O que se ganha quando os olhos fecham

Abrir os olhos.

Um ato de pequena tortura, do qual se priva sempre que possível.

Abrir os olhos significava privar-se de tudo o que lhe era bom, prazeroso. Que o fazia sentir a pequena centelha do diz-se ser a felicidade. O coração parece parar e seu mundo gira nesse breve intervalo do piscar de olhos.

Fecha.

Você se prepara para perder, porque o mundo é forte demais. E você é fraco – e sabe disso. Você se prepara a máscara e, no instante em que a põe, quer tirá-la dali.

Abre.

E você perde, como sempre fez. Suporta a máscara, que a cada instante parece pesar um pouco mais. E você sabe que é inútil tentar quando se perde a coragem para buscar o que quer.

Você piscou.

E você perdeu o pouco de felicidade que tinha, Malfoy.

Fechar os olhos.

Fugir da realidade.

Sentir-se bem em apenas estar ali, sentindo o cheiro de flores e mel que ela parece exalar. Abraça-la em busca da certeza que tudo ficará bem se apenas mantiver os olhos fechados. E você está feliz no meio da cacofonia de sentimentos que reverberam dentro de você.

Abertos.

E você sente a sensação familiar da batida falha do coração. Tudo ao seu redor gira e se torna mais vivo. As cores que antes não via deixam o tom cinzento e tornam-se matizes de azul, vermelho, amarelo...

Fechados.

E tudo se tornou infinitamente melhor. Você já não se sente preso atrás de máscaras. Você é livre para ser você. É dessa paz, dessa liberdade, dessa voz que provém o que você denominou de felicidade.Sua felicidade.

E ela era a soma de todas as coisas que você não tem e todas as que quer ter. Ela é a sua paz, a sua liberdade, a sua voz. A sua felicidade.

E ele fechou os olhos, tornou o abraço mais apertado e o beijo mais profundo.

Deixou-se levar pela voz calma dela, que lhe dizia que tudo ia ficar bem.

E ele sorriu.

Fechou os olhos.

Sim, tudo ia ficar bem.