Abismo Primordial. escrita por Maxiliano Rosa


Capítulo 5
O resgate.




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Um pouco mais de uma hora depois da partida de seu salvador, a pequena Angel olha para o céu e percebe uma nave se aproximando ao longe. Assustada se esconde atrás de seu novo amigo que estava lhe ajudando com o corpo de sua vovozinha.

— Tio Éder! Olha aviões dos bichos maus.

Éder imediatamente toca a pequena criança e ambos ficam translúcidos enquanto olha fixamente para o local de onde a menina tinha avistado a nave.

Ao longe junto com o nascer do sol, uma nave se aproximava rapidamente de onde estavam. O contraste do maravilhoso sol alaranjado do amanhecer, com a nave voando em sua direção sobrevoando os destroços de onde outrora era a cidade de São Paulo, não pode ficar despercebido.

Foi então que num momento de questionamento Éder se perguntou como a pequena menina havia percebido a nave se aproximando? E porque ela parecia tão calma apesar de ter passado por coisas tão terríveis aparentemente? Uma pequena dúvida pairou na mente do rapaz...

Mas não importava agora... Ele tinha feito uma promessa e tinha que cumpri-la! Mas prometeu a si mesmo que iria investigar o que estava acontecendo.

— Não se preocupe minha princesinha, a nave que está vindo não é dos bichos e sim nossa carona para sairmos daqui!

— Oba! Finalmente eu posso levar minha vovozinha daqui?

— Sim, sim... Todos vamos embora. Como o Tio Éder prometeu para você!

A pequenina então sorriu de forma calma e serena. Apesar de não conseguir sentir nenhuma maldade na criança era impossível tirar de sua cabeça a estranheza de tudo que estava acontecendo.

A nave então se aproxima, causando um grande levantamento de poeira ao pousar. Ela e grande como a um pequeno navio. De formas quadradas, com duas asas na parte inferior e grandes turbinas na mesma, dois canhões saltando do meio de cada asa de forma ameaçadora e hostil. Era impossível não se surpreender ao ver a mesma aterrissando bem na sua frente.

— Tio que grande – Exclama a pequena ao observar de perto a nave que veio busca-los.

Éder ficou quieto. Ainda se indagando dos atuais acontecimentos.

Ao termino da aterrissagem, uma escotilha se abre no centro da grande aeronave, Dezenas de soldados fortemente armados, com armaduras parecidas com a do Éder saem de dentro do local e cercam os dois de forma rápida e efetiva.

A pequena criança assustada se abraça em seu protetor apesar do mesmo ter avisado que eram amigos. Finalmente uma reação normal pensou Éder ao ver a menina assustada com o evento.

Um homem de um pouco mais de um metro de setenta e cinco se aproxima dos dois, devagar e de forma solene. Retira então seu capacete mostrando seu rosto levemente moreno, arredondado com narinas grandes e largas e um tapa olho no lado direito.

— Capitão Roger se apresentando senhor! Desculpe a demora, mas tivemos alguns problemas de percurso...

— Roger!? Caralho você está vivo? – Grita espantado Éder dando um forte abraço no amigo que há tempos não via.

— É meninão... Não é tão fácil assim derrubar esta muralha aqui. – Responde de forma orgulhosa o homem que aparentemente é o líder do grupo.

— Mas como cara? Ouvi falar que você tinha sumido na última batalha! Falaram que ninguém tinha sobrevivido. Inclusive o Max ficou mó mal com isto.

— É eu fiquei sabendo que meu primo ficou uma fera! Falaram que quando ele soube destruiu sozinho toda uma guarnição inimiga só de raiva. – Sorri o jovem rapaz orgulhoso e feliz por saber que seu primo tenha tido uma reação tão inusitada ao saber de sua suposta morte...

— Mas o que aconteceu? Pergunta novamente Éder ainda sem explicações com a visão que estava diante dele...

— Realmente fomos dizimados aquela noite... Foi uma chacina geral... Até agora não consigo retirar de minha mente a visão de meus amigos e colegas sendo mortos e triturados bem diante de mim e não podendo fazer nada! Mais de mil homens foram mortos e mutilados completamente naquela noite... De todo o meu comando apenas eu e os 30 homens que você vê agora são os que sobreviveram a aquela noite infernal!

— Eita Porra! Mas como foi que vocês conseguiram sobreviver?

— Bem... Primeiro que noiz é a elite da infantaria! Não é à toa que eu e meu esquadrão aqui já sobrevivemos a missões que normalmente só vocês os primogênitos normalmente fariam. – Sorri orgulhoso o jovem rapaz de tal feito que realmente não podia ser ignorado. Enquanto gesticulava de forma estranha como quem conta um rap...

— Caralho Roger... Você é o cara! O Max vai ficar muito feliz de saber que você está bem!

— Pô mano, eu imagino... Foi por isto que resolvemos vir direto para cá mesmo antes de chegarmos à base. Quando ouvimos o chamado expedido para ajudar o Max nem eu e nem a galera pensamos duas vezes. O cara já salvou nossas vidas tantas vezes... É uma pena que ele já tenha ido... Roger abaixa o olhar de forma entristecida como quem não tivesse alcançado seu objetivo.

