Os Três Amores Da Minha Vida escrita por Azzula


Capítulo 20
Tempestade de Sentimentos


Notas iniciais do capítulo

SORRY.
Gente, aconteceu uma tragédia... caiu leite no meu teclado e eu fiquei sem computador nesses dias, mas escrevi um cap GIGANTESCO como pedido de desculpas por ter sumido... Espero que gostem desse capítulo, porque eu sinceramente achei ele fofinho.
Quero agradecer a Thaís Vieira, minha amiga de trabalho que me atura falando sobre essa fanfic o dia inteiro, e me da muitas idéias ótimas sobre o que escrever. Amo você gata ♥
Quero me desculpar também pelos erros de português cometidos no capítulo anterior.. Coisas que passaram despercebidas, mas que caíram com a qualidade da escrita, me desculpe por tudo isso galera... Espero que gostem, boa leitura! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/204403/chapter/20

   Não podia acreditar. Finalmente havia perdido a virgindade.

   Vasculhei todos os cantos de minha mente, tentando me lembrar de qualquer coisa, qualquer mínimo detalhe ou qualquer flash inesperado, mas nada. Não conseguia me lembrar de absolutamente nada, e me odiava por isso.

   Como uma garota pode não lembrar de sua primeira vez?

   Quer dizer, independente da bebida, eu TINHA que me lembrar! Estava entrando em pânico.

   Abri os olhos finalmente, surpreendida por uma mão dependurada da cama de cima. Estava em uma beliche, e na cama ao lado, alguém que parecia ser Yoseob roncava como um trovão.

   Onde estava JunHyung afinal?

   Ainda deitada, analisei meu estado por um segundo, notando que estava com as roupas de Jun. Uma camiseta e uma bermuda apenas.

   Sorri sem jeito.

   Como eu o encararia a partir de hoje se eu nem ao menos me lembrava das coisas que havia feito com ele? Será que eu tinha feito algo de errado?

   Uma coisa eu pude perceber, ele havia sido cuidadoso. Quer dizer, ele não deixara em mim nenhum vestígio de dor aparente.

   Levantei-me então, fazendo com que minha cabeça rodasse por todo o cômodo.

   Andei lentamente até a porta, abandonando o cômodo e todo aquele barulho estrondoso a procura do banheiro.

   Todos pareciam dormir. Aquele era um lugar legal, reparei em cada detalhe pela primeira vez, percebendo que era um apartamento moderno e sofisticado.

   Enfim no banheiro, livrei-me da maquiagem borrada e do mau hálito, abominando completamente minha aparência e meu cabelo duro de laquê.

   Procuraria por Jun então.

   Ele estava literalmente largado no sofá, sem camisa. Metade da coberta cobria sua barriga, e a outra metade espalhava-se sobre o chão. Ele parecia dormir como pedra.

_ Jun... – sussurrei cutucando sua barriga e afastando-me rapidamente.

   Ele enfim abriu apenas um de seus olhos, encarando-me franzindo o cenho.

_ Bom dia! – disse com voz rouca, espreguiçando-se no sofá.

_ Bom dia... – disse sem graça, ajeitando a franja.

_ Dormiu bem? – perguntou enfim com os dois olhos abertos.

_ Claro! – sorri. – Como não poderia depois de ontem? – disse insegura. Como faria para convencê-lo de que me lembrava da noite passada?

_ Como assim? – sentou-se no sofá.

_ Ah,você sabe... – olhei para as roupas que eu vestia, arrumando um jeito de sentar-me próxima a ele.

_ Sei é? – ele riu baixo.

_ Para Jun... – estava morrendo de vergonha.

_ BOM DIA HYUNG! – DongWoon apontou na sala, indo em direção a cozinha. – Bom dia dorminhoca! – riu.

_ Dorminhoca? – não entendi. – Eu acordei bem antes rapaz... – tentei dizer descontraída, mas na verdade, estava morrendo de vergonha por ser pega naquela situação.

_ É, e dormiu beeeem antes também... – retrucou rindo da cozinha, fazendo com que Jun jogasse uma almofada em sua direção.

