Eu tenho uma pergunta."

Finn se inclinou para frente e apoiou os cotovelos sobre os joelhos enquanto ria das líderes de torcida. "Pergunte."

"Você acha que vamos casar?"

"Quem?"

"Eu e você."

"Não."

"Por que não?" ela morde o lábio, um pouco ofendida.

Finn riu do tom de voz dela. Ele colocou os óculos de sol e se virou para ela. "Você não me ama. Por que se casaria comigo?"

Ela olhou para ele, ofendida. Será que ninguém sabia com quem ela passaria o resto de sua vida? "Eu nem sei mais..."

Ele suspirou silenciosamente e deslizou um braço em torno dela. "Houve um tempo que eu era tudo o que você precisava."

Ela sorriu tristemente. "Houve um tempo que eu era tudo o que você precisava também."

"Engraçado como acabamos precisando da mesma coisa no final."

Quinn cantarolou, contemplando, esquivando-se. "Era uma época mais simples. Quando eu e você estávamos juntos."

Finn permitiu e seguiu em frente. "Nós éramos pessoas mais simples. Nós éramos crianças, Agora, você precisa muito mais do que um namorado que seja quarterback e Lima, Ohio. Você tem sonhos."

"Eu tenho?" Ela estava realmente curiosa. Finn tinha quebrado algum código secreto de sua vida que ela não estava ciente?

"Claro que você tem. Quero dizer, você não me ama ou quer se casar comigo por isso deve haver alguma coisa que você está procurando."

Ela olhou para frente.

"Ou outra pessoa," ele terminou murmurando.

"Eu não posso tê-la de volta, Finn. Eu não vou," ela disse firme.

Ele riu com vontade, apertando a mão ao estômago. Ela fez uma careta, deu uma cotovelada no estômago dele e o empurrou. "Você acha que isso é engraçado?"

"Ouch, caramba, não," ele arquejou. Ele levou alguns segundos para recuperar o fôlego. "Por mais que você tenha mudado, você ainda é a mesma menina por quem me apaixonei."

Ela cruzou os braços com força. Um sorriu que ela tentou lutar contra apareceu em seu rosto.

Finn sorriu de volta. "Olha, Quinn. Por mais que valha a pena, eu não acho que você vai voltar com a Rachel. É por isso que eu estava rindo. É impossível ela ficar aqui. Ela é muito determinada e teimosa. Com ou sem você, ela vai ir para a Broadway."

"Ela é muito teimosa," Quinn afirmou.

"Sim, bem, ela não é a única. Você está prestes a se comprometer a uma vida de miséria porque você é teimosa demais para deixar-se ser feliz."

Ela bateu as costas contra as arquibancadas, cansada. Ela estava cansada de tudo. Cansada de todos dizendo que ela estava cometendo um erro, cansada de todo mundo dizendo para ir embora, cansada de lutar com si mesma para tentar ficar.

Santana e Brittany correram até eles uma vez que o treino acabou. "Vamos comer, vadia!"

"Quinn, você vai voltar para as Cheerios?" Brittany dava pulinhos. "Seria super divertido ter você na equipe novamente."

Quinn sorriu pelas palavras genuínas. As pessoas podiam dizer várias coisas sobre Brittany, mas ela tinha um bom coração e era uma das coisas que Quinn mais admirava nela. "Eu não estou entrando nas Cheerios de novo, Brittany. Mas eu estarei me juntando ao jantar."

Brittany sorriu feliz. "Ótimo."

***

A próxima tarefa de Sr. Schuester era para as crianças escolherem uma canção de gênero alternativo e cantar. Rachel escolheu Everlasting Light de The Black Keys. Sua voz era normalmente alta e sutil. Forte em sua vulnerabilidade. Santana entrelaçou a mão com a de Brittany. Elas compartilharam um sorriso apaixonado. Kurt e Mercedes se abraçavam forte enquanto ouviam. Finn sorriu orgulhoso para Quinn. Quinn cruzou as pernas e apoiou o cotovelo no joelho, queixo na mão enquanto ouvia com muita atenção. A voz de Rachel sempre chamava sua atenção. Seus olhos começaram a ficar marejados. Rachel sentou no banquinho, segurando o olhar sem hesitação e cantando para ela porque Quinn Fabray era o tipo de pessoa que alguém tinha que conquistar.

