Os Três Amores Da Minha Vida escrita por Azzula


Capítulo 24
Quem Você Realmente É


Notas iniciais do capítulo

Vamos conhecer um pouco mais desse livro misterioso chamado Kiseop



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 _ Ok! – o professor abandonou seu livro sobre a mesa, encarando-me. – Quero dizer o que penso sobre o que aconteceu ontem... – todos passaram a prestar atenção nele. – Eu só acho que essa não é uma escola que treina animais! – encarou a todos. – Vocês precisam ser mais conscientes das coisas que fazem! Não sejam inconseqüentes que levam tudo para a agressão! Estou decepcionado em dar aulas para alunos como vocês! – virou-se para a lousa enquanto todos tornaram-se pensativos.

_ Tem razão! – MinJi levantou-se atrás de mim. – Até quando vamos agir como animais, nos metendo na vida dessa menina? – indignou-se.

_ Porque não se senta? – um aluno manifestou-se.

_ Por que não deixa de ser um idiota? – encarou-o. – Cuidem de suas vidas e tudo se passará bem! – sentou-se.

   Eu assisti aquela situação calada, como sempre. Achei que seria errado me levantar e manifestar minhas opiniões, mesmo porque, não havia parado pra pensar sobre aquilo. Havia sito distraída por Kiseop o dia anterior inteiro, e não queria pensar. Página virada.

_ Bem, alguém esta tendo dúvidas quanto aos artrópodes? – deu continuação a aula. – Perguntem enquanto a tempo...

   Concentrei-me na aula, ignorando o olhar de alguns alunos. Voltei ao meu objetivo inicial.

   Eu estava na Coréia para estudar. ESTUDAR! É o que eu devia estar fazendo, e não me apaixonando e me metendo em problemas...

   O dia seguiu tranqüilo, e eu estava no ônibus, a caminho do trabalho.

   YaoMing estava furioso pela minha falta no dia anterior, mas acalmou-se quando eu lhe expliquei o acontecido, e ele estava convencido, tendo como testemunha, meus hematomas evidentes.

   Atendi calma todos os clientes. O movimento não estava bom para uma quinta-feira, YaoMing estava agoniado, andando de um lado para o outro na cozinha, sem ter o que fazer.

_ Porque apanhou? – ele perguntou em voz alta, dirigindo-se até o balcão.

_ Hã? – confusa.

_ Você! – fitou meu rosto cauteloso. – Porque você foi agredida afinal? É a segunda vez que isso acontece não é? É do tipo de garota que se mete em brigas?

   Ri.

_ Não... – pensei um pouco sobre o assunto. – Sim! – conclui. – Na verdade, me meto em confusões apenas por existir.  

_ Como assim?

_ Longa história...

_ Conte-me! – abandonou o avental sobre o balcão. – O movimento está fraco hoje...

_ Bem... – suspirei.

   Comecei então a contar-lhe a história, a partir da primeira agressão. Contei tudo de uma maneira superficial, afinal de contas, YaoMing-shi era meu chefe, e deveria existir uma certa distância entre chefe e empregados.

_ E você ama os dois? – ele passava as mãos em seu queixo, tentando entender.

_ É... acho que sim... – envergonhada.

_ Acha? – encarou-me franzindo o cenho.

   Rimos.

_ Bem Chiao Ana... – pensou. – Você ainda é nova... Têm muito que aprender ainda... – encarou-me. – Mas não desista de lutar por aquilo que te tire o sono, o fôlego e o entusiasmo. – disse como um idealista.

_ Hã? – eu não havia entendido bem.

_ Veja... – suspirou. – Esta apaixonada pelos dois, certo? – afirmei com a cabeça. – E qual dos dois a deixa com insônia? Qual dos dois a beija de uma forma que te faça perder o fôlego? Qual deles a desconcentra de qualquer atividade que esteja fazendo? Em qual dos dois você pensa mais quando esta aqui no trabalho? – encarou-me esperando minhas respostas. – Quero dizer que, quando uma coisa se torna cotidiana demais, perde-se a graça, perde-se o entusiasmo, logo, perde-se a paixão. – apenas deixou-me ali, enquanto eu encarava o nada, pensativa.