_ Ãh? – disse baixo dessa vez, olhando para Jun.

_ Esqueça isso! – ele segurou em minha mão.

_ Jun, obrigada! – ué, eu precisava agradecê-lo.Quer dizer, ele provavelmente havia sido maravilhoso, mesmo que eu não me lembrasse.

   Como eu podia não me lembrar?

_ Obrigada por...? – arqueou uma sobrancelha.

_ Por tudo. Por ontem... Foi maravilhoso. – menti envergonhada.

   Jun era importante demais pra mim para que eu não me lembrasse de nada. Precisava convencê-lo.

   Ele apenas riu. Riu não, gargalhou desesperado.

_ Ya! – cutuquei seu joelho. – O que foi? – estava confusa.

_ O pior de tudo é que eu fui avisado sobre isso... – riu.

_ Isso o que? Jun para! – ele ficava vermelho, perdendo o fôlego.

   Dong também ria baixo na cozinha e eu não conseguia entender o que aquilo significava.

_ Gente... ! – contemplei o chão confusa.

_ Como você é mentirosa e cínica! – ele encarou-me rindo. – Que espécie de bêbada é você?

_ Que?

_ Você! – ele apertou forte a minha bochecha. – Mente que nem sente... – beijou-a.

   Eu não havia sido convincente o suficiente.

_ Me desculpe... – abaixei os olhos, com vergonha de encará-lo.

_ Porque está se desculpando? – ele apertou minha mão.

_ Não consigo Jun! Eu tenho a impressão de que ontem foi a melhor noite da minha vida, mas não consigo me lembrar de nada! – encarei-o enfim.

   Desta vez, quem morreu de rir foi DongWoon. Ele atirou-se sobre a poltrona a nossa frente e riu sem cessar.

_ Qual o problema dele? – perguntei a Jun.

_ Não sei... – ele segurava o riso. – YA! Dong, vá para o quarto, por favor...

   Assim fez. Dong foi para o quarto deixando-nos a sós na sala.

_ Ai Ana... – suspirou. – Você é inacreditável não é?- olhou fundo em meus olhos. – Quando é que você vai parar de me surpreender? – riu. – Desde o dia em que nos conhecemos, é uma surpresa atrás da outra... – passou as mãos nos cabelos a fim de arrumá-los.

_ Isso significa que você me desculpa? – disse descontraída. – E que vai me contar sobre ontem... ?

_ Vai mesmo me torturar a esse ponto? – pousou uma de suas mãos sobre seu peito, escorando-se no sofá.

_ Eu fui tão ruim assim? – tive medo de decepcioná-lo.

_ Bem... – hesitou. – Digamos que você foi ótima enquanto durou... – fitou o chão.

_ O que quer dizer?

_ Não se lembra mesmo? Mesmo, mesmo? – eu apenas neguei com a cabeça. – Nossa Ana... Você dormiu!

_ É, eu sei... dormi e me esqueci de tudo, desculpe!

_ Caramba Ana – socou o assento devagar – Não! Você dormiu na hora... Dormiu na hora ‘H’... Dormiu depois de me deixar louco! – seus olhos estavam arregalados enquanto eu digeria aos poucos suas palavras.

   A não. Eu não fiz aquilo...

_ Eu não fiz isso! – disse incrédula aterrando minha cabeça na almofada. – Eu não...

_ Sim, você fez... – ele riu de minha reação. – E você é tão mentirosa... – riu.

_ É que eu achei que... – estava inconformada, encarando seu rosto, tão surpresa quanto ele.

_ Eu sei... também achei.

_ Jun, porque não me acordou? Porque não me enfiou debaixo do chuveiro ou sei lá...

_ Até eu fazer isso, teria perdido toda a graça, e você estava bem cansada...

_ E o que fez?

_ ME enfiei debaixo do chuveiro. – levantou-se rapidamente.

_ Vai me desculpar por isso, não vai? – inserta.

_ O que esta disposta a fazer? – franziu o cenho, puxando-me para si.

_ O que você quiser... – abracei-o, beijando seu pescoço carinhosamente.