A música terminou lindamente e Sr. Schuester olhou para todos, decidindo mandá-los para casa pelo estado emocional em que estavam. Todos rapidamente se levantaram de seus lugares e foram para casa. Quinn finalmente se levantou. Ela alisou o vestido e brincava com as mãos nervosamente antes de andar até Rachel.

Rachel esperou com ansiedade. Ela não se atreveu a dizer nada para não assustá-la. Quinn parou na frente dela, esfregando as mãos. Rachel olhou para os olhos vermelhos e ela não podia se conter. "Posso dizer isso agora?" confessou baixinho.

Quinn balançou a cabeça com um pequeno sorriso. "Ainda não."

"Quando?"

Quinn se inclinou e a beijou profundamente.

Rachel esqueceu sua pergunta.

***

Era difícil para Quinn de repente ter fé em si mesma só porque as pessoas lhe disseram. Fé era uma coisa paciente. Ela estava se sentindo um pouco mais confiante a cada dia que passava quando deixou cair um envelope branco pela caixa de correio, ela descobriu que não precisava de fé em si mesma. Ela precisava de Deus.

Ela segurou na caixa de correio e seus olhos se fecharam.

"Eu sempre rezo para que o Senhor me abençoe com o que eu quero porque sou meio egoísta." Ela riu amargamente. "Mas agora eu só— eu só rezo para que o Senhor deixe o Seu melhor ser feito. Eu sei o que eu quero, e o Senhor sabe o que eu quero, mas agora eu estou pedindo que o Senhor me dê o que eu mereça. O que o Senhor pensa o que eu mereço. E não importa o que seja, eu vou pegar."

Seus olhos se abriram e brilharam quando ela olhou para a caixa de correio que tinha seu futuro dentro.

"Amém."

***

"Quinn, adivinha."

"O quê?"

"Eu entrei na Juilliard!"

Na frente de todo o corpo estudantil Quinn agarrou Rachel pela cintura e a girou até que ambas estivessem tontas. Rachel riu com a sensação de estar nos braços de Quinn e Quinn finalmente a colocou no chão novamente. Ela abraçou Rachel forte. "Parabéns," Quinn murmurou em seu ouvido.

"Eu tenho que admitir, essa é a melhor reação que tive até agora."

"Sim, claro. Leroy é forte. Ele provavelmente te jogou à lua e voltou."

Rachel sorriu enquanto olhava profundamente nos olhos de Quinn. Os brincos em sua orelha captavam a luz do teto e brilhou de forma mais brilhante. Quinn sorriu de volta. Rachel parecia uma estrela. "Você está usando os brincos."

Rachel os tocou; quase esquecendo que estavam em sua orelha. "Você não pode tê-los de volta," ela brincou.

"Eu não os pegaria de volta."

"Bom, porque eles são meus, Quinn Fabray."

Quinn sorriu um pouco triste. Esses brincos não eram a única coisa que ela deu a Rachel que nunca iria pegar de volta. Ela apertou Rachel mais um pouco, sem saber quantas vezes mais ela faria isso antes de Rachel se mudar para Nova York.

***

"Eu vou para a OSU."

"Nossa, eu me pergunto por que," Quinn comentou secamente se sentando ao lado de Santana na cama.

"Eu vou para Lima Community College, Quinn! Não é incrível?"

"É muito incrível, Britt." Ela se inclinou para lhe dar um abraço amigável. "Eu estou orgulhosa de você."

Brittany pulou da cama. "Eu preciso ir. Minha mãe quer ajuda com o jantar." Ela deu um selinho em Santana e piscou para ela antes de acenar para Quinn e sair do quarto.

Quinn balançou a cabeça com espanto. "Vocês são fofas."

"Você nunca vai ver ninguém como a gente," Santana afirmou.

