Conselho Estudantil escrita por XXX


Capítulo 7
Lágrimas


Notas iniciais do capítulo

Haha, capítulo novo! ~♥
Já está virando uma raridade, não é? Sinto muito por isso, pessoal... mas eu ando estudando bastante (pois é).
Se não me engano, este ficou bem compridinho, mas não sei. É a segunda parte do dia, na casa do Sasuke. Gostei de escrever, mas deu um pouco de trabalho...
Adianto, aliás, minhas desculpas se algo tiver saído errado no capítulo. É que eu estava doida para postar, então terminei a última palavra e abri o Nyah k.
Bom, aí está. Espero que gostem, e que mandem reviews!
Boa leitura~ ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/204095/chapter/7

Capítulo 7: LÁGRIMAS


– Então você é do Conselho Estudantil – a senhora Uchiha exclamou, animada – Que ótimo. Ouvi falar que é meio difícil o trabalho por lá.

– Ah, mas eu não ligo muito – Sakura sorriu.

– Não liga? – Mikoto parou de guardar as coisas e olhou para a rosada, sem entender. Ela sorriu, sem graça, da expressão fofa que a senhora Uchiha tinha no rosto.

– Bem, eu gosto. Até certo ponto é até divertido.

Mikoto sorriu.

– Divertido?

– Sim – Sakura deu de ombros, continuando a lavar a louça calmamente – Tem a equipe do clube. Todos são extremamente carinhosos comigo, gosto muito deles. E não sinto como se estivesse perdendo meu tempo. Alguém tem que fazer o trabalho sujo. Melhor que seja alguém que gosta de lama, certo?

A senhora Uchiha, mesmo sem compreender inteiramente, assentiu.

– Faz sentido.

– Este aqui, mãe? – Sasuke Uchiha entrou na sala, corado, segurando um avental nas mãos, que dizia “Você é a minha estrela que brilha, brilha”, com um desenho feito por mãos infantis na barra. Era azul, tinha o símbolo Uchiha desenhado na área onde ficaria a barriga de quem o usasse.

– Ah! – Mikoto largou o que fazia (Sakura ficou pensando no quão resistentes eram aqueles pratos), limpou as mãos na calça jeans e foi até o avental – Lembra disso, Sasuke? Você me deu de dia das mães, quando tinha seis aninhos... – ela analisou o desenho – Veja, veja, Sakura, querida. – Sakura sorria de onde estava, mas com o chamado, foi até a senhora Uchiha, que segurou sua mão – Esta aqui era eu. Sasuke disse que me desenhou com este vestido porque eu ficava muito bonita nele. Eu me lembro disso. E este aqui é ele, veja.

Sakura tornou os olhos para Sasuke. Ele tentava desviar o olhar.

– Nunca fui de desenhar. Acho que Sasuke tem talento – a Haruno sorriu, divertida. Sasuke resolveu, só diante do comentário, então, fitar a Haruno, irritado. Deparou-se com bolitas esverdeadas o analisando. Ele balançou a cabeça negativamente, bravo.

– Ele tem! Você precisa ver um retrato meu que ele fez, quando tinha onze anos. Vou lá pegar. Sasuke-kun, pode ir começando o bolo com a Sakura-chan.

Ela saiu em direção às escadas.

Secretamente, os dois espiaram quando ela finalmente virou para os corredores. “Está livre”.

– Quer me matar de vergonha? – Sasuke repreendeu, virando-se de repente. Sakura riu.

– Desculpe.

Alguns segundos depois, ela disse:

– Mas você poderia usar esse avental para agradar sua mãe. – E ele revirou os olhos enquanto ela ria. Arregaçou as mangas e começou a ajudar a Haruno com a louça que restara. De repente, em meio a pensamentos, Sakura o espiou. E quando ele notou e virou-se para ela, pode vê-la corar violentamente e fechar os olhos com força, fingindo que nada tinha acontecido. Sasuke sorriu de canto.

Sakura Haruno não sabia o que fazer quando aqueles olhos a seguiam.

– Quantas vezes vou ter que te ajudar?

Sakura o encarou, sem entender.

– Não precisa lavar a louça. Não é como se estivesse me ajudando, já que eu estou ajudando a sua mãe. – Sasuke bufou, sorrindo. “Não estou falando disso”, ele disse e, com um olhar, ela entendeu e ficou brava. Logo Sakura, tão segura de si, tão independente e responsável... Por que se apaixonar e ficar tão surpreendentemente vulnerável e tola?

