Dear Sun escrita por ezanatto


Capítulo 17
Capítulo 17




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Capítulo 17

                Eloise acordou com o celular despertando insistentemente. Desligou-o e começou a se lembrar de tudo que acontecera na noite anterior. Um sorriso fraco se abriu em seu rosto, mas logo desapareceu. Levantou-se e procurou Jun por toda a casa. Voltou para o quarto sem encontrá-lo e percebeu que havia um pedaço de papel sobre a mesa de cabeceira. Abriu-o, e nele estava escrito em kanas simples:

“Acordei cedinho com meu celular tocando. Os meninos estavam preocupados comigo então fui para o hotel. Nós nos vemos mais tarde, né?

Matsumoto Jun.

Gosto muito de você.”

                Ela acordou Harumi, a vestiu, tomaram café da manhã juntas e depois a levou para a escola. A pequena novamente foi tagarelando durante todo o percurso. Depois de deixar a filha, voltou para casa, pensando seriamente em fazer aquela faxina.

                Selecionou uma lista de músicas do Arashi e colocou para reproduzir, no último volume, como sempre fazia nos dias de limpeza. Ergueu tudo que pudesse atrapalhar suas tarefas, colocou todos os materiais necessários na porta do banheiro e pôs-se a esfregar.

                No meio de toda a espuma, Eloise percebeu o que havia feito. Agira por puro impulso, deixara-se levar por um sentimento que ainda não estava claro para ela. Esquecendo-se do que estava fazendo, Eloise se sentou no chão e se deixou dominar pela culpa. Ela abraçou os joelhos, envergonhada, e perguntou baixinho para si mesma:

                – O que você está fazendo, Eloise?

~~

                Jéssika ainda estava de atestado médico, dado o susto pelo qual passara há pouco, então gastava suas horas livres assistindo doramas e se correspondendo  via sms com Aiba.

                Diversas vezes Aiba a convidou para sair – jantar, almoçar, lanchar, beber – mas ela recusara, alegando que ainda não estava muito bem. O que ela sentia, na verdade, era medo de se apegar a ele e depois ter de deixar que fosse embora.

                Logo cedo ouviu a amiga – vizinha do lado – colocando música em alto volume e concluiu que ela estava faxinando a casa. Ligou a televisão e assistiu a três, quatro, cinco episódios de um dorama. Já passava da hora do almoço quando se deu conta de que a amiga ainda não desligara o som. Preparou um miojo rapidinho e voltou para a sala.

Enquanto estivera na cozinha, Aiba mandou cinco mensagens e em uma delas, ele perguntou algo que a deixou assustada:

                “Ficou sabendo que o Jun-pon dormiu na Ise-chan essa noite?”

Nem se deu ao trabalho de responder. Sem nem mesmo se preocupar em tirar o pijama ou desligar a televisão, Jéssika saiu correndo para a casa da amiga.  Bateu várias vezes na porta, e sem obter resposta, concluiu que o som alto a impedia de ouvir. Então deu a volta e entrou pela área de serviço, chamando por Eloise.

Quando chegou à sala, resolveu que, se desligasse a música, a encontraria mais rápido. Assim que desligou, ouviu soluços altos vindos do banheiro. A amiga estava deitada no chão molhado e ensaboado, em posição fetal – os braços envolviam as pernas fortemente.

– Elô? – Jéssika falou, sem saber o que fazer diante da situação.

Jéssika sentou-se ao lado da amiga e passou a mão nas costas dela. Eloise levantou a cabeça. Tinha os olhos inchados e vermelhos, resultado das horas chorando. Ninguém falou nada. Jéssika colocou a cabeça da amiga em seu colo e deixou que ela chorasse o quanto fosse necessário.

Passada mais de uma hora, Jéssika ajudou a amiga a se levantar, a envolveu com uma toalha, fez um chá calmante, deu para ela tomar e sentou-a no sofá. Secou o banheiro rapidamente, e antes de qualquer outra coisa, ligou o chuveiro quente e pediu que a amiga tomasse um banho.

