Polícia escrita por judy harrison


Capítulo 5
Corações Ressentidos


Notas iniciais do capítulo

Enquanto Betsy relutava em aceitar Laurence, Bruce relutava para esquecer Grace. Betsy tinha todos os motivos para amar Laurence, mas Bruce ainda achava motivos para odiar Grace cada vez mais



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Como de costume, Betsy estava esperando pelo filho. Ao ouvir o barulho do carro, foi até a janela, adorava vê-lo entrando com sua farda, olhar sério. Suas vizinhas sempre a elogiavam pelo filho de ouro que ela tinha, e agora ainda mais, o respeitavam muito.

Ao ver que Laurence estava entrando com Bruce, Betsy correu para o quarto, vestiu um penuar bem longo para esconder sua camisola curta e sensual.

_ Mamãe? – eles entraram e Laurence sentou-se no sofá.

Ela ouviu seu filho chamando.

_ Estou indo.

Bruce foi direto para seu quarto e ela encontrou Laurence na sala.

_ Olá, Betsy! – ele disse sem seu sorriso costumeiro.

Mas ela precisava saber desde que ganhou xícaras novas o que ele pretendia. Com seu olhar triste e insistente sentou-se à frente dele.

_ Não me venha com “Olá”! O que houve? Por que não entra mais aqui? Não falou mais comigo...

_ Ainda pergunta? – disse chateado – Estou aqui por Bruce, e nem pretendo ficar. – se levantou e disse em alto tom na direção do corredor – Bruce, eu estou indo, busco você hoje pelas dez da noite.

Bruce já apareceu com um short de surfista, sem camisa e sem calçado. Ainda eram seis e meia da manhã, mas ele sentia muito calor.

_ Ei, Laurence, fique para o café, minha mãe tem reclamado que você nem fala com ela mais! – sorriu para a mãe – Não é, mamãe?

Ambos ficaram envergonhados.

_ Ele disse que está com pressa, filho, tudo bem.

Ela foi para a cozinha e Bruce ficou a encarar o amigo.

_ Eu tenho mesmo que ir...

_ Aconteceu algo entre vocês, eu posso ver. O que foi? – disse preocupado.

_ Pergunte a ela, se ela permitir, eu lhe contarei depois. Bom descanso.

Laurence foi embora. Ao dar a partida no carro ele viu o rosto de Betsy na janela da cozinha, e de longe ele pôde sentir a mágoa de seus olhos.

Na mesa, Bruce se alimentava antes de ir para a cama, enquanto sua mãe, sentada ali em sua frente se distraiu com a lembrança do desprezo com que seu velho e único amigo a estava tratando.

_ Eu matei um homem hoje, mamãe.

Ela voltou ao tempo real.

_ O quê?

_ Matei um homem, era um traficante que atirou contra mim.

_ Que trágico, filho! Ele fez algo a você?

_ Não, eu o acertei com um só tiro, foi rápido.

Ela sempre se preocupou com Willy em sua profissão, mas se acostumou com aqueles relatos, não se intimidava mais.

_ Que perigo, filho. Como foi na administração?

_ Eu chamei por Laurence...

_ Ele não estava com você?

Bruce contou brevemente o que houve. Não quis falar sobre Grace, nem pra ela e nem pra Laurence. Aquilo lhe doeria se falasse.

_ Mas, querido, eles o colocaram em uma situação de risco.

_ A culpa foi minha. Eu só tinha que fazer a ronda e não sair do carro...

_ Como lidou com essa morte?

_ Foi... Muito estranho. – disse lembrando-se de que tudo que queria quando saiu do carro era achar o culpado pela imagem deturpada que viu de Grace, e que quando matou o homem, sentiu alívio.

_ Sabe que vão mandar você a um psicólogo, não sabe?

_ Eu sei.

Ela notou sua tristeza, sabia que não era por ter matado pela primeira vez.

_ O que houve, além disso, meu filho? Quer contar?

Ele olhou para ela. O nome Grace estava em sua boca, mas a vergonha e decepção a tapava, sem deixar que saísse. Então ele se lembrou de Laurence.

_ Mamãe, o que houve entre você e Laurence?

_ Eu... – hesitou.

Betsy não queria dizer que ele tentou beijá-la, muito menos que tiveram um caso anos atrás e que até então ela lutava contra o desejo de substituir Willy. Era ela quem precisava de um psicólogo, pensava.