"Você sempre—" ela parou e tentou pensar em uma maneira de perguntar o que pensava. "Você nunca ficou com medo? Digo, você e Brittany são essa grande coisa. Isso não assusta você, não sei, talvez vocês não vão ficar juntas no final?"

Santana estreitou os olhos. "Você está falando merda pra mim logo depois que eu tenho ela de novo?"

"Não," ela rapidamente assegurou. "Não, não, eu estou feliz por você. Eu só estava perguntando..."

"Então, não. Claro que não, isso não me assusta. Por que deveria?"

"Por que você a ama. E há uma chance que você não fique com ela."

Santana sentou ao lado dela, completamente imperturbável. "Honestamente? Eu já passei por essa merda, Quinn. Você não se lembra do Artie? Ela estava com ele, eu estava sozinha e triste, sim, mas eu superei. E você sabe o quê? Você sabe com quem ela está agora? Comigo."

"E dai se eu não passar o resto da minha vida com ela?" ela continuou. "Eu estou com ela agora. E se eu estou com ela cinco, dez, cinquenta anos a partir de agora e ela decidir que quer alguma garota mais jovem, eu vou lidar com isso se/quando isso acontecer. Mas agora ela é minha. E eu não vou deixá-la ir.

"Você também precisa considerar o seu futuro."

"O futuro é ótimo, Quinn. Claro, tem que considerá-lo. Mas algumas vezes você tem que reagir com base no que você sente no presente. Você pode planejar. Pode funcionar, talvez não. Mas se você se sente forte o suficiente no momento, então faça o que você precisa para mantê-lo."

E quem sabia que Santana Lopez iria lhe dar conselhos sobre a vida? Suas conversas no passado consistiam basicamente de como manter as unhas saudáveis. Ela nunca sabia que sua amiga era uma boa conselheira.

Quinn deu um tapinha em seu ombro. "Te desejo sorte na OSU."

Santana virou-se para ela. "Você não vai?"

Ela sorriu enigmática. "Eu não sei mais."

***

"Nós deveríamos ir ao baile juntas."

"Rachel..."

"Como amigas. Nós deveríamos ir como amigas."

"Baile é um assunto muito delicado para nossas famílias. Você não acha que deveríamos simplesmente não ir?"

"Não! Não no nosso último ano! Este é um marco importante, Quinn."

"Rachel, seja razoável."

"Mas você estaria tão bonita, Quinn!"

"Estamos muito despreparadas. Nós não temos nossos vestidos, todo mundo já escolheu os vestidos."

"Mas eu já sei um bracelete pra você."

"A propósito, obrigada pelo o do ano passado."

Rachel não disse nada e Quinn riu baixinho ao telefone, imaginando o olhar chocado de Rachel e seu rosto vermelho.

"Quem te disse isso?"

"Finn, claro."

"Ah sim."

"Você estava muito bonita lá."

Ela ouviu um grunhido de constrangimento e achou melhor parar de brincar.

"Hey, Rachel?"

"Sim, Quinn?"

"Você quer ir ao baile comigo?"

***

O baile foi imensamente melhor do que Quinn pensou que seria. Rachel estava linda, seu cabelo estava preso igual do ano passado, Quinn disse pra ela que gostou. O vestido de Quinn não era feio, embora ela tenha preferido algo diferente. Os homens Berry e sua mãe juntaram dinheiro o suficiente para uma limusine e Rachel e Quinn chegaram de mãos dadas.

Rachel passou a noite inteira lembrando-se que ela e Quinn estavam lá apenas como amigas, mas toda vez que elas dançavam e ela olhava nos olhos de Quinn, tudo o que ela queria era beijá-la.

Quinn ganhou a coroa de rainha do baile. Ela não estava tão animada como achou que ia ficar, mas uma vitória era uma vitória. Ela sabia que sua mãe ficaria orgulhosa. Puck ganhou a coroa de rei. Eles compartilharam sorrisos cúmplices, um longo abraço e então Quinn foi até Rachel para dançar com ela. Elas tiraram fotos, beberam ponche e passaram o resto da noite juntas.