_ Não sei... Vou pensar cuidadosamente sobre isso. Enquanto isso, continue sem beber, por favor! – riu.

_ Ok.

_ Vamos, eu levo você pra casa... – disse dirigindo-se ao quarto. – Sabe que horas são? – observou a hora no celular.

   Já era começo de tarde. Os minutos passaram-se rapidamente enquanto eu fui obrigada a agüentar brincadeirinhas sem graça de DongWoon e Yoseob, os únicos que haviam dormido em casa. Jun e eu ficávamos cada vez mais envergonhados enquanto os dois divertiam-se as nossas custas.

   Por outro lado, Jun foi mais carinhoso ainda comigo. Alguma coisa havia acontecido ontem que o fez ser mais atencioso do que já era. Como se isso fosse possível.

   Fomos até o carro então, Jun me levaria para casa.

_ Eu vou precisar viajar nesse fim de semana. – encarava o transito. – Para ser mais exato, nessa madrugada...

_ Então quer dizer, que vai me abandonar nesse fim de semana também... – brinquei.

_ Acabo não tendo muita escolha... – acariciou meu joelho. – Nosso manager agenda tudo que pode para o fim de semana, pra não termos que faltar nas aulas. 

_ Esta tudo bem... acho que sobrevivo sem você!

_ Mas não pense que me esqueci de sua dívida... – riu.

_ É bom não se esquecer mesmo... – brinquei.

__

   Entrei cuidadosamente pela porta, livrando-me de meus sapatos.

   Eu vestia a calça da noite passada e a camiseta de Jun, tentando parecer o mais normal possível.

   Deixei minhas coisas no balcão da cozinha, sentindo necessidade de um banho.

   Nenhum sinal de Kiseop. Ele devia ter passado a noite com sua namoradinha.

   Passando pela sala, notei um pé atrás do sofá. Curiosa, aproximei-me tentando identificar quem era.

_ Ya, o que faz ai? – era Kiseop. Ele estava simplesmente deitado ali, acordado.

_ Vai me dizer agora que eu não posso ficar aqui? – retrucou grosso.

_ Pode! Faça o que quiser... – afastei-me aos poucos.

   Garoto mais grosso!

_ Assim como você... – ele disse enquanto eu me aproximava do corredor.

_ Como? – aquilo não fazia sentido.

_ Vou fazer o que eu quiser, assim como você faz o que quer... – sentou-se no chão, encarando-me com olhos rancorosos.

_ O que é agora Kiseop? – estava cansada de tanto drama.

   Notei que ele nem sequer havia tirado a roupa do baile, um de seus pés estava descalço, e o outro calçado. Ri daquilo.

_ YA! Ta rindo de que? – cuspiu tais palavras.

_ De nada... eu hein... – afastei-me novamente.

   Ele finalmente levantou-se atrás de mim, agarrado em meu braço.

_ Ya!

_ Você não pôde não é? – ele encarava-me com olhos marejados.

_ Não pude o que? Me solta! – tentei livrar meus braços. – Que mania que você tem de...

_ NÃO PODE FAZER O QUE EU TE PEDI PORRA! – notei que uma lagrima escapara de seus olhos.

_ Kiseop – estava um tanto chocada. – o que...

_ Eu não sou nem um pouco importante pra você? – soltou-me. – Você nem sequer considerou o que eu te pedi não é? – ficou de costas pra mim.

   O que estava acontecendo? Desde quando Kiseop era tão sentimental e do que ele estava falando?

_ Do que você esta falando? – aproximei-me tentando encara-lo.

_ Você não me deu nenhuma chance de lutar por você... – ele contemplava o chão enquanto chocava-me com suas palavras. – Agora eu vou simplesmente desistir, sem alternativa.

_ Kiseop! – estava cansada de tantas frases jogadas ao vento. Ele poderia ser direto pelo menos uma vez? – Do que você esta falando? – repeti a pergunta com ênfase.

_ De você! – encarou-me a fundo. – Você não é mais alguém por quem eu possa lutar... – outra lagrima escapou, fazendo com que meu coração acelerasse. – Você simplesmente se entregou a outro homem e agora...

