Tem sido difícil escrever sobre qualquer coisa, se não minha própria dificuldade em escrever. Dificuldade, que não se expressa em poesia, prosa, conto ou cantoria. Divagamentos que não ultrapassam os limites do silêncio. São ideias semivivas, palavras imaginadas que não querem ser ouvidas, mas somente pensadas. Nada de ideias continuas, simplesmente começam, e não se querem terminadas; por passividade, ou por serem submergidas, em seguidas avalanches de ideias sobrepostas – Como escrevo sobre isso?! -Dar sentido a rabiscos que não se querem como imagem? É como ousar pinceladas, com certo tipo de tinta, que ao tocar as paredes, não se quer pintura!

Talvez, seja um bloqueio ambiente, o calor do verão, a balbúrdia na escola, ou a posição dos astros. Aliás! Sabem como matar um poeta? Encarcere-o no cotidiano, e terá um artista morto, por um novo executivo no mercado.

Pois é... Tenho a mente entulhada por discursos técnicos, filosóficos (estes, em suas expressões que mais causarem bocejos); e não sei onde esqueci minha poesia, se deixei cair dos bolsos, ou se a afugentei quando gritava. Sem ela, o mundo, de repente, se torna angustiantemente real. Mas, de qualquer maneira, sei, que quando puder voltar a escrever versos, que de tão profundos nem fundos terão, é por finalmente estar desvendando o mundo, quando ele voltar a ser o que sempre foi – Um emaranhado de coisas conflitantes, mas que conflitando se adoram.