   “Qual dos dois a deixa com insônia? Kiseop”

   “Qual dos dois a beija de uma forma que te faça perder o fôlego? JunHyung”

   “Qual deles a desconcentra de qualquer atividade que esteja fazendo? JunHyung”

   “Em qual dos dois você pensa quando esta aqui no trabalho? Kiseop”

   Deus, o que eu devo fazer?

   Aguardei os últimos minutos que me prendiam atrás daquele balcão. Olhava a face entediada de YaoMing do outro lado do restaurante, e sentia-me triste pelo dia não estar sendo como ele queria.

   *mensagem*

   “Você sai do trabalho agora não é? Estou esperando você aqui fora.

                                          Jun”

   Estremeci. Olhei pela porta,tentando vê-lo, mas não consegui. Esperei então pelos últimos 4 minutos que faltavam, abandonando meu avental na gaveta, e resgatando minha mochila.

_ YaoMing-shi, vou indo... – curvei-me em despedida.

_ Certo garota... – sorriu. – Tenha uma boa noite, e não deixe de pensar em nossa conversa! – bateu levemente em meu ombro.

   Sai pela porta, procurando por JunHyung com os olhos, desesperada.

   O vi sair de seu carro do outro lado da rua. Ele sorriu. Sim, ele sorriu novamente para mim, e aquilo paralisou-me por alguns segundos.

_ Ana! – ele aproximou-se, não mantendo nenhum contado físico.

_ Jun-ah... – queria abraçá-lo, mas contive meu desejo.

   Nos encaramos tensos por alguns segundos.

_ Tem fome? – perguntou-me.

_ Um pouco... – eu tinha muita fome! Muita, muita fome mesmo!

_ Eu descobri um lugar que faz comida típica brasileira... – sorriu ao ver meus olhos brilhando.

   Comida brasileira! Aquilo soava bem aos meus ouvidos, apesar de acreditar que coreano algum seria capaz de cozinhar como minha mãe.

_ Parece uma ótima idéia... – seguimos para seu carro.

__

_ Tem certeza que esse negócio com camarão é gostoso? – ele perguntou-me duvidoso.

_ Você vai gostar! – sorri do outro lado da mesa.

   Jun calou-se por um momento. Nós estávamos de certa forma, distantes, e eu estava incomoda com aquilo.

_ Como você está? – ele perguntou olhando fixamente para o ralado em minha bochecha.

_ Estou bem. – encarei a mesa.

_ O que foi isso? – referiu-se a ferida.

_ Não sei, provavelmente um legumes...

   Silêncio.

_ Ontem eu... – hesitou. – Eu queria ter...

_ Não precisa dizer nada... – assegurei.

   Ele encarou-me com seus olhos cansados, provavelmente tão cansado de raciocinar quanto eu.

_ Você leu o blog? – perguntou-me.

_ Não... – suspirei. – Você leu?

_ Não também, mas DooJoon tentou me contar. Ele está preocupado com a imagem do grupo, e disse que é melhor que eu fique sem vê-la por um tempo... – brincou com os talheres a sua frente.

   Aquilo não fazia sentido. Jun não estava falando comigo, e justo quando seu amigo pediu para que ele se afastasse, ele me procurou.

_ Não faça essa cara... – ele questionou minha expressão. – Eu sinto muito a sua falta... – segurou uma se minhas mãos.

_ Eu também sinto a sua... – estava constrangida.

   Meu coração estava batendo devagar, como se estivesse prestes a parar. Queria chorar angustiada. Porque eu tinha que escolher entre pessoas que eu amava? Desejei por um momento, ter os dois. Ok, uma idéia ridícula, mas era um desejo real.

_ Você ainda não organizou seus sentimentos, não é? – conseguiu ver por trás da confusão em minha expressão.

_ Ah... – suspirei. – Estou me sentindo uma pessoa horrível! – confessei. – Me desculpe por magoar você!

_ Desculpo. – sorriu. – No fim das contas, acho que estamos todos magoados...

_ Talvez. – eu disse pensando em algum motivo para Kiseop estar magoado.