– Pode parar. Pelas minhas contas, você só me salvou uma vez. Hoje, por exemplo, foi você quem deu chances para aquilo acontecer. Você só impediu algo que tinha provocado. Não é como se eu me metesse em encrencas sozinha. Hoje não conta – Sasuke moveu as sobrancelhas, incrédulo.

– Quem você pensa que é? A Princesa Peach?

– É sério! – Sakura riu.

Depois de alguns instantes em silêncio, Sasuke suspirou:

– Desculpe por isso.

Ela o encarou por mais alguns segundos e sorriu, dando um empurrãozinho leve nele com o tronco. Sasuke não esperava aquilo, mas não foi por isso que voltou a olhá-la.

– Você me ajudou no fim das contas, não ajudou?

Quantas vezes – ele finalmente olhou, sorrindo – foi o que eu perguntei. Não me importo com o que você pensa. Nas minhas contas, já ajudei duas vezes.

– Como se fosse algo ruim – Sakura fechou os olhos, convencida, depois de pensar no que dizer. Mas demorou um pouco, já que era difícil pensar direito sob os olhos ônix – Se bem que Gaara pareceu um tanto perturbado quando saiu daqui. – O clima ficou pesado – Não o encontrou?

– Não. – Sasuke respondeu simplesmente – E não me importo com ele.

Sakura o fitou, surpresa.

– É um de seus melhores amigos.

– Não. – Sasuke repreendeu, em voz firme – Nunca foi.

Sakura o fitou por longos segundos. Viu quando os ombros rígidos se moveram, quando as mãos se alongaram lentamente, em um aperto e contração de músculos. Pôde ver quando os fios finos de cabelo tocaram-lhe os cílios. “Talvez um dia seus cabelos toquem meus cílios...”, pensou, meio corada. Mas Sakura tinha muitas cabeças pensantes dentro dela. Enquanto uma admirava a beleza de Sasuke e achava justificativa para tantas confissões que ele recebia, diariamente, outra pensava no que ela poderia dizer naquele instante para ele. Não podia recuar, mesmo que ele não gostasse de falar daquilo. Não podemos apagar algo só porque não falamos naquilo, certo? O jeito é olhar de cima.

– E Naruto? – o choque da pergunta fez Sasuke soltar um “hn” involuntário.

A Haruno o assistiu ficar de cabeça baixa pelos minutos seguintes, sem querer atravessar limites. Ele não dizia uma palavra sequer e, então, lá pelo um minuto e trinta de espera, ele passou o olhar da pia para os pratos, e voltou a lavá-los, sério. Sakura sorriu, assim que os dois minutos se completaram e a mãe de Sasuke gritou lá de cima:

– Achei! – E, em um intervalo, voltou a se pronunciar: – Ué, e aquele que você fez com dois, Sasuke? Sabe onde está? – Sasuke gritou um “Na prateleira do Itachi” – O que está fazendo lá?! – “Não sei” – Certo, já estou indo aí, crianças.

Sakura ouviu o silêncio e decidiu vendá-lo:

– Tenho um palpite.

Sasuke continuou sem fitá-la, voltado aos pratos. O que, claro, não a impediu. O Uchiha só conseguia pensar em como ela conseguia irritá-lo e como era naturalmente irritante. Era como se o mundo girasse ao redor dos pequenos mistérios que Sakura tinha para resolver. Imaginou o que ela falaria se ele dissesse isso a respeito dela. “A vida é minha, não se meta”. Não, acho que não.

– Sobre o que?

– Sobre o que aconteceu entre você e o Naruto. E por mais que machuque meu coração dizer isto, acho que é a única explicação. – Ela abaixou os olhos. Sasuke reagiu voltando o encanto dos olhos ônix na direção dela, quieto, esperando paciente e ansiosamente.

Sakura subiu o olhar para a direção dele, sem mover o rosto.

– Eu acho que vocês já foram um casal gay. – E começou a rir, até mesmo antes de terminar a frase. Sasuke arregalou os olhos, irritado.

– Sakura, o que você tem nessa sua cabeça?! – mas ela só ria.