_ YA! – ele insistia mesmo em se meter nesses assuntos? – A culpa não é minha se você não pôde comer sua namoradinha... – disse tais palavras sujas, tomada pela raiva.

   Mas pensando por um lado, não fazia sentido explicar nada a ele.

_ VOCÊ É BURRA! – ele gritou.

_ CALA A SUA...

_ QUEM TE DISSE QUE SUNHI É MINHA NAMORADA? – aproximou-se de mim. – ALGUMA VEZ EU VIREI PRA VOCÊ E DISSE “ANA, ESSA É MINHA NAMORADA”?

_ E não é? – confusa.

_ Não... – ele aproximou-se mais enquanto eu continuava confusa.

_ Mas então, por que...

_ Porque o que? Ela é somente minha amiga! Não posso ter amigas? – continuou encarando-me.

_ Essa discussão é inútil. – admiti.

_ Inútil é tentar falar com você!

_ Simplesmente diga Kiseop! Não fica ai enrolando e me xingando! Se quer dizer algo, DIGA! – estava pronta para abandonar o cômodo quando inesperadamente, Kiseop puxou-me para perto de seu corpo.

_ Você é uma ignorante! Até SunHi consegue ver... Até seu namorado consegue ver... Todos conseguem ver, como você não pode? – sua respiração era próxima a minha. Aquilo fez meu coração congelar.

_ Ver o que? – disse baixo, constrangida por me sentir daquela forma.

_ Como você não pode ver... – hesitou. – Que eu amo você! – encarou fundo em meus olhos.

_ V-você o q-que? – piscava freneticamente.

_ Eu te amo! – meu coração disparou enquanto ele passou a segurar em minha mão. – EU AMO VOCÊ! EU SOU LOUCO POR VOCÊ! – gritou.

   Aquelas palavras gelaram meu coração. Kiseop realmente me amava. Kiseop me amava e eu não sabia o que fazer. Não sabia o que sentir, dizer, pensar, reagir... Não sabia de nada.

   Sabia apenas que Kiseop me amava.

   KISEOP ME AMAVA.

_ Você... – as palavras fugiram.

_ Eu te amo tanto, tanto, tanto – abraçou-me forte. – É um alivio finalmente poder dizer... – suspirou em meu pescoço, fazendo-me arrepiar. – Você é tão burra que foi a ultima a saber...

   Eu estava ali imóvel. Surpreendida por aquele abraço, por aquele momento que não fazia sentido algum.

   Quer dizer então, que aquele menino que me humilhou, que me tratou mal desde o meu primeiro dia, que infernizou minha vida, na verdade me amava?

   Era difícil acreditar.

   Mas enxergando por outros ângulos, consegui ver algumas demonstrações de afeto escondidas por trás de xingamentos e ofensas.

   Mesmo assim, não fazia sentido.

   Fiquei ali, imóvel por aquele abraço, sentindo como se a qualquer momento meu coração fosse pular pra fora de meu peito. 

_ Kiseop eu... – tentava livrar-me de seu abraço, quase sufocada.

   Ele soltou-me enfim, com uma expressão nada boa.

   Aquelas mudanças de humor estavam acabando comigo! Quer dizer então que Kiseop estava na TPM?

_ Eu tentei tudo que pude... – aterrou sua cabeça em suas mãos. – Fiz de você minha rainha, pra ver se você enxergava que ficava bem melhor comigo do que com...

_ Você o que? – disse surpresa.

_ É, eu sabotei a votação! Ou você achou mesmo que alguém votaria em você?

   Kiseop conseguia sempre me enojar, era impressionante!

_ Obrigada Kiseop. – sorri cínica. – Obrigada por fazer de cada minuto da minha vida, um trauma! – deixei o cômodo.

   Kiseop era muito idiota. Ele me amava, ele me magoava. Ele me amava, ele me decepcionava. Ele me amava, ele me humilhava. Ele me amava porra nenhuma.

   Que raio de amor era aquele?

   Que garoto mais idiota! Mentiroso.

