- Ok Ruiva, perguntarei apenas uma vez... Se você for realmente quem diz que é vai me responder sem titubear! – Harry olhava bem no fundo dos olhos dela tentando antever algum sinal de hesitação. Depois de tantos anos trabalhando como Auror ele tinha certeza que descobriria se ela tentasse mentir pra ele.

- Vá em frente, Harry! Estou pronta! -  Ginny sabia que estava arriscando nesse jogo, mas ele nem mesmo ouviria tudo que ela viera falar se não tivesse certeza de quem ela era. Por outro lado ele era o melhor caçador da Inglaterra e sabia que tivera sorte no outro disparo.

- Onde foi a primeira vez que eu disse a Ginny que a amava? - Era uma pergunta capciosa já que a resposta era o lugar e não quando ocorrera aquele passeio pelo lago.

- Enquanto voávamos pelo lago, logo depois da Lula Gigante tentar nos derrubar – ela sorrira, não só porque sabia a resposta da pergunta, mas porque se deliciava com a recordação daquele momento.

- O que você veio fazer aqui, Weasley? – perguntou o moreno relaxando depois de ter certeza da identidade da sua interlocutora , porém era palpável a irritação em sua voz.

- Bom... – começou Ginny, sabendo que sua vida dependia daquelas palavras. – eu vim aqui para lhe dizer muitas coisas. Para lhe contar como eu me sentia toda vez que alguém dizia seu nome. Como eu sonhava com o dia em que teríamos essa conversa...

            E ela falou. Talvez ela tenha falado pelo que pareceram dias. Ela falou sobre como o amava desde antes de conhecê-lo. Sobre quando ele era o Herói da infância dela. Falou sobre como ficou fora de si naquele primeiro verão que passara n’A Toca e como era difícil parecer normal perto dele. E abriu o coração pra ele sobre aquele primeiro ano em Hogwarts. Como ela se sentia suja, usada quando ele a resgatou da Câmara Secreta.

- Nossa ele vai me achar uma fraca! Isso era a única coisa que eu pensava enquanto me levavam para ala hospitalar. -  ela continuou contado a ele  sobre sua história,

            Ela contava pra ele como após aquele dia ela prometeu ser forte. Ela precisava ser forte! Como ele ia querer ficar com uma garota que precisava sempre ser salva? E como ela queria que ele a notasse, se ele só tinha olhos para aquela chinesinha  insuportável!

- Como ela era  insuportável! – Ginny falava olhando nos olhos de Harry e se ela usasse Legilimência apenas ouviria o eco de tudo que ela estava dizendo.

            E então falou sobre o Miguel e o Dino e como, apesar de serem esforçados, não faziam-na esquecer dele. Ela lembrava de como aquele terceiro ano dela fora difícil, quase não passara de ano de tão preocupada que estava com Harry e o Torneio. E se aquele Dragão o pegasse? E o Labirinto? Ela tivera pesadelos, quando anos depois ele contara a ela sobre o encontro com Voldemort no cemitério.

             E aí as coisas começaram a mudar. Depois da morte de Cedrico, Harry se tornara mais distante e a sua relação com Dino se aprofundou devido a isso, mas era com aqueles lindos olhos verdes que ela sonhava todas as noites no dormitório, e era o toque dos lábios dele que ela queria. Mas ela quase desistira. Graças à AD passaram muito tempo junto e quando ela soube que o namoro dele com a chinesa estava mal das pernas o Inverno não parecia mais tão frio. E enquanto lutávamos por nossas vidas no Ministério ela mantinha apenas um pensamento fixo na mente:

- Ele tem que estar bem!

            Mas ela também sentia falta do Sirius. O Cachorrão era insubstituível. E vendo como ele estava arrasado, tudo que Ginny queria era colocar aquele moreno no colo e encher ele de carinho até ver naquele rosto o sorriso que derretia ela inteira.

            Apesar de toda vontade, era impossível para ela  realizar esse desejo quando estava mergulhada naquele penoso namoro com Dino e com Hermione em seu encalço por conta de seus NOM’S. para ela era como se o tempo tivesse passado em branco, ou melhor, tivesse passado na escuridão já que seu sol estava eclipsado.

Como ela queria poder desaparatar naquela época apenas pra que ele não a flagrasse com Dino no corredor. Como era urgente os olhares que ele mandava pra ela e como ela queria corresponder isso tudo.

            Depois de ganharem a taça daquele ano, foi como se abrissem as comportas de um dick e ela sabia, inundassem a ambos com um amor indelével e imperecível. Era essa certeza que moveu ela todos esses anos e a trouxe para esse encontro.

- Harry James Potter! Olhe nos meus olhos e diga que realmente você não me ama! Diga que depois de ouvir tudo o que eu te disse não mudou nada na sua opinião. Convença-me que realmente você não foi marcado por esse mesmo amor que eu sinto! – ela mantinha-se calma enquanto falava, mas era latente todo o peso que cada sílaba daquela tinha.

- Não posso dizer que não te amo e você sabe disso! – ele estava se libertando de todo peso que carregara esses anos – Mas porque me rejeitaste tão secamente naquela noite que te pedi em casamento? Você tem noção do quanto decepcionado eu estava quando sai do Três Vassouras? – o desespero era marcante em suas palavras, mas ele ansiava por uma resposta que desanuviasse aquela dor.

- Eu era boba naquela época. – ela manteve o tom doce na voz – Não estava pronta pra ser a mulher que você precisava. Confesso que queria jogar e tinha medo do que você pensava sobre isso. – ela se entristeceu ao reconhecer sua culpa – Mas agora eu sei que jamais serei feliz se não estiver ao seu lado. – Ela correu para os braços dele, mas estacou ao chegar bem a sua frente.

– Você foi, e sempre será, o amor da minha vida! Eu nunca quis te fazer sofrer e não tinha idéia do tamanho da sua solidão. – Ginny percebera uma inflexão estranha nessas palavras. – Por isso mesmo é que eu acho que eu devo ir. Assim, longe de você vai ser impossível continuar te magoando e quem sabe um dia você não seja feliz com outra pessoa? – Ginny foi ficando cada vez mais escarlate enquanto ele falava.

- SEU IMBECIL!!! – ela finalmente se coloca nos braços dele – SERÁ QUE VOCE PODE DEIXAR DE SER O HERÓI SÓ UMA VEZ NA VIDA? – ela tentava não chorar – EU NUNCA VOU SER FELIZ COM OUTRO! – ele a envolveu num cálido abraço e a beijou ternamente e foi como se nunca tivessem se separado. Cada sensação que tiveram naquele primeiro beijo,  toda a felicidade deles no passeio de vassoura sobre o lago e tudo mais que viveram antes de se separarem se reacendeu naquele beijo urgente e esperado. - Porque você sempre demora a entender as coisas? -  questionou ela num meio sorriso. – eu te amo e é com você que eu quero ficar, ´tá? – disse ela se escondendo no peito dele.

- Meu mundo agora é você, Ginny – ele arrematou com carinho apenas para ela ouvir