Olhos De Sangue escrita por Monique Góes


Capítulo 9
Capítulo 8 - Terra


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora çç
Esse cap por motivos desconhecidos até a mim foi muito difícil de se fazer --'



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          Acordei um tanto cedo no outro dia, e fiquei deitado durante um tempo na cama, pensando no que iria ter que fazer a partir de agora. Hoje eu iria estudar – o que me tomaria algumas horas – e pensei em sair para tentar me familiarizar um pouco com o lugar. Era estranho estar numa cidade que não era rodeada por árvores como minha cidade natal, Deditio, ou qualquer outra cidade de Darneliyan.

          A partir de amanhã – como Harrys me alertara na noite anterior – eu teria que iniciar na escola, então teria que ser um estudante de dia e caçar a noite, isso poderia ser ruim, pois isso significava menos horas de sono. Mas também iria não poderia ficar entocado dentro da casa até anoitecer, outra coisa que ele me alertara, pois poderiam estranhar e formulamos também uma desculpa de eu e Raquel também termos aparecido lá, caso alguém perguntasse. Qualquer coisa era só dizer que éramos seus sobrinhos – órfãos - que haviam vindo da Flórida morar com ele durante algum tempo e morávamos com nossos avós.     

          Suspirei enquanto começava a me levantar e peguei a sacola que desde a noite anterior estava no chão. Arredei a cadeira da escrivaninha e coloquei a sacola encima dela, então abri o guarda-roupa vazio. Se Undine dissera que poderia demorar muito e pela quantidade de roupas ali, não fazia mal colocar as roupas no guarda roupa. Quando eu já havia colocado tudo lá dentro, e colocava o último par dos cinco pares de sapato que haviam me sido dados, reparei em algo na sacola. Uma caixa?

          Peguei-a e virei entre as mãos. Nela havia a foto de um objeto um tanto retangular e estava escrito “X-Peria Play” e embaixo “Sony Ericsson” e “Playstation Certified”. Algo me dizia que era algo muito simples, mas não fazia a mínima ideia do que era. Vi que a caixa estava sem o lacre, então a abri e tirei de dentro o objeto negro igual ao da foto. Observei-o e vi que ele tinha coisinhas escritas “Contatos”, “Mídia”, “Mensagens” e “Discagem” então deduzi que fosse um objeto de comunicação.

          Coloquei o objeto encima do criado mudo, peguei roupas no guarda roupa junto com a escova de dente e a pasta que haviam posto lá e fui para o banheiro. Quando saí de lá, não tomei nem os Supressores nem os Transfiguradores, peguei o que deixara no criado-mudo e desci. Escutei sons indicando que Harrys já estava acordado então fui para a cozinha, colocando o capuz da camisa ao só por precaução, caso alguém fosse olhar pelas janelas.

          Entrei lá e bati na porta só para dizer que estava entrando, e quando ele se virou, pareceu se assustar um pouco.

          - Desculpe. – disse, piscando. – Você me pegou desprevenido.

          - Tudo bem. – repliquei. – Você reagiu bem, considerando-se como normalmente as pessoas reagem comigo.

          Ele deu um sorriso mínimo.

          - Não é o caso de Raquel. – comentou. 

          - Ela é uma exceção. – respondi. – O que me pegou de surpresa quando a encontrei. Ela ainda não acordou?

          - Não. – respondeu enquanto tirava alguma coisa do fogão e então se virou para mim. – O que você está fazendo de pé aí? Sente-se!

          Sentei na cadeira e então disse:

          - Acho que deve ser difícil ter que acompanhar meu passo o dia todo e então dormir no chão.

          - Ah, com certeza. – concordou. – Não sei quanto ao seu passo, mas dormir no chão já é bem ruim, mesmo se tiver um saco de dormir.

           Apenas maneei com a cabeça, concordando e então coloquei o que viera na caixa em cima da mesa.

           - Sr. Harrys, o que é isso? – perguntei.

           Ele olhou brevemente e disse:

           - É um telefone celular. Serve para fazer ligações, você digita o número do celular da pessoa e fará uma ligação a ela.

           -... Eu perguntei uma coisa muito banal, não é?

           -... Bom. Sim. Mas considerando que você não é daqui... – disse. – Existe algo assim de onde você vem?

           - Sim, os phomas. – respondi. – Só que eles só são armações retangulares de metal com uma holografia “sólida” em que podemos tocar, aí contatamos com o phoma de outra pessoa e a imagem dela aparece dentro da armação.