   Não conseguia acreditar nele, nem em seu choro falso.

   Livrei-me de minhas roupas, abandonando tudo em um canto qualquer, partindo para uma ducha quente, precisava tirar aquele acesso de laquê do meu cabelo.

   Queria me livrar de todos os minutos anteriores, mas simplesmente não conseguia. O cheiro de Kiseop estava em mim. Suas palavras ecoavam dentro de mim e meu coração estava cada vez mais apertado. Não entendia aquilo. Sinceramente, não conseguia compreender aquele sentimento. Nada fazia sentido.

   Pensar que Kiseop me amava, fazia com que eu me sentisse feliz. Mas simplesmente não conseguia acreditar nele. Ele dizia uma coisa, e mostrava o contrário. Como eu posso acreditar em alguém assim?

   Precisava dormir. A dor de cabeça voltara e eu estava morta de cansaço. Precisava de minha cama, precisava esquecer todos aqueles pensamentos confusos, e precisava evitar ao maximo não chorar. Eu não podia chorar!

   Key estava certo sobre aquilo? O coração podia mesmo amar duas pessoas ao mesmo tempo? E eu estava mesmo apaixonada por Kiseop?

   Não. Não podia ser. Dormi antes que fosse tomada por mais pensamentos idiotas.

__

   Acordei de um sonho estranho. Bem estranho.

   Livrando-me de minhas cobertas, encarei sonolenta o celular. Eram ainda 21:27 e eu tinha fome. Eu tinha apenas tomado um café da manhã/almoço na casa dos meninos, e mais nada.

   Levantei-me então, procurando desesperadamente por comida na geladeira.

   Passando pela sala, ignorei Kiseop que assistia televisão jogado no sofá.

   Cozinhava calmamente meu miojo, percebendo um barulho estranho do lado de fora. Estava chovendo. Começou com pequenos pingos d’água, que aumentaram rapidamente para pingos fortes e barulhentos, que estrondavam a calha.

   Eu tinha um terrível medo de tempestades.

   Esperei o rammen cozinhar enquanto tentava acalmar-me de meu desespero. Eu temia por um trovão a qualquer momento.

   Medo de trovão. Um trauma de infância que não me permitia nem sequer ouvir fogos de artifício na virada do ano novo. Eu morria de medo de trovão.

   Comecei a comer então, saboreando a comida, ignorando completamente Kiseop que também parecia faminto. Foi quando inesperadamente faltou luz.

_ Aish... – reclamei. Queimando o dedo.

_ Ué... – não podia vê-lo, mas sabia que Kiseop estava na cozinha. – Acabou a luz?

_ Não! Você ficou cego. – Não consegui ignorar o fato de não estar falando com ele, dando-lhe tal resposta infantil.

_ Idiota. – retrucou no escuro, procurando por alguma coisa nos armários.

   Eu continuei comendo, quando uma luz acendeu-se inesperadamente. Era uma vela.

_ Aish... Você continuou comendo? – notei sua expressão indignada com a luz fraca.

   Continuei em silêncio, ignorando-o.

   Kiseop abandonou-me ali, levando a vela para a sala.

_ YA! – o segui com minha tigela de macarrão em mãos.

_ O que? Você não é a boa que come no escuro?

_ Deixe de ser egoísta! – sentei-me no sofá ao seu lado. – Vai ficar segurando essa vela? – encarei sua figura engraçada, segurando a vela encolhido no sofá.

_ Quer segurar? – grosso.

_ Peque um prato idiota! – disse, abandonando minha tigela na mesinha no centro da sala.

   Kiseop dirigiu-se a ela, pegando a tigela, deixando ali a vela.

_ Que nojo... eu comi ai!

_ E?

   Não queria mais conversar com ele. Ele era idiota demais, bruto demais, teimoso e convencido demais.

   Encarei seu rosto ligeiramente, ele estava pensativo. Permaneceu um silêncio então.

_ Bem... Aqui ta legal... o papo esta super legal... Mas eu vou pro meu quarto dormir. – ele disse levantando-se e levando a vela com ele.