   Conversamos muito por toda a noite. Matei a saudade de sentir o calor de Jun perto de mim. Seu sorriso iluminava todo o ambiente, fazendo o tempo parar.

_ Mal posso acreditar que as férias estão chegando... – desabafou abandonando o talher. – Estarei tão cheio de coisas pra fazer...

_ É, temos apenas mais duas semanas, e enfim teremos um descanso das aulas...

_ O que vai fazer em suas férias? – questionou-me.

_ Bem, eu vou voltar para o Brasil. – sorri.

_ O QUE? – ele disse com olhos arregalados. – V-você vai voltar? – notei certo desespero em sua voz.

_ Vou, mas é só durante as férias. Preciso matar a saudade de meus pais. Estarei de volta uns dois dias antes do retorno das aulas. – expliquei.

_ Entendi... – ele encarou seu prato pensativo. – Você acha que quando voltar, estará mais decidida? – insistiu.

_ Na verdade, é o que eu espero! – sorri. – Me desculpe por torturar você! – desabafei. – Você é a ultima pessoa que eu gostaria de ver sofrendo, e é a pessoa que eu mais estou fazendo sofrer... Me desculpe por magoar seus sentimentos...

_ Já conversamos sobre isso... Não vou culpar você, por ter se apaixonado por nós dois no fim...

_ Não precisa ser tão compreensivo! – estava frustrada. Porque ele conseguia ser tão controlado, enquanto eu estava em pânico? – As vezes, sinto que se você me culpasse, ou me batesse, eu conseguiria me sentir melhor! – confessei.

_ Você vai continuar se sentindo mal então... sinto muito. – abandonou o copo sobre a mesa. – Não vou conseguir culpa-la, muito menos puni-la por isso.

   Calei-me.

   Sabe o que é olhar nos olhos de alguém que você ama,e conseguir ver toda a dor que lhe está causando? Desejei ser realmente cega, como todos diziam que eu era. Pelo menos assim, não veria o sofrimento por trás do sorriso falso de JunHyung, e não desejaria morrer.

_ Pare com isso! – ele ordenou, lendo meus pensamentos. – O que vou precisar fazer para que você não se culpe?

_ Será impossível!

   Comemos. Eu estava com saudade da comida brasileira, convenhamos que não era tão saborosa quanto a original, mas chegava perto.

   Aquilo que era pra ter sido um encontro amigável, tornou-se pesado e cheio de culpa. Acho que jamais seria capaz de me perdoar.

   Seguimos para o estacionamento, e antes de abrir a porta do carro, Jun virou-se para mim, encarando fixo meu rosto.

_ Eu preciso te pedir uma coisa... – ele disse baixo, procurando por minhas mãos e segurando-as.

_ Peça! – não importa o que fosse, eu o faria.

   Eu atenderia ao pedido de JunHyung, mesmo se fosse para que eu sumisse de sua vida. Não conseguiria dizer-lhe não, e decepciona-lo mais uma vez. Eu me esforçaria, mesmo que fosse impossível para mim.

   Jun passou a encarar nossas mãos unidas, e olhou meu rosto em seguida.

_ Por favor, - suspirou, puxando-me mais para seu corpo. – Eu posso beijar você? – sua mão passou a segurar meu rosto, enquanto ele encarava em meus olhos.

   Senti um frio imenso na barriga. Já estava me cansando daquela sensação. Não conseguiria negar aquilo. Sinceramente, eu queria fazê-lo. Queria beijar JunHyung, mesmo sendo errado, eu queria fazer.

   Antes que pudesse responder, Jun entendeu meu silêncio como um sim, colando nossos corpos e selando nossos lábios devagar.

   Eu fechei meus olhos lentamente, entregando-me aquela situação, enquanto ele começou a beijar-me com mais intensidade.

   Foi diferente. Foi um beijo diferente, como se fosse o ultimo. Como se fosse uma despedida. Mas eu perdi o fôlego, como todas as vezes em que ele me beijava.

   Seu beijo era desnorteante. Ele movimentava-se precisamente, sério, confiante e calculista. Sabia exatamente o que fazer. Com toda a segurança do mundo, explorava várias partes de meu corpo, envolvendo-me completamente em seus movimentos, enlouquecendo-me. Mordia meus lábios, minha orelha e pescoço, fazendo com que minha boca procurasse desesperada pela dele. Ele tinha um poder predominante sobre mim. Jun apertava-me tanto contra seu corpo, que nossos corações batiam juntos, ritmados.