           - Isso parece uma junção de Tony Stark com Guerra nas Estrelas. – riu.

           - Hã?!

           - Dois filmes. Tony Stark é um personagem do filme Homem de Ferro e Guerra nas Estrelas é um filme. – respondeu. – Você sabe o que é filme?

           - Sei. Tem várias coisas que exportam daqui para Darneliyan. Foi a primeira vez que vi um celular, mas há muitos filmes lá.

           Ele colocou um prato com torradas na mesa e tirava os ovos. Ele pegou o celular e o olhou, então deslizou-o abrindo-o horizontalmente.

           - Olha só, vira um jogo!

           -Hm?

           Ele girou o celular, mostrando que na parte inferior haviam duas cruzes. Uma era normal e a outra tinha as imagens de um triângulo, um quadrado, um círculo e um “x”. Ele apontou para a com os símbolos.

           - Você escolhe um jogo, e então usa essa para comandar as ações como saltar, bater e outras coisas com essa. – ele apontou para a normal. – Essa você usa para movimentá-lo.

           - Ah...

           Ele mexeu mais um pouco no celular e percebi que só precisava do toque para comandá-lo, como um phoma mesmo. Quando eu estava terminando de comer quando Harrys se levantou e subiu, e logo depois foi Raquel que desceu.

           - Bom dia. – falei.

           - Bom dia.

           Ela se sentou e começou a comer, e então escutei Harrys descendo e... Senti o cheiro de uma Aura. Uma Aura de guerreiro, ainda. Tinha cheiro de mar, mas era tão fraca que logo sumiu.

           Deve ter sido apenas impressão. Pensei, e ouvi o som de vários livros sendo colocados encima da mesa, então soltei o ar que deixara preso em meus pulmões. Ao menos estudar não iria demorar muito, quer dizer, dependendo do quanto eu teria de estudar. Levantei e fui para a sala, então gemi ao ver a pilha de livros em cima da mesa.

           - Tudo isso? – perguntei descontente.

           - Tem mais ainda. – disse enquanto marchava para as escadas.

           Suspirei e então peguei um livro qualquer, vendo que era de História. Fiz uma nota mental para perguntar a Harrys se ele tinha uma biblioteca em casa, dada a quantidade de livros. Comecei a folheá-lo rapidamente, conseguindo ler cada página com precisão, e então cheguei à última página quando Harrys desceu com mais livros.

           - Você tem uma biblioteca?

           - Tenho. – respondeu. – Ela é um tanto pequena, mas tenho. Fica na sexta porta do corredor.

           - Obrigado. – respondi enquanto pegava um livro de inglês.

           Harrys trouxe tantos livros que só consegui terminar de lê-los – aprender tudo, ainda bem que de primeira – depois de quatro horas. Nesse tempo, já eram onze da manhã. Peguei uma pilha e levei para o andar de cima. Quando entrei na sexta porta, como ele indicara, vi uma biblioteca relativamente grande, o que daria mais ou menos o tamanho de meu quarto com o de Raquel juntos, e aí eu me perguntei: Por que alguém vive sozinho numa casa tão enorme?

           Voltei para o meu quarto e peguei os Transfiguradores e o Supressor e os tomei, então desci, peguei outra pilha de livros – a última, e a essa altura eu havia reparado que nenhuma das pílulas fazia algo quanto a minha força e velocidade. – e as coloquei encima da mesa da biblioteca, perto da outra, desci novamente e vi Raquel apenas sentada em um dos sofás.

           - Sem nada para se fazer? – perguntei.

           - Eu estou fazendo o almoço. – Harrys gritou da cozinho.

           - Tá!

           - É, sem nada. – ela respondeu.

           Me sentei ao lado dela sem dizer nada e olhei no relógio da sala. Onze e dez da manhã, estando na casa de um completo desconhecido há um dia – e dando trabalho a ele. Isso não me deixava muito confortável e dava pra ver que Raquel estava na mesma situação.

           - É estranho estar assim... – ela murmurou.

           - Com certeza. – concordei. – Não sou tão folgado como certas pessoas.

           - Tipo quem? Seu primo?

           - Não, ele não é.

           - Hideo?

           Dei uma risada. Ele conseguia ser bem folgado.

           - Pode ser... – respondi. – Até certo ponto.

           - Ele fica mal-humorado rápido. – observou.