A irritação do Uchiha desapareceu ao vê-la, feliz como estava, ao lado dele. Ninguém nunca se divertia muito quando estava com Sasuke. Ele não dava abertura alguma para que algo acontecesse, mas Sakura tinha esse dom. Ela fazia florescer a magia, sem precisar de mais ninguém. E logo ele estava sorrindo, perdido em pensamentos secretos, olhando diretamente para o modo como a garota demonstrava a felicidade. Todos riam, nem que por segundos, durante a vida. Mas, de todas, só aquela risada parecia lhe interessar.

Sakura parou de rir e o encarou, confusa e de repente corada, fazendo Sasuke parar de sorrir, devagar. Estava sério. O cheiro de Sakura parecia consumi-lo e, ainda, obrigá-lo a fazer certas coisas. Sakura o ouvia respirar, e estava louca para senti-lo mais perto, mesmo com toda a sua inocência. Ela era um canário, ele era um gavião.

Desesperada por proteção, Sakura se aproximou.

– Você.

Sasuke estava fora de si. Não se importou muito com o que ela disse, primeiramente, pensando não ser algo importante, e foi mirando direto nos lábios lambuzados de gloss que ela tinha.

Mas, de repente, os passos estridentes de Mikoto e sua gritaria quebraram o ambiente em dois, sem dó.

– Aqui está!

Aquilo deixou o Uchiha sem muita alternativa, senão corar e se afastar bruscamente, fingindo prestar muita atenção nos pratos, que já estavam lavados. E, para Sakura, a reação de Sasuke já foi a prova de que se ela não fizesse o mesmo que ele, ficaria com mais vergonha do que já estava. A Haruno deu um pulo e agarrou o pano de prato, começando a secar a louça em uma rapidez incrível.

Se estivesse naquela velocidade desde o início, os dois já teriam acabado havia muito tempo.

– Tia Mikoto – Sakura fingiu ser a primeira vez que interrompia aquele ‘trabalho árduo’ para atender qualquer coisa. Sasuke estreitou os olhos, entediado – posso ver?

– Veja, veja. – A jovem senhora sentou no sofá, toda graciosa – Isso foi quando ele tinha nove anos. Vê como ele já tinha a percepção de espaço? Olhe como os olhos estão bem encaixados no rosto desta moça.

– Ah, sim – Sakura riu baixo – estou vendo.

– Não é?

– Sim.

Sasuke espiou as duas. “Foi por pouco...”, pensou, irritado consigo mesmo. “O que deu em mim? Estava prestes a...” mas não terminou a frase. Só espiou com mais intensidade. Uma parte dele perguntava se aquilo era mesmo uma ideia ruim.

Sakura não tirava os olhos do Uchiha. Parecia até meio confusa, sem saber ao certo o que aconteceria se a senhora Uchiha não tivesse aparecido. Como a mesma só fitava as pinturas a aquarela – que, segundo ela, Sasuke havia começado aos 14 anos mas, na verdade, já treinava em segredo desde os 10 –, não foi difícil de fingir prestar atenção na conversa fiada dela e, na verdade, estar com a cabeça em outro lugar.

Quando seus olhares se encontraram, Sakura corou.

E corou mais ainda quando Sasuke sorriu para ela. O sorriso dele era realmente incrível.

– Ora, Sakura. Parece com você, esta aqui – Mikoto sorriu.

A Haruno, resistindo a quebrar a conexão entre o olhar de Sasuke e o dela, teve tempo de ver os olhos do Uchiha se arregalarem antes de olhar para a figura mencionada pela senhora Uchiha. Era uma moça bem bonita.

Mikoto via Sakura ali, exatamente. Embora a única semelhança que Sakura tenha encontrado, mesmo depois de longos instantes encarando a página pintada, fosse o tom rosado em algumas partes do cabelo. Os olhos não tinham cor. Aquilo estava mais para um esboço, não estava completamente pintado e os traços não passavam de rabiscos. Mesmo assim, Sasuke gelou quando confirmou com os próprios olhos que a pintura que estava imaginando era realmente aquela que elas admiravam, em tempo real.

– Vou guardar – ele disse, arrancando as pinturas das mãos delas.

– Eh? – Sakura reagiu – Por que?

– Vocês já viram. Chega. – e foi subindo para o quarto. Sakura ia atrás, mas Mikoto segurou seu pulso.

– Não se preocupe, querida – sorriu, balançando a cabeça negativamente.

– Mas a senhora estava...

– Ele sempre faz isso – ela fechou os olhos para sorrir. Sakura ainda estava indignada, mas a expressão foi mudando conforme ela refletia a respeito de algo. E, quando viu Sasuke terminando de subir os degraus da longa escada, a raiva já havia passado.

