Sentamos no banquinho em frente à entrada, e eu muito folgada coloquei meus pés em cima dele, nós rimos, com a confirmação de que sim, sou muito folgada, eu me senti constrangida, minha bochecha deve ter ficado vermelha pra caramba, pois ele me encarou, - o que foi¿

- é que, eu não sou assim.

- ¿

- eu não sorriu a muito tempo, e assim, espontânea, deixei de ser a mais tempo ainda. – disse com uma lagrima em meus olhos.

Ele não a deixou cair.

- por que¿

- minha vida é tão simples, mas complicada demais.

Eu decidi mudar de assunto, peguei um brinco que ele estava usando, era lindo de cruz, mesmo não sendo crente e nem gostando de cruzes, essa era bonita, só que isso deu a deixa para ele ver a minha luva e conseqüentemente minha polaina, - posso ver¿

- a luva sim!

- mas eu quero a polaina.

- não, essa nunca.

Ele ameaçou tirar e eu sai correndo, rindo, ele veio atrás de mim, me abraçou por trás e arrancou a polaina. Nós paramos, ele me vira para ver direito, meus punhos enfaixados, por uma fina camada de tala. Juntei meus braços junto ao corpo, e abaixei a cabeça, ele colocou a polaina novamente em mim e me abraçou, não chorei não reagi, já estava acostumada com isso, estava brava, isso sempre acontecia, quando as pessoas viam que o meu problema realmente é sério, elas sumiam, e isso era algo inevitável, ele percebeu que eu não fazia nada e me largou, levantou a minha cabeça.

- pode ir – sibilei.

- o que¿

- é sempre assim, as pessoas vêem que o problema é grave de mais para elas resolverem, e somem, por que com você seria diferente¿!, pode ir, já estou acostumada.

Me afastei, e nisso ouvi a buzina da minha mãe, peguei minha bolsa e andei até o carro.

- Carolyn eu vou te ligar amanhã!  - ele gritou.

- já perdi as esperanças. – gritei em resposta entrando no carro.

Joguei minha bolsa no banco de trás, e me deparo com a minha mãe me encarando.

Eu ri com o susto, ‘o que ele está fazendo comigo¿ agora eu saio rindo por ai.’

Minha mãe rio, mas de felicidade por eu ter rido, e continuo, aproveitou a deixa e puxou papo: -  e ai quem é¿

Eu me deixei levar, não faria mal algum para mim, não agora.

- Andy Biersack, mãe é o vocalista do Black Veil Brides!

Ele me encarou com um ponto de interrogação na testa.

Mostrei a camisa, : - a banda que eu mais amo no mundo!

- que ótimo filha, mas o que ele está fazendo aqui¿

- veio fazer um show surpresa no rock in rio, lembra que eu pedi para ir, por causa de uma banda e depois desisti por que eles não iam, então são eles. E mãe, ele me convidou para ir.

- sério filha, que bom.

E o silencio tomou conta do ambiente, não queria falar mais, liguei meu fone de ouvido e recapitulei cada segundo dessa noite, as verdades ditas, e meus sorrisos, quando me dei conta, estava tomando banho, nossa, fui logo dormir, mas quando eu olho em meu celular, vejo 2 mensagens: Andy.

1-    Disse que ia te ligar amanhã, mas isso não quer dizer que eu não posso te mandar mensagem. Você foi a primeira pessoa na minha vida, que realmente disse a verdade na minha cara, e não, mesmo que os problemas sejam grandes de mais para mim resolver, não vou te deixar. Você pode ter perdido a fé em você, mas eu não.

2-    Não vai me responder¿, bom te ligo amanhã.

Peguei meu celular:

Desculpa a demora, só vi as mensagens agora, e desculpa acho que fui grossa, mas é que já estou tão acostumada a todos perderem a fé em mim, que eu mesma perdi de mim mesma e dos outros.