   Ele foi soltando-me aos poucos, enquanto dávamos continuidade ao beijo, e ele encarou-me, quando o beijo finalmente interrompeu-se naturalmente. Nossas respirações ainda chocavam-se, ofegantes, enquanto não resistíamos em colar nossos lábios novamente, uma vez ou outra, como imas se atraindo.  

   Ele mantinha seus olhos cerrados, olhando para meus lábios, enquanto eu via os dele, completamente vermelhos.

   Antes de me soltar, ele mordeu mais uma vez meu lábio inferior, fazendo-me suspirar. Eu gostava daquela sensação.

   Meu coração batia descompassado, e eu estava tremula.

   O que eu iria fazer?

   A cada dia que se passava, eu me tornava mais confusa com relação àquela situação. Não conseguia esquecer JunHyung, não conseguia ignorar minha paixão por Kiseop, não conseguia ter controle sobre minhas ações sempre que estava perto deles.

   E tinha Onew. Eu procurava nem pensar muito sobre Onew, pois sabia que o que eu sentia por ele, só acabaria com minha sanidade mental. Tentava evitar até a mim mesma, pensar sobre meus sentimentos por ele. Mas a verdade, é que meu coração saltava pra fora sempre que Onew sorria. Assim como na primeira vez que o vi.  

   O que eu faria com aquele sentimento? Eu sabia que em breve, ele iria me atormentar.

_ Me desculpe por estar confundindo seus sentimentos... – segurou minhas mãos novamente, encostando-se na porta de seu carro. – Eu não consigo resistir a você... – murmurou.

   Eu continuei calada, ainda hipnotizada por seu beijo, sentindo meus lábios formigando.

_ Eu não consigo resistir... – abaixou a cabeça com olhos fechados. – Eu amo tanto você! – apertou minhas mãos. – Não importa o que decidir, por favor, não demore! – pediu.

_ Eu vou... – tentei encontrar as palavras.

_ Não, demore o quanto quiser... – concertou sua frase. – Mas escolha com seu coração... – encarou meus olhos, e beijou minha testa por fim.

   Escolher com o coração. Era aquela uma boa idéia? Logo o coração, que estava me traindo tanto ultimamente?

   Ele mordeu seus lábios de maneira irresistível, e encarou-me por alguns segundos. Eu estava perdida. Ficaria louca, com certeza ficaria louca... Isso se já não estivesse...

__

_ Yaa Omma... – risos. – Sim!... Sim! Ela acabou de chegar... – Kiseop encarava-me enquanto eu passava pela porta, sentado no sofá com o telefone colado em seu ouvido. – Ta... Eu amo você também... – desligou.

_ Quem era? – perguntei curiosa livrando-me de meus sapatos.

_ Omma! – virou-se no sofá, acompanhando-me com os olhos. – Eles vão chegar antes do previsto... Nesse fim de semana.

   Finalmente!

   Eu esperava ansiosa pela volta de SoonHyun e JaeSoon. Com eles em casa, não seria sempre aquele clima tenso entre Kiseop e eu. Sem contar, que precisava conversar com SoonHyun. Como explicaria a ela o fato de estar apaixonada por seu filho?

   Arrepiei-me com tal pensamento.

_ Eu fiz comida pra você! – ele encarou-me animado.

_ Hm...Obrigada... – disse sem graça.

_ Certo, - hesitou. – Onde você comeu? – como ele conseguia aquilo? Como ele conseguiu adivinhar?  - Ou melhor, com quem? – ergueu uma sobrancelha.

_ Comi em um restaurante brasileiro... – expliquei, evitando a outra pergunta.

_ JunHyung finalmente a procurou hã? – virou-se de costas pra mim, revoltado.

   Eu ignoraria aquilo. Na verdade, não sabia como reagir. Lidar com os dois estava me enlouquecendo, e mesmo provocando meus sentimentos, Onew era quem estava me ajudando mais, a entender a mim mesma e a toda aquela situação.

