PDV - Bella

O silencio era a única coisa com a qual eu convivia durante muito tempo, na verdade ele sempre esteve lá, desde que eu me lembro. Quando Leah me entregava os remédios a noite era a escuridão quem me fazia companhia, mas quando eu abria olhos na manha seguinte, o silencio se fazia presente novamente, não que minha memória fosse muito boa, mas desde que eu me lembro, sempre havia solidão e silencio em minha cabeça, ha minha volta.

Minha única companhia era Nana no começo ela raramente falava com o tempo ela quase sumiu, mas... Alguma coisa, eu não me lembro o que, algo trouxe ela novamente... Nana era a única que me entendia de verdade, a única que me protegia, ela estava sempre la. Ha muito tempo as coisas ficaram confusas, homens maus me batiam e me maltratavam aqui no hospital e então Nana estava la, ela era a única. Quando um Doutor bonzinho começou a cuidar de min, só as enfermeiras me maltratavam, menos Leah, ela era boa, ela gostava de min...Então o medico bonzinho deixou de cuidar de min e Charlie surgiu, ele dizia que era meu pai, mas Nana disse que não, ele não me fazia mal, mas me obrigava a estás com o doutor mal... Ele não gostava de mim, acha que sou louca.

'E não se supõem que estando presa aqui, você seja mesmo louca?!'

Suspirei pesadamente, Nana estava certa eu devo ser louca, ou então estaria livre com... Eu não me lembro da minha família só da senhora de cabelos loiros e olhos azuis, não me lembro do seu nome, só que ela era tão gentil comigo, quando eu era pequena.

Ouvi a voz de Charlie e sai do banheiro, ele estava acompanhado de um moço, eu não olhei muito para ele, tinha medo.

' E deve ter mesmo, estranhos são malvados, vão te machucar'- Nana estava certa, ela só queria meu bem.

–Bella este é o Dr.Cullen seu novo medico. - Olhei de soslaio, aquela informação me surpreendeu, o medico mal não iria mais me tratar? Esse era bonzinho?

'NÃO! A única boa sou eu, sou sua Nana, querida!'– corri para cama e abracei Nana.

–Olá. - o medico me cumprimentou com um sorriso leve e eu só encarei de volta. Fiquei deitada um pouco confusa, minha cabeça às vezes doía, eu não entendia o que se passava, mas as vezes imagens aparecem e somem na minha frente. Talvez eu seja mesmo uma doente mental, como o doutor mal gritava pra min.

' Você está em um manicômio, claro que tem problemas mentais. '–Suspirei Nana às vezes era um pouco desagradável, então ignorei.

–João e o pé de Feijão?- me assustei ao olhar ao redor e ver o medico com um dos meus livros, Charlie já não estava mais. Eu não lhe respondi, eu já não falava muito, só às vezes com Nana, mas ela me ouvia sem eu precisar falar. -É uma boa historia... Com todo aquele feijão... Lembro-me que o gigante fez uma feijoada muito boa, gosto de feijoada, você não?- A historia não era sobre ovos de ouro? Então entendi, ele tentava ser engraçado. Quase soltei um sorriso, o que me assustou, eu não sorria desde... Eu já sorri antes?

Fiquei confusa, ele tentava ser legal, talvez ele fosse bom...

'Não, ele não é bom. Só quer te machucar'

Fiquei confusa, se ele queria me machucar então porque estava agindo bonzinho? Nana me confundia às vezes. Mas eu me limitei a encará-lo.

–Sabe Bella... Posso te chamar de Bella certo?-eu o olhei em choque. Ele sabia meu nome? Eu queria dizer sim, mas Nana não deixou. -Estou aqui como seu medico, mas também como seu amigo... O que acha de sermos amigos hum?- Alisei Nana...'Viu Nana ele quer ser meu amigo!'... Falei um pouco contente. -Minha irmã adora bonecas, assim como você... O que acha de ganhar mais uma para sua coleção, heim? Uma me parece muito pouco... -

'Sua idiota, ele só quer me tirar da sua vida! Sou a única que te ama. '

Olhei chocada para o doutor, talvez ele também fosse mau. Talvez Nana estivesse certa.

