Olá, meu nome é Mizumi Harumi, mas gosto que me chamem de Mizu. Por quê? Porque eu simplesmente amo tudo relacionado à água! Bom, estou aqui para contar um pouco da minha vida. Desde o dia em que o conheci... Até hoje. Minha infância foi muito feliz, eu morava na cidade de Inazuma e tinha pais muito legais. Mas eu não era muito feliz... Não tinha muitos amigos... Mas um me marcou muito...

Flashback ON ~~

– Harumi-chan, saia do meio da rua, é perigoso! Uma mulher falava, preocupada com a menina.

– Calma mãe, já estou indo! Só vou pegar minha boneca que caiu! Harumi falou, indo em direção à boneca.

– HARUMI-CHAN, O CARRO, CUIDADO! A mulher ia em direção à Harumi, mas foi impedida pelo homem que estava ao seu lado.

– O que? Harumi olhou para sua mãe, que estava desesperada.

– CUIDADO! Um menino foi correndo e pulou em Harumi, ambos saíram rolando para a calçada.

– Ai, por que fez isso? Meu cotovelo ralou, tá doendo! Harumi choramingava olhando para o menino a sua frente.

– Gomen... Mas antes isso do que o carro passar por cima de você... O menino a encarava sério.

– Carro? Harumi olhou para a rua e viu um carro passando em alta velocidade por eles.

– Vamos, sua mãe está preocupada do outro lado da rua... O menino, que tinha cabelos loiros, longos e soltos estendeu a mão para Harumi, ajudando-a a se levantar.

– Obrigada por me ajudar... Qual seu nome? Harumi estava com cabeça baixa e caminhava ao lado do menino.

– Afuro Terumi, mas meus amigos me chamam de Aphrodi... E o seu? Aphrodi virou o rosto para ela, encarando-a.

– Me chamo Mizumi Harumi... Mas gosto que me chamem de Mizu... Ela mantinha a cabeça baixa.

– Hm... Mizu-chan, por que não ergue a cabeça? Aphrodi levou sua mão livre até o queixo da menina e ergueu a cabeça dela.

– É por que... Eu tenho vergonha, é isso... Por isso não consigo fazer amigos, todos me chamam de esquisita... Harumi o encarava com as bochechas coradas e com algumas lágrimas escorrendo pelo rosto.

– Esquisita? Que estranho... Você parece ser muito legal... Vamos ser amigos! Amanhã vamos brincar no parquinho? Aphrodi dava um sorriso para Harumi, esta retribuiu com um sorriso tímido.

– Vamos sim! Sabia que... Você é meu primeiro amigo? Harumi agora o encarava com o rosto feliz.

– O primeiro? Que honra! Os dois começaram a rir.

– Filha, você está bem? A mãe de Harumi foi correndo até ela e a abraçou fortemente.

– Estou bem mãezinha, olha, fiz um amigo! Harumi sorria satisfeita para sua mãe.

– Um amiguinho? Que bom filha! Como se chama?

– Afuro Terumi, mas pode me chamar de Aphrodi! O menino sorria para a mulher à sua frente.

– Oh sim Aphrodi, muito obrigada por salvar minha filhinha! A mulher agora abraçava os dois.

Flashbback OFF ~~

É, aquele dia eu o vi pela primeira vez... E depois disso passamos a brincar todo dia juntos. Era muito divertido! Teve um dia que estávamos chutando uma bola de futebol e, sem querer, acabei acertando a cara dele! Tadinho, ele tinha ficado com o nariz vermelho... Morri de rir e morri de dó depois... Só eu mesmo... Ah, e tínhamos um esconderijo só nosso. Nem nossos pais sabiam onde era. Então, sempre que dava, a gente fugia dos nossos pais e ficávamos naquele lugar...

Flashback ON ~~

– Vamos, eles nem estão vendo a gente! Aphrodi pegou na mão de Harumi e a arrastou para longe dali correndo.

– Mas e se eles notarem? Harumi olhava para trás e via sua mãe conversando com a mãe de Aphrodi.

– Que nada, elas quando pegam pra conversar, só param a noite! Ele solta uma risada travessa e continua correndo.

– Ta bom... Mas vamos ficar só um pouco, hoje eu prometi que ia brincar com a Lira! Harumi falou.

– Droga, agora vou ter que dividir você com os outros? Aphrodi não parecia muito feliz.

– Vamos brincar todos juntos então! Harumi abriu um sorriso.

– Eu prefiro brincar só com você... Olha, chegamos! Aphrodi afastou algumas folhas que cobriam a entrada.

Depois que entraram, Aphrodi colocou as folhas na entrada de novo, afinal, esse era um lugar só seu e de Harumi. Ficaram ali por um tempo jogando conversa afora.

– Temos que marcar nosso território! Aphrodi falava, pegando um pedaço de madeira e riscando o tronco de uma árvore.

– Marcar território? Achei que só os cachorrinhos faziam isso... Harumi tinha um ponto de interrogação enorme na cabeça.