           - Sim, mas a maior parte do tempo ou ele dá um jeito de ser normal.

           Ela me olhou.

           - Não deu pra eu ver muito dele pra falar alguma coisa. – disse. – Como ele é?

           - Na maior parte do tempo ele é legal, mas no quesito de “ser irmãos” ele é bipolar. – respondi. – Ou ele me enche, e muito, ou ele é protetor.

           - Deve ser legal ter um irmão.                

           - Bom, é. – pensei um pouco. – Quando ele não fica se intrometendo é.

           Ela sorriu de modo fraco e me abraçou, então rodeei seus ombros com o braço, pouco depois a campainha tocou. Harrys apareceu na porta da cozinha com os óculos embaçados e disse:

           - Ah, esqueci de avisar, uns vizinhos iriam vir aqui hoje. – suspirou e perguntou. – Pode abrir a porta?

           Assenti, soltei Raquel e levantei, então fui até a porta e a abri. Havia quatro pessoas do lado de fora. Um homem baixo com feições – pelo que eu lera num dos livros – asiáticas, uma mulher bem mais alta do que ele e com cabelo loiro curto e cacheado com duas garotas. Uma deveria ter mais ou menos minha idade e tinha feições asiáticas, mas era loira – não consegui ver se o cabelo era tingido – e outra era uma menina de seis anos, aproximadamente, muito parecida com o homem. Ele me olhou um tanto confuso e disse:

           - Acho que apertei a campainha errada, sinto muito...

           - Não, é aqui mesmo. – Pulei ao escutar a voz de Harrys atrás de mim. – Entrem.

           Saí da frente para que eles pudessem entrar e quando entraram, vi o homem me olhar com certa curiosidade. Raquel apareceu logo depois.

           - Ora, olá. – cumprimentou dando um sorriso cheio de rugas. – Sinto muito se fui grosso com você.

           - Não, está tudo bem. – repliquei e dei de ombros.

           - Robert, eles dois são meus sobrinhos e vão passar algum tempo comigo. – Harrys interviu e fiquei surpreso de ele ter parecido ser tão natural. – Eles são Yudai e Raquel.

           - Guerreiro. – ouvi-o murmurar.

           - Hã? – perguntei.

           - Oh, nada de mais. – respondeu e me estendeu a mão. – Robert Masahiko. Essas são minha esposa, Jane, e minhas filhas. A mais velha é Sophie e a mais nova é Lucy.

           - Olá. – a Sra. Masahiko cumprimentou e então seguiu em voz baixa. – Não sabia que você tinha sobrinhos.

           - Eles são filhos de minha irmã. – mentiu.  

           Olhei de novo para a família e a filha mais velha, Sophie, sorriu para mim de modo simpático.                

           - Eu estou terminando de fazer o almoço, porque não vão se sentar?

           - Quer ajuda? – ele perguntou.

           - Não, já estou quase acabando mesmo.

           - Trouxemos algumas coisas aqui. – Sophie disse pegando algumas vasilhas cobertas que estavam na porta.

           - Ah, então traga aqui. – Harrys disse enquanto entrava na cozinha. – Sentem-se.

           Voltei para o sofá e eles logo se acomodaram, então a Sra. Masahiko perguntou de forma educada:

           - Então, por que vocês vieram morar com o tio de vocês? Seus pais viajaram?      

           - Eles morreram. – respondi de forma convincente. – Num acidente de carro.                                          

           - Ah! Sinto muito então!

           - Não, está tudo bem. - tranquilizei-a. – Já faz algum tempo.

           - Theodore nunca falou muito da família. – o Sr. Masahiko riu. – Fiquei surpreso ao ver um adolescente abrir a porta.

           - Pensou que foi na casa errada. – Raquel sorriu.

           Sophie voltou e se sentou, colocou a irmã no colo e falou:

           - Quando vocês chegaram aqui?

           - Ontem. – respondi. – Final da tarde.

           - Já tem ideia de onde estudar? – Sr. Masahiko perguntou.

           - Ludwings. – respondi. – No segundo ano.

           - Oh, Sophie estuda lá! – exclamou. – No segundo ano, ainda por cima.