Leah chegou com a comida e como em todos os dias eu sentei-me à mesa para comer, aquilo não era muito gostoso, mas Charlie dizia que eu tinha que comer ou tomaria mais remédios, fiquei vagueando com a colher na tigela quando o doutor se aproximou tirando o mingau e colocando algo que me cheirava muito bom, olhei pra o prato, e para ele... O que era aquilo?

' Ele quer te fazer mal, não toque nisso'- Olhei para Leah e ela me incentivou, o doutor também, eu gostava de Leah, ela não deixaria ninguém me fazer mal, por isso ignorei Nana e comi... E uma explosão com um gosto bom se espalhou na minha boca, aquilo era muito bom!

O doutor ficou me encarando por muito tempo, ele parecia não querer me machucar, ele não tinha gritado comigo, nem me empurrado me chamando de doente mental, só porque eu não respondia suas perguntas, de alguma forma ele parecia me ouvir, como Nana...

'Sonha, ele vai te abandonar como os outros e no final você só terá a min'

Revirei os olhos, ele havia gostado das minhas pinturas... Então eu pintei pra ele, os olhos que apareciam na minha cabeça às vezes, Nana costumava dizer que eram seus olhos, mas... Pareciam de outra pessoa, alguém que eu não me lembro. Alguém que me amou...

'Ninguém nunca te amou, só eu'

Voltei para cama e abracei Nana. Leah apareceu com o remédio e depois foi embora, então o doutor também se foi, naquela noite antes de dormir ele apareceu e desejou boa noite, fiquei surpresa com sua atitude carinhosa, ninguém me desejava 'boa noite'.

Eu não sabia como contavam os dias, só sei que ele vinha todos os dias, trazia coisas diferentes pra eu comer, ele sorria e era gentil, gostava de me ver pintar e vivia me perguntando coisas, mas eu me limitava a responder com os olhos, ele não era mal, como Nana havia dito, ele cuidava de min como Leah, só que ele tinha sempre os olhos brilhantes quando falava ou olhava para min.

' Ele olha como ha qualquer louco Isabella' – Ignorei Nana nesses dias ela estava num nível alto de sarcasmo.

Edward era o seu nome, ele me falou no seu segundo dia aqui, minha cabeça estava um pouco mais que confusa desde que ele apareceu, eu costumava ser mais tranqüila, mas algo estava acontecendo comigo, imagens estranhas começaram a aparecer, porem eu não falei nada, nem agi diferente em sua frente, talvez ele me achasse perigosa e então me mandasse para o lugar sem cor, como o medico mal às vezes fazia. Eu não queria ir para lá, então não lhe contei das dores de cabeça, nem das imagens desconhecidas que surgiam. Às vezes eram tão reais que eu ficava confusa, mas quando escutava a voz melódica do doutor, e então meus olhos focavam seu rosto eu notava que eram coisas só na minha cabeça. Quase chorei quando constatei isso, mas não queria chorar em sua frente.

Acordei em um dia esperando o doutor chegar, me vesti, eu fazia isso sozinha Leah me ensinou, sentei na cama e aguardei. Ele sempre chegava sorrindo, iluminando o meu dia e trazendo meu café da manha, porem quem trouxe minha comida naquele dia foi Leah, eu estranhei, mas não falei nada. Não comi, não tinha fome. O tempo começou a passar e ele não vinha, estava demorando muito, ele costumava vir cedo. O silencio estava me enlouquecendo, não. Não era o silencio era a espera, a demora.

' Admitindo que é louca?'

Deixei o pensamento sarcástico de Nana passar, eu estava agoniada.

'Admita ele te deixou, não suportou sua loucura'

Fiquei em pânico, ele não me deixou. Não podia! Peguei um pincel e comecei a rabiscar nervosamente uma tela, quando notei a pintura feia me desesperei, as lagrimas começaram a sair e eu joguei os pinceis longe... Então tudo mudou.

Onde eu estava? Era verde, tudo verde e frio, Nana estava em minha mão e eu comecei a sentir medo, onde eu estava?