– Ora, temos que marcar, assim, ninguém se aproxima! Ele tinha acabado de riscar o tronco.

No tronco tinha riscado as letras: “A. T and M. H” com letras infantis. Harumi gostou da marcação que Aphrodi tinha feito na árvore. Ficaram ali por mais alguns minutos e depois voltaram pra perto de suas mães, que nem notaram que eles tinham sumido por todo esse tempo.

Flashback OFF ~~

Mas, essa alegria que eu sentia durou apenas um ano. Quando eu completei cinco anos de idade, meus pais tiveram que se mudar para Okinawa. Esse foi o dia mais triste da minha vida. Não tinha coragem de deixar meus amigos em Inazuma... Não tinha coragem de deixar ele...

Flashback ON ~~

– Mas mamãe, temos que ir mesmo? Não quero deixar meus amigos aqui... Não tem outro jeito? Harumi tinha lágrimas nos olhos.

– Não minha filha, precisamos ir, seu pai arranjou um emprego pra lá... A mãe de Harumi a abraçava fortemente.

– Mas mãe, não quero ficar longe dele... Harumi agora chorava mais que antes.

– Filha, não torne as coisas mais difíceis... Mamãe não gosta de ver você chorando... Você pode escrever pro Terumi quantas vezes quiser, mas não chore... A mãe de Harumi agora estava desesperada tentando fazer a filha parar de chorar.

– Escrever? Harumi agora só soluçava.

– Sim, sim, a mamãe te ajuda ta bom? A mulher agora enxugava os olhos de Harumi com um paninho, depois, pegou as malas dela e as levou para baixo.

Chegando lá embaixo, Harumi avistou Aphrodi entrando na casa, com cara de triste. Harumi desceu as escadas correndo e se atirou nos braços dele e começou a chorar de novo. Aphrodi nada fez, só a abraçou e acariciou os cabelos da menina. Um tempo depois, Harumi já estava dentro do carro, pronta para ir embora.

– Tchau Aphrodi... Até qualquer dia! Ela gritava em meio às lágrimas, dentro do carro.

– Tchau Mizu-chan! Até! Aphrodi acompanhou o carro até a esquina, depois parou.

Flashback OFF ~~

Realmente, ver ele na esquina acenando pra mim foi a coisa mais dolorosa que vi na vida. Meu primeiro amigo, eu o estava deixando para trás... Lembro que quando cheguei a Okinawa não parava de chorar por nada. Demorei muito para conseguir viver naturalmente de novo. Ou era o que eu pensava. Por dentro eu estava depressiva... Não conseguia comer muito e a maior parte do tempo eu ficava no meu quarto, ouvindo músicas de amor lentas. Consegui me recuperar totalmente quando completei meus nove anos. Bastante tempo não? Pois é... Com nove anos eu já conseguia conversar normalmente, comer normalmente e até saía com algumas amigas que tinha feito. Quando completei meus quinze anos tive uma surpresa: minha mãe e meu pai iam voltar para Inazuma! Aquela foi a melhor notícia que recebi no ano inteiro!

Flashback ON ~~

– Filha... Tenho uma coisa pra te falar... Um homem adentrou o quarto de Harumi e caminhou até sua cama, onde a mesma estava sentada.

– O que foi pai? Harumi o encarava confusa.

– É que... Vamos ter que voltar pra Inazuma... O homem nem acabou de falar e Harumi já havia levantado da cama.

– VAMOS VOLTAR PRA INAZUMA! SABIA QUE ESSE DIA IA CHEGAR!! Harumi foi até seu armário, pegou algumas malas e socou (literalmente falando) suas roupas nas pobres malas.

– H-Harumi... Não está chateada? O homem a encarava com certo medo nos olhos.

– Claro que não! Finalmente vou poder encontrar com meu amigo! Harumi agora tinha seus olhos brilhando e algumas lágrimas caíam deles.

– Você gosta mesmo desse tal de Terumi não é filha? O pai de Harumi estava de braços cruzados encarando a filha.

– N-não é nada disso que o senhor está pensando! Harumi estava corada e brava.

– Só espero que ele te trate bem, porque senão... Ele agora tinha uma cara sombria.

– Eu não to namorando ele! Harumi continuava brava, só que mais corada que antes.

– Eu sei mas... Nunca se sabe o futuro não é? O homem agora estava de olhos fechados e os braços cruzados.

– Ta bom pai, vamos logo, quero chegar em Inazuma rápido! Harumi arrastava o pai e as malas para a sala.

– Calma filha! O homem estava sendo levado pela filha.

– Eu sabia que ela iria gostar de saber disso! A mãe da menina estava arrumando as coisas dentro do carro.

– Vamos!! Harumi socou as malas dentro do carro e subiu, apressando seus pais.

– Calma Harumi! Os dois falaram juntos.