_ Ya! – gritei, fazendo-o parar. – Vai me deixar aqui no escuro? – perguntei.

_ Boa noite. – seguiu para seu quarto.

   Eu apenas o segui sem pensar duas vezes, entrando em seu quarto.

_ Ya, o que esta fazendo aqui? – ele disse surpreso, deixando a vela sobre a cômoda.

_ Não vou ficar la no escuro! – disse, tentando esconder o fato de estar com medo.

_ Sinto muito! – empurrou-me para fora.

_ PARA DE SER EGOISTA! – gritei irritada, morrendo de medo de um trovão.

   Entrei em seu quarto contra sua vontade. Fiquei ali sentada no chão enquanto ele parecia confortável em sua cama. A chuva só aumentava, aumentando também o meu medo.

   Ficava cada vez mais frio, e o chão já estava se tornando um lugar insuportável de ficar. Estava quase retornando ao meu quarto, encarando o escuro e o medo do trovão.

_ Venha... – Kiseop sentou-se sobre sua cama. – Deite aqui.

_ Não... – fiz-me de forte. – E você vai ficar onde? – estava preocupada. Onde ele dormiria?

_ Aqui ué! – riu baixo. – Ta pensando o que? Que eu vou sair de minha cama pra dondoca se deitar...? E eu la sou seu namorado? – ele disse irritando-me.

_ Não vou! – teimei.

_ Você é quem sabe... Aqui está tão quentinho...- ele usou a psicologia do inverso comigo, mas eu não resisti. Invadi sua cama confortável e quente.

   Era uma cama estreita, que cheirava a Kiseop. Porque diabos ele não tinha uma cama de casal? Poxa, ele era famoso, rico e não tinha uma cama de casal?

   A luz da vela ameaçava apagar-se a cada sopro de vento, e eu já estava ficando incomodada com a respiração de Kiseop esquentando-me o braço.

_ Da pra respirar pra la? – perguntei impaciente.

_ Não.

_ Kiseop...

_ Como você é folgada! Está no meu quarto, na minha cama, e ainda quer que eu me vire pra la? Vire você...

_ Mais ai você vai ficar respirando nas minhas costas...

_ Os incomodados que se mudem...

   Calei-me. Kiseop estava mesmo fazendo-me um favor.

    Permanecemos em silêncio por um tempo. Aquela situação não era tão ruim, honestamente, gostava de ter Kiseop por perto. Até o silêncio estava agradável ao seu lado.

_ Me desculpe. – ele surpreendeu-me quebrando o silêncio. 

_ Pelo que? – disse baixo. A luz da vela clareava somente parte do quarto. Pouca luz tocava seu rosto, e o deixava ainda mais bonito.

_ Pela sabotagem... – continuou. – Eu queria que você fosse minha pelo menos uma vez... – encarou meu rosto sob a luz fraca.

_ Não faz sentido... – eu me referi a tudo aquilo.

_ Eu sei. Agora vou parar com isso, eu prometo. – ele disse.

_ Vai parar com o que?

_ Não vou mais tentar nada com você... – continuou. – Agora você faz parte de JunHyung. São oficialmente um casal e você deve realmente o amar pra ter se entregado a ele...

_ Porque você é tão intrometido?

_ Não sou! Quer dizer, você passa a noite na casa dele e quer que eu seja idiota o bastante pra acreditar que nada aconteceu?

_ Olha isso! Você é muito enxerido! – ri baixo. – Nada aconteceu.- expliquei.

_ E eu nasci ontem... – ironizou.

_ Aish... Estou dizendo! Nada aconteceu! – porque era tão importante pra mim, que ele soubesse que nada havia acontecido realmente?

   Kiseop tornou-se silencioso, ele apenas encarou o teto por uns segundos e encarou-me novamente.

_ Está dizendo a verdade? – disse baixo.

_ Sim. – confirmei.

_ Por quê?

_ Não te interessa! – o motivo realmente não lhe interessava!

   Ele apenas riu baixo, deixando a respiração escapar de sua boca.

   O silêncio voltou novamente, desta vez, um tanto incômodo.