–ISA!- ouvi o grito e tremi, eu conhecia aquela voz era o monstro comecei a correr, correr muito, eu precisava fugir, rápido.

Eu estava correndo, e nunca chegava. Onde eu estava indo?

–Bella!

–Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh- eu me ouvi gritar e arregalei os olhos percebi que estava no meu quarto novamente tudo bagunçado, então cai no lugar verde novamente, floresta... É uma floresta lembrei-me.

–Bella, fique calma!- eu ouvia a voz de Charlie gritando comigo, mas ele não estava aqui no verde. Eu continuava desesperada quando... Tudo ficou parado e o escuro se abateu sobre min.

.........

Minha cabeça doía de uma forma estranha, abri os olhos e pisquei com a luz no meu rosto olhei em volta, eu estava no meu quarto e Nana ao meu lado, o que aconteceu? Estava tudo bagunçado... Então o rosto de Edward veio a minha mente.

' É ele te deixou'

NÃO!- o grito só ecoou na minha cabeça, o pesadelo recomeçou, gritos ensurdecedores tomaram conta da minha cabeça, pedidos de socorro...

–Filha sai daqui...

Uma voz em pânico gritava pra min, onde eu estava?

–Mamãe!

Coloquei as mãos na cabeça imagens giravam na minha frente algumas pessoas me sacudiam, ou me seguravam não sei ao certo, ao mesmo tempo em que eu chorava na frente da mulher de olhos azuis, apanhando... O que estava acontecendo, onde estava Nana? Eu estava em pânico me sentir ser sacudida mais uma vez...

–Não me deixe Mamãe!

Minha voz era diferente, mas eu sabia que era minha. Vi quando o monstro sem rosto levou mamãe embora, algo vermelho tinha melado todo o chão da sala, eu estava chorando.

Senti apertarem meus pulsos com força e gritei de dor.

–Ahhhhhhhhhhhhhhhhhh, ahhhhhhhhhhhhhhh por f... ahhhhhhhhhhhh- eu havia falado? Tentei me focar em alguma coisa e vi rapidamente Charlie e o doutor mau. NÃO! Ele não!

Consegui me prender ao que estava acontecendo no quarto, não, não, não eles queriam me colocar naquela roupa. Não, por favor, não!

–Ewar... Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhh- gritei enquanto me seguravam apertado, homens de branco estavam me levando para o lugar sem cor, eu sabia, o doutor mau sempre fazia isso comigo.

Charlie saiu do quarto chorando e o doutor mal apertou meu rosto.

–Vai voltar a falar? O que você ia dizer heim demente?! - ele tinha olhos negros, assustadores, ele queria me machucar. Mas, eu não lembrava, eu falei? Só me lembro de gritar, mas nem isso eu conseguia agora, o pânico me dominava, os homens de branco me largaram no quarto sem cor e o doutor mau me aplicou algo...

Onde estava Nana? Fiquei com muito medo.

–Na... na- falei embolado com o choro, eu não falava ha um tempo.

–Bons sonhos mudinha. - o doutor mal saiu trancando a porta e eu fiquei no vazio, tudo era sem cor.

–Ewar...- Talvez ele me ouvisse chamando, talvez ele me salvasse, tentei novamente. - Edwr.- Oh não, ele precisava me ouvir! Empenhei-me em gritar seu nome com força, talvez se eu conseguisse falar direito ele me ouvisse, em meio ao choro tomei uma respiração e gritei. - Edward!- chorei quando falei seu nome, minha primeira palavra em anos, mas... Ele não veio e tudo que eu podia ouvir era o silencio gritante da minha cabeça, porque ele me abandonou? Ele disse que podíamos ser amigos.

Chorei até a escuridão dominar minha mente, mais uma vez.

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PS: As frases em italico é a voz da Nana, ou seja a doença da Bella. Vocês são espertas, entenderam. Pra explicar melhor a Bella tem uma espcie de dissociação de realidade, ela mergulha em lembranças as vezes e se desprende do que esta acontencendo na realidade.