"Eu ainda acho que você não quer que eu diga isso," Rachel sussurrou enquanto elas estavam na varanda de sua casa.

Quinn sorriu para sua expressão. "Tivemos uma noite maravilhosa, Rachel. Como você pode ficar assim?"

"Porque eu queria expressar meus—"

Quinn colocou o dedo sobre os lábios de Rachel. Rachel o beijou e sorriu. "Tenha uma boa noite, Rachel."

"Posso pelo menos ganhar um beijo de boa noite?"

Ela ganhou.

***

Foi uma semana antes da formatura que Quinn finalmente conseguiu. Ela estava no meio de digitar algo para seu discurso de oradora quando ouviu os gritos fracos do pneus da caminhonete do correio na rua. Ela sorriu, hora era o dia. Ela teve fé.

***

Quinn bateu com força na porta da frente da casa dos Berry às três da tarde de um sábado, segurando a carta firmemente em sua mão. Ela deu um passo para trás em antecipação. A porta abriu e Leroy saiu sobre ela. "Boa tarde, Quinn."

Ele não parecia tão simpático com ela como era há meses atrás. "Olá, Sr. Berry."

"Você ainda pode me chamar de Leroy."

Ela sorriu agradecida. "Olá, Leroy. Eu estava perguntando se eu posso falar com Rachel."

"Você só veio aqui para quebrar o coração da minha filha de novo?"

"Eu sinto muito por isso, senhor," ela disse com remorso. "Mas eu fiz aquilo porque era o melhor para ela."

"E era?"

"Sim. Na época não havia nenhuma chance de eu ir para Nova York com ela e eu não queria segurá-la aqui."

"E agora?"

Ela sorriu. "Agora eu gostaria de acertar algumas coisas."

Ele pensava nas palavras antes de falar. "Eu tenho que admitir que eu admiro você por colocar os sonhos e esperanças da minha filha em primeiro lugar. Eu sei como os adolescentes podem ser egoístas. Inferno, eu vivo com uma." Ele revirou os olhos bem-humorado e Quinn riu. "Então, já que você realmente se preocupa com as aspirações da minha filha, isso diz muito sobre você, Quinn."

"Eu me importo com ela."

"Eu tenho certeza que sim," ele reconheceu.

Ele finalmente a deixou entrar e Quinn rapidamente correu até o quarto de Rachel, cumprimentando Hiram quando passou. Ela passou pelo meio da porta de Rachel e a fechou, virando-se para encontrá-la em sua cama, assistindo um filme. Rachel engasgou com a visão de Quinn em sua porta, andando em sua direção e... a beijando ferozmente. Suas mãos imediatamente se enfiaram entre os fios loiros em uma tentativa de não deixar Quinn ir. Mas ir é a última coisa na mente de Quinn. Ela subiu na cama e montou em cima de Rachel. A língua de Rachel deslizou calorosamente entre os lábios fartos. Era incrível, familiar. Quinn aproveitou qualquer pedaço de pele que ela pudesse alcançar. Ela tinha sentido falta disso, ansiava por esta intimidade por meses e agora tinha. Agora ela teria Rachel pelo tempo que Rachel quisesse ela. Ela se afastou, ignorando o gemido de lamentação de Rachel. "Espere," ela sussurrou.

Ela deitou ao lado de Rachel, pegando a carta sobre a cama. Ela entregou a Rachel. "O que é isso?"

"Apenas abra."

Rachel olhou-a desconfiada, mas mesmo assim, abriu a carta para ler. "Querida Quinn Fabray, temos o prazer de informar que você foi aceita... classe de 2016—" Ela gritou alegremente, pulando em cima de Quinn. Quinn riu alto quando Rachel cobriu seu rosto com beijos. Ela fechou os olhos e não se atreveu a mover-se com os beijos. "Isso é sério?" Rachel resmungou enquanto beijava a mandíbula de Quinn.

"Espero que sim."

"Eu estou tão feliz."

Rachel voltou a beijá-la profundamente nos lábios. Ela beijou o nariz, o queixo, as bochechas, a testa. Quinn correu as mãos pelas costas de Rachel, os lados, seu cabelo, tentando remapear o corpo dela achando que havia esquecido o corpo dela. Como se ela realmente pudesse esquecer. "Eu também."