           Antes que eu respondesse, Harrys avisou que o almoço estava pronto, então fomos almoçar. Eu não sabia o nome de muitas coisas que estavam sendo servidas – só sabia o básico: a carne, o arroz, o macarrão o suco e a torta - mas sabia que estava bom. Depois Harrys insistiu em deixar a louça para depois e todo mundo foi para a sala, ligaram a TV e ficaram conversando sobre vários assuntos. Notícia, trabalho, esporte – não entendi nada, enfim, muita coisa. Raquel se aproximou de mim, claramente estava se sentindo tão deslocada quanto eu.         

           - Você não está à vontade. – murmurei.

           - Você também não. – respondeu.   

           - Me desacostumei a ficar assim. – falei baixo, encostado na cadeira da bancada da cozinha. – Ficar de boa com pessoas normais ainda é novidade, mesmo depois de você passar a me seguir.

           - Você não se sente bem?

           - Sinto, mas é costume já ver os outros correndo de mim.

           - Talvez corram mais por sua feiúra. – riu.

           - Hã?! – exclamei e ela começou a rir. – Sua baixinha!

           Ela ficou rindo e eu tive de rir também. No final da tarde, os Masahiko foram embora, a essa altura estava todo mundo sala. Harrys saiu com Raquel e foi falar com uma vizinha que era uma senhora aposentada. Parece que ele iria pedir para que ficasse com Raquel amanhã enquanto eu ficava na casa. Isto estava parecendo cada vez mais irreal.

           Depois de vinte minutos eles voltaram, Harrys foi direto pra cozinha e escutei a torneira se abrindo.

           -... Se quiser eu lavo. – falei em um tom alto para que ele me escutasse. Não queria ficar muito acomodado.

           - Eu lavo. – ele disse de uma maneira que me fez ficar calado.

           -... Ele me lembra aquelas donas de casa. – murmurei e Raquel riu e assentiu. – Então, a vizinha aceitou ficar com você?

           - Sim. – disse. – A Sra. Garcia parece ser uma boa pessoa.

           - Se você acha isso... – falei. – Ela mora onde?

           - Duas casas ao lado. – respondeu. – Ela tem três cachorros.

           - Bom, se for se pensar no quesito animal, você não vai se sentir solitária. – ri.            

           Depois ouvi o som de pratos se quebrando. Quando levantei, ouvi o grito de Harrys avisando que estava tudo bem. Suspirei e então subi para arrumar as coisas para amanhã


            Depois de acordar cedo novamente no outro dia, tomei banho, escovei os dentes, me vesti e voltei para pegar os Transfiguradores e o Supressor no quarto, e pus também o celular num bolso da mochila. Eu havia mexido o suficiente nele antes de dormir para saber como funcionava agora. Só depois a botei no ombro, desci, coloquei-a no sofá e fui para a cozinha, onde Harrys já estava acordado e pegando coisas para o café.

            - Bom dia. – falei.                     

            - Bom dia. – respondeu.

            Me sentei na mesa e vi que tinha leite, torradas, cereal – hã? – e café. Ele se sentou logo depois com uma tigela e então sorri.

            - Gosta de cereal?

            - Sou viciado. – disse.

            Dei de ombros e comi algumas torradas, pensando que estávamos um tanto... Invertidos. Quando terminei de comer e estava me levantando, o celular de Harrys tocou e ele se levantou, só que sem querer derrubou a tigela, então eu a peguei antes que caísse no chão e aparei com ela a parte que cairia no chão. Harrys olhou para mim por um segundo e disse:

            - Ótimos reflexos. – elogiou.

            - Obrigado.

            Pus a tigela encima da mesa e fui pegar a mochila. Na noite anterior, Harrys me indicara onde era o ponto de ônibus e o que teria de fazer ao chegar à escola, então eu já sabia onde era. Fui até lá e esperei. Tinham algumas pessoas ali e identifiquei Sophie falando com uma garota ruiva. Não tanto quanto eu era, mas bastante ruiva.

            Fiquei olhando para nenhum lugar em especial, até que o ônibus da Ludwings chegou. Entrei lá como todos e fui para um lugar vazio perto da janela ao fundo, então sentei lá e fiquei olhando a paisagem na janela durante o caminho, completamente distraído.

             - E aí! – alguém gritou e se jogou no assento ao meu lado, fazendo-me pular.

             Olhei para o lado, vendo um cara de cabelo castanho arrepiado falando com outro que estava sentado no banco ao lado. Eu poderia ter escutado a aproximação dele, mas estava distraído. Suspirei e então voltei a olhar pela janela.

             - E aí, novato?

             Levei um tempo para perceber que ele estava falando comigo.