   Aquele barulho de chuva estava me incomodando já. Quantas horas mais iriam chover?

   Não conseguia dormir. Estava com um turbilhão de sentimentos dentro de mim, e perguntas das quais eu tinha vergonha de fazer. O que estava acontecendo dentro de mim? Eu estava próxima o suficiente de Kiseop para sentir meu coração quente com sua presença. Ele parecia dormir.

   Trovejou.

   Gritei desesperada, atirando-me sobre ele e chorando em seguida. Estava apavorada, fechando meus olhos com toda a força enquanto tentava conter meu choro, debruçada sobre ele.

   Ao me dar conta de que estava com a boca próxima ao seu pescoço, afastei-me imediatamente, virando para o outro lado, temendo apavorada pelo estrondo.

   Eu não conseguia superar aquele medo desde pequena.

   Aquele silêncio torturante foi quebrado por Kiseop. Ele começou a rir sem cessar, ignorando meu medo, e gargalhava a ponto de perder o fôlego.

_ Para de rir... – disse baixo enquanto ele já estava me incomodando de tanto rir.

   Contagiada por sua risada gostosa, ri também, ri discretamente até trovejar novamente e eu agarrar com toda força seu braço, com olhos fechados, segurando-me para não chorar.

   Ele parou de rir, percebendo que eu realmente tinha medo de trovão e passou a segurar minha mão que o apertava.

_ Você tem mesmo medo de trovão? – perguntou baixo, aproximando seu rosto do meu. Eu apenas afirmei com a cabeça, ainda com olhos fechados.

   Com a outra mão, ele acariciou levemente meu ombro, enquanto eu abri os olhos, desejando que não trovejasse novamente.

_ Kiseop... – eu precisava perguntar. – V-você... você realmente me ama? Quer dizer...me ama mesmo?

   Ele riu baixo, talvez, surpreso pelo fato de eu conseguir fazer aquela pergunta.

_ Desde o dia em que eu te vi. – passou a mão sobre meus cabelos, ainda segurando-me com a outra.

_ Impossível! Não minta pra mim... – pedi.

_ É verdade! – continuou. – Lembro-me como se fosse hoje! Você estava linda no aeroporto, e eu não conseguia entender o porquê de minha mãe ter me arrastado até lá com ela pra ir buscar você...

_ Você estava mesmo com uma péssima cara. – me lembrei.

_ Eu estava inconformado em como poderia existir alguém tão linda como você!- disse deixando-me absolutamente sem graça. – E ai eu fiquei com raiva, porque você me fez sentir aquilo... E comecei a odiar você porque você só fazia coisas erradas como sair e encher a cara. – seu tom mudou. – E várias coisas em você ainda me irritam...

_ Várias coisas em você me irritam muito! – concordei, dedicando aquela frase a ele.

   Ele apenas riu, deixando o silêncio retornar, quando a vela finalmente apagou-se após piscar dezenas de vezes.

   Não conseguia ver nada no escuro, mas sentia a respiração de Kiseop cada vez mais perto da minha. Trovejou novamente, o que me deixou em pânico, ma desta vez, ele me abraçou. Me abraçou forte.

   Nossos olhos já estavam acostumados com a escuridão, e eu podia ver claramente suas feições, enquanto me livrava devagar de seus braços.

   Lembrei-me do beijo. Aquilo vez meu coração disparar, e eu me constrangi, pensando que ele também pudesse ouvir meus batimentos.

_ Por favor, acredite em mim... – ele pegou uma de minhas mãos e a pousou em seu peito. – Eu amo você!

   Fiquei sem graça. O que se deve dizer após ouvir tal coisa.

_ Obrigada. – foi tudo o que minha imaginação permitiu.

_ Você também me ama. – ele disse em um tom diferente.

   Aquilo calou-me, fazendo com que eu engolisse a seco. Eu era mesmo tão burra assim? Até o convencido do Kiseop podia perceber que eu o amava, menos eu? Mas porque eu não conseguia dizer que o amava?

   Tudo o que se podia ouvir naquele cômodo, eram os pingos de chuva que caiam no quintal e a respiração ofegante de Kiseop.

