O Fruto Proibido escrita por Ally D


Capítulo 10
Olá papai


Notas iniciais do capítulo

Demorei para postar? Desculpaaaa, mas nessas férias minhas amigas tem uma programação para quase todo dia. Mas elas finalmente me deixaram em paz. Então aqui está um novo capítulo para vocês.



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Ao chegar em meu quarto encontrei Anúbis deitado em minha cama. Acho que ele nem me viu entrar.

– O que está fazendo aqui?

– Vim lhe levar para ver seu pai - disse se levantando e se aproximando de mim.

Antes que eu pudesse fazer qualquer objeção, Anúbis pegou minha mão e a escuridão me engoliu. A única coisa da qual me lembro é de acordar ao lado de um rio, o qual eu reconheci pelo Rio Estige.

Levantei-me e comecei a passear no Mundo Inferior. Passei pelos Campos da Punição, Elísio e Asfódelos. Não importa onde fosse, em qualquer lugar os fantasmas me olhavam assustados e começavam a fazer um monte de mesuras. Cara, eu AMO ser filha de Hades. Um bando de pessoas mortas que não deveriam temer mais nada morrem de medo de mim (eu acho que a palavra “morrem” não foi bem colocada nessa situação...). Isso só pode ser um sonho. Depois de muito andar, fui para em frente a um castelo de mármore preto que deveria ser o do meu pai.

– Admirando o castelo, minha senhora? - ouvi uma voz atrás de mim.

Virei-me e vi uma fúria. Qualquer pessoa em sã consciência teria saído correndo ou sacado suas armas, mas, como todos já sabem, minha consciência não é sã. Então apenas fiquei encarando a fúria.

Depois de um tempo nos encarando, eu finalmente quebrei o silêncio:

– Este é o castelo de meu pai, estou certa?

– Sim.

– Por que estou aqui?

– O senhor Hades gostaria de falar co a senhorita, então mandou que eu viesse buscá-la.

– Leve-me até meu pai.

A fúria alçou voo e, com suas garras, içou-me pelos ombros, levando-me cosigo até uma sala do trono onde se encontravam um homem e uma mulher, os quais eu reconheci por Hades e Perséfone.

A fúria me colocou no chão delicadamente e postou-se nos ombros de meu pai.

Ajoelhei-me em sinal de respeito a meu pai e à minha madrasta, afinal, eu não era ao todo mal educada.

– Levante-se – disse Hades e eu obedeci.

– Olá, minha querida – Perséfone disse sorrindo para mim.

– Oi Per – disse, na hora me lembrando de como eu costumava chamar Perséfone, o que a fez sorrir mais ainda e, consequentemente, a mim também. Eu me lembrava que amava aquela deusa.

– Bem, acho melhor deixar vocês conversarem à sós. – e dizendo isso, minha madrasta desapareceu em uma chuva de flores.

Olhei para meu pai e ele me analisava atentamente:

– Pelo visto Afrodite lhe deu a graça de sua benção – ele disse com desgosto

– O que que tem?

– Você não estranhou o modo como os garotos agiram com você no vigésimo primeiro nomo?

– Beeeeeeeeem...

– Se aquela vadia da Afrodite acha que pode fazer todos se apaixonarem pela minha filha e sair imune ela está muito enganada – quando ele disse isso eu devo ter ficado da cor de um pimentão, isso além da vontade que tive de me esconder embaixo de uma pedra. Eu deveria ser a única filha que ele trata assim.

Acho que papai também percebeu o que tinha falando, porque corou e, rapidamente, mudou de assunto.

– Você deve estar se perguntando por que está aqui...

– É exatamente o que estou me perguntando.

Hades me olhou intimidador, mas até parece que eu iria me desculpar por tê-lo interrompido. Meu olhar era calmo assim como minha expressão, o que demonstrava que eu não tinha a mínima pressa de acabar com aquela discussãozinha mental que estávamos tendo e que eu não desistiria até ganhar. Percebendo que eu não iria me desculpar, Hades voltou a falar:

– Eu lhe chamei aqui, pois quero lhe dar um aviso – sua expressão era séria e impotente, o que me preocupou, o aviso realmente deveria ser sério – Tenho certeza que você vê o quão perigosos são os seus poderes. - assenti – Então também deve imaginar que muitos querem usá-los para seu próprio proveito – ele esperava uma resposta minha, mas eu não tinha o que falar, eu não pensara que isso poderia acontecer.Meu pai continuava me encarando, esperando uma resposta, então eu apenas balancei a cabeça negativamente – Foi o que pensei. Você não sabe o quanto os seus poderes são desejados e temidos. O melhor para você seria que ficasse no Mundo Inferior para sempre, em um lugar onde eu possa protegê-la, mas, a dezesseis anos, Apolo veio me avisar de uma profecia da qual você faz parte. A profecia fala sobre a salvação ou a perdição de dois mundos e que você receberá o papel de protagonista. Mas uma deusa não pode participar de profecias, então sua imortalidade foi tirada e só poderá ser recuperada quando a profecia for cumprida. Os egípcios também sabem da profecia, então terão deuses das duas culturas lhe perseguindo

– Se é assim, estarei morta em uma hora. – Hades riu com o que disse, o que fez um pequeno sorriso aparecer em meu rosto. Hades é conhecido por ser um deus rabugento e, fazê-lo rir sem precisar torturar ninguém é o acontecimento mais raro de todos.

– Não precisa se preocupar tanto assim. Alguns deuses acreditam que você irá salvar o Olimpo e acabar com qualquer coisa que esteja ameaçando os egípcios. Como eu, Bastet, Perséfone, Deméter, Anúbis, Osíris, Apolo, Hermes, Poseidon, Hefesto, Ártemis e Afrodite – o último nome foi dito com desgosto, o que me fez rir. Hades realmente pode agir como um pai de verdade – Quanto aos outros deuses, eu ainda não sei. Mas concerteza Zeus, Atena e Hórus estão contra você.

– E isso se daria ao fato de que Zeus e Hórus são os reis dos deuses em suas respectiva culturas e não querem deixar o poder e, quanto a Atena... ela sempre apoia o pai.

– Está certa. Eu realmente sinto muita pena de Poseidon. Ainda bem que é boa em raciocinar. – sorri seca, isso foi mesmo um elogio? Acho que não deveria esperar coisa diferente vindo de meu pai. – E eu não deveria esperar receber mais respeito vindo de minha filha, não é? – pensei que eu fosse a única que consegue ler mentes aqui, caralho.

– Não deveria mesmo, não sei por que ainda tem esperanças – falei com um sorriso angelical

– Bem, os deuses que acreditam que você irá salvar o Olimpo lhe mandaram presentes...

– OBA! PRESENTES!

– ...que você irá receber ao chegar no Acampamento Meio-Sangue.

Minha expressão deve ter ficado muito engraçada, porque Hades riu tanto que eu tenho certeza que se ele não fosse um deus ele morreria asfixiado.

– Se já acabou de rir da minha cara e já me contou tudo que tinha que me contar, o que ainda estou fazendo aqui?

– Eu não sei. Pode ir embora – e fez um aceno com a mão como se me dispensasse.

Eu estava indo embora quando me lembrei de algo:

– Você disse que eu sou uma deusa, não é? Que deusa? E de que cultura?

– Como assim?

– Normalmente os deuses tem funções. O senhor é o deus do Mundo Inferior, mamãe é a deusa dos gatos e de um monte de outras coisas, Atena é a deusa da sabedoria, Apolo é o deus do Sol e de um monte de outras coisas... Eu sou deusa do que?

– Irá descobrir quando voltar a ser imortal – tinha um sorriso divertido brincando em seus lábios, algo que eu estranhei e me deixou desconfiada. Eu sou deusa do que?!?!?!

– E quanto à minha outra pergunta?

– Qual era a pergunta mesmo?

– A qual cultura eu pertenço?

– ??? – suspirei exasperada.

– Bastet é uma deusa egípcia e o senhor um deus grego.E eu? Sou egípcia ou grega?

– Sabe que eu ainda não tinha pensado nisso.

– Ô paizinho lerdo o que eu foi arranjar.

Vi os olhos de Hades se transformar em fogo. Ele se irrita fácil, hein.... Mas até parece que eu iria ser intimidade por meu pai. Ele percebeu que não surtiria efeito em mim, então apenas retomou a conversa:

– Não importa a qual cultura você pertence. Decidiremos isso depois. Agora eu só quero lhe dar um aviso: não confie em ninguém.

– Então não devo confiar no senhor também, não é papai?

– Não é nesse sentido.

– Então em que sentido é?

– No sentido de amigos e amantes. Não entregue seu coração a ninguém, minha filha.Isso pode fazer mal, não só ao mundo todo, a você também.