– Certo.

“Cada pintor com suas loucuras”. Sakura e Mikoto começaram a fazer a massa do bolo, Sasuke chegou pouco depois. Havia tempos a Haruno não se divertia assim. Muito menos Sasuke. A casa parecia em harmonia, mesmo com a senhora Uchiha ali. Aliás, ela contribuía para toda aquela paz. Jogava indiretas para os dois de vez em quando, mas não era como se eles também não a provocassem. Pareciam um casal de duas crianças de 5 anos; intrometidos, chatos e muito, muito fofos.

– Nossa – Sakura exclamou, admirada, depois de mastigar o primeiro pedacinho da sua faria de bolo – Ficou ótimo!

– Ficou – Sasuke concordou, de olhos fechados, enquanto mastigava. Depois abriu os olhos e olhou para a mãe – Meus parabéns, dona Mikoto. – A senhora Uchiha riu.

– Até parece. Meus ajudantes foram incríveis – e olhou para Sakura, cheia de graça – Muito obrigada pela visita, Sakura-chan. Adorei conhecê-la e saber que Sasuke-kun está em boas mãos.

Sakura corou mais que um pimentão. Sasuke não ligou.

– Não, não – ela balançou as mãos – não é como se eu fosse a segunda mãe dele, senhora Uchiha. – Tratou de explicar.

– Sim, eu sei – ela sorriu – Aliás, posso até imaginar o que você é dele, haha. E com certeza ele não te considera uma segunda mãe. – Aquele comentário soou aos ouvidos de Sasuke como algo até maldoso, mas sabia que a mãe nunca teria tais intenções. O que, claro, não o impediu de enfiar o bolo inteiro na boca e ter que “de repente” se retirar para colocar o prato na pia da cozinha. – Bem – Mikoto continuou, contendo o riso – está quase na hora de eu sair para buscar seu irmão, Sasuke.

“Ah, meu Deus!”, Sakura gritava na mente “Sasuke-kun com um irmãozinho mais novo?! Deve ser a coisa mais linda de todos os tempos”. A imagem que tinha de um irmão mais novo para Sasuke era de um garotinho moreno, baixinho, de bochechas grandes e rosadas e cílios longos. Pequeno e magro, desajeitado e cabeça quente. Exatamente como Sasuke, só que menor.

– Você vai buscar Itachi? – “Itachi! Tinham tocado no nome dele antes... quando foi? Ah, não importa. Que lindo”, Sakura pirava – Ué, o que aconteceu com o carro dele? – a pergunta do Uchiha mais novo fez a Haruno parar no tempo.

“... carro?”.

– Está na oficina. E a faculdade é meio longe para ele vir a pé – “... faculdade?”.

– Tudo bem, então – Sasuke coçou o cabelo – Quer que a gente vá com você? – Sakura olhou para a senhora Uchiha, disposta.

Mikoto lançou um olhar carinhoso para os dois.

– Não se preocupem. Logo estarei de volta. Está com a chave, Sasuke? – Sasuke assentiu – Então, até mais – e saiu, trancando a porta. Sasuke voltou a se sentar na mesa onde estava Sakura, devagar e em silêncio, quando os dois se assumiram na posição de “sozinhos em casa”. Sakura realmente não entendia o que se passava na cabeça de Uchiha Mikoto, mas uma parte dela tinha a teoria de que a senhora Uchiha já vira Sasuke passar por momentos deprimentes. Ele era quieto e pequeno. A Haruno subiu o olhar do bolo para o moreno e viu que ele encarava o movimento do garfo que ela tinha em mãos, que arranhava o vidro bege do prato algumas vezes, em uma dança lenta.

– Quantos anos tem seu irmão? – Sakura perguntou, voltando o olhar ao bolo.

Sasuke torceu o nariz.

– E isso interessa? – questionou.

– Bem, para mim interessa. – A careta do Uchiha ficou pior – Porque eu pensava que ele tivesse tipo uns cinco anos e fosse muito, muito fofo. Tipo um mini-Sasuke, sei lá. – Sakura deu de ombros. Sasuke sorriu, divertido, esquecendo-se da careta – Mas aí vocês começaram a me dar indícios de que minha teoria estava extremamente errada.

– Está. Extremamente errada. – Pausa – Para variar – Sakura mostrou a língua.

– Então, quantos anos ele tem?