             - Ah... Sim. – respondi.

             - Qual o seu nome?

             - Yudai.

             Ele ergueu uma sobrancelha.

             - O que foi? – perguntei.

             - Nada... Só seu nome que é... Incomum.

             Dei de ombros. Já tinha visto coisa pior.

             - E o seu? – perguntei.

             - John. – respondeu. – Em que ano você está?

             - Segundo.

             Depois disso ele pareceu não se interessar mais e voltou a falar com o rapaz negro que estava ao seu lado, e eu também não me importei. Após certo tempo, o ônibus foi reduzindo sua velocidade e vi então o que deveria ser a Ludwings. Era enorme, da largura de dois ou três prédios, talvez, com cinco andares contando a cobertura. Em frente ao prédio do meio – que considerei ser o principal – havia muitos estudantes. O ônibus parou e todos saíram dele. Eu sabia que teria de passar pela secretaria para pegar os meus horários.

             Entrei dentro do prédio principal e rapidamente encontrei a secretaria ali. Era uma porta de madeira clara com uma placa escrita “Secretaria”. Entrei lá e vi uma mulher atrás de uma mesa coberta de papéis, ela usava uma camisa roxa berrante com estampas de flores cor de rosa ainda mais berrante e usava tanta maquiagem que ficava ridícula.

             - Olá? – chamei, mas ela sequer olhou para mim.

             Antes que chamasse-a novamente, notei que estava escutando música. Quer dizer, ela estava escutando música nos fones de ouvido e eu – mesmo não estando com a audição no nível aguçado, já que posso controlá-la – conseguia escutar cada palavra da música que ela escutava. Suspirei e então bati em sua mesa com força o suficiente para ela se assustar, mas não para quebrar a mesa. Ela saltou e praticamente arrancou os fones de seu ouvido e a atenção pareceu brilhar em seus olhos.

             - Olá, em que posso ajudá-lo? – perguntou.

             - Eu sou novo na escola. – falei. – Preciso do meu horário.

             - Ah, claro. – disse. – Mas isso é com o diretor.

             Ela se levantou da cadeira com certo esforço, mostrando que sua blusa era muito mais colada do que deveria ser, então fez um sinal para que eu a seguisse. Ela seguiu por alguns corredores e subiu duas escadas, demonstrando estar ficando muito cansada. Ela então subiu as restantes e me indicou a porta e voltou.

             Bati levemente na porta indicada e então escutei um “entre”. Entrei na sala ampla e espaçosa, com as paredes cobertas de estantes de livros e uma mesa de mogno no centro da sala. Atrás dela estava sentado um homem de uns trinta e oito anos, negro com cabelo bem curto e usava um terno. Pensei que poderia muito bem estar na chefia de uma empresa com o ar de autoridade que passava. Ele indicou que eu sentasse e o fiz.

             - Sou Francis Morgan. – disse enquanto estendia a mão por cima da mesa. – Diretor da Ludwings. Qual seu nome?

             - Yudai Hentric. – respondi, apertando sua mão levemente, só para ter certeza que não ia quebrá-la. 

             Ele começou a procurar algo em meio aos papéis e me estendeu alguns papéis e notei que eram os meus horários, com alguns horários branco, então olhei na outra folha e vi que eram aulas eletivas. Escolhi as que me pareceram melhores, e então devolvi as folhas a ele. Considerei que era isso o que deveria fazer.

             Ele pegou as folhas e deu uma olhada e então passou a dar as orientações gerais de maneira detalhada e impressionantemente não entediante, e explicou durante tanto tempo que quando vi, o segundo sinal tocou. Ele então perguntou se eu tinha alguma pergunta e respondi que não.

             - Sinto muito por ter tomado seu tempo. – disse. – Irei acompanhá-lo até sua aula deste horário.

             Saímos então da sala e seguimos pelo corredor. As paredes eram cobertas por armários, dando espaços ocasionais para bancos ou portas. Todas as portas eram de madeira clara com uma janela na parte superior. Nas paredes e penduradas no teto estavam vários cartazes e bandeirolas de uma coruja branca em posição de ataque. Talvez a coruja fosse a mascote da escola. Descemos as escadarias duas vezes até o segundo andar e parou então em frente a uma porta.

             Minha primeira aula iria começar.             













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Notas finais do capítulo

O personagem desenhado acima é o Yudai. Não vou fazer o Hideo pq ele é a mesma coisa que o Yu, certo? X)



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