Rachel se afastou, ofegante. Aqueles olhos grandes que Quinn nunca poderia ficar perdida olharam para ela com muita adoração. "Posso dizer isso agora?"

A mão de Quinn segurou seu rosto com suavidade. Seu polegar acariciou para frente e para trás. "Você pode dizer isso."

"Eu te amo, Quinn," Rachel murmurou.

Os olhos de Quinn se fecharam e sua cabeça inclinou-se para trás e permitiu que essas palavras a completassem. Toda vez que Rachel ameaçou dizer isso, levava toda a força de Quinn para lhe dizer não. E agora, finalmente, finalmente conseguiu ouvir essas palavras. Ela abriu os olhos e sorriu para Rachel. "Eu também te amo, Rachel."

Rachel gritou mais uma vez, desta vez ao lado da orelha de Quinn e a abraçou com força. Ela sempre tinha esperança de que esse dia chegaria. "Estamos indo para Nova York," ela cantarolou.

"Eu ainda tenho que preencher as bolsas."

"Eu posso te ajudar com isso," ela respondeu rapidamente. "Eu já preenchi as minhas."

"Não vai ser fácil para nós," Quinn disse a ela, sempre sendo um pouco pessimista.

Rachel assentiu. Ela mordeu seu lábio em contemplação e Quinn não conseguia desviar o olhar mesmo que quisesse. "Eu não acho que nada que vem fácil vale a pena," Rachel disse lentamente, suas palavras pareciam mergulhar na pele de Quinn. "E qualquer coisa que exige trabalho é muito mais querido."

"Como eu?" Quinn perguntou com um pequeno sorriso.

"Como Broadway," Rachel respondeu com um sorriso provocante nos lábios. Quinn fez uma careta pra ela e a próxima coisa que Rachel sabia, é que ela estava de costas e Quinn a agarrando. "Isso vai te ensinar a não mexer comigo," Quinn disse vitoriosamente.

Rachel se contorcia e dentro de segundos Quinn sentiu uma paixão insaciável que ela não conseguia conter. Rachel percebeu a mudança imediatamente. Os dedos de Quinn pararam à medida que ela olhava profundamente nos olhos da morena. O peito de Rachel começou a ficar pesado com o momento.

"Faça amor comigo." Era como se Rachel tivesse lido os pensamentos de Quinn.

"Seus pais estão aqui."

"Sim, mas eles não vão ouvir."

"Rachel—"

Ela se inclinou para beijar Quinn. Sua língua trabalhou diligentemente para distrair Quinn enquanto suas mãos levantavam o vestido de Quinn. Os dedos corriam as coxas pálidas e Quinn se contorcia em cima dela assim que Rachel levantava seu vestido centímetro por centímetro. Ela gemeu com a imagem mental de como Quinn mexeu com sua mente. Ela enterrou os polegares no cós da calcinha rosa e isso foi o suficiente para que Quinn caísse em cima de Rachel e a beijasse calorosamente até que ambas estivessem nuas.

"Quinn?" Rachel murmurou algum tempo depois na pele suada do pescoço de Quinn.

"Sim?"

"Foi perfeito."

"Foi incrível."

"Agora eu sei como fogos de artifícios se sentem."

Quinn sorriu levemente para ela.

Rachel se levantou para olhar o rosto de Quinn. Ela desenhou formas sem sentido pelas costas dela e continuou a olhá-la fixamente. "E você sabe o quê?"

"Hmm?"

"Nós vamos para Nova York."

"Mhm."

Ela chamou seu nome repetidas vezes. "E você sabe o que mais?"

"O quê?"

"Você não é uma perdedora de Lima."

Quinn deu o sorriso mais brilhante que Rachel havia visto. A felicidade que irradiava a garota na sua frente falou mais alto. Quinn virou-se e Rachel teve uma visão ainda melhor da verdadeira felicidade que estava no rosto de sua namorada.

"Eu acho que não sou."

Fim.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!