Jéssika estava na sala, resolvida a esperar o quanto fosse necessário até que a amiga se sentisse melhor para lhe contar o que acontecera.

Alguns minutos depois, Eloise apareceu na sala: os cabelos molhados, vestindo um roupão e os olhos ainda inchados e vermelhos, mas já não chorava mais.

Ela se sentou ao lado de Jéssika e ficou quieta.

– Obrigada. – Eloise falou depois de um tempo. – Obrigada por estar sempre comigo quando eu preciso.

– Não há de que. Eu sei que você faria o mesmo por mim. – Jéssika respondeu, segurando uma das mãos da amiga – Agora, você consegue me contar o que aconteceu?

– Ontem de noite, quando cheguei da sua casa, o Jun veio aqui. Ele disse que me amava. – as lágrimas insistiram em aparecer nos olhos de Eloise – Eu não sei o que houve comigo, só sei que eu o beijei e acabamos dormindo juntos. Quando eu acordei hoje cedo, ele já tinha saído. Deixou um bilhete explicando.

– E onde está o problema nisso? – Jéssika falou, tentando entender onde a amiga queria chegar.

– O problema é que eu não sei se amo o Jun, não sei se o que eu sinto é só amor de fã, não sei se amo o Kenji, não sei. – Eloise enxugou rapidamente as lágrimas que escorriam – Sei que eu não me sinto bem por ter dormido com ele. Claro que foi mágico, que é uma coisa que eu nunca imaginei e que ele é um cavalheiro, mas não é assim que as coisas funcionam. Eu estou confusa e acho que ele também não está muito certo.

– Faz sentido. Quer saber, não se arrependa por isso. Você já fez, já passou. Só não faça de novo. – Jéssika disse, apertando ainda mais a mão da amiga – Aquele vídeo do Kenji mexeu muito com você, não é?

– Mexeu sim. Mostrou coisas que eu me recusava a ver, que insistia em não acreditar.  Durante todos esses anos que estive longe dele, me obriguei a crer que ele tinha arrumado outra pessoa, que tinha me esquecido. Mas eu estava me enganando. Ele esperou por mim tanto quanto e eu esperei que ele me encontrasse.

“Eu achei que com o tempo, eu esqueceria, encontraria alguém. Às vezes é preciso afastar-se da pessoa que ama, mas isso não quer dizer que ama menos.”

– Sua vida está uma grande bagunça depois que eles chegaram, né? – Jéssika falou, analisando tudo o que acontecera nos dias que se passaram desde a chegada do Arashi na Terra das Cataratas.

– Está, mas acho que tudo isso vai ser bom no final. – Eloise falou. Aparentemente, toda a angústia que sentia fora eliminada com as lágrimas. – E você, como está com o Aiba?

– Ah, passamos o dia nos falando por mensagem. – quando terminou de falar, lembrou-se do celular que deixara sobre o sofá e que não respondera a mensagem dele – Falando nisso, eu já volto.

Jéssika saiu em disparada pela porta, deixando Eloise sem entender o que estava acontecendo e logo depois voltou com o celular em mãos, digitando alegremente.

– Eu decidi uma coisa hoje. – Eloise declarou, olhando para os pés.

– O quê? – Jéssika perguntou, curiosa, erguendo os olhos da tela do celular.

– Assim que eles voltarem pro Nihon, vou procurar o Kenji. – sorriu, confiante de que era a  melhor coisa a se fazer.

– Então... eu tenho uma coisa pra te contar. – Jéssika falou, sentindo-se culpada.

– Agora não dá. A Haru tá saindo da escola. Tenho que ir buscá-la. – Eloise falou, se levantando e correndo para o quarto trocar de roupa. – Vamos, vamos! Depois você me conta.

Jéssika, que realmente não estava com muita vontade de contar naquele momento, voltou para seu apartamento se perguntando se o que fizera era o certo.

Continua...


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