Ele disse isso de modo tão.. hum... preocupado. Este era mesmo Hades? Este era mesmo meu pai? Ele parecia realmente se importar comigo.

Seu olhar era tão calmo e de certo modo... acolhedor. Um olhar que pensei que nunca veria em meu pai de uma forma tão intensa.

Estava surpresa e desorientada. Surpreendentemente, senti vontade de abraçar meu pai, mas ao invés disso que uma lágrima solitária escorresse por meu rosto silenciosamente. E, para meu alívio, não era de sangue!!!

– Tem outras coisas que eu preciso falar com você – disse Hades – Assim que você chegou eu falei que Afrodite havia lhe dado sua benção. Bem... Ela não foi a única a lhe dar uma benção. Todos os deuses que acham que você será a salvação do Olimpo também lhe mandaram suas bênçãos e os presentes que irão lhe ajudar em suas batalhas.

– Por que eu não posso receber os presentes agora? – perguntei com uma voz manhosoa

– Você é uma garota bem gananciosa, não é? – perguntou em um tom brincalhão

– Sou sua filha, esperava o que?

– Que parecesse com sua mãe, talvez. Mas acho que prefiro você assim.

– Eu não teria tanta certeza disso – murmurei baixinho, mas ele escutou e levantou uma sobrancelha.

– Bem, era só isso que eu queria falar com você. Agora, onde está aquele idiota do Anúbis para te levar para casa?

– Estou aqui – Anúbis apareceu a meu lado, quase me derrubando. Ainda bem que ele me segurou, porque senão Anúbis seria um deus morto (o que é meio irônico já que ele é o deus dos mortos).

Olhei para meu padrinho com puro ódio. Senti meus olhos arderem e sabia que estavam vermelhos. Anúbis fraquejou e eu sorri sinicamente. Ele tinha medo de mim e isso era gratificante.

– Ande logo Anúbis, eu quero ir para casa.

– C-Claro

Ele pegou minha mão e, em alguns segundos eu estava de volta a meu quarto na Casa do Brooklyn.

Anúbis estava me olhando atentamente, ele queria ter certeza de que eu não começaria a chorar. E eu tenho que admitir, achei aquilo muito engraçado.

– Anúbis, eu sei que eu sou gata, mas isso já está virando obsessão, meu bem.

Vi ele ficar com o rosto todo vermelho enquanto eu entrava no closet enorme de Afrodite. Já lá dentro comecei a rir da cara que meu Anúbis fizera. HAHAHAHAHAHAHA..... EU CHAMEI ELE DE QUE?!?!?!?! COMO ASSIM MEU ANÚBIS?!?!?! Ele é da Sadie e eu nem o conheço!!!!.... Ou será que....

Então imagens de minha antiga vida atacavam minha mente. Eram imagens de Anúbis e eu brincando, brigando, lutando e dele me dando (NÃO PENSEM MERDA) um monte de broncas. As vezes apareciam imagens de meu pai, normalmente discutindo com Anúbis e, também tinha aquelas suuuuuuper raras em que ele sorria para mim com afeto (de verdade, não falso).

Mas entre todas essas memórias, uma se destacou:

Flashback on

Anúbis e eu aparentávamos ter 13 anos. Ele estava bravo comigo, eu deveria ter feito alguma besteira, mas era óbvio que eu não me importava, uma pista disso era a expressão divertida em meu rosto.

– Me desculpa, meu amor. Eu não queria te magoar – eu disse com uma voz manhosa

– “Meu amor”?

– Isso

– Por que me chamou assim?

– Porque estamos casados

– Se estamos casados, como é que eu não sabia disso?

– Nós moramos juntos, dormimos no mesmo quarto (~lê-se~ cama), vivemos brigando e nos reconciliando e já nos pegamos mais de um milhão de vezes. Quer mais provas de que nós estamos casados? – ele começou a rir

– Não precisa, meu amor.

Ri junto com meu “marido” e ele me beijou.

Flashback off

A partir desse dia começamos a nos nomear ”marido e mulher”.

Saí do closet, já de pijama, e deparei-me com Anúbis deitado em minha cama.

– O que ainda faz aqui, amor?

Andei até ele e dei um beijo em sua bochecha.

– Você lembrou? – perguntou com um sorriso de canto

– Sim. E você não respondeu minha pergunta..

Ele suspirou se sentando na cama a me puxando para seu colo.

– Eu queria falar com você.



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