_ Tudo bem se não quiser contar. Ele contará, se a senhora não se importar.

_ Não. _ Laurence também não contaria, ela achava.

Ele saiu da mesa e deixou sua xícara na pia.

_ Vou pra cama. Mãe, se Pontes me ligar, pode me chamar. – viu seu olhar triste também, voltou e beijou seu rosto com ternura – Eu te amo!

Ela sorriu forçadamente, mas ele não percebeu. Ambos estavam tristes.

Em seu quarto, Bruce rolava pela cama de um lado para o outro. Grace e o bandido que ele matou não saiam de sua cabeça, havia dormido apenas três horas e seus olhos já estavam bem abertos.

De sua cama mesmo ele ligou seu aparelho de som e colocou para tocar uma seleção que fez para ouvir e se lembrar de Grace, sua amada princesa que viu crescer. Desde que eram pequenos eles não se falavam, mas ele a observava por causa de seu jeito de ser, ela era mais esperta, mandava nas brincadeiras. Quando ele tinha 14 anos a acompanhava com os olhos enquanto ela passava com sua mãe, então ela olhou para ele e sorriu. Seu coração registrou aquele sorriso como a maior alegria que um ser humano podia suportar. E ele quase morreu de felicidade ao saber que ela ia sair da escola particular e começar no colégio do bairro, ela já era uma mocinha de 11 anos, tinha seu corpinho quase definido, e era muito popular.

A música “Love me Tender” de Elvis era a que mais lhe doía no peito, ele costumava cantá-la olhando em sua foto. Agora não tinha coragem de tirá-la de debaixo do travesseiro, sentia ódio, e chorava. Num impulso ele bateu no rádio com a mão e o jogou longe. A música parou, e veio o silêncio. Era como seu peito agora, não havia mais som, nem amor, nem Grace. Tudo acabou.

Depois de secar suas lágrimas ele se levantou colocou o rádio de volta no criado mudo, vestiu-se e saiu do quarto.

_ Mãe? – ele quase se chocou com ela no corredor.

_ Bruce, eu ia chamar você.  O delegado Pontes está chamando na delegacia para que você possa esclarecer uma ocorrência com uma garota.

Seu corpo esquentou. Ele achava que sabia o que era.

_ Vou me arrumar.

Ele não demorou a chegar com seu carro particular à delegacia. Viu logo o pai de Grace falando com Pontes.

Quando o homem o viu se aproximando queria segurá-lo, estava possesso.

_ Seu desgraçado, filho da p...., eu vou meter um processo em cima de você!

Surpreso com tamanha hostilidade, Bruce apenas passou por ele e foi para a sala de Pontes. Este foi para lá também.

Quando fechou a porta, suspirou e olhou sorrindo para ele.

_ O que eu faço com você? O homem está dizendo que você quase estuprou a menina aqui.

Bruce ficou pálido.

_ Pontes, não brinque com isso!

_ Ok! – sorriu – Ela foi quem disse que você a mandou tirar a roupa. – ficou sério – O pior foi que a atendente confirmou.

Agora ele estava furioso.

_ Eu não a mandei tirar a roupa! Ela estava com drogas embaixo da roupa e eu pedi que me entregasse. O que ela disse e essa atendente de “meia tigela” confirmou não tem nada a ver com o que aconteceu.

_ Agora funciona assim, Bruce. Ela será liberada, por que é menor, e eu não vou querer que aquele pai raivoso lhe processe. Já que ela disse que você estava sozinho... Você sabe como são esses magnatas. O homem é rico, pode te colocar numa prisão administrativa.

Bruce respirava descompassado. Era muita pressão para ele num só dia.

Quando Grace foi liberada, soube que Bruce ainda estava ali e que ia embora. Deixando seu pai de lado ela correu para ele.

Bruce parou repentinamente com aquela mulher desconhecida e repugnante em sua frente. Mas se recusou a olhar em seus olhos o tempo todo.

_ Me desculpe pela mentira, mas você não acha que meu pai ia deixar que me prendessem, não é?

Ele desviou dela e foi para o seu carro. Ouviu quando ela gritou que o veria qualquer dia.

De volta em sua casa, Bruce só queria dormir. Mas nem o silêncio da casa e um banho quente o fizeram dormir. Era sua mente cheia de conflitos.

Nada grande perto do que ele enfrentaria naquela noite, em mais uma ronda.

Mas, onde estava Betsy?


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Notas finais do capítulo

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