– Vinte e dois. Faculdade de Direito – ele não parecia muito interessado no assunto. Ainda olhava, aliás, o garfo barulhento conduzido pela rosada.

– Hm... – ela pensou – eu queria fazer Direito.

Sasuke desviou o olhar do garfo para a Haruno e a encarou por um tempo.

– Não.

– Hm?

– Você não tem cara de advogada.

Sakura tomou um susto.

– Mas é claro que tenho! – E foi correndo até a área ao lado da escada, onde havia um espelho bem grande. – Veja. Só faltam os óculos e uma pasta bagunçada! E nenhum dos dois é difícil de achar. – Sasuke caminhou até ela, ignorando o que ela dizia. Logo Sakura pôde ver os dois reflexos. “Até o reflexo dele é perfeito”, ela pensou, fora de si. Depois balançou a cabeça, notando o quão ridículo aquilo soava.

– Você tem cara de fotógrafa.

– Não – ela bufou, convencida, de volta à Terra – estou mais para modelo.

Sasuke assumiu uma expressão irônica, mesmo séria.

– Você desfila de burca? – Sakura não piscou e o assistiu virar as costas, se esparramar no sofá e ligar a TV, estática. Até que, decidida, caminhou até ele e começou a socá-lo, de pé, de frente para o assento. – Ai, ai. Quer parar?

– O QUE QUIS DIZER COM AQUILO? – Ela berrava.

Sasuke começou a rir.

Os olhos de Sakura se arregalaram e os braços pararam. Nunca pensou que pudesse existir algo mais lindo do que os olhos de Sasuke. Havia seu riso. Nunca pensou que poderia haver algo mais gracioso do que sua voz. Havia seu riso. Nunca pensou que poderia haver algo mais sedutor que seu sorriso de canto. E, realmente, não havia; mas era perfeita a vizão de Sasuke Uchiha rindo. Ela desabou a cabeça sobre o abdômen dele, em transe. Ele sorria.

– Sakura, saia.

E, em um movimento súbito de perda de controle, Sasuke, ainda rindo, facilmente tirou Sakura de cima e a jogou no sofá, posicionando-se sobre ela na ponta oposta onde ele estava anteriormente.

Então parou de rir e viu os olhos verdes da menina arregalados.

Ele também se assuntou, corou de leve, fechou os olhos, repreendendo-se e não deixou de demonstrar sua fúria por fora, arqueado o cenho. Soltou os pulsos de Sakura, que prendia, e se sentou na outra ponta do sofá, olhando para o lado oposto ao da TV, com uma das mãos fechada junto ao rosto. Sakura não entendeu, mas se levantou também, sentando de frente para ele, sem parar de fitá-lo por um segundo sequer.

– Sasuke... – chamou. Ele não respondeu, mesmo depois de minutos imóvel. Então a Haruno arriscou se aproximar mais, bem devagar.

Não havia som algum na sala trancada. Sakura estava vermelha.

– Sasuke... – desta vez, o chamado foi suplicante, fazendo Sasuke voltar-se para ela. Vendo a proximidade, o Uchiha corou de leve, mas continuou com sua expressão seca; Sakura não parou – por que me deixou sozinha com o Gaara hoje, se ia voltar para me ajudar? – ele olhou para baixo, não a vontade – Não achei muito conveniente.

Sasuke navegava em sua mente, onde a voz de Sakura soava como um sussurro ao longe. Lá ele percebeu que, caso contasse o erro que quase havia cometido naquele dia, poderia perdê-la para sempre. Um desvio. Era do que precisava. E, quando o encontrou em meio às sombras, minutos depois, pôde ouvir a voz de Sakura novamente, o chamando. Desta vez, tão perto dele que podia senti-la.

– Só queria ver se Gaara faria algo assim novamente – mentiu.

Sakura abaixou a cabeça.

– Entendo.

O Uchiha a analisou e sorriu quando ela levantou o rosto e viu o rosto de Sasuke tão próximo. Ela tentava o Uchiha involuntariamente.

Os dedos de Sasuke de repente deslizavam pelos traços do rosto de Sakura, que postava-se corada, com os lábios entreabertos de insegurança. Estava incrédula. O que estava acontecendo com ele? Sasuke logo foi desmanchando o sorriso, e parando para observar: era perfeitamente incrível. Era incrível como ele era fraco. E era incrível como Sakura era: a pele de veludo, os lábios rosados e doces, o cheiro de Paraíso. Os olhos expressivos. O fizera mentir por ela. Não só para os outros, aliás. Se sentia mal por isso, mas sabia que ia passar se a tivesse para si.