Flashback OFF ~~

Certo, agi como uma louca aquele dia. Mas só de pensar que iria vê-lo de novo... Meu coração não se aguentava de tanta alegria. Quando cheguei a Inazuma fui correndo para nosso esconderijo. Ele estava intacto! Que bom! Mas... Parecia que ninguém mais tinha ido lá... Bom, ignorei isso. Hoje eu sei por que ninguém foi lá... Aphrodi me disse que não aguentou ficar lá por muito tempo... Estava com saudades de mim... Voltando a história... Eu o procurei por toda Inazuma, mas não o encontrei. Fiquei arrasada. Enquanto eu andava pela cidade, minha mãe tinha ido à Raimon me matricular. Lembro que me diverti muito na Raimon. Os meninos eram super legais e as meninas... Bom, as meninas tornaram-se minhas melhores amigas. A Raimon estava vencendo todos os jogos que entrava. E... O dia de jogar contra o colégio Zeus havia chegado. Eu não fazia ideia de que Aphrodi era capitão do time Zeus. Aquilo me deixou surpresa.

Flashback ON ~~

– Meninas, vou dar uma volta pra ver o estádio! Já volto! Harumi se despediu das meninas e do time e saiu da salinha onde eles ficavam antes do jogo.

Harumi foi andando pelos corredores olhando cada canto do estádio. Nem percebeu quando entrou na ala do time adversário. Estava andando distraída, quando trombou com um menino e foi ao chão.

– Ai! Harumi gritou.

– Ei, tenha mais cuidado! O menino virou-se para Harumi.

– Desculpe... Harumi encarou o rapaz e logo se levantou, indo em direção à sala da Raimon.

O jogo logo começou. As coisas estavam difíceis para a Raimon. Estavam com dificuldades para vencer a Zeus. Quando o primeiro tempo acabou, todos estavam cansados e desanimados. Alguns estavam feridos demais para jogar. Então, treinador Hibiki resolveu colocar Harumi para jogar. Ela fazia parte da defesa e sabia fazer a técnica Snow Angel. O segundo tempo começou. Harumi estranhou aquela água que o time adversário tomou antes de entrar em campo, mas preferiu ficar quieta. A partida estava difícil. Todos os jogadores levavam boladas pelo corpo toda hora. Harumi era a única que eles não acertavam. Ela se perguntava toda hora o porquê disso. Foi quando um dos jogadores do time Zeus chutou a bola com toda a força que tinha em direção de Harumi. Esta tentou desviar, só que não deu tempo. Ela só esperou o impacto da bola contra seu estômago de olhos fechados. Coisa que não veio. Ela abriu os olhos lentamente e viu o menino de antes, na sua frente, com a bola nos pés.

– Eu falei para não acertar ela... O menino fuzilava o atacante de seu time.

– Ela era a única de pé... Por que não acabar com isso logo? O atacante foi até o menino loiro.

– Pode regaçar qualquer um aqui, menos ela... O menino encarava seu companheiro de time seriamente.

– E por que isso agora? Por que ela é mulher é? O atacante estava louco da vida.

– Não... Porque ela é a pessoa que eu prometi pra mim mesmo que iria proteger... Ele falou sério.

– O que? Mas você nunca a viu na vida! O atacante estava prestes a bater no loiro, quando a polícia chegou.

– Kageyama Reiji, você está preso! Um policial entrou no campo com uma algema em mãos. Depois que levaram ele embora, o atacante continuou a discutir com o loiro.

– Por que não me deixou acabar logo com isso? Agora o atacante segurava o loiro pela gola do uniforme.

– Já respondi o porquê... Mizu-chan, você está bem? O loiro livrou-se do atacante e abaixou-se até Harumi.

– A-A-Aphrodi? É você mesmo? A menina estava com os olhos arregalados. Não sabia o que falar, não sabia o que fazer.

– Sou eu mesmo... Harumi nem esperou ele terminar de falar. Logo estava abraçada a ele.

– Estava com saudades de você...

– Eu também estava com saudades de você... Aphrodi retribuiu o abraço.

– É ruim hein... Nem conhece a menina direito e fica aí... O atacante foi pra outro lugar, resmungando.

– Quanto tempo... Você mudou bastante! Seu cabelo cresceu mais! Harumi falava com um sorriso nos lábios.

– Você também mudou Mizu-chan... Mudou muito... Aphrodi olhava a menina de cima a baixo.

– N-não fique olhando tanto assim pra mim! Eu tenho vergonha! Harumi falou brava, com as bochechas coradas.

– É, você mudou fisicamente só, porque a personalidade continua a mesma! Aphrodi riu da amiga.

Flashback OFF ~~

Lembro que fiquei muito feliz de reencontrá-lo. Lembro-me também que, depois do jogo, fomos ao nosso antigo esconderijo secreto. Lá, ele começou a olhar para todos os cantos. Não me impressionou, logo havia imaginado que ele nunca mais foi lá. Paramos em frente à árvore que ele tinha marcado. Lá, nossas iniciais continuavam intactas. Dou risada até hoje da cara que ele olhou para aquela letra infantil.