O que você esperava que acontecesse? Que elas começassem a gritar e tacar as cenouras e batatas para cima? Foi muito pior. As fãs que estavam atrás ficaram desesperadas e começaram a empurrar com toda a força as que estavam na frente. Eu estava ficando sem ar, meu corpo doía de ficar sendo espremida naquela grade.

-POR QUE VOCÊ ME FEZ ENTRAR AQUI? EU DISSE QUE ELAS SÃO LOUCAS! – Giovanna estava desesperada.

-Eu já sabia que elas eram, me desculpe. Mas pra mim o que aconteceu está valendo tudo isso. Pode ir embora, eu vou ficar bem aqui. Voltar você consegue porque elas estão querendo vir mais pra frente.

-Você não ficaria chateada? – ela já estava indo de qualquer jeito.

-Não, como vou ficar chateada depois de tudo que aconteceu? Vá, eu vou ficar bem! – eu gritei e logo depois ela desapareceu no meio das Directioners.

Então a coisa começou a piorar. As garotas estavam desesperadas para irem para frente e terem mais chance de serem escolhidas e começaram a atirar objetos pesados e a força com que elas estavam empurrando aumentou muito mais. Eu sentia meu braço ser espremido na grade, e o pior é que não havia espaço para eu me mexer. E então uma coisa bateu na minha testa. Mas o que era aquilo? Foi capaz de me cortar e o sangue não parava de escorrer.

-Parem com isso! Vocês não parecem fãs, vocês são psicopatas! – eu comecei a gritar. Uma garota tentou ajudar a diminuir o sangramento na minha testa, mas não adiantou muita coisa.

-Estão prontas Directioners? É agora que uma de vocês vai ser a sortuda que vai gravar um vídeo clipe com One Direction! – um homem saiu de dentro da rádio gritando em um auto falante.

Foi ai que a situação piorou para mim. Uma garota, que parecia ter conseguido passar pelas outras chegou ao meu lado e sem querer acabou torcendo meu braço na grade. A dor que eu senti é inexplicável. Meu grito foi tortuoso.

-Ai, meu Deus! Me desculpe! O que eu fiz? – a menina repetiu isso umas dez vezes seguidas.

Comecei a passar mal quando olhei meu braço. Estava completamente torto, comecei a sentir tonturas e de repente tudo apagou e eu desmaiei.

Acordei meia hora depois não fazendo idéia de onde eu estava. Meu braço estava engessado e o corte na minha testa parecia ter sido costurado.

-Ah, você levantou! Como está se sentindo? – disse uma mulher, que obviamente era uma enfermeira, pois estava vestida como uma.

-Bem melhor, agora consigo respirar. Onde eu estou? – era tão boa a idéia de eu me perder em Londres.

-Você ainda está na rádio. Quando o nosso funcionário viu o que aconteceu com você, ele chamou por ajuda na hora e te trouxeram para a enfermaria.

E então eu vi pela janela de vidro que havia um homem se aproximando da sala.

-Ei, como você está? Quando te encontraram você não estava nada bem!

-Estou melhor, obrigada. Mas que horas são? Eu preciso voltar para casa! – eu disse lembrando da minha nova família.

-Mas já? Não vai nem querer conhecer os meninos? – ele disse começando a sorrir.

-Que meninos?

-Como que meninos! Da One Direction, é lógico! Eles estão esperando para te ver na outra sala!

-O QUÊ? COMO ASSIM ELES ESTÃO ME ESPERANDO? REPITA, POR FAVOR. – eu não sabia como eu aparentava, mas o homem começou a rir da minha cara.

-Eles ficaram preocupados quando souberam o que aconteceu com uma de suas fãs. Podemos vê-los agora? – ele disse se aproximando de mim para me segurar caso eu caísse.

-Que tipo de pergunta é essa? Você esperava que eu dissesse não? Vamos agora! – todo cansaço que eu estava sentindo foi substituído por emoções que eu não conseguia definir.

-Você é engraçada. Os meninos vão gostar de você. – nós saímos da enfermaria à caminho do estúdio.

Tente imaginar uma pessoa muito nervosa. Agora multiplique por mil e some a quinhentos. Bom, eu me sentia mais nervosa que isso. Eu não sabia o que diria para eles, como agir perto deles. Então paramos em frente a uma porta de ferro.

-Está pronta? – o homem disse para mim.

-Ai, meu Deus! Não sei... Como eu estou? – eu perguntei ficando desesperada.

-Você não disse que estava bem?

-Não nesse sentido! De aparência! Eu não posso parecer uma vampira perto dos garotos mais lindos que existem! Eu estava pálida e estava cheia de sangue até agora pouco! Estou melhor que antes não é?

-Você é linda, garota. E, além disso, eles te viram quando você estava desmaiada. Não ficaram assustados, nem nada então está tudo bem!

-Nossa, isso é tão reconfortante! – eu disse ironicamente – Tudo bem, eu estou pronta. – eu respirei fundo e o desconhecido abriu a porta.