Ele passou as costas da mão no queixo da Haruno e foi estendendo os longos dedos novamente até tocar as maçãs do rosto dela.

Sakura não se movia.

Cada toque de Sasuke a transmitia uma corrente elétrica por todo o corpo e um frio na barriga que só quem está apaixonado conhece.

– Aqui... – Sakura gaguejou, de olhos fechados – tem formiga?

– Hm... – foi a resposta de Sasuke, um tanto fora de si, e que já se aproximava rapidamente na direção dos lábios dela –... han...

– Ei. – Sakura abriu os olhos, já quase enforcando a si mesma – Então é melhor... a gente guardar aquele bolo. – Sasuke não demorou para abrir os olhos também. Mas não abriu completamente, ficando mais sedutor do que nunca.

– Está brincando – ele murmurou.

– Não – ela abaixou a cabeça, sussurrando. Depois voltou a fitá-lo – Alguém tem que fazer isto.

– Tem certeza? – ele disse, depois de um tempo. Ela assentiu. Ele suspirou.

Sasuke se levantou antes e foi em direção à cozinha. Sakura se levantou logo em seguida, apressada.

– Sasuke – ela chamou – como acha que nos saímos? Quer dizer – deu de ombros, se apoiando no galpão que separava a cozinha da sala de jantar, e ela do Uchiha. Ficou observando o moreno guardar o bolo em um pote de plástico e colocar na geladeira – eu acho que foi tudo bem, afinal de contas. O que disse para a sua mãe?

– Nada – ele respondeu, seco.

– Não disse nada?! – Sakura ergueu o pescoço. Sasuke Uchiha olhou para ela, irritado.

– Por que você faz isso?

Sakura piscou.

– Hm? – as íris dele estavam quase vermelhas.

– Você nem imagina – a Haruno estreitou os olhos, como se tentasse sugar alguma informação. Mas logo toda a informação veio – Não sabe o quanto está sendo cansativo para mim. Acha que foi fácil para... – ele não terminou, tomado pela irritação. Sakura se assustava cada vez mais com a fúria que ele usava para falar – Ou você acha que foi de imediato? Não foi. Você não tem noção de como eu estou, Sakura! – ela o fitava, ferida.

– Bem – disse, em tom baixo – você nunca me disse.

– Estou dizendo agora – ele cortou – E o pior é que você é como uma droga. Eu decido, quando estou consciente, que vou te deixar de escanteio, esquecer disso tudo, porque só está me irritando. Mas aí, no outro dia de manhã, tudo vai por água a baixo. Porque eu vejo você. E você muda tudo. – Sasuke Uchiha deu de ombros. Sakura nunca imaginou que fosse vê-lo dar de ombros algum dia. – Não sabe o quanto isso me faz mal, não é? Não sabe o tanto de coisas que estou fazendo por você.

Ela estreitou as esmeraldas.

– Você pode me contar. – Sasuke bufou – Sasuke, por favor! Eu quero saber. Quero te ajudar, quero ser tudo o que você precisar. Não tem que ter vergonha de mim, muito menos distância. Só... – ela suspirou – me deixe te ajudar.

E, para sua surpresa, ele riu. Mas não era a mesma risada de antes. Era uma risada mais Uchiha, menos Sasuke. “Mais Gaara, menos Uchiha...”, ela tremeu. Como uma garota tão decidida e madura podia parecer tão ridícula, de repente?

– Você não sabe de nada, Sakura – disse. Ela torceu o cenho. Ah, não. Ele estava começando a virar um imbecil. E ela estava começando a voltar a ser como era – Você não sabe sobre o Naruto, não sabe nada sobre a minha família, muito menos sobre mim – a Haruno arregalou mais ainda os olhos – Haha, nem sobre Gaara você sabe. Não tem nem ideia do quanto foi difícil para mim simplesmente desistir do plano perfeito de última hora, por sua culpa, de novo.

Agora, ela torceu as sobrancelhas.

– O plano perfeito? – repetiu, calma, sem expressão.

– Se ele conseguisse ficar com você hoje, como tínhamos combinado, tudo teria dado certo. Mas... – foi então que ele ficou estático.

Ops.

