Cheguei na edicula, olhei em volta, percebi que apenas a Julie estava lá... A encarei por alguns segundos, contemplei sua beleza, aqueles cabelos lisos, soltos e longos, os olhos amendoados e castanhos, sua pele linda e macia, seu cheiro, seu perfume, aquilo tudo me deixava louco, percebi que ela olhou para os lados, como se não quizesse olhar nos meus olhos, como se escondesse algo, resolvi voltar a mim, precisava parar de admira-lá, logo ela ficará comprometida, seriamente comprometida.

– Onde estão Martim e Félix ? - Perguntei, olhando para baixo, tentando acabar com meus pensamentos sobre a Julie.

– Eles foram te proucurar, já que você sumiu. - Ela me encara por alguns segundos, mas logo abaixa a cabeça.

– Eu já estou aqui. - Respondi com ignôrancia.

– As vezes eu acho que você me trata assim, sendo frio e ignorante porque... - Ela trava, meu coração acelerou, será que ela já sabe ?! Será que ela sabe dos meus sentimentos.

Eu estava com o meu coração na mão, suando frio, mas a encarei, eu não podia demonstrar fraqueza.

– Porque ... - Insisti para que ela desse continuidade. Porém, eu temia suas palavras.

– Porque... você esconde algo... algo de mim. - Ela me encara. Aquilo me deixou extremamente nervoso.

– Ahh, eu... esconder... algo... algo de você... - Estava quase gaguejando. - Como assim Juliana, me explica isso ? - Precisava a enrrolar o bastante para que ela desistisse de sua teoria.

Ela respira fundo, olha para o chão.

– São só pensamentos bobos... - Ela sussurra, fiquei feliz ao ouvir aquilo, pois ela mesmo percebeu que era besteira.

Olhei para ela, ainda perplexo com a situação, e me lembrei do tal casamento... '' Ela jamais será minha... '' Eu pensava... E por um momento me veio na cabeça, em eu contar toda a verdade, antes que seja... tarde de mais. '' Nunca é tarde de mais. '' Com esse pensamento, respirei fundo.

– Julie... - Me aproximei, estava pronto para contar toda a verdade, ainda tinha esperanças de que... ela pudesse retribuir. Toquei seu rosto, porém, ela logo se afasta, assustada com o meu comportamento... - Julie, preciso te contar uma coisa, uma coisa que... está me deixando louco.

– Como assim ?

– Schh... Me deixe continuar... - Respirei fundo. - Julie... - falei novamente o seu nome, pois esse era o motivo da minha alegria. Minha oculta alegria.

Ela me olhou, atentamente a cada palavra, porém, afastada e assustada.

– JULIE ! - Chega Nicolas na edicula. - Ahh, você está ai... - Julie olha para mim, ela sabia que eu estava invisivél para o Nicolas.

– Está tudo bem, meu amor ? - Ele pergunta, pois viu Juliana encolhida no sofá, e assustada. Como se tivesse visto um fantasma.

– Está, Eu acho... - Ela me encara, Ela faz uma careta, '' Quero fica sozinha, com ele. '' Entendi o recado, apenas abaixei a cabeça, e fiquei invisivél para ela, mas permaneci na edicula.

– O que houve ? - Julie pergunta, e se mostra um pouco impaciente.

Nicolas se aproxima, e rouba um selinho.

– Eu te amo. - Ele diz. Nicolas segura a mão de Julie, que não o responde, apenas sorri, um sorriso largo e bonito, Pela primeira vez, aquele sorriso que era motivo da minha alegria, foi motivo da minha tristeza, nesse momento percebi que ela estava feliz, ao lado dele, e eu não podia destruir sua felicidade, colocando á prova, meus sentimentos.

– Eu... - Julie ameaça a responder, porém, é interrompida, Nicolas beija sua mão.

– Eu te amo, quer se casar comigo ?

Julie faz uma cara de espanto, antes que a mesma pudesse responder, resolvi sair, eu sabia que seria a pior coisa para mim, ouvir o '' Sim '' de Julie.

Sai para dar uma volta, e para minha surpressa, vejo Martim e Félix na sala de estar, olhei para os lados, queria ter certeza de que não havia ninguém vivo por aqui...

– O que estão fazendo ? - Perguntei, pois percebi que ambos estavam... surpressos, ou assustados;

– Estavamos te proucurando. - Martim respondi rapidamente, ainda um pouco calado, e estranho.

– É... parece que não me proucuraram o suficiente. - Me sentei no sofá confortavél da sala.

– Proucuramos o suficiente, para te ouvir. - Responde Félix.

– Ouvir oque ?

– O seu grito de desespero. - Diz Félix.

– Como assim ? - Começei a me assustar com o comportamento dos dois.

– '' Não! eu a amo. '' - Martim repete minhas palavras, reconheci-as. Novamente, meu coração estava a mil.

– Você, a ama ? Ama a Julie ? - Ele pergunta, porém, eu estava sem palavras.