O Morcego escrita por Lara Coimbra


Capítulo 1
Capítulo Unicamente Único


Notas iniciais do capítulo

Leiam com paciência! Assim entenderão do que se trata o conto, queridos rockeiros e curiosos.



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Era uma vez um mamífero voador chamado Morcego. Um morcego comum, de orelhas não muito grandes e tamanho médio. Ele vivia em um beco com a sua família de morcegos. Todas as noites eles saíam de seu esconderijo, comiam muitos insetos e voltavam antes do sol aparecer. Todos os irmãos do Morcego estavam felizes com suas vidinhas; pra quê reclamar com a pança cheia de mariposa?


O sonho de Morcego, porém, era outro. Ele queria ser famoso, reconhecido por seu talento nos ares e sonar aguçado. O Pai dizia:

_ Meu filho, esqueça essas coisas. Você não precisa provar a nenhum chiroptera seus talentos.

A Mãe chorava:

_ Você não pode abandonar sua casa e quem te criou com tanto amor!

Os irmãos alertavam:

_ Morcego atrevido é morcego morto!


Todas essas palavras passaram por uma asa e se foram pela outra, e Morcego continuava a planejar sua trilha para o sucesso. Eram tantos outros morcegos como ele, tantas outras espécies, tantos outros territórios. Eles precisam conhecer o dom absoluto de Jack Morcego Rhinopomatoidea Rhinolophoidea Vespertilionoidea Molossoidea Nataloidea Noctilionoidea Jones. Depois de tanto pensar, a única solução em sua cabecinha era fugir.


Morcego voou, caçou, descansou, e voltou a voar. Era a grande aventura de sua vida. Chega de família, chega de regras! O mundo precisa ser explorado, vivido. O jovem mamífero alado estava satisfeitíssimo com suas escolhas, e ao longo de sua jornada foi conhecendo outros morcegos; que comiam frutas, vermes e bebiam sangue. Em uma de suas paradas, um morcego branco e velho o acolheu. Muito sábio, deu alguns conselhos:

_ Você foi muito corajoso, meu jovem, mas corre grande risco.

_ Parece um de meus irmãos...estou bem e saudável. Nada me acontecerá!

_ Se eu fosse você voltaria "zunando" para sua casa. Evite ao máximo a trajetória do show de hoje à noite.

_ Um show? Agora? - os olhos de Morcego brilharam. - É minha chance de ser famoso.


Foi uma pena o velho não ter lhe avisado que não era um show para ele. Ao voar para o evento, Morcego assinou sua sentença. Quanto mais se aproximava, melhor podia ver que não havia nada além de humanos em fila; cabeludos, gritando como loucos. Assustado, distraiu-se e bateu num poste, o que o fez cair. Tonto, perdeu o sentidos e desmaiou. "Morcego atrevido é morcego morto, morcego atrevido é morcego morto", sua subconsciência refletia.


Uma mão agarrou o corpinho grogue e guardou-o no bolso. Momentos depois, o bichinho acordou: se sentia sufocado e o lugar onde estava sacolejava bastante. Era o inferno em vida. A dívida paga por desobedecer sua família. Sua aventura de repente não valeu mais a pena. Ainda havia um som estridente no ar. Batidas, e outros sons de timbres complexos e irregulares deixaram Morcego ainda mais desesperado. A agitação parou de repente e uma voz gritava:

_ Do you wanna go Crazy?? Is everybody high?? Do you wanna be like me?? So let's go Crazy Train!

_ É o Tinhoso que veio para me buscar. - Morcego raciocinou.


O barulho perturbador voltou ao máximo, e sem aviso, dedos invadiram o espaço ocupado pelo animalzinho e o seguraram. O braço se esticou ao máximo, e Morcego via cabelos, muitos cabelos. Vozes saíam desses cabelos e ele achou que eram todos cães do inferno. A mão se esticou para trás e com um impulso forte, na direção contrária, lançou o pequenino ao desconhecido. Para piorar ainda mais sua situação, o próprio Coisa Ruim tirou-o do chão e lhe fez uma careta antes de abocanhar sua cabeça.


O assassino largou o cadáver no chão e olhou para sua direita. O baixista e o tecladista viraram o rosto para não ver mais nada. Olhou para a esquerda e seu guitarrista, loiro e magrinho, segurava sua ânsia para conseguir terminar a canção. Olhou mais atrás do palco e uma mulher com cara de coruja esgoelava chorosa:

_ Ozzy, não!!! É de verdade, é de verdade!!

_ O quê?


Assim Morcego morreu, mas não em vão. Ele se foi e ao mesmo tempo conseguiu o que mais queria, fama. Os fatos são verdadeiros, a notícia esteve em todos os lugares, e a lenda permanece até os dias de hoje.


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Notas finais do capítulo

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