   Parti para meu quarto, desesperada por um banho. Livrei-me de minhas roupas, abandonando-as sobre a cama e tomando uma ducha quente e duradoura. Lavei meus cabelos, depilei minhas pernas e desliguei enfim.

   Escolhi a roupa mais folgada e confortável que encontrei no guarda roupas, vestindo uma camiseta surrada e um moletom cinza. Enrolei a toalha em minha cabeça, antes de secar os cabelos com o secador, e liguei o computador. Eu precisava estudar mais.

   Com o livro de Geografia em mãos, fui surpreendida por alguém batendo na porta. Com certeza era Kiseop.

_ Fala... – abri uma fresta da porta, querendo encurtar o assunto.

_ Podemos conversar? – encarou-me pela fresta.

_ Diga...

_ Posso entrar? – empurrou a porta, entrando.

   Kiseop estava calmo, sereno. Sentou-se em minha cama, empurrando os livros para o lado, encarando-me. E eu estava paralisada ao pé da porta, apenas observando-o enquanto se apossava de meu espaço.

_ Como você está? – encarou-me.

_ Como assim?

_ Com tudo... – contemplou o chão. – Como está se sentindo?

_ Não sei... – suspirei. – O que você quer?

_ Entender você!

   Conversar sobre aquilo que me atormentava, seria uma boa escolha?

_ Talvez ajude você, a se aliviar, ou a entender seus sentimentos... – insistiu.

_ Ta Kiseop... – sentei-me ao seu lado. – O que quer saber? – encarei-o.

_ O que faz você me amar? – aquela pergunta surpreendeu-me. – Seja sincera, por favor...

   O que eu amava em Kiseop afinal? Como eu o diria sem um pingo de vergonha?

_ Diga, e eu direi por que amo você... – tentou confortar-me daquela forma.

   Hesitei pensativa por um segundo. Tentava ordenar as coisas dentro de mim, e encontrar sentido nelas, até que comecei a falar. Ele já sabia que eu o amava, mesmo que eu nunca tivesse dito. Não havia nada de mal conversar sobre aquilo, havia?

_ Não sei... – suspirei. – Digamos que eu me apaixonei por você sem perceber... – admiti brincando com meus dedos, envergonhada. Ele apenas encarou-me silencioso, esperando que eu dissesse tudo. – Talvez seja a forma como você sorri, e me encara super protetor... – pensei. – Você não tem nada a ver comigo! Nada mesmo. – ele riu, apoiando a cabeça em seu joelho. – Também me sinto protegida com você, mesmo que suas tentativas raramente tenham dado certo... E eu sinto uma ligação muito forte com você, sinto que não posso controlar esse sentimento, uma vez que ele tenha chegado de mancinho e se apossado de mim...- encarei-o por fim.

_ Temos sim, muitas coisas em comum! – ele disse após pensar por alguns segundos. – Ambos somos instáveis emocionalmente, e descontrolados. Você é ciumenta, assim como eu, e tem mania de abraçar tudo, além do que da conta... – pensou. – Quando estou perto de você, sinto nossos movimentos em sincronia, como se fossemos parte de uma mesma maquina, agindo em conjunto. Meu coração torna-se quente, minha respiração sai de meu controle, e eu sinto a necessidade irritante de ter você por perto... – disse aquilo, deixando-me completamente envergonhada.

_ Eu não sou ciumenta! – contestei.

_ Não... A SunHi que é! – riu.

   Aquele nome irritou-me por algum motivo, e eu bufei, fazendo Kiseop gargalhar.

_ Venha aqui! – ele empurrou meus livros, puxando-me para que eu encostasse a cabeça em seu peito. – Eu preciso de você! – beijou minha cabeça. – Na verdade, odeio você por me fazer sentir assim... Eu sei que no fundo, não temos tantas coisas em comum, mas talvez, não seja isso o que realmente importa! Desde a primeira vez em que pus os olhos em você, senti a necessidade de tê-la por perto o resto de minha vida... – suspirou. – Não posso perdê-la!

_ Como isso é possível? – ri desconfiada.

