Eu e Percy saimos à noite para um jantar romântico. Jantaríamos no Upper East Side, em um restaurante chique chamado Daniel,

do famoso Daniel Boulud. Eu sabia que o Cabeça de Alga iria gastar meses do seu salário para isso, disse para ele que não era preciso, mas ele insistiu.

Quando cheguei no restaurante meu queixo caiu, o lugar era incrível, a arquitetura era muito interessante, haviam lustres lindíssimos, as mesas eram arrumadas por alguém que tinha muito bom gosto.

O metre nos levou para a mesa que Percy tinha reservado, eu e Percy sentamos.

- Nossa, Cabeça de Alga, dessa vez você se superou...- eu falei, encantada

- Que bom que gostou - ele respondeu sorrindo

- O que vamos pedir? - eu perguntei olhando para o menu, a comida era francesa.

- O que você quiser... - ele disse. Procurei algo que não fosse muito caro, porque sabia que mesmo economizando, Percy não tinha tanto dinheiro assim.

Nós pedimos e, enquanto a comida não vinha, ficamos conversando, às vezes nos beijávamos, mas nenhum beijo muito longo, visto que estávamos em público.

De repente, um homem de extrema beleza entrou no restaurante. Ele tinha o cabelo loiro e os olhos iguais aos do Percy, parecia ter uns vinte anos e era muito alto. Era tão bonito que assustava. Ele deu uns cinco passos, mas parou. Parecia ter sentido um cheiro maravilhoso, o que não era novidade, visto que estávamos em um restaurante. Mas, para minha surpresa, ele olhou diretamente para onde Percy e eu estávamos, sorriu, e veio em nossa direção.

- Percy - sussurrei

- Hum? - disse o Cabeça de Alga, que estivera distraido

- Aquele homem está vindo em nossa direção - eu falei

- Quem será? - perguntou Percy, juntando as sombrancelhas.

O Homem piscou como se soubesse que falávamos dele. O metre tentou impedi-lo de ir entrando assim, mas o desconheicido disse algumas palavras e passou, deixando para trás um metre muito confuso.

Com o canto do olho vi Percy colocando a mão no bolso, eu tirei, discretamente, a minha faca de dentro da bolsa.

- Ora, ora - disse o estranho a uns três metros de nós - dois semideuses jantando...

Eu e Percy levantamos. As pessoas que estavam jantando não repararam na aparição do homem.

- Quem é você? - perguntou o Cabeça de Alga

- Hum.. - disse o desconhecido animado - filho de Poseidon? Eu também sou. Você, por um acaso, não é Percy Jackson? Herói do Olimpo e filho preferido de nosso pai?

Percy se limitou a olhá-lo.

- Vou dar uma dica, Perseu, sou um gigante, filho de Poseidon e Ifimedia.

- Não parece um gigante - Percy falou o óbvio

- Estou no meu "tamanho humano" para não chamar atenção...

E então eu lembrei da história.

- filho de Poseidon e Ifimedia... um Aloída. - eu concluí - Você e seu irmão tentaram escalar o Olimpo e foram mortos pela áudacia. Mas qual dos Aloídas é você?

- Muito espertinha, filha de Atena! Eu sou Oto, é claro. Se fosse meu irmão vocês dois já estariam mortos, não teriam tempo para uma conversa agradável... Mas bem, sinto que terei que matá-los, de qualquer forma... Então, fim da conversa.

Oto riu e começou a se transformar, ele foi ficando cada vez maior até atingir uma altura de trinta metros. Não preciso dizer que isso foi muito ruim para o restaurante. Os mortais corriam tentando escapar, deviam estar pensando que era um desabamento ou algo assim. Eu e Percy pegamos nossas armas, nos olhamos e fizemos um plano silencioso. Percy atacaria o Aloída pela frente enquanto eu, usando o boné da invisibilidade, atacaria por trás.

É claro que o nosso plano não deu certo. O gigante previa todos os nossos movimentos, parecia me ver mesmo eu estando invisível e lutava sorrindo, como se a vitória estivesse garantida. Percy causou uma grande explosão, água, esgoto, nenhum líquido foi poupado, mas isso só serviu para nos deixar fedendo.

- Eu não me incomodo com água, irmão

A luta continuou. Eu não conseguia ver Percy de onde estava, mas ouvia o som metálico de sua espada. Parei para tentar olhá-lo. Meu pior erro. O monstro me jogou a metros de distância, bati com a cabeça em uma pilastra e minha visão ficou embaçada, passei a mão onde estava ardendo e percebi que estava sangrando. Enquanto tentava me levantar vi Percy olhando com raiva para o Aloída, já sabia o que ia acontecer antes mesmo de acontecer. O Cabeça de Alga usou o líquido que ainda ensopava o chão, chegando na cintura dele, para saltar..10..20..30 metros de altura e caiu na cara do monstro, o pegando de surpresa, enfiou contracorrente no nariz do gigante, que berrou e cambaleou. Nessa hora o Cabeça de Alga se desequilibrou e teria se espatifado no chão, se não fosse a água (creio que a Maldição de Aquiles não impede que seus ossos quebrem). Eu e ele atacamos o Aloída, ainda cambaleante, e, juntos, o transformamos em pó.

- Vocês vão se arrepender - ele disse enquanto se desfazia - meu irmão irá acabar com vocês!

E, para provar que as coisas podem ficar sempre mais estranhas, uma luz surgiu no que costumava ser a entrada do estabelecimento e lá eu vi a última pessoa que eu esperava ver em uma hora como essas.

- Ah, que bom que o derrotaram - disse Hera

- Hera? - eu perguntei

- Olá Percy, garota...

- Senhora Hera - começou Percy - o que a senhora está fazendo aqui?

- Eu vim para ter certeza de que alguém acabaria com esse troglodita, é claro - falou exasperada - Esse ser tentou me raptar várias vezes no passado, além de ter aprisionado meu filho, Ares, em um vaso de bronze.

- Ah.. - foi a coisa mais inteligente que o Cabeça de Alga conseguiu dizer

- Bem, fico feliz por terem matado Oto. Bem, penso até em fazer uma trégua com você, Annabeth, o que acha? - ela perguntou como se esse fosse o melhor presente do mundo

- Uma trégua? Com a senhora? - perguntei incrédula

- Claro, devo agradecer por ter acabado com aquele Aloída. Então te dou esse presente.

- Nossa, que presentão - eu falei, irônica

- Não, Annabeth, nada de ser irônica. Os monstros estão escapando novamente do Tártaro, não é hora de deuses e semideuses estarem brigados, pense nisso. - E nessa hora ela começou a brilhar, Percy e eu fechamos os olhos e, quando olhamos de novo, Hera tinha ido embora.

- Que estranho - comentou Percy

- Bom, mas pelo menos tivemos a nossa maior luta em meses...

- Sim, mas tinha que ser no nosso aniversário de namoro?

Eu ri da cara que ele fez. Nós fomos para a casa do Percy, ainda bem que estávamos de carro, porque estávamos horríveis e fedendo.

Mandei uma M.I. para o Quíron enquanto Percy estava tomando outro banho e contei sobre os monstros voltando e sobre a nossa luta de hoje.

- Vocês deram muita sorte - ele falou - Os aloídas quase conseguiram derrotar os deuses, quase. E vocês dois estavam sozinhos...

- Mas na história, os Aloídas só atingiam o máximo de força quando estavam juntos, não é mesmo?

- Sim, mas mesmo assim, Oto sozinho é uma grande ameaça. E tomem cuidado, você e Percy, o irmão dele é ainda pior.