_ Me desculpe. – ele disse.

_ Quantas vezes vai se desculpar? – ri baixo.

_ Até que tenha me desculpado por todas as coisas que já fiz a você... – levou minha mão até sua boca, beijando-a. Fiquei sem jeito.

_ Então serão muitas desculpas... – rimos.

_ Sinceramente, me desculpe por ter feito você sofrer por tanto tempo... – continuou. – Na verdade, eu queria só uma forma fácil de fazer você entender o quanto eu te amava, mas você é uma ignorante e nunca percebeu.O que me deixava com raiva de você, e fazia com que eu provocasse situações chatas...

   Permaneci em silêncio. Meu coração não estava pronto pra tantas coisas. Estava começando a entender naquele momento, que Kiseop realmente me amava.

_ Você pode dizer de novo? – perguntei carente, fazendo com que ele risse de mim.

_ Eu amo você Chiao Ana. Desde a primeira vez em que você entrou bêbada pela porta da sala, da primeira vez em que comeu o meu brigadeiro na geladeira, da primeira vez que mudou o canal que eu assistia. Eu amei você desde a primeira vez que te vi usando uma chuquinha ridícula no cabelo. Amei você quando estava machucada no hospital, amei você quando não dizia coisa com coisa. Amo quando você resmunga, quando fingi entender uma coisa que na verdade não entendeu. Amo quando você tenta mentir na verdade... – riu. – Amo quando você fica envergonhada ou irritada. Amo o fato de você ser tão desligada, amo o jeito que o seu cabelo fica quando você o lava e não seca com o secador... Te amei até quando me apalpava quando estava bêbada. – riu.

_ Eu o que? – só consegui prestar atenção na ultima frase.

   Ele apenas riu, deixando-me sem entender mesmo.

_ É o suficiente? – beijou minha testa. – Como alguém tão cabeça oca como você, pode conseguir ser tão amada por tantas pessoas?

_ Que tantas pessoas? Está louco? – afastei-me dele, envergonhada.

_ Bem, além de mim te JunHyung, e provavelmente algum babaquinha no Brasil... – suspirou.

_ Não sabe o que está dizendo. – disse, lembrando-me de Jun.

   Meu Deus, o que eu faria? Eu amava JunHyung e estava ali, daquela forma com Kiseop. Aquilo não fazia sentido. Mas eu não conseguia afastar-me dele.

_ Isso está tão errado. – me queixei.

_ O que?

_ Eu não devia estar aqui... – segurei uma lagrima de angústia. – Eu não...

_ Você o ama não é? – contemplou o teto.

_ Sim. – respondi baixo sua pergunta.

_ Então não vou fazer nada com você. – ele disse. – Mas, por favor, apenas durma aqui comigo essa noite. – ele segurou em minha mão. – Eu prometo não fazer nada.

   Eu apenas encarei em seus olhos enquanto ele abraçou-me calmamente.

_ É questão de tempo até que você perceba que me ama também... – ele disse em meu ouvido.

   Estava paralisada por aquilo. Eu dormiria ali, sendo errado ou não. Eu não queria deixar aquele quarto, não queria deixar aquela cama, não queria deixá-lo. De modo que me virei de costas pra ele, fazendo com que ele me abraçasse por trás e me envolvesse com sua perna.

   Sim, dormimos de conchinha.

   Pela primeira vez, eu dormi de conchinha com alguém. Kiseop abraçou-me pela barriga, e com a outra mão, acariciava meus cabelos, deixando-me imóvel, literalmente.

   Estávamos debaixo às cobertas, e o calor de seu corpo me esquentava. Eu estava indescritivelmente feliz ali. Pela primeira vez, senti-me protegida por Kiseop. Protegida do trovão, protegida contra suas próprias ofensas.

   Segurei em sua mão, sem pensar. Apertei-as para mim, e finalmente dormir. Cansada de tanto maquinar sobre aquele sentimento, dormimos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

TADÃÃÃÃÃ *----* O que acharam?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Os Três Amores Da Minha Vida" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.