Ele deu um giro enérgico com o rosto, olhando diretamente para Sakura, que o encarava, séria e um tanto irônica. Geralmente a ironia dá um toque engraçado em qualquer situação. Bem, naquela especificamente, não deu.

– Como é que é? – Sasuke só teve tempo de arregalar as orbes negras.

– Sakura – ele suspirou, arrependido – eu não queria... Foi só que...

– E você ainda tem a coragem – ela foi se aproximando dele, apontando o dedo indicador no abdômen definido – de querer inventar uma desculpa na minha cara? Quem você pensa que é? Deus?! – Sasuke piscou, assustado com a proximidade da mão dela no rosto dele – Você não pode fazer o seu jogo, manipulando as pessoas só para sair ganhando. Ah, claro. Porque a sua ideia era ganhar “mais uma”, colocar o título de vilão no Gaara e ainda sair como amigo companheiro dele! – Ele pareceu ofendido.

– Como se eu ligasse para ele – rebateu – Tudo isso está saindo do controle que eu sempre tive por culpa sua.

Minha culpa?! – Certo, agora Sasuke estava arrependido, enquanto Sakura gritava – Você diz que está ferido, mas quer sempre dar uma de indiferente, como se não precisasse de ajuda. Como é que você quer melhorar sem nem ao menos assumir as coisas você faz, Sasuke? Você diz que a culpa é minha, como se eu tivesse iludido uma menina infeliz, tapeado um colega e armado um mundo só meu, usando as pessoas como marionetes. Mas quem fez tudo foi você. Prova disso é que eu fui um dos imbecis que você conseguiu passar para trás – ela abaixou a cabeça, quebrada, tremendo de raiva. Mas logo levantou o rosto novamente, com o nariz arrebitado apontado para Sasuke – Mas eu sou gente. Eu não faço esse tipo de coisa. Quem fez foi você.

– Você é “gente”? – Sasuke contraiu os lábios, furioso – E eu sou o quê?

A Haruno abaixou a cabeça, de punhos cerrados.

– Você nem deve saber. Porque quem eu realmente sou... o eu que está em mim quando você não está perto... – ele deu uma pausa, subiu o rosto; ela não se moveu – não quer você por perto.

Mas aquilo foi uma pancada que a fez implorar para que não caísse de joelhos. Para não cair, a única coisa que pôde fazer foi empurrá-lo com toda a força que tinha – ou seja, ele não saiu do lugar:

– Quer mesmo saber o que você é? – seu olhar era mortal e era também, provavelmente, naquele momento, o último que ela esperava dar ao Uchiha Monstro! – os soluços provindos do choro já eram facilmente notados quando ela estava na porta que coincidentemente se abriu assim que ela tocou a maçaneta. A senhora Uchiha viu o rosto molhado de Sakura passar por ela feito um borrão e sair caminhando rápido, ao som do badalar de chaveiros da bolsa – Desculpe, senhora Uchiha – até que ela virou a esquina e sumiu. A presença de Itachi não havia ao menos sido notada pela Haruno.

Mikoto olhou para Sakura, diminuindo ao longe. O olhar representava a dor que sentia por ela, sem nem saber ainda o motivo do sofrimento.

– Ora, Sasuke-kun, o que aconteceu? A Sakura-chan é uma pessoa tão boa... pensei que com ela talvez pudesse dar cer... – Já quase lançando um olhar reprovador ao filho mais novo, ela virou o rosto na direção de Sasuke. E o choque foi grande quando viu o rapaz tampando os olhos com as costas da mão direita, tentando reprimir os gemidos. Mas o movimento do diafragma o desmentia.

Itachi espiou por cima do ombro da mãe, confuso.

– Eu estraguei tudo – Sasuke murmurou.

A senhora Uchiha suspirou, contendo-se para não chorar por ele. Ver a dor de Sakura já a torturava; a do filho, então... Sasuke era tudo para ela. O caçula.

– Sasuke-kun... até quando você vai ficar se torturando assim?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham curtido *-* haha ♥
Mandem recadinhos. Seus recadinhos me fazem querer escrever mais. Pena que nem sempre dá pra ficar escrevendo e postando o tempo todo.
Peço desculpas mais uma vez por isso.
Mas já aviso que não estou pensando, nem por um instante, em parar a fic. Demoro mas volto ok? ♥
Bom, um beijo para todos que estão acompanhando, e um muito obrigada BEM GORDO :3



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Conselho Estudantil" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.