Trapped escrita por C Leto


Capítulo 3
Chapter III — Water


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora para postar, é que eu estava extremamente sem criatividade para escrever. Enfim, espero que gostem! :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/205679/chapter/3

Fito meus grandes olhos azuis por um minuto, tentando decifrar o que eu mesma estava sentindo. Por que, por alguma razão, nem eu mesma entendia-me mais. Irritante. Extremamente irritante.

                Saio de minha transe e encontro os sapatos pretos ao meu lado. Eles combinam perfeitamente com a faixa que corta minha cintura. Os coloco, tomando o mesmo cuidado que tomei com o vestido. E então saio de meu compartimento.

                O chão do corredor é coberto por um comprido tapete vermelho, e existem várias portas ao longo dele. Vou caminhando em frente ouvindo o som dos meus passos ecoando pelas paredes, até que chego a uma porta, ouço vozes e risadas vindas de lá. E então eu a abro.

                Os outros três tributos estão ali, Kayla e um homem de vinte e cinco anos, aproximadamente, olhos fundos, envolvidos por escuras olheiras estão sentados em volta de uma mesa redonda, onde se encontra um banquete que aparenta ser extremamente delicioso. Cozidos de diversos tipos, dois tipos de sopa, uma de coloração esverdeada e outra repleta de feijõeszinhos. Muito pequenos em relação aos que existem no meu distrito. Aceno para todos com uma das mãos, enquanto a outra aperta com força a lateral do vestido, recebo sorrisos e balanços de cabeça como resposta. Sento-me ao lado do homem, e em poucos segundos um prato com o caldo esverdeado aparece a minha frente.

                - Bem, talvez devêssemos nos apresentar, certo? – Kayla inicia a conversa à mesa, e vendo que ninguém respondeu-lhe apontou para o homem ao meu lado com a cabeça. – Pode começar. – Ela sorriu.

                - Bem, eu sou Mattew Swart. – Ele passou os olhos por todos na mesa, e os parou em mim. – Sou o mentor de vocês.

                Sentou-se, sem boa noite, nem boa sorte. Nem “vou dar o meu melhor”. Ele só continuou a tomar seu caldo, sem mais nenhuma palavra.

                E então os olhos de Kay se voltaram para o garoto ao lado de Mattew, sempre com um sorriso formado nos lábios.

                - Bem, sou Donatan... – Ele parecia se enrolar em meio as palavras, e sempre olhava para a parede enquanto falava, nunca para nenhum de nós. Se sentou, sem mais. Percebi que ele parecia ter desmaiado sobre a cadeira, percebi que não conseguia suportar o próprio peso por muito tempo.

                - Makenna, sou Makenna. – A garota ao seu lado levantou-se, sorriu para todos nós. E me lembrei do quanto ela era frágil. Senti necessidade de protegê-la com todas as minhas forças.

                - Meu nome é Ken. E eu vou vencer. – Ele disse confiante, seus olhos sempre fixos nos meus. Ele me enchia de medo. Não quero enfrentá-lo. Não quero. Mais um motivo para acabar comigo ao pisar na arena.

                E então era minha vez, devia dizer somente meu nome? Ou falar algo extremamente convincente como Ken? Eu não fazia idéia.

                - Justice Campbell. – Foi tudo o que disse. Não fazia idéia do que dizer a mais. Minha apresentação durou menos  de quinze segundos. E então eu estava sentada observando meu caldo novamente.

                Meu estomago revirava dentro de mim, e doía a cada vez que trombava com qualquer parede do órgão.

                Saí da sala em disparada, mas não consegui chegar ao compartimento. O liquido amarelado foi depositado ali mesmo, sobre o tapete vermelho.

                Eu sou a pessoa mais nojenta na face da terra.

                Tossi várias vezes. Até me dar conta de que todos me observavam. Kay estava pasma, paralisada. Mas Makenna se ajoelhou ao meu lado e me ajudou a levantar, sorri para ela.

                Ela segurava minha mão mesmo ela estando repleta do liquido, e me guiava até meu compartimento.

                - Obrigada, Mak. – Consegui dizer, e deixei escapar um risinho, pelo apelido ridículo que eu havia dado a ela.

                - Venha, ela continuou me arrastando pelo compartimento, retirou todas as minhas roupas com um cuidado especial. E apertou os botões para mim. Pediu que eu entrasse na banheira, e me lavasse direito.

                Gostaria de pedir que ficasse ali comigo, me olhando. Cuidando de mim. Mas parecia idiota pois, eu era pelo menos três anos mais velha do que ela.

                Ela saiu do banheiro, e fechou a porta.

                Era somente eu e a água quente, mais uma vez.

                Aquilo só me deixou mais irritada. Comigo mesma. Com a Capital. Com todas as pessoas que me viram na cena mais humilhante de toda a minha vida. Com todo o país.

                Eu poderia fugir, pensei.

                Não. Quer idéia mais estúpida. Eles iriam me caçar, e encontrar as maneiras mais cruéis de tortura existentes para mim.

                O que eu poderia fazer além de ficar ali? Olhando a água me envolvendo e desejando que quando eu abrisse a porta Makenna estivesse me esperando?

                Ela poderia colocar a roupa em mim, e depois me dar um beijinho de boa noite, suspirei.

                Encostei a cabeça na extremidade da banheira e percebi o quão ridículo era o que eu acabara de dizer.

                Fechei os olhos por um instante, e seus olhos apareceram em meio a escuridão.

                Mamãe...

                Como seriam as coisas se ela ainda estivesse ali?

                Ah, Deus, como eu odeio a Capital! Tirou de mim tudo o que eu tinha. Primeiro, mamãe, agora papai. O que me restou?

                Eu mesma não valho os restos que deixei no carpete.

                E então decidi que o melhor a fazer era ir dormir. Talvez eu conseguisse ter um pouco de paz.

                Me enganei, desde que pensei que ao abrisse aquela porta, veria Makenna. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quem leu, deixa uma review, vai me deixar feliz pra caramba /~ÇLKJHGF



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Trapped" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.