_ São coisas que você não percebe... – parou pensativo. – Você chegou com aquele cachecol vermelho, e fez tudo a sua volta parar por um segundo. Você tem uma maneira de sorrir com os olhos, que só você consegue fazê-lo... Eles se tornam brilhosos, e transparentes. Ai você andou desengonçada em nossa direção, carregando as malas pesadas, orgulhosa demais pra pedir por ajuda, e bufou quando finalmente soltou-as, e fez com que elas caíssem em seus pés. – ele estava me deixando sem graça. – Você veio o caminho inteiro brincando com os dedos, como estava fazendo a segundos atrás, e você ria sem graça enquanto minha mãe não parava de tagarelar... Você pronunciou algumas palavras erradas, e nós fingimos que tudo estava bem... Mas eu me apaixonei ainda mais por você, quando me tratou com igualdade... – sorriu.

_ Como assim? – ergui os olhos, procurando encontrar os dele.

_ Você me tratou como Kiseop. Como Lee Kiseop, e não como o ulzzang do U-Kiss. Não tinha nada de “Oppa” ou “Sunbae-nim” em seu vocabulário, e eu senti que pudesse ser eu mesmo perto de você. Sem precisar me comportar diante a pressão das fãs, ou coisa assim...

   Aquilo até que fazia algum sentido. Mas no fim das contas, Kiseop havia se apaixonado por mim pelo mesmo motivo que JunHyung?

_ Então eu comecei a conhecer você, mesmo quando fingia ser indiferente... E vi o quão desligada do mundo real você era, o quão desajeitada, cabeça dura e alcoólatra... No fim das contas, me apaixonei por todos os seus defeitos... – sorriu.

   Se aquilo era mesmo verdade, estava agradecida. Meu coração batia forte naquele momento, e batia por Kiseop.

_ Isso me faz lembrar, que você nunca disse que me ama... – disse em tom de cobrança.

_ Demonstrar já não é o suficiente?

_ Mas você por acaso demonstra?- riu.

   Não conseguia dizer. As palavras “Eu te amo” não saiam tão facilmente de minha boca quando direcionadas a Kiseop.

_ Eu direi quando estiver pronta...

_ Promete?

_ Prometo!

   Conversamos por horas, e eu já havia desistido de estudar. Já era madrugada, e nós ainda conversávamos, sobre coisas banais.

   Eu falava sobre meu cachorro, e sobre estar ansiosa em rever minha família. Ele ouvia tudo paciente, e contava-me coisas sobre sua profissão. JunHyung e Kiseop tinham uma visão muito parecida sobre a fama.

   Ele conseguiu me distrair das preocupações, e me fez esquecer por alguns momentos aquele dilema de triangulo amoroso.

   Nós rimos muito. Kiseop era muito engraçado, engraçado de uma maneira boba e idiota, e fazia-me rir com suas brincadeiras sem cabimento, mas que me deixavam cegamente apaixonada. Era bom conhecer Kiseop, que se cobrira atrás de uma mascara por tanto tempo. Ele era inteligente, perspicaz e intrigante. Escondia sua maturidade atrás de brincadeiras infantis, e surpreendeu-me com seu caráter.

   Dormimos enfim. Kiseop jogou todos os meus livros no chão, e impregnou minha roupa de cama com seu cheiro, dormindo ali como um anjo. Não soltou-me por um segundo sequer, sufocando-me muitas vezes, mas esquentando-me do frio. Era bom dormir com ele.

_ Eu amo você... – sussurrei enquanto ele dormia. 

   Eu o amava. Jamais imaginei conhecer Kiseop daquela forma. O jeito como pensava, e o que o fazia agir muitas vezes, inconsequente. Ele enfim havia mostrado-se para mim, ajudando-me a compreender seus pensamentos, e suas crensas. Mas apesar de tudo, sentia que ele ainda me surpreenderia, em muitos aspectos...


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Notas finais do capítulo

Por favor, digam-me o que estão achando desses ultimos capítulos... Estou ansiosa para a Segunda Temporada, porque eu tenho umas ideias que estão me matando aqui *----* Mas me digam uma coisa, com quem vocês querem que ela fique? Com Onew, junHyung ou Kiseop? HEEEEELP.