Por um momento ninguém se moveu. Encarei Hermes com um olhar assassino enquanto todos os outros esperavam pelo meu próximo movimento.

- Não têm vergonha na cara? - perguntei.

- Olha como fala comigo mocinha, sou seu pai e mereço respeito.

- Merece é um tapa na cara!

- Allison! - Clarisse me repreendeu.

Caminhei até Hermes com o pé batendo no chão com força.

- Já teve coragem de contar a May que por sua culpa o filho dela está morto?- gritei.

Nate fingiu tossir e depois indicou com o olhar May que murmurava algo sobre fazer biscoitos para o pequeno Luke.

- Ela ainda acha que ele vai voltar. - murmurei e depois me virei para Hermes. - Você é um homem cruel e egoista.

- Eu não entendo o que errei com vocês Ally. Todos os meus filhos sabem que eu criei eles com todo o meu coração. Por que você e Luke tiveram que ser tão diferentes?

- Não se atreva a tentar jogar a culpa para o nosso lado. Nenhum de nos dois pedimos para nascer. Vocês Deuses tem por acaso uma competição de quem tem mais filhos semi-deuses?

Hermes me ignorou e se virou para Chris.

- Foi bom te ver filho. - disse.

Ao dizer isso May que estava na cozinha se virou e correu em direção á Chris.

- Luke voltou para casa. Luke, Luke. - disse balançando a cabeça de Chris de um lado para outro. - Seus olhos idênticos aos do seu pai.

- Chris, Clarisse, Nate voltem para o carro e me esperem lá. - mandei.

- Ally - tentou protestar Nate.

- Agora!

Agora se encontrava May, Hermes e eu na sala.

- May, você se sabe quem eu sou? - perguntei me aproximando.

Ela me olhou confusa com o olhar perdido mas ainda com aquele sorriso assustador no rosto.

- Sou eu, Allison, sua filha. -falei com lágrimas nos olhos.

- Você não sabe o que está fazendo Ally. - disse Hermes.

- Cala a boca.

- Allison minha pequena Allison. Está morta eu a matei. Meu querido anjo loiro, ela se foi. - choramingou indo se sentar no sofá.

- Não! Eles mentiram pra você! Eu estou aqui! - chorei.

- Não saia da minha cabeça! NÃO DIGA MENTIRAS PARA MIM! SAIA DA MINHA CABEÇA! - gritou enquanto seu olhar se transformava em algo parecido com esmeraldas. - Hospedeira. Hospedeira. Hospedeira.

- Hospedeira? Do que? De quem?

Tentei me aproximar dela, mas quando fiz isso ela me empurrou para longe. May começou a gritar muito alto e quebrar as pequenas miniaturas de figurar de mitologia grega que tinha na sala. E então eu sabia o que estava prester a acontecer, ela estava tendo mais um daqueles ataques que me assustava desde criança por causa daquela maldição.

- Allison suba e se esconda, agora! - comandou Hermes. Eu não queria obedece-lo, mas agora eu não tinha Luke para cuidar de mim enquanto isso acontecia. Então subi as escadas correndo e entrei no primeiro quarto que vi pela frente.

Por coincidência era o quarto de Luke. No canto do quarto havia um ármario branco vazio. As lembrança entraram como um furacão em minha cabeça. Eram onde nos dois nos escondiamos quando eramos pequenos.

Entrei no ármario, fechei a porta, e me sentei encolhida do mesmo modo de quando eu era pequena. Uma pequena criança indefesa e com medo da própria mãe. Comecei a chorar, e quando percebi que não haveria mais Luke para me abraçar e me acalmar chorei ainda mais.

Mas foi com o que eu vi depois que me fez querer estar morta. Uma fresta da porta deixava uma luz entrar e iluminar a lateral do armário onde havia um desenho de uma menina e um menino e embaixo estava escrito em letras deformadas.

Ally e Luke irmãos para sempre.