— Oxe, ele não está, mas eu estou aqui! Wer bin ich brauche niemanden sonst!* – Bate no peito Éder sorridente e sarcástico.

— Eu não entendi porra nenhuma, mas eu concordo com você... – Retruca Roger ainda mais sarcástico que o amigo...

— Tio Éder... Quem... Quem é seu amigo? – Pergunta a pequena criança confusa e meio deslocada por ter sido praticamente esquecida na conversa entre os adultos. “Será mais um super-herói?” Pensa a pequenina enquanto olha para os dois de forma curiosa e apreensiva...

— Cara é mesmo... Olha eu esquecendo... Roger, esta gracinha aqui é a Angel. É ela que você veio resgatar a pedido do Max.

— Eu e da minha vovozinha! – Retruca imediatamente a menina fazendo Eder novamente cair nos pensamentos que outrora o pegaram de surpresa...

— É mesmo... Ela e sua avó... – Apontando Éder para o corpo da velha senhora que jaz bem arrumada ao lado dos dois...

Roger então olha aquela cena inusitada, e se aproxima da pequenina de forma carinhosa...

— Então você que a gracinha que emocionou o meu primão de pedra foi?

— Quem é seu primo tio?

— Horas o Max. O grandão fortão já esqueceu?

— O que? – Pergunta surpresa a pequenina.

— Você é primo do Tio Max? Mas você não parece nada com ele?

Roger e Éder soltam então uma gargalhada juntamente com os demais soldados que ali estão...

— Não falei capitão? Nem a criança consegue achar vocês parecidos.

— Retruca um dos soldados.

— O capitão é feio demais! Retruca outro seguido de vários risos de todos os presentes.

A pequena também ri olhando para os lados sem entender a mínima coisa que está acontecendo.

— Eu também amo vocês seu bando de cachorros carnicentos.

— Responde Roger rindo juntamente com seus homens e Éder que apesar de extremamente preocupado, também está feliz de rever o amigo até então supostamente morto.

— Bem galera o papo esta bom, mas tanto eu quanto vocês temos uma missão a cumprir. Levar esta criança em segurança. – Brada então Éder agora de forma mais firme e severa que antes.

— Não Ebrão... Não se preocupe, sei que você tem que ajudar a galera que está na América do norte. Deixa que nós resolvemos isto. Nós cuidamos da criança. – Responde Roger de forma igualmente firme.

— Pô Roger apesar de eu confiar plenamente em você para isto, eu dei minha palavra para o Max. Eu não posso fazer isto. Eu vou com vocês! Tenho que cuidar pessoalmente da menina. – Éder então dá um leve tapa no peito do amigo, como quem está apenas informando algo inevitável...

— A tá... Se é assim, sim... Se você prometeu para meu primão o melhor que você tem que fazer é cumprir. A última coisa que eu quero é o meninão fungando no nosso cangote derrubando uns prédios na nossa cabeça por não ter feito o que foi prometido... – Responde sorridente Roger enquanto acenava para seus homens pegarem o corpo da pobre senhora para partirem o mais rápido possível.

— É verdade... O Max quando fica estressado é difícil de segurar... Já era antes quando éramos normais, agora que ele é o senhor “Hulk” se não tiver um cara de peso tipo o Pedro, Marquinhos, Gilmar ou Raul, fica complicado parar a criança...

— Pô, mas tem o Wagnão meu. Está esquecendo o Meu priminho “superpoderoso”? - Fala Roger com um olhar mais do que sarcástico olhando de lado e devolvendo o tapa no peito do Éder...

— Eita porra? O Tiro? Só se for para ele “chamar a atenção” do Max para que ele o esmague! – responde Éder gargalhando como se tivesse ouvido a maior piada da história!

Depois de alguns segundos de muitos risos:

— Depois desta a melhor coisa é irmos logo embora Ebrão. Se não me engano ainda tem um centro de controle funcionando aqui no Brasil, podíamos ir... – Antes que Roger pudesse terminar sua fala, Éder o interrompe bruscamente.

— Não Roger! Não podemos ir a nenhum centro de controle... Eu quero que você me leve ao Ômega um! – Éder fala de forma mais do que seria por espanto de todos que ao ouvirem o nome pronunciado por ele param como num comando de estátua da antiga brincadeira de criança...

— Ômega o que? – Exclama assustado Roger com o pedido inesperado.

— Sê tá maluco! Você sabe que eu não tenho autoridade para entrar no Ômega! - Retruca Roger.

— Mas eu tenho e é para lá que nós vamos! E antes que você queira reclamar mais um pouco meu amigo... Isto é uma ordem direta! – Braveja Éder com uma seriedade poucas vezes expressa por ele.

Assustado com tal atitude, Roger então olha para a pequena menina que continua parada entre eles apenas observando sem entender nada o que está acontecendo.

— Mas quem diabos é esta menina? – Pergunta perplexo o capitão que normalmente não está acostumado a se assustar facilmente.

— É o que pretendo descobrir meu bom amigo... É o que pretendo descobrir... – Éder então olha para o sol que agora bate em seu rosto suave e gostoso, enquanto se perde em suas divagações...


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Notas finais do capítulo

*Wer bin ich brauche niemanden sonst!: Quem me tem não precisa de mais ninguém!
Muito obrigado por sua leitura e qualquer reviews!